terça-feira, 10 de março de 2020

As Forças Armadas dos EUA definem sua mira no fuzil sniper de vários calibres


Por Peter Suciu, Clearence Jobs, 10 de março do 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 10 de março de 2020.

A rivalidade entre serviços existe desde que o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos foi fundado em 10 de novembro de 1775. As questões não melhoraram muito quando o Chefe do Estado Maior do Exército, Dwight D. Eisenhower, defendeu um plano de dissolução do Corpo após a Segunda Guerra Mundial. No entanto, parece agora que o Exército dos EUA e o USMC provavelmente concordarão sobre uma coisa, e que é a adoção de um novo fuzil sniper multi-calibres.

Barrett MRAD.

“Nas estimativas orçamentárias do Ano Fiscal de 2021, o Exército e o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA anunciaram sua intenção de adquirirem o fuzil MRAD (Multi-Role Adaptive Design, Projeto Adaptativo Multi-Função), seguindo os passos do Comando de Operações Especiais dos EUA”, Thomas Ford, analista de armas da Jane disse ao Clearance Jobs.

O MRAD da Barrett Firearms Manufacturing Inc. é uma arma ferrolhada projetado para disparar munições 7,62x51mm OTAN, .300 Norma Magnum e .338 Norma Magnum. Possui um chassi de metal para serviços pesados, fabricado em alumínio da série 7000, e é alimentado por um carregador de 10 tiros.

Barrett MRAD com a coronha dobrada/rebatida.

Ele possui uma coronha projetada para dobrar para o lado quando não estiver em uso, o que permite que o comprimento total da arma seja substancialmente reduzido, facilitando o transporte em um veículo ou o uso durante operações de paraquedismo. Também oferece ajustes na altura do descanso da bochecha e no comprimento da tração do gatilho, e possui um trilho Picatinny de comprimento total para montar ópticas e intensificadores de imagem, entre outras ferramentas de mira.

O MRAD oferece um guarda-mato grande que pode acomodar um atirador usando luvas em clima mais frio, enquanto um bipé Atlas permite que o atirador mantenha uma posição de mira estável quando na posição de bruços.


O fuzil, que pesa entre 13 e 14,5 libras (5,8-6,5kg), sem incluir óptica, bipé ou acessórios, foi escolhido pelo Comando de Operações Especiais dos EUA e é capaz de matar pessoal inimigo e perfurar veículos de pele macia. Este novo fuzil sniper eventualmente substituirá todos os fuzis sniper existentes e fuzis anti-materiais ainda mais pesados que estão no inventário de forças terrestres americanas selecionadas.

"Nosso plano atual é fazer um pedido de 536 sistemas Mk22 no Ano Fiscal de 2021 com base no atual perfil de financiamento", disse Alton Stewart, porta-voz do PEO Soldier*, via Military Times. "O MRAD Mk22 substituirá o fuzil sniper M107 e os sistemas M2010 Enhanced Sniper Rifle (Fuzil Sniper Aprimorado, ESR)".

M2010 ESR.

*Nota do Tradutor:Program Executive Office (Escritório Executivo de Programas, PEO) Soldier é é uma organização governamental americana responsável pela rápida criação de protótipos, compras e implantação de equipamentos para seus soldados.

Fora com o velho

O fuzil sniper ferrolhado M2010 - anteriormente conhecido como XM2010 - está em serviço no Exército dos EUA desde 2011 e está equipado com o .300 Winchester Magnum (7,62x67mm); enquanto o Barrett M107, também conhecido como Barrett M82A1, é um sistema sniper semi-automático anti-material, calibrado em .50 BMG.

Barrett M107/Barrett M82A1.

O fuzil sniper calibre .50 tem sido usado em combate desde os primeiros dias do envolvimento do Exército dos EUA no Afeganistão e no Iraque. No entanto, o cartucho .338 Norma Magnum foi considerado suficientemente potente para substituir esse sistema de armas, razão pela qual o Exército e o USMC optaram por substituir o M107 pelo MRAD.

"A decisão do Exército de substituir o comprovado fuzil Barrett M107 é muito ousada", disse Ford da revista Jane. “O .50 BMG é famoso por seu poder e alcance destrutivos, e o M107 encontrou muito serviço no Iraque e no Afeganistão. A decisão do Exército de descartá-lo pode encontrar forte resistência entre os soldados que tiveram que confiar na munição dominante para alcançar seus objetivos - sem dúvida que a primeira batalha que esse fuzil enfrentará será pelo respeito dos homens e mulheres que está servindo.”

Soldado espanhol com um fuzil Barrett M95, sua versão bullpup.

O USMC também pode manter o M107 por um tempo.

“O USMC não declarou um desejo de usar o MRAD como o Advanced Sniper Rifle (Fuzil Sniper Avançado, ASR) para substituir os M107 que ainda possui em serviço, no entanto, optou por substituir o fuzil Mk13 Mod-7 muito, muito rapidamente depois de adquiri-lo em 2018”, disse Ford à Clearance Jobs. “A família de fuzis sniper M40 está em serviço no USMC desde meados da década de 1960 e precisava desesperadamente de modernização ou substituição séria, com o USMC optando por este último. No entanto, a decisão de fazê-lo rapidamente, depois de encontrar uma substituição aparente, sugere que os snipers do corpo, ou sua liderança superior, encontraram falhas suficientes no Mk13 Mod-7 para achar necessário iniciar o processo de aquisição novamente.”

Fuzil de precisão Mk13 Mod-7.

O Mk13 Mod-7 foi adotado apenas em abril de 2018 para substituir o fuzil sniper M40 mais antigo que estava em serviço no Corpo desde 1966 durante a Guerra do Vietnã. Além disso, o Exército pode manter o M2010 por mais algum tempo, pois acaba de conceder um contrato de US$ 10 milhões à Sig Sauer Inc. para produzir munição .300 Winchester Magnum.

Flexibilidade adicionada

O calibre do MRAD pode ser alterado simplesmente trocando canos - o que geralmente requer um armeiro treinado para fazê-lo, e não algo tipicamente feito em campo. No caso deste fuzil, isso pode ser feito com o uso de uma única ferramenta em qualquer lugar, a qualquer hora!

Comandos israelenses da YAMAM com os fuzis Barrett MRAD/Mk22.

O MRAD Mk22 fornecerá aos snipers do Exército a capacidade de disparar até 1.500 metros, cerca de 300 metros a mais que o M2010 ESR.

"A adoção universal do MRAD também reforça a tendência geral de aquisição de sistemas multi-calibre, refletindo uma necessidade percebida de flexibilidade para equipes de atiradores de elite e soldados em geral", observou Ford da Jane. "Isso também implica que os países que adquirem essas armas esperam mudar a natureza das munições muito rapidamente, o que significa que antecipam ameaças que mudam rapidamente".

Um sniper norueguês com o Barrett M98, que evoluiu para o MRAD.

O Business Insider informou que o Exército e o USMC fizeram pedidos de uma combinação de 768 fuzis MR68, em um contrato no valor de US$ 14 milhões. O custo individual de cada fuzil é de aproximadamente US$ 16.000 e isso inclui um supressor de som e uma luneta de fuzil de potência variável. No ano passado, o Comando de Operações Especiais dos EUA comprou US$ 50 milhões em fuzis MRAD, projetando o M22 Advanced Sniper Rifle (Fuzil Sniper Avançado).

Peter Suciu é um escritor freelancer que cobre tecnologia de negócios e segurança cibernética.

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