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terça-feira, 26 de janeiro de 2021

LIVRO: Yamamoto Isoroku (série Command)


Resenha do livro Yamamoto Isoroku, série Command da Osprey Publishing pelo autor Dr. Robert A. Forczyk.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 26 de janeiro de 2020.

Excelente introdução ao almirante mais importante do Japão na Segunda Guerra Mundial (5 estrelas)

Por R. A. Forczyk, 24 de setembro de 2012.

Embora a maioria dos americanos esteja familiarizada com o ataque japonês a Pearl Harbor em dezembro de 1941, relativamente poucos sabem algo sobre o homem que ordenou e dirigiu o ataque - o almirante Yamamoto Isoroku. Nos últimos cinquenta anos, houve apenas um punhado de livros em inglês sobre Yamamoto e os trabalhos anteriores não incorporaram as percepções japonesas. O famoso historiador naval Mark Stille fornece uma excelente introdução à carreira de Yamamoto e seu impacto na Guerra do Pacífico em uma das últimas adições à série Command (Comando) da Osprey. Enquanto representações popularizadas de Yamamoto tendiam a classificá-lo como um grande almirante e um homem que buscava relações pacíficas com os Estados Unidos, o autor apresenta um excelente caso de que, "embora talentoso em muitos aspectos, Yamamoto não era um gênio militar". Este é um dos melhores volumes da série Command e pertence à estante de qualquer pessoa com um interesse sério na Guerra do Pacífico.

O volume começa com uma discussão sobre as origens de Yamamoto, o que pode ser confuso (já que ele nasceu com o sobrenome Takano). O autor discute a rápida ascensão de Yamamoto na hierarquia da Marinha Imperial Japonesa (IJN), seus ferimentos na Guerra Russo-Japonesa, viagens à América, experiência diplomática e funções de estado-maior. Em particular, o autor observa a oposição de Yamamoto à construção dos navios de guerra da classe Yamato e favoreceu um maior investimento na aviação naval. Em vez de navios de guerra, Yamamoto pressionou por bombardeiros de longo alcance como os "Nell" e "Betty", que provariam seu valor contra os navios de guerra britânicos Repulse e Prince of Wales em 1941. Ainda assim, o autor argumenta com sucesso que, embora Yamamoto tenha influenciado positivamente como a IJN foi configurada e treinada para a guerra, ele não foi uma escolha ideal para liderar a frota na guerra, já que era essencialmente um "almirante político" com "pouca experiência de comando". Yamamoto era o tipo de oficial, talvez como Alfred Thayer Mahan, cujo melhor papel era uma capacidade intelectual, em vez de comando de batalha.

Yamamoto em sua capitânia, o encouraçado Nagato, antes da guerra.

Quando Yamamoto foi escolhido para comandar a IJN em 1939, ele se envolveu na política que levou ao envolvimento do Japão na Segunda Guerra Mundial. Yamamoto se envolveu em discussões com o Estado-Maior Geral e desenvolveu uma teoria favorita de que atacar Pearl Harbor poderia prejudicar a determinação americana, embora outros líderes japoneses acreditassem que os Estados Unidos da América poderiam não intervir para impedir um ataque japonês às Índias Orientais Holandesas (provavelmente correto) e mesmo que o fizessem, um ataque a Pearl Harbor era muito arriscado. O autor observa que Yamamoto começou a empregar sua tática de ameaçar renunciar a menos que conseguisse o que queria - não exatamente um estilo de comando eficaz, atuando mais como um político. Em todo o processo, o autor mostra inconsistências no comportamento de Yamamoto que levaram a desastres posteriores, como a falha em ouvir pontos de vista alternativos ou em incorporar qualquer grau de flexibilidade em seu planejamento. Na verdade, Yamamoto parece excessivamente rígido, inflexível e disposto a permitir que ideias preconcebidas, em vez de realidades do campo de batalha, guiem suas decisões.

Depois de Pearl Harbor, Yamamoto estava procurando uma rampa para o Japão sair de sua situação difícil de estar em uma guerra com os Estados Unidos que não poderia vencer. O autor observa que Yamamoto considerou o período após a queda de Cingapura como o momento ideal para negociar, mas ficou desapontado com o fato dos líderes do Japão não terem feito aberturas diplomáticas com os Estados Unidos. Na verdade, este era um ponto discutível por dois motivos: primeiro, a liderança política do Japão era relutante em atingir um acordo de qualquer natureza sobre suas conquistas e, em segundo lugar, os americanos não considerariam nenhum acordo político com o Japão após os enganos diplomáticos empregados antes de Pearl Harbor. Aparentemente, Yamamoto não recebeu o memorando: depois de Pearl Harbor, foi uma luta até a morte. Hoje em dia, a decisão do Japão de atacar os Estados Unidos é geralmente considerada um ato de suicídio nacional e Yamamoto era o homem que segurava a faca, mas sem muita autoconsciência.

O almirante Isoroku Yamamoto, poucas horas antes da sua morte, saudando os pilotos navais japoneses em Rabaul, em 18 de abril de 1943.

Yamamoto "teve sucesso em sequestrar a formulação da estratégia naval japonesa", o que levou aos desastres em Midway e Guadalcanal. Seus planos operacionais eram muito complexos e seu estilo de comando de batalha muito solto e remoto, contentando-se em permanecer isolado no "Hotel Yamato" (seu navio-chefe, o encouraçado Yamato). Mesmo quando suas forças obtiveram sucesso, como na Batalha das Ilhas Salomão Orientais em outubro de 1942, Yamamoto não conseguiu capitalizar sobre ela. Na verdade, seu comportamento se tornou cada vez mais fatalista e passivo após Midway, permitindo que a Marinha dos EUA tomasse a iniciativa estratégica. Na última parte do volume, o autor compara Yamamoto com seu principal oponente - o almirante Chester Nimitz, e Yamamoto não sai muito favoravelmente. O autor ressalta que Yamamoto não era realmente um almirante moderno, por uma série de razões, e permaneceu atolado no pensamento à moda antiga (como em relação aos encouraçados). Na seção final, o autor cobre a morte de Yamamoto com alguns detalhes e sua reputação no pós-guerra. O volume possui cinco mapas e três cenas de batalha de Adam Hook, além de uma breve bibliografia. No geral, uma avaliação muito convincente do principal comandante naval do Japão na Segunda Guerra Mundial.

Robert Forczyk é PhD em Relações Internacionais e Segurança Nacional pela Universidade de Maryland e possui uma sólida experiência na história militar européia e asiática. Aposentou-se como tenente-coronel das Reservas do Exército americano, tendo servido 18 anos como oficial de blindados nas 2ª e 4ª divisões de infantaria dos EUA, e como oficial de inteligência na 29ª Divisão de Infantaria (Leve). O Dr. Forczyk é atualmente consultor em Washington, DC., e já publicou dezenas de livros, incluindo os dois volumes sobre a guerra blindada germano-soviética de 1941-45, sobre as operações Caso Vermelho (invasão da França), Caso Branco (invasão da Polônia), biografias de Walther Model, Erich von Manstein e Georgy Zhukov, e um dos seus best-sellers Where the Iron Crosses Grow: The Crimea 1941-44 (Onde as Cruzes de Ferro Nascem: A Criméia 1941-44).

Bibliografia recomendada:

A Guerra Aeronaval no Pacífico 1941-1945.
Contra-Almirante R. de Belot.


Guerra no Mar.

Leitura recomendada:

quinta-feira, 2 de julho de 2020

LIVRO: Um Exército no Alvorecer

An Army at Dawn: The War in North Africa 1942-43.
Rick Atkinson.

Por R. A Forczyk, 26 de dezembro de 2002.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 8 de agosto de 2019.

Resenha do livro “An Army at Dawn: The War in North Africa 1942-43”.

O exército que não conseguia atirar direito (4 de 5 estrelas)

Artilharia americana em ação na Tunísia.

Em An Army at Dawn, o autor premiado com o Pulitzer, Rick Atkinson, cobre a campanha norte-africana desde os desembarques da Operação Torch (Tocha) em novembro de 1942 até o colapso final do Eixo na Tunísia em maio de 1943. Atkinson combina pesquisa meticulosa com um bom estilo de escrita para produzir facilmente o relato mais legível sobre esta campanha muitas vezes negligenciada. A principal conclusão do autor é que essa campanha marcou "... uma mudança sutil no equilíbrio de poder dentro da aliança anglo-americana; os Estados Unidos era dominante agora, em virtude do poder e do peso..." No entanto, esta conclusão não é apoiada pela narrativa do autor. Os aliados sofreram mais de 75.000 baixas na campanha da Tunísia, das quais 50% eram da Commonwealth (Comunidade Britânica), 26% eram franceses e 24% eram americanos. Além disso, o desempenho inicial de combate do Exército dos EUA não foi impressionante, e Truscott, um dos melhores comandantes americanos da guerra, classificou a campanha norte-africana de "um desempenho medíocre".

Prisioneiros-de-guerra americanos capturados pelo Afrikakorps na Tunísia, depois do desastre do Passo de Kasserine, 1943.

Atkinson mostra como a campanha do Norte da África emergiu como uma exigência ad hoc, baseada principalmente em considerações políticas e atirada apressadamente em sete semanas. O plano da TORCH previa uma ocupação conjunta anglo-americana da Argélia e do Marrocos da França de Vichy e, esperançosamente, sem resistência. De imediato, a TORCH demonstrou a falta de preparo deste Exército Americano e de seus líderes para a guerra. Os franceses de Vichy resistiram por três dias e mataram 526 americanos. Tentativas de tomar os portos de Oran e de Argel terminaram como desastres; os franceses abriram fogo e praticamente aniquilaram os dois batalhões americanos nessas operações. Felizmente, a vontade de lutar dos franceses de Vichy desmoronou após três dias e o resto da TORCH se tornou uma ocupação sem oposição. Atkinson escreve: "A verdade é que um Exército inexperiente e desajeitado havia chegado ao Norte da África com pouca noção de como agir como uma potência mundial. O equilíbrio da campanha - na verdade, o equilíbrio da guerra - exigiria aprender não apenas como lutar, mas como governar."

Desembarque aliado no Norte da África sob controle da França de Vichy, Operação Torch, 8 de novembro de 1942.

Antes que o exército americano tivesse muita chance de avaliar seu desempenho na Argélia e no Marrocos, Eisenhower ordenou que as forças aliadas ocupassem a Tunísia. No entanto, a resposta alemã à TORCH foi surpreendente; eles apressaram paraquedistas e tanques rapidamente para a Tunísia. Os aliados demoraram para ser mover para a Tunísia e as forças que eles movimentaram foram prejudicadas pelo fato de que "poucas ações foram tomadas após os desembarques iniciais, e apenas trabalho superficial de estado-maio estava disponível no terreno, logística e apoio aéreo na Tunísia."

O resultado foi um rastejo tépido na Tunísia, em vez de uma investida ousada e - não pela última vez na guerra - a improvisação brilhante permitiu que os alemães frustrassem o plano dos Aliados. Atkinson coloca grande parte da culpa pelo fracasso em Eisenhower:

"Na verdade, ele passou pelo menos três quartos do seu tempo se preocupando com questões políticas, e essa pré-ocupação serviu mal à causa aliada. Se ele tivesse deixado de lado todas as distrações para se concentrar em tomar Túnis com o propósito fixo de um capitão de combate, os próximos meses poderiam ter sido diferentes."

Tropas americanas a bordo de uma embarcação de desembarque em direção às praias de Oran, na Argélia, durante a Operação Torch, novembro de 1942.

Em vez de terminar a campanha cedo, os Aliados tiveram que se contentar com uma batalha de atrito de seis meses. De fato, os alemães foram capazes de ganhar temporariamente a iniciativa e infligiram uma série de surras nas forças anglo-americanas em lugares como Tebourba, Medjez, Longstop Hill, Passo de Faid e Sidi Bou Zid. Os resultados foram chocantes. Os tanques norte-americanos atacaram continuamente em plena luz do dia em campo aberto e foram massacrados por eficientes artilheiros antitanques alemães. Em Sidi Bou Zid, a 2-1 Armor Battalion (2ª Companhia do 1º Batalhão Blindado) atacou com música tocando nos alto-falantes e perdeu todos os 52 tanques. O Exército dos EUA na Tunísia lutou com uma série de desvantagens: sob comando britânico, com unidades engajadas por partes, empregando doutrina defeituosa com armas inadequadas. O Exército dos EUA lutou 13 grandes engajamentos no norte da África e teve apenas uma vitória clara: a Batalha de El Guettar.

O relato de Atkinson não agradará aos leitores que preferem a hagiografia do tipo "Band of Brothers"; havia vilões e heróis na chamada "Greatest Generation" (Mais Grandiosa Geração). Atkinson observa que "atirar em árabes tornou-se um esporte em algumas unidades..." e houve "casos contínuos de estupro nas áreas avançadas contra mulheres árabes". Tropas americanas bêbadas aterrorizaram algumas aldeias e as taxas de DST na Tunísia foram extremamente altas. A liderança americana na Tunísia também estava gravemente em falta, particularmente Fredendall, o primeiro comandante do II Corpo. Embora avaliado por George C. Marshall como "um treinador capaz", Fredendall revelou-se um incompetente e covarde moral. Após o desastre de Kasserine, Patton substituiu Fredendall, que Atkinson vê como uma benção mista. Os fãs de Patton podem ficar desanimados com a avaliação de Atkinson de que "por todo o melodrama de Patton, sua influência no espírito e na disciplina do II Corpo foi marginal". Além disso, o plano tático de Patton no segundo engajamento de El Guettar, no final de abril de 1943, foi "muito falho" e resultou em mais de 3.000 baixas em menos de uma semana.


Houve alguns pontos positivos no estado deplorável do Exército dos EUA na campanha norte-africana. Atkinson observa que a Artilharia de Campanha teve um bom desempenho, assim como os Rangers. Atkinson observa que a incursão dos blindados americanos no aeródromo de Djedeïda, em novembro de 1942, destruiu 37 aviões alemães - provavelmente o único grande sucesso de combate para o diminuto tanque Stuart na Segunda Guerra Mundial. Os americanos também desfrutaram de uma vantagem na inteligência de comunicações.

Atkinson falha em argumentar que a participação dos EUA na campanha tunisiana afetou o equilíbrio relativo de poder na aliança anglo-americana. De fato, sua narrativa demonstra que os americanos eram os parceiros menores na Tunísia, com a maior parte das tropas vindas dos exércitos da Commonwealth e da França. Outros fatores, como o Lend-Lease (Empréstimo e Arrendamento) e a participação americana na Batalha do Atlântico, tiveram muito mais impacto sobre a natureza da aliança do que um desdobramento terrestre simbólico. Será que Atkinson realmente acredita que, se nenhuma tropa americana tivesse lutado na Tunísia, isso teria alterado muito a posição dos EUA no mundo? No entanto, o relato de Atkinson é certamente a narrativa mais completa e interessante disponível sobre a campanha norte-africana de 1942-1943.

Sobre o autor:

O Tenente-Coronel Dr. Robert Forczyk com seu uniforme de tanquista.

O Tenente-Coronel Dr. Robert Forczyk é PhD em Relações Internacionais e Segurança Nacional pela Universidade de Maryland e possui uma sólida experiência na história militar européia e asiática. Ele se aposentou como tenente-coronel das Reservas do Exército dos EUA, tendo servido 18 anos como oficial de blindados nas 2ª e 4ª divisões de infantaria dos EUA e como oficial de inteligência na 29ª Divisão de Infantaria (Leve). O Dr. Forczyk é atualmente consultor em Washington, DC.

Bibliografia recomendada:

Operation Torch 1942:
The invasion of French North Africa.
Brian Lane Herder e Darren Tan.

US Soldier versus Afrikakorps Soldier.
David Campbell.

Leitura recomendada:



LIVRO: Forças Terrestres Chinesas, 29 de março de 2020.

domingo, 29 de março de 2020

LIVRO: Forças Terrestres Chinesas

O Exército de Libertação Popular Chinês desde 1949: Forças Terrestres, Benjamin Lai, Osprey Publishing, 2013.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 29 de março de 2020.

O exército chinês (oficialmente Forças Terrestres do Exército de Libertação Popular, doravante PLA) nunca foi conhecido por sua proficiência militar, como já tratado no blog, eles carecem de experiência de combate e operam blindados muito velhos. O autor chinês Benjamin Lai tentou pintar um quadro mais favorável ao PLA, mas terminou com uma obra de valor misto: enquanto as fotos são muito bonitas, a maior parte a cores, o texto é apenas a repetição da propaganda oficial do Partido Comunista Chinês, que unificou a China continental sob o comunismo maoísta em 1949.

O PLA é a definição das forças armadas chinesas seguindo o padrão soviético de usar Exército Vermelho ou Exército Soviético para a totalidade das suas forças armadas. O PLA chinês é constituído de: 

- Força Terrestre do Exército de Libertação do Povo, 
- Marinha do Exército de Libertação do Povo, 
- Força Aérea do Exército de Libertação do Povo, 
- Força de Foguetes do Exército de Libertação do Povo,
- Força de Apoio Estratégico do Exército de Libertação do Povo. 

O livro trata das forças terrestres, incluindo unidades não necessariamente ligadas ao exército (Força Terrestre do PLA), como a Polícia Armada Popular (PAP) e os fuzileiros navais que pertencem à marinha (oficialmente Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Exército de Libertação do Povo, encurtado para Corpo de Fuzileiros Navais do Exército de Libertação do Povo).

Distintivo do Corpo de Fuzileiros Navais do Exército de Libertação do Povo Chinês (中国人民解放军海军陆战队).

A China vem, há muito anos e escaldada da humilhação de 1979, tentando erguer uma força militar moderna, com certa ênfase na diminuição da dependência do número e movendo-se para uma ocidentalização baseada na absorção de equipamentos modernos, especialmente na informatização, e no aumento de unidades de elite: o seu Corpo de Fuzileiros Navais foi reativado em 1979 (trazendo linhagem de 1953), tendo 16 mil homens atualmente, divididos em 2 brigadas de 6 mil homens cada e guarnições com as típicas funções de fuzileiros navais, com previsão de aumento para 20 mil homens em breve; com uma terceira brigada sendo organizada a partir da transferência da 77ª Brigada de Infantaria Motorizada da Força Terrestre do PLA.

Os fuzileiros navais chineses são conhecidos por seus camuflados azuis.


Dado que as próximas guerras da China serão eminentemente navais com ênfase anfíbia contra ilhas no Pacífico, essa decisão faz completo sentido. Mesmo os americanos já estão se adaptando para combater essa nova capacidade anfíbia chinesa. A forma como essa modernização ocorre já é uma história completamente diferente, marcada mais pelos tropeços do que pelos acertos.

A China também se expande para a África e para a América Latina, mas de volta ao livro. 

A avaliação mais precisa do livro The Chinese People's Liberation Army since 1949: Ground Forces foi feita pelo Coronel Dr. R. A. Forczyk. O título dá a entender que as forças navais e aéreas serão tratadas em algum momento, mas sem anúncios até hoje, e talvez pela reação da resenha do coronel na época.

Natal Vermelho: A Incursão ao Aeródromo de Tatsinskaya em 1942.

Robert Forczyk é PhD em Relações Internacionais e Segurança Nacional pela Universidade de Maryland e possui uma sólida experiência na história militar europeia e asiática. Aposentou-se como tenente-coronel das Reservas do Exército americano, tendo servido 18 anos como oficial de blindados nas 2ª e 4ª divisões de infantaria dos EUA, e como oficial de inteligência na 29ª Divisão de Infantaria (Leve). O Dr. Forczyk é atualmente consultor em Washington, DC., e já publicou dezenas de livros, incluindo os dois volumes sobre a guerra blindada germano-soviética de 1941-45, sobre as operações Caso Vermelho (invasão da França), Caso Branco (invasão da Polônia), biografias de Walther Model e Georgy Zhukov, e um dos seus best-sellers Where the Iron Crosses Grow: The Crimea 1941-44 (Onde as Cruzes de Ferro Nascem: A Criméia 1941-44). Nota-se que suas palavras têm peso.

O título é baseado na famosa frase final do filme Cruz de Ferro.

À seguir a tradução da resenha de três estrelas.

Uma Exposição de Cães e Pôneis do PLA 

Por Robert A. Forczyk, 8 de abril de 2013.


Folheando o Exército de Libertação do Povo Chinês desde 1949: Forças Terrestres de Benjamin Lai, uma adição recente à série Elite da Osprey, fica claro que a China tem alguns uniformes e equipamentos muito atraentes. Obviamente, o autor não menciona que a única grande ação de combate bem-sucedida conduzida pelo PLA nos últimos trinta anos foi assassinar cerca de 3.000 dos seus compatriotas na Praça da Paz Celestial em junho de 1989 (referido aqui como um "episódio"). Essa é o problema básico deste volume: excelentes fotos, resumo completo da organização e do equipamento do PLA, mas acompanhado por uma sutil higienização da história. O autor menciona que o PLA esmagou a revolta tibetana, mas a atribui a uma trama da CIA - a idéia de que os tibetanos não querem fazer parte da China não é mencionada. Esse volume serve para destacar o progresso que o PLA fez na modernização de suas forças terrestres e não quer olhar para nada que o prejudique essa visão - como o fato do PLA ter muito menos experiência em combate do que qualquer outro grande exército do mundo. Muitos brinquedos, nenhuma experiência. Todo o problema da missão também é convenientemente ignorado (se é estritamente defensiva, por que todos esses paraquedistas, fuzileiros navais, tanques, mísseis, etc?). O autor também não discute a doutrina do PLA, embora isso fosse mais relevante do que todo o espaço que ele dedicou à Polícia Armada Popular (PAP). No geral, este é um volume interessante, mas deixa um leve sabor de propaganda.

"1º de outubro de 1949: Soldados do PLA marcham durante a primeira parada do Dia Nacional na Praça da Paz Celestial, em Pequim. Eles usam capacetes de aço japoneses capturados, e estão armados com fuzis-metralhadores tchecos ZB vz 26; nessa época o PLA tinha um arsenal heterogêneo de armas japonesas e daquelas tomadas do KMT chinês, incluindo armas portáteis tchecas, americanos e mesmo algumas britânicas. Note que estão estão marchando em uma cadência convencional - o 'passo do ganso' de estilo soviético ainda não havia sido adotado. (China Magazine)"

O volume começa com uma discussão sobre a origem do PLA - como a "ala armada do Partido Comunista Chinês" - e passa dez páginas resumindo suas principais atividades desde 1949. Ele fornece apenas dois parágrafos curtos sobre a Guerra da Coréia, o que não é muito considerando que esta foi a maior operação do PLA desde que foi criada, a Guerra de Fronteira Indo-Chinesa de 1962 recebe duas sentenças, embora essa tenha sido a única vitória clara alcançada pelo PLA sobre um adversário estrangeiro e demonstrou a adaptabilidade tática da China. Em contraste, o autor dá mais cobertura às curtas escaramuças sino-soviéticas em 1969 do que à Guerra da Coréia. Ele gasta cerca de 1 ½ páginas na Guerra Sino-Vietnamita de 1979, mas tenta colocá-la sob uma luz positiva (sem mencionar que a China atacou o Vietnã em apoio ao seu aliado genocida, Pol Pot). A maioria dos relatos sugere que uma força vietnamita muito menor surrou os invasores do PLA e que foi a China que "aprendeu uma lição". Quando ele chega a 1989, o autor se refere à Praça da Paz Celestial como uma "controversa operação de segurança interna" - ah, é verdade, é censurada na China, onde o autor reside. Também não há menção de que boa parte do PLA é desdobrado para invadir Taiwan, caso necessário.

Uniforme, distintivos e divisas do exército chinês.

Toda publicação da Osprey vem acompanhada de ilustrações de alta qualidade.


Na próxima seção, o autor discute a organização de nível superior do PLA e, em seguida, mergulha nas estruturas táticas até o batalhão, a companhia e o grupo de combate. Fiquei realmente surpreso com quantos cozinheiros existem um batalhão de infantaria do PLA - pelo menos 25. Ele então discute as principais armas de combate, incluindo blindados, aviação, tropas de forças especiais, paraquedistas e de mísseis. A maioria das fotos no volume é colorida e muito agradável, mas muitas das tropas parecem posadas. As legendas do autor indicam que muitas foram capturadas durante eventos militares em casas abertas e até as cenas "táticas" parecem encenadas. Olhando para os uniformes, o olho de um soldado pode notar que todos os uniformes e equipamentos parecem novos em folha - sem desgaste. Um grupo de combate de infantaria que se move ao lado de um IFV está terrivelmente amontoado - parece um 'ataque de onda humana' - e, apesar de seus novos capacetes e uniformes camuflados, eles estão usando sapatos de borracha e meias brancas dos anos 50. Uma patrulha de infantaria é mostrada com todos os membros da patrulha com os cadarços das botas desamarrados - eles tiveram que pedir as botas emprestadas para a foto? Adoro os tanques ZTZ-99 com jantes brancas nas rodas - que com certeza os tornam mais fáceis de detectar! No exército dos EUA, quando você vê todos os equipamentos polidos como aqui, é reconhecível como uma "Dog and Pony Show" (Exposição de Cães e Pôneis, "pra inglês ver") de para impressionar os visitantes e os ignorantes militares. As discussões das tropas das forças especiais e paraquedistas beira ao cômico, dando a impressão de que essas unidades são todas altamente capazes e equivalentes às melhores unidades ocidentais quando, na verdade, o PLA não tem saltos paraquedistas em combate a seu crédito e os saltos de tempos de paz são poucos e preciosos.



Contra-capa.

Nas seções finais, o autor discute recrutamento e uniformes. Ele sugere que o PLA esteja se movendo para uma força profissional, mas adicionar de 600 a 1.000 graduados por ano para um exército desse tamanho é uma gota num balde. Ele afirma que os sargentos podem se casar, mas que suas esposas só podem visitá-lo uma vez por ano - isso parece mais uma prisão do que um exército profissional. Apesar de suas afetações ocidentais modernas, o PLA ainda é majoritariamente uma força conscrita dominada pelo partido e pode ter armas do século XXI, mas ainda está usando uma abordagem dos anos 50 para seus soldados. Espero que o autor faça volumes nas forças naval e aérea, mas os leitores devem estar cientes de que essa é uma cobertura muito lustrosa, sem qualquer tentativa de uma avaliação equilibrada.


Yak:
A anexação do Tibete não foi muito diferente da invasão de um país como a Polônia. Este livro implica que a resistência à anexação tibetana era apenas uma trama americana, que se encaixa na narrativa de propaganda do governo da China de que o Tibete "sempre foi parte da China"; portanto, caso ela invadisse o Tibete, de alguma forma já o possuía. Dado o fato de que a liderança da China se opõe à noção de governo representativo, parece improvável que tudo isso seja apenas uma pequena nota de rodapé na orgulhosa marcha para a democratização.

R. A Forczyk:
Também é importante observar que tipicamente regimes que usaram força brutal em larga escala contra seu próprio povo, ou pessoas que consideram seu próprio povo, também não têm problemas em usar o mesmo tipo de força letal contra forasteiros. A história do Partido Comunista Chinês (PCC) - que administra o PLA - é de uso irrestrito da violência, conforme necessário. 

Ao contrário dos soviéticos, os chineses não têm ambições globais de espalhar sua forma de tirania, mas a defenderão contra todas as ameaças - incluindo qualquer cheiro de mudança democrática.

Yak:
Concordo plenamente. Fingir que a moralidade pode ser higienizada das atrocidades da história humana moderna não é um caminho que devemos seguir. Infelizmente, muitas pessoas que estudam a China geralmente ficam um pouco insensíveis aos problemas do seu regime autoritário, e convenientemente obscurecem ou ignoram problemas em nome de apontar para outro alguém que era supostamente pior. Os pecados das forças armadas americanas não são necessariamente melhores ou piores, mas pelo menos esse assunto está aberto à discussão. Na China, as forças armadas nunca fizeram nada errado e isso não pode ser questionado.

Chimonsho (Benjamin Lai?):
Suponho que esta resenha avalie o livro do PLA com precisão. Dito isto, definitivamente há espaço para uma gama mais ampla de pontos de vista entre os autores do Osprey, que Lai fornece (e observa em seu próprio comentário). Muitos livros da Osprey omitem grande parte do contexto político mais amplo, portanto este é bastante representativo a esse respeito, embora por razões diferentes.

Quanto à comparação do Holocausto oferecida pelo Sr. Forzyck, é um assassino de discussões confiáveis; como comparar significativamente o mal absoluto com outros fenômenos? A Praça da Paz Celestial foi um ultraje, mas muito menos destrutiva do que o Holocausto e, de fato, em grande parte um assunto interno. Acredito que isso será visto como um obstáculo na longa e rochosa estrada da China para um governo totalmente representativo. O Holocausto, no entanto, foi um divisor de águas na história judaica, européia e mundial. Maçãs e laranjas, além do recurso compartilhado à brutalidade.

R. A Forczyk:
Sr. Lai, 

Os problemas com este volume não são de espaço, mas de viés analítico. Não estou tentando atacar a China, que tem interesses legítimos de segurança, mas você precisa aprender a chamar as coisas pelo seu próprio nome se quiser escrever uma história militar equilibrada.

Quando você se refere ao massacre da Praça da Paz Celestial como uma "operação controversa de segurança interna", dá um tiro no pé, pelo menos no que diz respeito ao público ocidental. Seria semelhante a um autor alemão moderno que referindo-se ao Holocausto como uma "operação controversa de segurança interna".

Nota do Autor: Com tudo isto dito e representado, é recomendada a leitura do livro. As fotos são excelentes e a explicação da estrutura militar do PLA são muito boas e "valem o ingresso"; porém, o leitor deve estar atento e ler a narrativa de Benjamin Lai com um grão de sal, atento à repetição da propaganda do Partido Comunista Chinês.

Leituras recomendadas: