domingo, 22 de março de 2020

NIMDA ACHZARIT - A couraça israelense na mobilidade da infantaria.

Nimda Achzarit




FICHA TÉCNICA 
Velocidade máxima: 55 Km/h.
Alcance máximo: 600 Km.
Motor: Detroit Diesel 8V-71 TTA com 650 hp de potência.
Peso: 44 Toneladas (pronto para combate)
Altura: 2 m.
Comprimento: 6,3 m.
Largura: 3,6 m
Tripulação: 3+7 soldados equipados.
Armamento: 1 Torre Rafael OWS (overhead weapon system )com uma metralhadora FN MAG em calibre 7,62x51 mm.
Trincheira: 2,7 m
Inclinação frontal: 60º
Inclinação lateral: 40º
Obstáculo vertical: 0,8 m
Passagem de vau: 1,4 m (com preparação: 4 m).

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior.
Como já mencionado em matéria anterior, a criatividade israelense é, sem a menor sombra de dúvidas, a chave do sucesso que seus produtos apresentam. A empresa israelense NIMDA, conhecida por desenvolver programas de modernização de diversos tipos de carros de combate como o M-41, M-60, T-55, PT-76, dentre outros, usou seu know how para fabricar uma viatura blindada de transporte de tropa que foi projetada pela Israeli Defence Forces Corps of Ordnance que tivesse como sua característica mais marcante, o nível de proteção blindada. os israelenses sempre tiveram que enfrentar ataques de diversas armas portáteis, sendo que a granada impulsionada por foguete, a famosa RPG, se mostrou uma pedra no sapato dos veículos de combate israelenses.
O veículo Achzarit foi a solução apresentada para dar ao infante das forças de defesa de Israel uma forma mais segura para operar em zonas conflagradas.
O carro de combate russo T-55, muito empregado pelos inimigos de Israel, foi base para o desenvolvimento do Achzarit.
O Achzarit  é baseado em carros de combate T-54 e T-55 que Israel capturou as centenas durantes suas muitas guerras com os países árabes. O uso de um MBT para ser a base de um veículo de transporte de tropa já permite concluir que o principal objetivo residia na necessidade de uma viatura que fosse pesadamente blindada.
A retirada da torre com seu canhão, todo o aparato para guardar granadas, liberou um bom espaço interno para acomodar 3 tripulantes e 7 soldados totalmente equipados. Por ser derivado do tanque T-55, a proteção básica é a mesma, suportando disparos de armas leves como fuzis 7,62x51 mm,  porém, com o uso de espaçadores e reforços de blindagem adicionais, o Achzarit é capaz de sobreviver a impactos direto de RPGs, e além disso há informação de que o quadrante frontal suporta um disparo de canhão de 125 mm. É interessante observar que 14 toneladas das 44 toneladas total do veículo, é apenas de blindagem extra.
O Achzarit tem cerca de 1/3 de seu peso em blindagens adicionais quando comparado ao tanque T-55.
Para sua autodefesa, o veículo recebeu uma torre OWS remotamente controlada que pode receber uma metralhadora de uso geral FN MAG em calibre 7,62 x 51 mm ou uma metralhadora pesada M-2HB calibre 12,7 x 99 mm (.50) É um armamento básico que não permite que o Achzatit possa participar ativamente do combate. Vale observar que o veículo não foi projetado para isso e sim para transportar de forma mais segura possível a tropa.
Nesta imagem, pode-se ver no topo da viatura Achzarit a torre remotamente controlada OWS. Ela pode receber uma metralhadora de 7,62 ou de 12,7 mm. Embora não tenha sido explicitado nos textos pesquisados, é provável que lançadores de granadas automáticos também possam ser instalados com alguma facilidade neste sistema de armas.
O motor russo V-55 empregado no T-55 original, naturalmente, foi substituído por um motor norte americano Detroit Diesel 8V-71TA turbodiesel que entrega 650 hp de potência para levar as pesadas 44 toneladas do Achzarit a velocidade de 55 km/h de velocidade máxima em estrada. Algumas alterações foram feitas na suspensão e no chassi do T-54 / T-55. A atualização da suspensão resultou em melhor mobilidade em terrenos acidentados. Ainda vale observar que, embora o Achzarit não seja um veículo anfíbio, se receber preparação, consegue transpor um rio com até 4 m de profundidade.
A autonomia é de 500 km nas condições de estrada e transportando 7 soldados equipados e 3 tripulantes. E falando em soldados, estes tem saída por uma compacta porta na traseira, ao lado direito da viatura. A tripulação é composta por comandante, artilheiro e motorista, sendo que o artilheiro e o motorista possuem periscópios enquanto que o comandante usa sua escotilha blindada para poder ter uma visão em 360 º com boa proteção.
Nesse desenho podemos ver a porta de saída traseira aberta.
Com um efetivo de 215 veículos, as forças de defesa de Israel são os únicos operadores do Achzarit. Isso pode ter como motivo diversas bases, sendo elas, preço (equipamento pesado tende a ter um valor maior), a base do veículo ser de um carro de combate russo; lobby de países produtores de veículos desta classe e que tem maior penetração no mercado mundial. Independente o motivo de este veículo não ter sido exportado ainda, o fato é que Israel pode se gabar de estar de posse de um dos mais bem protegidos blindados de transporte de infantaria do mundo. perfeito para o teatro de operações (TO) em que as forças de defesa de israel estão inseridas.













Dividendos da Diplomacia: Quem realmente controla o Grupo Wagner?


Por Alexander Rabin, National Security Program, 4 de outubro de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 22 de março de 2020.

Muitos esperavam que a relação diplomática entre a Federação Russa e os Estados Unidos se esvaísse quando forças americanas mataram centenas de russos assaltando um posto avançado americano na Síria no início de 2018. No entanto, o Kremlin se distanciou rapidamente dos corpos russos no distante campo de batalha sírio Esses russos lutaram em nome do presidente sírio Bashar al-Assad, mas não usavam uniformes das forças armadas sírias ou russas. Em vez disso, eles trabalhavam para o oligarca empreendedor Yevgeny Prigozhin e seu Grupo Wagner, uma companhia militar privada (PMC).

Prigozhin é uma figura familiar para os americanos. Dois meses antes de seus mercenários morrerem na Síria, o advogado especial Robert S. Mueller III o acusou de operar a Agência de Pesquisa na Internet, uma fazenda de trolls de desinformação que interferiu nas eleições presidenciais de 2016 nos EUA. No entanto, os funcionários de Prigozhin incentivam os interesses da Rússia em uma nova era de guerra híbrida por meio de combate direto e manipulação online. Ao perseguir objetivos estratégicos russos sob uma bandeira privada, o Grupo Wagner fornece ao Kremlin um véu de negação plausível, reforçando a flexibilidade diplomática russa e minimizando a contagem oficial de baixas que poderiam condenar o envolvimento russo em conflitos domesticamente impopulares como a Guerra Civil Síria.

Quem é Prigozhin e o que é o Grupo Wagner?

Em uma foto de 2006, o presidente russo Vladimir Putin (à esquerda) recebe o presidente dos EUA George W. Bush em São Petersburgo, Rússia. O segunda à direita, de terno preto, é o empresário russo Yevgeny Prigozhin, conhecido como "chef de Putin".

O talento de Prigozhin para o lucro o levou a um caminho não-convencional para a confiança de Putin. Depois de cumprir nove anos de prisão em 1990, ele abriu barracas de cachorro-quente com seu padrasto. Quando a União Soviética se dobrou e o setor privado da Rússia cresceu, Prigozhin investiu na primeira cadeia de supermercados de São Petersburgo e finalmente abriu o restaurante de luxo New Island, onde serviu pessoalmente Putin. Prigozhin alavancou suas conexões importantes em contratos de restauração e construção de escolas públicas e militares de bilhões de dólares desde meados dos anos 2000, ganhando o apelido de "chef de Putin".

As profundas conexões do Grupo Wagner com os principais líderes políticos da Rússia distinguem a empresa de seus contemporâneos. A aparição dos contratados em pontos críticos geopolíticos ilustra uma estreita coordenação entre as aspirações comerciais de Prigozhin e a busca do interesse nacional pelo Kremlin. Prigozhin lucra prestando serviços nos países onde a Rússia está expandindo seu envolvimento, enquanto o estado mantém uma negação plausível ao utilizar as estruturas privadas de Prigozhin. No processo, Prigozhin acumula prestígio e capital político, abrindo caminho para futuros contratos lucrativos.

Desdobramento do Grupo Wagner, mostrando missões na Ucrânia, Venezuela, República Centro-Africana, Líbia, Síria, Madagascar e Sudão.

O Grupo Wagner ao redor do mundo

Contratados do Grupo Wagner na Ucrânia, 2014.

O Grupo Wagner apareceu pela primeira vez durante a anexação russa da Criméia, auxiliando unidades militares russas não-identificáveis, conhecidas como "homenzinhos verdes", na segurança do território sem derramamento de sangue e no desarmamento das instalações militares ucranianas. Os contratados lutaram ao lado de separatistas pró-russos na região do Donbas, na Ucrânia. O Grupo Wagner se manteve ocupado na autoproclamada República Popular do Donetsk (DPR) e na República Popular de Luhansk (LPR), supostamente abatendo um transporte aéreo militar ucraniano Il-76, assassinando líderes separatistas desonestos e participando da Batalha de Debaltseve (2015).


Logo após o apoio russo a Assad ter aumentado em 2015, as tropas do Grupo Wagner se tornaram um ativo crucial, como na Ucrânia, desempenhando papéis defensivos e ofensivos. Ao proteger as instalações militares e de energia, esses contratados reduziram a escassez de pessoal que impedia a capacidade de Assad de proteger instalações e montar ofensivas simultaneamente para recuperar território. O Grupo Wagner forneceu mão-de-obra ofensiva em batalhas como a Batalha de Palmira (2016), na qual forneceu a força de choque inicial para recuperar a cidade do Estado Islâmico.

No entanto, o caso da Síria difere das operações na Ucrânia por causa do claro incentivo monetário adicional de Prigozhin para o aumento da desdobramento do Grupo Wagner. Sua empresa Evro Polis assinou um contrato com a General Petroleum Corporation, estatal síria, em janeiro de 2018, concedendo à Evro Polis 25% da produção de quaisquer instalações petrolíferas retomadas para Assad. O assalto arriscado do Grupo Wagner ao posto avançado de Deir ez-Zor Conoco ocorreu apenas um mês após o acordo com a Evro Polis, e telefonemas interceptados pela inteligência dos EUA revelam que Prigozhin participou diretamente no planejamento do ataque.

Mercenários do Corpo Eslavônico na Síria, outubro de 2013. O Slavonic Corps Limited foi a primeira PMC "experimental" russa.

No entanto, o grau de comando que o Estado russo exerce sobre o Grupo Wagner na Síria permanece incerto. Enquanto algumas fontes próximas ao Ministério da Defesa afirmam que a ofensiva desastrosa do Grupo Wagner contra o posto avançado de Conoco surpreendeu os militares, outras alegam que o Kremlin provavelmente autorizou o ataque. Ainda assim, outros afirmam que o Grupo Wagner coordena dentro do Ministério da Defesa, mas o faz vagamente, o que poderia explicar o fracasso em garantir a aprovação de uma ofensiva específica.

Da mesma forma, à medida que a Rússia aumenta seu envolvimento na África, as operações do Grupo Wagner se expandem por todo o continente, onde protegem os investimentos de Prigozhin. No final de 2017, vídeos de contratados russos treinando tropas sudanesas circularam no Twitter, enquanto cerca de 300 contratados estavam no país. Na mesma época, a empresa M-Invest, a qual há rumores que Prigozhin possui, garantiu concessões de mineração ao governo sudanês. Os combatentes do Grupo Wagner agora guardam essas minas. Embora a M-Invest seja registrada como uma empresa de extração de recursos, também forneceu ao ex-presidente sudanês Omar al-Bashir, um líder amigo da Rússia que presidiu vários acordos comerciais bilaterais, com um plano para suprimir os protestos de Cartum no início de 2019. A empresa propôs campanhas de difamação e a adaptação como arma das mídias sociais remanescente da Agência de Pesquisa na Internet de Prigozhin.

Grupo Wagner na Síria.

O envolvimento russo na vizinha República Centro-Africana (RCA) também vincula apoio político a ganhos econômicos. A Rússia expulsou a França para obter uma exceção ao embargo de armas sobre a RCA das Nações Unidas em 2018, e os contratados Wagner entraram no país na mesma época, supostamente fornecendo segurança ao presidente Faustin-Archange Touadera. Enquanto a Rússia espera aparecer como uma fonte de estabilidade regional, essa ajuda não é gratuita; a RCA tem reservas abundantes de diamantes, petróleo, ouro e urânio, e o Ministério das Relações Exteriores da Rússia discutiu concessões de mineração com Touadera. Embora a Rússia tenha se encantado com Touadera, também se encontrou com grupos rebeldes da RCA, jogando em campo para obter acesso a território rico em recursos. A Lobaye Invest, uma subsidiária da M-Invest, já iniciou a extração de diamantes, e os contratados Wagner parecem novamente guardar as minas. Os dividendos inerentes ao papel de Prigozhin na geopolítica russa estão valendo a pena, e o Grupo Wagner fornece a força para defendê-los.

Notavelmente, três jornalistas russos que investigavam a presença do Grupo Wagner na RCA foram assassinados no verão de 2018. Os jornalistas mortos estavam rastreando o Grupo Wagner, mas na data de suas mortes, eles pretendiam filmar as minas de ouro de Ndassima, que Prigozhin planejava explorar. Os registros telefônicos mostram que o motorista dos jornalistas freqüentemente entrava em contato com um policial da RCA com laços estreitos com o Grupo Wagner, incluindo telefonemas no dia do assassinato.

Grupo Wagner na Síria.

Como o Grupo Wagner protegeu com sucesso os interesses russos e encheu os cofres de Prigozhin, o Kremlin confiou mais nos contratados. Em 2018, Moscou trabalhou duro para influenciar as eleições em Madagascar - e Prigozhin novamente forneceu os meios. O oligarca enviou consultores políticos, que apoiaram pró-russo Hery Rajaonarimampianina e outros candidatos, mas também desdobrou contratados Wagner para vigiar esses consultores. Prigozhin evidentemente identificou os recursos de Madagascar como outra fonte de lucro pessoal. Sob a presidência de Rajaonarimampianina, a empresa de mineração de cromita estatal de Madagascar, KRAOMA, entrou em uma controversa joint venture* com a Ferrum Mining, uma empresa russa ligada ao império comercial de Prigozhin. Sob um contrato de 2018, Ferrum recebeu fundos da Broker Expert, uma empresa aninhada em um sistema de contratos de empréstimo com juros entre muitas das empresas de Prigozhin, incluindo Concord Management and Consulting, M-Invest, M-Finance e Megaline. O caso de Madagascar apresenta outro vínculo por excelência das ambições russas e da manipulação política de Prigozhin.

*Nota do Tradutor: Uma joint venture é uma entidade comercial criada por duas ou mais partes, geralmente caracterizada por propriedade compartilhada, retornos e riscos compartilhados, e governança compartilhada.


Em novembro de 2018, surgiram evidências da parceria de Prigozhin com o Kremlin em outro local estratégico: a Líbia. Imagens notáveis mostram Prigozhin sentado entre importantes oficiais de defesa russos durante uma reunião com o pessoal do Exército Nacional da Líbia (LNA). Meses depois, materializaram-se relatórios de mercenários Wagner que apoiavam o LNA, cujo líder, marechal de campo Khalifa Haftar, o Kremlin apoiou silenciosamente, mas com firmeza. A Rússia demonstrou interesse nos recursos energéticos da Líbia, incluindo um acordo de venda de petróleo em 2017, e provavelmente buscará mais investimentos à medida que surgirem oportunidades para a resolução de conflitos na Líbia.

Contratados Wagner trabalhando com forças locais na Líbia.

O Kremlin, cada vez mais vendo o Grupo Wagner como um patrimônio diplomático, enviou contratados para a Venezuela no início de 2019. Quando o líder sitiado Nicolás Maduro começou a temer deserções de seu pessoal de segurança, o Grupo Wagner forneceu guardas. Essa medida reflete os investimentos de vários bilhões de dólares da gigante estatal russa Rosneft no petróleo venezuelano, bem como os enormes acordos de exportação de armas da Rússia.

Ligações entre o Grupo Wagner e o Estado russo

A estrutura de comando da Rússia para o Grupo Wagner permanece obscura, mas seu apoio se materializa em três formas: financiamento, equipamento e treinamento.

Prigozhin e o Grupo Wagner mantêm relações complicadas com o estado russo e outros governos. Os nós vermelhos representam empresas vinculadas ao império comercial de Prigozhin, enquanto os nós pretos representam entidades vinculadas aos governos estaduais.

A fonte dos fundos do Grupo Wagner permanece incerta, com apenas evidências anedóticas oferecendo insights. Aparentemente, Prigozhin desviou uma receita significativa de seus contratos de construção e catering* para estabelecer o Grupo Wagner. Os custos anuais da empresa, totalizando até US$ 150 milhões por volta de 2016 somente na Síria, exigem financiamento além da capacidade razoável dos negócios de logística de Prigozhin, mas essas empresas apresentam condutos ideais para canalizar fundos para o Grupo Wagner a partir do estado.

*NT: Catering é o serviço de fornecimento de refeições coletivas em locais remotos como hotéis, hospitais, aviões, navios de cruzeiro, locais de entretenimento, etc.

Enquanto conexões monetárias concretas permanecem ilusórias, Moscou claramente desempenha um papel crucial em armar o Grupo Wagner. O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) afirma que o Grupo Wagner recebe equipamentos como tanques, lançadores de foguetes Grad e veículos blindados sem custo. Imagens de contratados Wagner revelam que eles operam veículos normalmente reservados para as Forças Armadas russas, como o veículo todo-o-terreno da Vystrel. Vários contratados alegam que voaram para a Síria em aviões de transporte militar russo. Essas histórias estão alinhadas às alegações da SBU de que os contratos entre a M-Invest e as unidades de vôo do Ministério da Defesa indicam que Prigozhin aluga aeronaves militares para contratados.

Contratados do Grupo Wagner na região de Starobeshevo, no Donetsk, 2014.

O Estado - particularmente o Diretório Principal do Estado Maior General (GRU) - tem um papel importante no treinamento do Grupo Wagner. Os contratados treinam em um complexo do GRU em Molkino, uma vila no sudoeste da Rússia, e o SBU identificou mais de 25 oficiais russos que instruem os contratados Wagner em habilidades que variam de artilharia a engenharia de combate. O GRU geralmente dirige e apóia o grupo em combate, e as evidências disponíveis indicam uma coordenação estreita na Ucrânia. No LPR, o oficial do GRU Oleg Ivannikov ajudou a comandar o Grupo Wagner; telefonemas interceptados revelam operações coordenadas de Ivannikov com o comandante do Grupo Wagner e o ex-tenente-coronel do GRU Dmitry Utkin durante a Batalha de Debaltseve.

Fundindo buscas geopolíticas e empresas privadas

Por meio do Grupo Wagner, a Rússia oferece apoio militar ou estabilização política em troca de influência política, oportunidades de expansão geoestratégica ou concessões de recursos. O Grupo Wagner pode ser considerada uma empresa militar privada apenas na medida em que alimenta a riqueza de um indivíduo particular, mas a realidade de sua integração nas estruturas de comando russas o torna um animal totalmente diferente. Apesar da natureza ostensivamente privada do Grupo Wagner, Putin agradeceu aos contratados por seus serviços, premiando comandantes de alto escalão com honras militares estaduais de Utkin, construindo estátuas dos contratados Wagner na Síria e Donbas, e posando para fotografias com comandantes. Prigozhin não recebeu prêmios ou monumentos militares brilhantes, mas, ao desdobrar o Grupo Wagner em três continentes, Putin o agradeceu por facilitar a extensão global de seu alcance comercial.

A comunidade internacional deve se familiarizar com o nome de Prigozhin. Enquanto os líderes de países politicamente instáveis concordarem em trabalhar com Putin e oferecer fontes de lucro para Prigozhin, esse modelo de fusão de atividades geopolíticas e empresas privadas permanecerá.

sexta-feira, 20 de março de 2020

FOTO: Hussardo alado moderno

Comando polonês (JW Komandosów), ex-operador do GROM, no Afeganistão com um sabre do modelo dos hussardos alados poloneses.

A recuperação do coronavírus na China é 'toda falsa', afirmam denunciantes e moradores


Por Kathryn Krawczyk, The Week, 6 de março de 2020.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 20 de março de 2020.

As alegações da China de como está lidando com a recuperação do coronavírus devem ser tomadas com mais do que alguns grãos de sal.

Mesmo antes do COVID-19 se tornar uma crise global, os líderes chineses haviam sido criticados por lidar com a situação e falta de transparência sobre a progressão da doença. As coisas agora parecem estar em alta e as empresas parecem voltar ao trabalho - mas os denunciantes e as autoridades locais dizem ao jornal Caixan que é apenas uma artimanha cuidadosamente criada.


Matéria do jornal Caixan com o título "As luzes estão acesas, mas ninguém está trabalhando: como os governos locais estão fingindo a recuperação do coronavírus."

Pequim passou grande parte do surto pressionando os distritos a continuarem seus negócios como de costume, com alguns governos locais subsidiando custos de eletricidade e até instalando cotas de produtividade obrigatórias. Zhejiang, uma província a leste da cidade epicentro de Wuhan, afirmou em 24 de fevereiro que havia restaurado 98,6% de sua capacidade de trabalho pré-coronavírus.

Mas os funcionários públicos dizem ao Caixan que as empresas estão realmente fabricando esses números. Pequim começou a verificar os níveis de consumo de eletricidade das empresas de Zhejiang, então as autoridades do distrito ordenaram que as empresas começassem a deixar ligadas suas luzes e máquinas o dia inteiro para aumentar os números, disse um funcionário público. As empresas também falsificaram os registros de presença de funcionários - eles "preferem desperdiçar uma pequena quantia de dinheiro em energia do que irritar as autoridades locais", escreve o Caixan.

Em Wuhan, as autoridades tentaram fazer parecer que os esforços de recuperação estão indo bem. Mas quando os "líderes centrais" pesquisam pessoalmente os esquemas de desinfecção e entrega de alimentos, as autoridades locais "fazem um esforço especial" para eles e somente para eles, disse um morador ao Caixan. E em um vídeo que circula nas mídias sociais, os moradores podem ser vistos gritando com os líderes visitantes dos apartamentos onde estão em quarentena - "Falso, é tudo falso".

Original: https://news.yahoo.com/chinas-coronavirus-recovery-fake-whistleblowers-191300391.html

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FOTO: Grupo Alfa no Afeganistão

Comandos do Grupo Alfa da KGB no Afeganistão com capacetes de titânio suíços PSH-77, anos 80.

Bibliografia recomendada:

Spetsnaz:
The inside story of the Soviet special forces.
Viktor Suvorov.

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FOTO: Flâmula no Afeganistão30 de abril de 2020.

FOTO: Hinds afegãos26 de abril de 2020.

FOTO: T-62M no Passo de Salang, 28 de janeiro de 2020.

terça-feira, 17 de março de 2020

O exército tailandês ainda ama o sucessor do Kübelwagen


Por Robert BeckhusenWar is Boring, 24 de janeiro de 2018.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 18 de novembro de 2019.

O Tipo 181 da Volkswagen era um transporte da Guerra Fria.

Em 18 de janeiro de 2018, o Exército Real Tailandês desfilou em Bangcoc como parte do Dia anual do exército real. O evento contou com muitos exemplos do equipamento militar da Tailândia, incluindo tanques, artilharia, lançadores de mísseis antiaéreos e veículos blindados de combate.

Dirigindo no desfile havia jipes discretos de aparência estranha transportando oficiais superiores. Um olhar mais atento pode notar uma semelhança com o Kübelwagen, ou "carro banheira", um veículo utilitário leve e de aparência pateta produzido pela Volkswagen, dirigido pelas forças armadas alemãs na Segunda Guerra Mundial, e que continua a ser um item de colecionador e adereço de filme até hoje.

Perto, mas não exatamente. Os oficiais tailandeses estão dirigindo o Volkswagen Tipo 181 - um sucessor do Kübelwagen no pós-guerra usado tanto no mundo militar quanto no civil. Nos Estados Unidos, a Volkswagen comercializou a máquina de aparência bizarra como "The Thing" (“A Coisa”). Mas a Coisa tem uma história interessante por si só, que deve muito tanto à Guerra Fria quanto à Segunda Guerra Mundial.


Quando o Terceiro Reich se armou nos anos 30, os soldados alemães precisavam de rodas motorizadas, então Adolf Hitler se aproximou do famoso engenheiro Ferdinand Porsche para fornecer um projeto. Daí veio o Kübelwagen com tração nas duas rodas, do qual a Volkswagen fabricaria mais de 50.000.

Para colocar esse número em perspectiva, os Estados Unidos produziram mais de 600.000 jipes Willys com tração nas quatro rodas - uma indicação do nível relativamente baixo de mecanização dos militares alemães durante a guerra. Mesmo no final do conflito, muito mais soldados alemães moviam-se literalmente por cavalos de potência do que potência mecânica.


No entanto, o Kübelwagen era um veículo único e capaz, e seu fundo plano - como um trenó - ajudava a mantê-lo em movimento se os pneus afundassem em condições lamacentas. O Terceiro Reich também desenvolveu o Schwimmwagen, ou "carro de natação", uma modificação com tração nas quatro rodas do Kübelwagen capaz de flutuar. O carro de natação continha uma hélice ajustável para avançar quando estava na água.

Schwimmwagen.

Então veio o Type 181, também conhecido como "The Thing", conhecido no México como Safari e na Grã-Bretanha como Trekker. Este veículo surgiu como resultado de um projeto separado, chamado Europa Jeep, um projeto fracassado da OTAN visando desenvolver um veículo de transporte anfíbio.

O Europa Jeep nunca foi colocado em produção e, com os atrasos ocorridos na década de 1960, o governo da Alemanha Ocidental abordou a Volkswagen para produzir um veículo temporário até que o Europa Jeep estivesse pronto. A Volkswagen voltou ao design do Kübelwagen, modificou-o e desenvolveu o Tipo 181, que a montadora também comercializou como um carro inovador voltado para surfistas e off-roaders americanos - embora caro.

Tipo 181.
Foto de Sven Storbeck via Wikimedia.

O Tipo 181 veio com várias diferenças importantes do Kübelwagen - os novos e mais amplos pisos vieram do Karmann Ghia, em vez do Fusca como no Kübelwagen original. O veículo da Guerra Fria tinha uma nova suspensão e um motor maior, embora tivesse pouca potência. Eles eram aproximadamente do mesmo tamanho, embora o Tipo 181 pesasse mais de 500 libras (226,7kg).


Tim Brooks, escrevendo no The National, observou que padrões mais rígidos de segurança - liderados pelo advogado do consumidor Ralph Nader em 1975 - retiraram o carro do mercado americano devido à sua quase total falta de recursos de segurança, "o que é um pouco irônico, pois foi projetado para proteger tropas na guerra.” The Thing foi vendido por apenas dois anos nos Estados Unidos em 1973 e 1974.

Outro bom recurso para todas as coisas relacionadas ao The Thing, é este vídeo do historiador de automóveis Doug DeMuro. Preste muita atenção ao interior espartano e ao telhado e janelas destacáveis.


A guerra para a qual o Tipo 181 foi projetado nunca chegou, embora os exércitos da OTAN continuassem a colocar 50.000 Tipos 181 em serviço militar. Pode até haver um futuro para o modelo além da estranheza de um colecionador, pois o gerente de marca da Volkswagen, Herbert Diess, em 2017 apresentou a ideia de trazer de volta o design como um carro elétrico, usando os termos "Tipo 181" e "Kübelwagen" de forma intercambiável.

"Não sei se você se lembra do Kübelwagen", disse Diess. "Essa Coisa é um bom carro."

No entanto, não há planos de trazer de volta o Schwimmwagen, pois uma versão totalmente elétrica desse veículo anfíbio em particular talvez seja imprudente. Mas Kübelwagens futuristas, redesenhados, mas ainda quadrados, com janelas e telhados rolando no futuro próximo seria uma peculiaridade interessante da história automotiva - como o fato de que o Tipo 181 ainda tem um lugar de honra na Tailândia.

segunda-feira, 16 de março de 2020

FOTO Sentinela romeno em clima invernal

Sentinela romeno armado com um fuzil Berthier francês, 1940.

Fotos tiradas por Margaret Bourke-White para a Revista LIFE, 1940:

"Guarda do exército romeno, vestido em ordem de clima frio, durante serviço de sentinela sobre a ponte do congelado Rio Prut, em clima de 35 graus abaixo de zero que torna impossível que ele fique no posto mais do que uma hora de cada vez."

domingo, 15 de março de 2020

FOTO: Munição viva


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 15 de março de 2020.

No dia 1º de outubro de 1966, o Dr. Harry Dinsmore era o chefe de cirurgia da Marinha em Da Nang, no Vietnã do Sul, quando soube que uma granada viva de morteiro 60mm estava alojada no peito do um soldado sul-vietnamita de 22 anos, ainda consciente.

Embora não estivesse de serviço naquele dia, Dinsmore realizou a operação, ciente de que a munição poderia explodir ao menor movimento. Ele cortou a granada e tentou levantá-la, mas as barbatanas da base da granada ainda estavam presas no uniforme do soldado. Enquanto segurava a munição coberta de carne em uma mão, ele meticulosamente cortou o uniforme de brim com a outra, em um espaço de tempo de 10 minutos que pareciam uma eternidade. Uma vez livre, um especialista em explosivos levou a granada do lado de fora e a desarmou. Todo o procedimento levou cerca de 30 minutos.

O soldado de primeira classe Nguyen Van Luong estava na escotilha aberta de um veículo blindado quando a granada que atingiu a tampa da escotilha, ricocheteando então com força no seu capacete, nocauteando-o. A munição entrou em seu corpo logo acima da clavícula e deslizou entre sua pele e caixa torácica. Van Luong voltou ao serviço ativo em dois meses.

O Dr. Harry Dinsmore recebeu a Cruz da Marinha por seu heroísmo. Aposentou-se da Marinha em 1967, e praticou medicina em Punxsutawney até se aposentar em 1990.