segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Terrorismo: Ataque ao prédio antigo do Charlie Hebdo

 

Soldados franceses da Operação Sentinelle correm para o local depois que quatro pessoas ficaram feridas durante um ataque terroristas em Paris, em 25 de setembro de 2020.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 28 de setembro de 2020.

Um terrorista armado de um cutelo esfaqueou quatro pessoas, duas gravemente, no antigo prédio da revista Charlie Hebdo, na seta-feira dia 25 de setembro de 2020. O principal erro do plano terrorista é que as pessoas que ele atacou não têm, literalmente, nada a ver com a editora  Charlie Hebdo, exceto trabalhar em um prédio que já abrigou mesma Charlie Hebdo.

O terrorista paquistanês de 18 anos alegou que o ataque foi contra a revista por ter ofendido o profeta Maomé, que não pode ser desenhado segundo o Islã. Segundo a Al-Jazeera o ataque ocorre três semanas após o início do julgamento de alto perfil dos terroristas perpetradores do ataque de 2015 ao jornal satírico, em 2 de setembro.

O local atual da revista Charlie Hebdo é atualmente secreto, porém o terrorista acreditava que os escritórios da revista ainda estavam lá, conforme notícias da mídia francesa.


Homens das Compagnies Républicaines de Sécurité (CRS, o "Choque" da Polícia Nacional) desdobrados no local, 25 de setembro de 2020.

A polícia e os militares rapidamente isolaram a área e "uma grande lâmina" (um cutelo de açougueiro) foi recuperada nas proximidades. Posteriormente, foram realizadas prisões nas proximidades e durante uma busca em uma propriedade ao norte de Paris que se acredita ser a residência do principal suspeito. Mais tarde na sexta-feira, a polícia também deteve cinco outros homens, nascidos entre 1983 e 1996, apreendidos no subúrbio parisiense de Pantin, que foram presos enquanto os policiais faziam buscas em uma casa nos subúrbios de Paris que se acredita pertencer ao esfaqueador.

Segundo a mídia francesa, o terrorista foi preso "coberto de sangue". As duas vítimas que foram feridas gravemente, um homem e uma mulher, receberam atendimento imediato e estão fora de perigo.

Este não é o primeiro ataque com faca em Paris este ano. Em 31 de janeiro um terrorista foi morto a tiros pela polícia após matar um homem e ferir duas mulheres. 

Mapa apontando do Google Earth com os locais em questão. (BBC)

Colegas das vítimas disseram que estavam do lado de fora da agência de produção de notícias Premières Lignes, fumando um cigarro quando foram atacadas. A empresa tem escritórios na Rue Nicolas Appert, uma rua do Boulevard Richard-Lenoir. Um mural em homenagem aos mortos no ataque de janeiro de 2015 ao Charlie Hebdo está próximo.

“Fui até a janela e vi um colega, ensanguentado, sendo perseguido por um homem com um facão”, disse um funcionário, que pediu para não ser identificado. "Ambos foram gravemente feridos", disse à AFP Paul Moreira, fundador e codiretor do Premières Lignes.

Um mural em homenagem aos mortos no ataque ao Charlie Hebdo em 2015 foi erguido na rua Nicolas Appert.

Paris não é o único alvo de ataques recentemente. Em 5 de abril desse ano, um terrorista entrou em uma tabacaria em Romans-sur-Isère, perto de Grenoble, e esfaqueou os proprietários e um cliente. Ele então atacou mais pessoas em duas outras lojas antes de ser preso. Os promotores disseram que o suspeito era um refugiado sudanês de 33 anos que vivia na cidade após receber asilo na França.

Este ataque matou duas pessoas e feriu outras 5, com testemunhas afirmando que o homem primeiro atacou o dono da tabacaria e dois clientes dentro de uma loja no centro da cidade. Ele então saiu e começou a esfaquear as pessoas na rua. Um dos mortos estava dentro da tabacaria. Um segundo homem, um açougueiro de uma loja próxima, foi morto do lado de fora.

Duas outras pessoas também foram presas, disse a polícia. No momento de sua prisão no sábado, o homem foi "encontrado de joelhos na calçada orando em árabe", disseram os promotores. David Olivier Reverdy, do sindicato National Police Alliance, disse que o homem pediu à polícia que o matasse. Promotores contra-terroristas disseram que lançaram uma investigação sobre "assassinato ligado a um empreendimento terrorista". O suspeito não era conhecido da polícia ou dos serviços de inteligência, informou o site de notícias France Bleu. Em uma visita à cidade, o ministro do Interior, Christophe Castaner, disse: "Esta manhã, um homem embarcou em uma jornada terrorista".

Ontem, dia 27, o ministro do Interior da França, Gerald Darmanin, prometeu no domingo proteger a comunidade judaica francesa de extremistas após um duplo esfaqueamento em Paris no dia 25. Ele visitou uma sinagoga no domingo, antes do início da noite de Yom Kippur, o Dia da Expiação Judaico, e disse que mais de 7.000 policiais e soldados estavam protegendo os serviços judaicos neste fim de semana. A França tem a maior comunidade judaica da Europa, e esta vem sofrendo ataques e ameaças cada vez mais crescentes por parte de muçulmanos radicais.

Darmanin defendeu que as autoridades lidaram de forma eficiente com o duplo esfaqueamento na sexta-feira, dizendo que os serviços de inteligência evitaram 32 ataques terroristas em potencial nos últimos três anos.

Policiais e bombeiros atendem a uma das vítimas do ataque de sexta-feira.

Soldados da Sentinelle, armados com o recém-adquirido fuzil HK416, participam do cordão de isolamento.

Perícia em ação no local do ataque terrorista.

Bibliografia recomendada:

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