domingo, 15 de maio de 2022

O precioso tesouro escondido dos nazistas teria sido localizado na Polônia sob um antigo bordel da SS

É sob este palácio localizado na Polônia, que eles usavam como bordel, que os nazistas teriam enterrado o tesouro.

Por Laure Ducos, Midi Libre, 13 de maio de 2022.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 15 de maio de 2022.

Um baú foi encontrada enterrada sob um palácio que foi escondido por ordem de Heinrich Himmler.

O famoso tesouro acumulado pelos nazistas que saquearam bens preciosos durante a Segunda Guerra Mundial foi finalmente descoberto.

De fato, os caçadores de tesouros que investigam há anos para localizar esse saque, contendo mercadorias estragadas, escondidos sob as ordens de Heinrich Himmler, teriam descoberto, graças a um georadar, um baú de metal localizada três metros abaixo do solo em um palácio abandonado na Polônia, conforme relatado pelo Daily Mail.

Este palácio, que data do século XVIII, foi utilizado pelos nazistas que utilizaram o local situado na aldeia de Minkowskie como bordel durante a guerra. Heinrich Himmler havia emitido a ordem para manter e esconder esse tesouro para financiar o Quarto Reich.

O que o tesouro conteria?

O espólio acumulado após as espoliações dos nazistas durante a guerra poderia conter várias toneladas de ouro, em particular o ouro de Breslau que havia sido roubado na Polônia.

Há também inúmeras joias e outros objetos de valor, bem como 47 obras de arte que teriam sido roubadas de coleções na França.

Como os caçadores de tesouros encontraram esse esconderijo?

É a Fundação Ponte da Silésia que há anos tenta colocar as mãos no tesouro nazista. As pessoas que participam da pesquisa não o fazem para enriquecer, mas para devolver os bens roubados aos seus legítimos proprietários.

Eles traçaram a trilha através de documentos secretos, incluindo o diário de um oficial da SS e um mapa que conseguiram obter com os descendentes de certos oficiais. Desde maio de 2021, são realizadas escavações neste palácio. É graças a essas escavações que o baú foi localizado.

Para remontar o baú de metal, é necessária a autorização das autoridades polacas, mas também dos desminadores, porque estes podem ter ficado presos. Teremos que esperar mais algumas semanas para descobrir o que este famoso baú contém e se contém o cobiçado tesouro.

VÍDEO: Logística romana no deserto


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 15 de maio de 2022.

O Exército Romano era a superpotência do seu tempo. Como que esse titã mantinha suas tropas hidratadas no ambiente árido do deserto? Neste vídeo, o canal Histórias Romanas traz uma explicação detalhada sobre a logística romana em relação à hidratação dos seus legionários.

Leitura recomendada:

sexta-feira, 13 de maio de 2022

ENTREVISTA: Svetlana Alexievich, A Guerra não tem rosto de Mulher


Por Svetlana Alexievich, The Paris Review, 25 de julho de 2017.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 12 de maio de 2022.

Svetlana Alexievich, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura, é conhecida por seu tipo singular de colagem de história oral, que a Academia Sueca chamou de “uma história das emoções… uma história da alma”. Agora, seu primeiro livro, The Unwomanly Face of War: An Oral History of Women in World War II , publicado originalmente em 1985, foi traduzido do russo por Richard Pevear e Larissa Volokhonsky, que foram entrevistados para nossa série Writers at Work (Escritores Trabalhando) em 2015. Temos o prazer de apresentar um trecho abaixo.



Uma conversa com uma historiadora

Nós éramos uma carga alegre.

The Paris Review:
— Em que momento da história as mulheres apareceram pela primeira vez no exército?

— Já no século IV a.C. mulheres lutaram nos exércitos gregos de Atenas e Esparta. Mais tarde, eles participaram das campanhas de Alexandre, o Grande. O historiador russo Nikolai Karamzin escreveu sobre nossos ancestrais: “As mulheres eslavas ocasionalmente iam à guerra com seus pais e maridos, não temendo a morte: assim, durante o cerco de Constantinopla em 626, os gregos encontraram muitos corpos femininos entre os eslavos mortos. Uma mãe, criando seus filhos, os preparou para serem guerreiros.”

TPR: — E nos tempos modernos?

— Pela primeira vez na Inglaterra, onde de 1560 a 1650 começaram a equipar hospitais com mulheres soldados.

TPR: — O que aconteceu no século XX?

— O início do século... Na Inglaterra, durante a Primeira Guerra Mundial, as mulheres já estavam sendo levadas para a Royal Air Force. Um Corpo Auxiliar Real também foi formado e a Legião Feminina de Transporte Motorizado, que contava com 100.000 pessoas.

Na Rússia, Alemanha e França, muitas mulheres foram servir em hospitais militares e trens de ambulância.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o mundo foi testemunha de um fenômeno feminino. As mulheres serviram em todos os ramos das forças armadas em muitos países do mundo: 225.000 no exército britânico, 450.000 a 500.000 no americano, 500.000 no alemão…

Cerca de um milhão de mulheres lutaram no exército soviético. Eles dominavam todas as especialidades militares, incluindo as mais “masculinas”. Surgiu até um problema linguístico: até então não havia gênero feminino para as palavras motorista de tanque, infante, metralhador, porque as mulheres nunca haviam feito esse trabalho. As formas femininas nasceram ali, na guerra…

*

Maria Ivanovna Morozova (Ivanushkina)
Cabo, sniper

Esta será uma história simples… A história de uma garota russa comum, das quais havia muitas na época…

O lugar onde ficava minha aldeia natal, Diakovskoe, agora é o Distrito Proletário de Moscou. Quando a guerra começou, eu ainda não tinha dezoito anos. Tranças longas, muito longas, até os joelhos... Ninguém acreditava que a guerra duraria, todos esperavam que ela terminasse a qualquer momento. Expulsaríamos o inimigo. Trabalhei em um kolkhoz, depois terminei a faculdade de contabilidade e comecei a trabalhar. A guerra continuou... Minhas amigas... Diziam-me: “Devemos ir para a [linha de] frente.” Já estava no ar. Todas nós nos inscrevemos e tivemos aulas no escritório de recrutamento local. Talvez algumas tenham feito isso apenas para fazer companhia umas às outras, não sei. Ensinaram-nos a disparar um fuzil de combate, a lançar granadas-de-mão. No começo... confesso, eu tinha medo de segurar um fuzil, era desagradável. Eu não podia imaginar que iria matar alguém, eu só queria ir para a frente. Tínhamos quarenta pessoas em nosso grupo. Quatro meninas da nossa aldeia, então éramos todas amigas; cinco das aldeias vizinhas; em suma, algumas de cada aldeia. Todas elas meninas... Todos os homens já tinham ido para a guerra, os que podiam. Às vezes, um mensageiro vinha no meio da noite, dava duas horas para eles se aprontarem e eles eram levados. Eles podiam até mesmo serem retirados diretamente dos campos. (Silêncio.) Não me lembro agora — se tínhamos bailes; se tivéssemos, as meninas dançavam com as meninas, não havia mais meninos. Nossas aldeias ficaram quietas.


Logo veio um apelo do comitê central do Komsomol para que os jovens fossem defender a Pátria, já que os alemães já estavam perto de Moscou. Hitler tomar Moscou? Não vamos permitir! Eu não era a única… Todas as nossas meninas expressaram o desejo de ir para a frente. Meu pai já estava lutando. Pensávamos que éramos as únicas assim... Especiais... Mas chegamos ao escritório de recrutamento e havia muitas garotas lá. Eu apenas suspirei! Meu coração estava em chamas, tão intensamente. A seleção foi muito rigorosa. Em primeiro lugar, é claro, você tinha que ter uma saúde robusta. Eu tinha medo que eles não me levassem, porque quando criança eu ficava muitas vezes doente, e meu corpo era fraco, como minha mãe costumava dizer. Outras crianças me insultavam por causa disso quando eu era pequena. E então, se não havia outras crianças na casa, exceto a menina que queria ir para a frente, eles também recusavam: uma mãe não deveria ser deixada sozinha. Ah, nossas queridas mães! Suas lágrimas nunca secavam... Elas nos repreendiam, imploravam... Mas em nossa família restaram duas irmãs e dois irmãos — é verdade, eles eram todos muito mais novos do que eu, mas contava de qualquer maneira. Havia mais uma coisa: todo mundo do nosso kolkhoz tinha ido embora, não havia ninguém para trabalhar nos campos, e o presidente não queria nos deixar ir. Em suma, eles nos recusaram. Fomos ao comitê distrital do Komsomol e lá... recusa. Depois fomos como delegação do nosso distrito ao Komsomol regional. Houve grande inspiração em todos nós; nossos corações estavam em chamas. Novamente fomos mandadas para casa. Decidimos, já que estávamos em Moscou, ir ao comitê central do Komsomol, ao topo, ao primeiro secretário. Para levar até o fim... Quem seria nosso porta-voz? Quem era corajosa o suficiente? Pensávamos que com certeza seríamos as únicas ali, mas era impossível sequer mesmo entrar no corredor, quanto mais chegar até ao secretário. Havia jovens de todo o país, muitos dos quais estavam sob ocupação, querendo se vingar da morte de seus entes próximos. De toda a União Soviética. Sim, sim… Resumindo, ficamos até surpresas por um tempo…

À noite, chegamos à secretária, afinal. Eles nos perguntaram: “Então, como você pode ir para a frente se você não sabe atirar?” E dissemos em coro que já havíamos aprendido a atirar… “Onde? … Como? … E você pode aplicar bandagens?” Você sabe, naquele grupo no escritório de recrutamento nosso médico local nos ensinou a aplicar bandagens. Isso os calou, e eles começaram a nos olhar mais seriamente. Bem, tínhamos mais um trunfo nas mãos, que não estávamos sozinhas, éramos quarenta, e todas podíamos atirar e prestar primeiros socorros. Eles nos disseram: “Vão e esperem. Sua pergunta será decidida afirmativamente.” Como ficamos felizes quando partimos! Eu nunca vou esquecer... Sim, sim...

E, literalmente, em alguns dias, recebemos nossos papéis de convocação…

Chegamos ao escritório de recrutamento; entramos por uma porta de uma vez e fomos liberadas por outra. Eu tinha uma trança tão linda, e saí sem ela... Sem minha trança... Eles me deram um corte de cabelo de soldado... Também levaram meu vestido. Eu não tive tempo de enviar o vestido ou a trança para minha mãe... Ela queria muito ter algo meu com ela... Nós fomos imediatamente vestidas com camisas do exército, casquetes, recebemos kits e embarcados em um trem de carga - em palha. Mas palha fresca, ainda cheirando a campo.

Nós éramos uma carga alegre. Pretensiosa. Cheia de piadas. Lembro-me de rir muito.

Onde estávamos indo? Nós não sabíamos. No final, não era tão importante para nós o que seríamos. Desde que fosse na frente. Todo mundo estava lutando — e nós também estaríamos. Chegamos à estação Shchelkovo. Perto havia uma escola de atiradoras de elite femininas. Acontece que fomos enviadas para lá. Para nos tornar atiradoras. Todos nos regozijamos. Isso era algo real. Estaríamos atirando. Começamos a estudar. Estudamos os regulamentos: de serviço de guarnição, de disciplina, de camuflagem em campanha, de proteção química. Todas as meninas trabalharam muito duro. Aprendemos a montar e desmontar um fuzil de franco-atirador com os olhos fechados, a determinar a velocidade do vento, o movimento do alvo, a distância até o alvo, a cavar uma trincheira, a rastejar de bruços – já tínhamos dominado tudo isso. Só para chegar à frente o quanto antes. Na linha de fogo... Sim, sim... No final do curso tirei a nota máxima no exame para serviço de combate e não-combate. A coisa mais difícil, eu me lembro, foi levantar ao som do alarme e estar pronta em cinco minutos. Escolhemos botas um ou dois tamanhos maiores, para não perder tempo com elas. Tínhamos cinco minutos para nos vestir, colocar as botas e fazer fila. Houve momentos em que corríamos para nos alinhar com as botas sobre os pés descalços. Uma garota quase teve seus pés congelados. O sargento notou, repreendeu-a e depois nos ensinou a usar panos para os pés. Ele parou em cima de nós e murmurou: “Como vou fazer de vocês soldados, minhas queridas, e não alvos para Fritz?” Queridas meninas, queridas meninas... Todo mundo nos amava e tinha pena de nós o tempo todo. E nos ressentimos de terem pena. Não éramos soldados como todo mundo?

Bem, então chegamos à frente. Perto de Orsha... A sexagésima segunda Divisão de Infantaria... Lembro-me como hoje, o comandante, Coronel Borodkin, nos viu e ficou bravo: “Eles impingiram garotas em mim. O que é isso, algum tipo de dança de ciranda feminina? ele disse. “Corpo de balé! É uma guerra, não uma dança. Uma guerra terrível...” Mas então ele nos convidou, nos ofereceu um jantar. E nós o ouvimos perguntar ao seu ajudante: “Não temos algo doce para o chá?” Bem, é claro, ficamos ofendidas: o que ele pensa de nós? Viemos para fazer a guerra... E ele nos recebeu não como soldados, mas como menininhas. Na nossa idade, poderíamos ter sido suas filhas. “O que vou fazer com vocês, minhas queridas? Onde eles encontraram vocês?” Foi assim que ele nos tratou, foi assim que ele nos conheceu. E achávamos que já éramos guerreiros experientes... Sim, sim... Na guerra!

No dia seguinte ele nos fez mostrar que sabíamos atirar, como nos camuflar em campanha. Atiramos bem, melhor mesmo do que os atiradores de elite homens, que foram chamados da frente para dois dias de treinamento, e que ficaram muito surpresos por estarmos fazendo o trabalho deles.

Provavelmente foi a primeira vez em suas vidas que viram mulheres franco-atiradoras. Depois do tiro foi camuflagem em campanha... Veio o coronel, deu uma volta olhando a clareira, depois pisou num montículo — não viu nada. Então a “montinho” sob ele implorou: “Ai, camarada coronel, não aguento mais, você é muito pesado.” Como ríamos! Ele não podia acreditar que era possível se camuflar tão bem. “Agora”, disse ele, “retiro minhas palavras sobre as meninas”. Mas mesmo assim ele sofreu... Não conseguiu se acostumar conosco por muito tempo.

Então veio o primeiro dia de nossa “caçada” (assim os snipers chamam). Minha parceira era Masha Kozlova. Nós nos camuflamos e ficamos ali: estou de olho, Masha está segurando seu fuzil. De repente, Masha diz: “Atire, atire! Veja, é um alemão...”

Eu digo a ela: “Eu sou o vigia. Você atira!"

“Enquanto estamos resolvendo isso”, diz ela, “ele vai fugir”.

Mas insisto: “Primeiro temos que traçar o mapa de tiro, observar os marcos: onde fica o galpão, onde a bétula…”

“Você quer começar a brincar com papelada igual na escola? Eu vim para atirar, não para mexer em papelada!”

Vejo que Masha já está com raiva de mim.

"Bem, atire então, por que não?"


Estávamos brigando desse jeito. E enquanto isso, de fato, o oficial alemão dava ordens aos soldados. Uma carroça chegou, e os soldados formaram uma corrente e repassaram algum tipo de carga. O oficial ficou ali, deu ordens e depois desapareceu. Ainda estamos discutindo. Vejo que ele já apareceu duas vezes, e se não atirarmos nele novamente, será o fim. Nós vamos perdê-lo. E quando ele apareceu pela terceira vez, foi apenas momentâneo; agora ele está lá, agora ele se foi - eu decidi atirar. Eu decidi, e de repente um pensamento passou pela minha mente: ele é um ser humano; ele pode ser um inimigo, mas é um ser humano — e minhas mãos começaram a tremer, comecei a tremer toda, fiquei com calafrios. Algum tipo de medo... Esse sentimento às vezes volta para mim em sonhos mesmo agora... Depois dos alvos de compensado, era difícil atirar em uma pessoa viva. Eu o vejo na mira telescópica, eu o vejo muito bem. Como se ele estivesse perto... E algo em mim resiste... Algo não me deixa, não consigo me decidir. Mas me controlei, puxei o gatilho... Ele balançou os braços e caiu. Se ele estava morto ou não, eu não sabia. Mas depois disso estremeci ainda mais, uma espécie de terror tomou conta de mim: matei um homem?! Eu tive que me acostumar até mesmo com esse pensamento. Sim... Resumindo — horrível! Eu nunca esquecerei isso…

Quando voltamos, começamos a contar ao nosso pelotão o que havia acontecido conosco. Eles convocaram uma reunião. Tínhamos uma líder do Komsomol, Klava Ivanova; ela me assegurou: “Eles deveriam ser odiados, não lamentados...” Seu pai havia sido morto pelos fascistas. Começamos a cantar e ela nos implorava: “Não, não, queridas meninas. Vamos primeiro derrotar esses vermes, então vamos cantar.”

E não de imediato... Não conseguimos de imediato. Não é tarefa de uma mulher – odiar e matar. Não para nós... Tivemos que nos persuadir. Para nos convencermos disso…

Unwomanly Face of War:
An Oral History of Women in World War II.
Traduzido do russo por Richard Pevear e Larissa Volokhonsky.

Versão brasileira:

A Guerra Não Tem Rosto de Mulher.
Traduzido do russo por Cecília Rosas.

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Edge of Tomorrow: Os soldados combatentes das FDI do futuro

Um soldado da IDF demonstra tecnologias de ponta "Edge of Tomorrow" em um centro de treinamento.
(Escritório do Porta-voz do Ministério da Defesa de Israel)

Da equipe do Jerusalem Post, 10 de maio de 2022.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 12 de maio de 2022.

Os futuros soldados de combate de Israel incorporarão óculos de realidade aumentada, um sistema de fuzil de assalto computadorizado, um sistema de exibição digital montado na cabeça, tecnologia de detecção de fogo hostil e muito mais.

A Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento de Defesa (DDR&D) e a Elbit Systems revelaram na terça-feira o "Edge of Tomorrow", um programa inovador que fortalece a sinergia entre soldados de combate desmontados e suas equipes e permite valor operacional ideal, disse o Ministério da Defesa.

A tecnologia é baseada em processos numéricos e empíricos baseados em pesquisa, simulação, cenários de campanha ao vivo e muito mais, e incorpora tecnologias de ponta para melhorar uma gama de capacidades de missão entre soldados de combate, incluindo letalidade, consciência situacional, capacidade de sobrevivência, resistência, carga de capacidade cognitiva, exposição ao inimigo, análise e simulação de desempenho, comando e controle e muito mais.

As tecnologias incluem óculos de realidade aumentada, um sistema computadorizado de fuzil de assalto, um sistema de exibição digital montado na cabeça, tecnologia de detecção de fogo hostil, um sistema de rastreamento de localização em ambientes sem GPS, mangas táteis para navegação e transmissão de comando e um sistema de comando de voz que é semelhante aos usados em smartphones.

DDR&D e Elbit demonstraram recentemente as capacidades do programa em um centro de treinamento das FDI. A demonstração incorporou tecnologias de guerra em rede e incluiu um cenário operacional simulado de força contra força. Soldados das FDI de unidades de elite incorporaram as tecnologias vestíveis e demonstraram habilidades iniciais nos campos de letalidade, capacidade de sobrevivência e maior sinergia, disse o Ministério da Defesa.

Soldados das FDI demonstram tecnologias de ponta "Edge of Tomorrow" em um centro de treinamento. (Escritório de porta-voz do Ministério da Defesa)

“O objetivo deste programa é equipar soldados, esquadras e pelotões de combate com recursos inovadores que melhorarão significativamente sua capacidade de sobrevivência e transformarão a eficácia da missão”, disse Haim Delmar, vice-presidente executivo e gerente geral de C4I e cibernética da Elbit Systems Ltd.

"A solução tecnológica que implementamos é baseada em arquitetura aberta que permite a maximização da tecnologia comprovada pela Elbit Systems, bem como por outras empresas", disse ele. "O programa também incorporará tecnologias que foram desenvolvidas e adaptadas para atender às necessidades do futuro campo de batalha, com ênfase especial na guerra urbana. Estamos orgulhosos de liderar este importante esforço junto com o Ministério da Defesa e as FDI."

Post-Script: Edge of Tomorrow


O nome Edge of Tomorrow é em referência a um filme de mesmo nome lançado em 2014 (No Limite do Amanhã no Brasil), e estrelando Tom Cruise e Emily Blunt em uma guerra futurista onde os soldados usam exoesqueletos com armamentos e que proporcionam mais força e velocidade aos usuários. O próprio filme é uma adaptação do mangá All You Need Is Kill, de Hiroshi Sakurazaka.

O Exército Federal Austríaco

Por Filipe do A. MonteiroWarfare Blog, 12 de maio de 2022.

O Bundersheer, o novo Exército Federal da Áustria, estava armado com material americano, soviético e alemão; seus homens vestem o novo camuflado austríaco Kampfanzug 1957. O capacete é o M1 americano e a arma de apoio ao grupo de combate (GC) é a venerável metralhadora MG42. O T-34/85 foi deixado pela Força de Ocupação soviética, uma força de 150 mil homens que deixou a Áustria em 1955.

Composto de exército (Landstreitkräfte), aeronáutica (Luftstreitkräfte) e, atualmente, das forças especiais (Spezialeinsatzkräfte), o Exército Federal foi criado em 7 de setembro de 1955 para solucionar a questão alemã no ambiente de bipolaridade da Guerra Fria. Apesar de padronizar seu material com fornecedores ocidentais, a função do Bundersheer era manter a neutralidade da Áustria.

Homens do recriado Bundesheer da Áustria durante um exercício de demonstração de combate (Gefechtsvorführung) em Bruck an der Leitha, 1958.

Apenas um ano depois de sua fundação, durante a crise húngara de 1956, o novo exército federal teve que provar seu valor e foi mobilizado para a fronteira de modo a garantir sua inviolabilidade; garantindo assim a neutralidade e, com isso, a independência da Áustria.

Soldados austríacos usando uniformes austríacos misturados com capacetes e armamentos americanos patrulham a fronteira com a Hungria, 1956.

Leitura recomendada:



VÍDEO: Alemanha Ano Zero, 19 de maio de 2020.



quarta-feira, 11 de maio de 2022

Exército de Potemkin? As Legiões superestimadas da Rússia


Por Jan Kallberg, CEPA, 6 de maio de 2022.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 11 de maio de 2022.

Uma obsessão doentia por números pode explicar a má interpretação do Ocidente sobre as capacidades militares da Rússia.

As datas não devem importar muito na guerra, mas 9 de maio não é um dia como qualquer outro. Para os homens do Kremlin, o Dia da Vitória é uma chance de polir suas credenciais como herdeiros do que muitos russos ainda consideram sua maior geração – os homens e mulheres que pagaram o preço com sangue para derrotar os invasores nazistas.

A ligação com a Ucrânia é inevitável. Não só o exército russo está sofrendo sua campanha mais cara desde a Segunda Guerra Mundial, mas também está supostamente fazendo isso para livrar a Ucrânia de um regime nazista (embora liderado por um judeu democraticamente eleito).


À medida que as fileiras polidas de soldados russos marcham pela Praça Vermelha e linhas de munições de alta tecnologia repintadas percorrem os paralelepípedos, temos que fazer uma pergunta que provavelmente não nos teria ocorrido no ano passado – como por tantas décadas poderíamos ter superestimado as forças armadas russas? Isso é, como alguns dizem agora, um Exército de Potemkin, melhor em polir botões do que lutar em guerras?

Se for esse o caso, então o problema não é apenas para os russos. Isso significaria que o Ocidente julgou mal seu adversário. Na verdade, o Ocidente vem sofrendo de path dependency, um conceito econômico em que o comportamento passado influencia o comportamento atual, independentemente das mudanças nas circunstâncias. Neste caso, a OTAN tem seguido um caminho traçado durante a Guerra Fria. Uma guerra contra os soviéticos exigia que a OTAN estabelecesse suas defesas com precisão matemática para compensar a inferioridade numérica.


Durante anos, houve uma cultura de acreditar nas declarações de capacidades e especificações técnicas da URSS/Rússia porque elas alimentaram nossos modelos matemáticos. Para a OTAN criar essa arte da guerra científica, as habilidades do adversário tinham que se tornar números. Se um regimento de fuzileiros motorizados soviético fosse capaz de avançar 20km em 24 horas, de acordo com os soviéticos, os números entrariam no modelo da OTAN. Como vimos a URSS como altamente capaz, os soviéticos ficaram presos em sua propaganda incontestada. E isso retroalimentava o pensamento russo – eles não podiam ser tão ruins na guerra, já que a OTAN os temia.

Durante a Guerra Fria, a OTAN e os países ocidentais criaram uma forma de arte da estimativa das forças do Pacto de Varsóvia, avaliando todos os aspectos das forças armadas do outro lado da Cortina de Ferro. Durante as décadas de 1970 e 1980, o resultado potencial de uma futura grande guerra europeia baseava-se em números que levavam a recomendações baseadas em avaliações matemáticas. Poderíamos chamar isso de economia do Passo de Fulda.

A chegada de computadores e estimativas computadorizadas impulsionaram o sistema de contagem de corpos do Secretário de Defesa (1961-68) Robert McNamara no Vietnã, onde o conflito passou a ser impulsionado por um modelo matemático. No documentário do Serviço de Radiodifusão Pública (PBS) “A Guerra do Vietnã”, um ex-soldado declarou: “Se você não pode contar o que é importante, você torna o que você pode contar importante”. Uma guerra potencial na Europa também se tornou números.


Os números nos dão certezas em um mundo incerto onde buscamos fazer inferências cercados por uma névoa de informações. Nos últimos 60 anos, os números, chamados de dados, orientaram como os países ocidentais avaliaram primeiro a União Soviética e depois a Federação Russa.


“O objetivo primordial da ofensiva de armas combinadas [soviética] é transformar rapidamente o sucesso tático em sucesso operacional por uma combinação bem orquestrada de fogo maciço, manobras e ataques profundos e violentos.”

Visto do Ocidente, o Exército Vermelho era um oponente capaz, bem integrado e competente, capaz de lançar rapidamente operações ofensivas conjuntas com pouco ou nenhum aviso. Todos os soldados ocidentais aprenderam como os soviéticos lutariam assistindo a filmes de propaganda do Exército Vermelho que projetavam um ataque blindado de movimento rápido que tomaria de assalto qualquer defesa ou destruiria as forças de defesa após o cerco.


O Ocidente foi enganado pela máquina de propaganda comunista porque esses eram os únicos filmes que mostravam as capacidades soviéticas. Acreditávamos que as divisões blindadas russas varreriam a paisagem aberta, atravessariam rios e córregos com facilidade quando os engenheiros desdobrassem pontes flutuantes quando a ponta de lança chegasse, todas cercadas por uma sinfonia de artilharia e foguetes bem orquestrados e emolduradas pelas trilhas de fumaça das aeronaves de ataque ao solo SU -24 em operações conjuntas.

Nós olhamos para a ordem de batalha soviética, e agora russa, e fizemos uma inferência matemática – e acabamos errados.

Ignoramos disciplina, liderança, coordenação, confiança e os efeitos nas tropas e equipamentos, vivendo em uma cultura de corrupção e roubo por décadas. Esses fatores não puderam ser quantificados e nunca chegaram ao modelo. Em vez de passar a fronteira portuguesa no dia 75 do ataque, seguindo o modelo original de Seven Days to the Rhine (Sete Dias para o Rio Reno), os russos na realidade mal chegaram ao próximo código postal no Donbas.

Os números já enganaram antes – não é a primeira vez. Durante 1938, após a crise da Tchecoslováquia, e em 1939, o ministro das Relações Exteriores alemão nazista Joachim von Ribbentrop e o alto comando alemão estudaram e mediram os preparativos de guerra franceses e britânicos e a capacidade de mobilização. A avaliação quantificada dos alemães foi que os aliados não conseguiriam se envolver com sucesso em uma guerra em grande escala em curto prazo. Os alemães acreditavam que os números revelavam a realidade – os aliados não iriam à guerra pela Polônia porque não estavam prontos nem aptos. Assim, a Alemanha invadiu a Polônia em 1º de setembro de 1939. Dois dias depois, a Grã-Bretanha e a França declararam guerra.


A avaliação quantificável estava de fato correta e levou à derrota dos aliados e à retirada de Dunquerque, mas a avaliação maior estava errada e subestimou a vontade britânica e francesa de enfrentar a luta. A Segunda Guerra Mundial deixou pelo menos 50 milhões de mortos, metade da Europa atrás da Cortina de Ferro soviética e (mais felizmente) a destruição do próprio regime nazista. A disposição da Grã-Bretanha de lutar até o fim, seu sucesso em convencer os EUA a fornecer recursos e a subsequente luta bem-sucedida dos aliados nunca foram capturados nos dados. A avaliação quantificada alemã foi um instantâneo dos preparativos de guerra britânicos e franceses no verão de 1939 – nada mais.

O modelo matemático não continha nenhuma variável para as tropas voltando para a Bielorrússia para postar iPads roubados e outros saques, falta de ótica em veículos de combate vendidos há muito tempo no mercado negro ou pneus de baixa qualidade comprados por uma agência corrupta de aquisição do exército. Todos nós fomos enganados pelos demônios da economia do Passo de Fulda. Realmente não há outra explicação de como poderíamos ter superestimado o exército russo a esse ponto.

Jan Kallberg, Ph.D., LL.M., tem se concentrado em cibernética há vários anos. Ele é membro do corpo docente da Universidade de Nova York e da Universidade George Washington. Seus trabalhos apareceram em Joint Forces Quarterly, Strategic Studies Quarterly, IEEE Security & Privacy e IEEE Access. Siga-o em cyberdefense.com e @Cyberdefensecom.

terça-feira, 10 de maio de 2022

FOTO: Soldado soviético da Guarda de Fronteira da KGB

Soldado soviético V. Krapalov, 1981.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 10 de maio de 2022.

Retrato do guarda de fronteira soviético V. Kapralov, enquanto ele participa da recepção no Comitê Central do Komsomol e do departamento político das tropas da KGB em homenagem ao Dia da Guarda de Fronteira, 28 de maio de 1981.

Todos os países soviéticos necessitavam de uma guarda de fronteira, e sua principal função era impedir que cidadãos dos países comunistas fugissem para o ocidente capitalista.

Marcha da Guarda de Fronteira Soviética


Leitura recomendada:

O fuzil M1 Garand em Dieppe


Do American Rifleman, 21 de março de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 10 de maio de 2022.

Embora as forças armadas dos Estados Unidos tenham sido as primeiras a adotar e padronizar um fuzil de batalha semiautomático em 1936, o “U.S. Rifle, Caliber .30, M1” não dispararia um tiro com raiva até seu uso na defesa das Filipinas, a partir de dezembro de 1941.

Quando os fuzis M1 Garand silenciaram em Bataan em abril de 1942, a criação lendária de John Garand esperaria quatro meses antes de enfrentar o Eixo novamente. Desta vez seria no Teatro de Operações Europeu — nas mãos dos Rangers do Exército dos EUA.

O nascimento dos Rangers do Exército dos EUA

Os primeiros soldados americanos a usarem fuzis M1 Garand contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial foram 50 homens do 1º Batalhão Ranger dos EUA durante o malfadado ataque de Dieppe, na França, em 19 de agosto de 1942.

Sob a direção do Major-General Lucian Truscott, o Exército dos EUA se esforçou para criar sua própria versão dos famosos Comandos britânicos. Mais e mais tropas americanas estavam chegando ao Reino Unido durante a primeira metade de 1942, e, no final de junho, o 1º Batalhão Ranger havia sido organizado, com a maior quantidade de homens recrutados da 34ª Divisão de Infantaria. O treinamento começou em Carrickfergus, na Irlanda do Norte, com o apoio de comandos britânicos endurecidos pelo combate.

Os Rangers estavam equipados com muitos dos mais recentes equipamentos de combate americanos, exceto por seus M1917A1 “Kelly Helmets”, que lhes davam a aparência de tropas britânicas, pelo menos à distância. De perto, suas armas foram instantaneamente reconhecidas como algo distintamente diferente. Os fuzis padrão eram os M1, e os Fuzis Automáticos Browning foram usados como fuzis-metralhadores do grupo de combate. Oficiais americanos carregavam a pistola M1911.

O M1 em Ulster: Homens do 168º Regimento de Infantaria em treinamento em março de 1942.
O 1º Batalhão Ranger foi composto por elementos dos primeiros americanos a chegarem ao Reino Unido, incluindo homens do 168º Regimento de Infantaria.

Seus aliados britânicos foram rápidos em notar o grande fuzil semiautomático, e os Comandos ficaram quase instantaneamente com ciúmes do poder de fogo que o M1 oferecia. Em seu livro, Rangers At Dieppe (Rangers em Dieppe), o autor Jim DeFelice observou que: “Além de ficar impressionado com a pontaria dos americanos, o comando britânico Major Mills-Roberts gostou de sua arma, que era superior em muitos aspectos aos fuzis Enfield que os Comandos estavam usando. Na verdade, o M1 era tão popular entre os britânicos que no 3 Commando, (American Ranger) o capitão Murray deu um ao coronel Durnford-Slater como presente - e então achou educado arranajr mais [fuzis] para outros oficiais comandos”.

Os Comandos não foram os únicos britânicos que ficaram impressionados com o fuzil americano. Durante o treinamento em Carrickfergus, os Rangers foram visitados pela família real britânica. A própria rainha fez várias perguntas inteligentes a um Ranger sobre seu M1, antes de examiná-lo “como uma especialista” enquanto expressava sua admiração pelo fuzil. O fuzil M1 ainda não havia disparado um único tiro contra os alemães e já estava recebendo elogios e fazendo amigos em lugares altos.

Os M1 usados pelos Rangers em treinamento e em Dieppe em 1942 tinham características iniciais, como a alça de mira com  barra de trancamento.

A incursão de Dieppe

Instrutor britânico com alunos americanos.
Os comandos britânicos e os rangers americanos compartilhavam um amor comum pela metralhadora Thompson.

A partir de fevereiro de 1941, os comandos britânicos atacaram os ocupantes alemães e italianos da Noruega ao norte da África. Alguns raides foram altamente ambiciosos, como a Operação Flipper em novembro de 1941, a tentativa mal-sucedida de matar o general alemão Rommel no norte da África. Outros ataques, como a Operação Archery, realizada na Noruega no final de dezembro de 1941, causaram danos significativos e forçaram os alemães a enviar mais 30.000 homens para defender suas bases norueguesas. As incursões de comandos abalaram os nazistas e os lembraram de que a retribuição viria um dia.

Durante março de 1942, o Comando No. 2 encenou um ataque audacioso, a Operação Chariot, contra o porto fortemente defendido de St. Nazaire, na França. O ataque foi um sucesso, e a estrategicamente importante eclusa Normandie, capaz de abrigar o encouraçado alemão Tirpitz, foi destruída. No entanto, o custo foi alto: dos 241 Comandos enviados na missão, 173 foram mortos ou capturados.

Homens do 1º Batalhão Ranger, armados com fuzis M1, treinados com Comandos Britânicos e com a Marinha Real em operações anfíbias. Na frente do barco está uma metralhadora americana M1919 Browning.

A razão para o ataque maciço ao porto francês de Dieppe em agosto de 1942 é difícil de descrever. Os britânicos se comprometeram a abrir uma segunda frente para tirar a pressão da União Soviética no Leste. Mais especificamente, foi assumido o compromisso de abrir uma nova frente na Europa Ocidental. Em retrospectiva, pode parecer que a operação de Dieppe arriscou demais para conseguir muito pouco. Mas lembre-se, também, que naquele momento da história, os Aliados queriam e precisavam desesperadamente contra-atacar os alemães na Europa Ocidental ocupada o mais ferozmente possível.

A Incursão de Dieppe foi originalmente planejada para abril de 1942 e recebeu o codinome de Operação Rutter. Era para ser um grande raide, incluindo uma largagem significativa de paraquedistas em um porto do Canal controlado pelos alemães, culminando em uma ocupação de curto prazo e uma destruição total das instalações portuárias e defesas alemãs. Cabeças mais frias prevaleceram e a Operação Rutter foi considerada impossível de ser apoiada e, consequentemente, foi abandonada. Mas a ideia não foi esquecida.

Rangers treinando no Reino Unido em julho de 1942.
Observe o Fuzil Automático Browning e o M1 Garand.

Em agosto, Rutter voltou à vida, transformado na Operação Jubileu. Os objetivos eram semelhantes e igualmente nebulosos. Um importante porto francês na costa do Canal deveria ser tomado e mantido por um curto período de tempo, prisioneiros seriam feitos, informações coletadas e as defesas alemãs destruídas antes de uma retirada ordenada.

Para esse fim, mais de 6.000 soldados de infantaria, a maioria deles canadenses, foram encarregados de conduzir essa invasão de curto prazo. O Regimento de Calgary da 1ª Brigada de Tanques canadense, equipado com tanques pesados Churchill, forneceria apoio no terreno. Juntando-se a eles estariam 50 Rangers americanos, recém-treinados e prontos para ver sua primeira ação. Esses Rangers levariam fuzis M1 para a praia na França.

Os desembarques iniciais começariam alguns minutos antes das 5h da manhã de 19 de agosto de 1942. Problemas significativos começaram quase imediatamente. A coordenação era mínima, a confusão era abundante e as perdas conseqüentes eram altas. Em menos de 10 horas, o ataque maciço acabou. Todas as tropas aliadas foram evacuadas ou mortas, com 1.946 deixados para trás para serem feitas prisioneiras pelos alemães.

Armas dos Rangers americanos em exibição, incluindo morteiros, um fuzil antitanque 0,55" Boys, um fuzil M1, uma M1919 Browning, um '03 Springfield com uma granada de fuzil, um M1918A2 BAR, uma M1928A1 Thompson e uma pistola M1911.

Dos quase 6.100 homens que desembarcaram em Dieppe, 3.623 foram mortos, feridos ou capturados. Ninguém dentro do comando aliado estava preparado para perder mais de 60% da força de desembarque. A Marinha Real também sofreu, com 33 embarcações de desembarque perdidas junto com o destróier H.M.S. Berkeley. No alto, a Royal Air Force perdeu 106 aeronaves. Foi um dia amargo e miserável.

O autor Ian Fleming, o homem por trás de James Bond, trabalhou para a Inteligência Naval Britânica durante a Segunda Guerra Mundial. No início de 1942, Fleming criou a 30ª Unidade de Assalto (30 Assault Unit), uma equipe de combate única composta por especialistas em inteligência. Os membros da unidade participaram secretamente da Incursão de Dieppe em um esforço para obter uma máquina de codificação alemã Enigma e seus livros de códigos relacionados. Este foi mais um objetivo do raide que não deu certo.

First Blood at Bloody Dieppe

Tanques destruídos, barcos em chamas e mortos na praia.

O 1º Batalhão Ranger existia há apenas dois meses antes da Incursão de Dieppe. Embora as contribuições de combate dos Rangers fossem pequenas, suas baixas eram proporcionalmente tão altas quanto o resto dos incursores. Cinquenta Rangers viajaram para a França, intercalados entre os comandos britânicos e a infantaria canadense. Três americanos foram mortos, três foram feitos prisioneiros e cinco ficaram feridos. Considerando que vários Rangers não conseguiram chegar à praia devido a problemas com suas embarcações de desembarque, sua taxa real de baixas foi superior a 70%. Os Rangers trocaram tiros com os alemães, atirando com seus fuzis M1, e dando o melhor que podiam.

Apesar das pesadas perdas da Incursão de Dieppe, a imprensa aliada transformou a operação em ouro de relações públicas. Rangers tornaram-se celebridades na Inglaterra, e os americanos ganharam confiança de que suas tropas poderiam levar a luta aos alemães. O mau planejamento e as conseqüentes perdas na praia de Dieppe forneceram um poderoso alerta para os comandantes aliados. Sua capacidade de abrir uma segunda frente na Europa Ocidental estava longe de ser atingida, mas houve muito aprendizado sobre os ingredientes de um assalto anfíbio bem-sucedido. Os sacrifícios feitos pelos canadenses em Dieppe não foram em vão.

Prisioneiros canadenses conduzidos por um soldado alemão.

Desembarques bem-sucedidos logo se seguiriam no norte da África (Operação Tocha) em novembro de 1942, na Sicília (Operação Husky) em julho de 1943 e na Itália (Operação Avalanche) em setembro de 1943.

Quando as tropas americanas e o fuzil M1 retornassem à França, eles o fariam em grande estilo e com grande sucesso. As lições aprendidas com a Operação Jubileu ajudaram a criar a Overlord. A segunda frente estava finalmente aberta, junto com o longo caminho para Berlim.

Nesta foto dramática e encenada, um cabo Ranger mostra a forma (com um fuzil M1 descarregado) que rendeu aos Rangers que serviam com os comandos britânicos elogios por sua pontaria.

Bibliografia recomendada:

The M1 Garand.
Leroy Thompson.