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terça-feira, 7 de junho de 2022

FOTO: Fuzil-metralhador C2, o FAP canadense

Soldado canadense com o fuzil-metralhador C2, a versão canadense do FAP; a versão de cano pesado do FN FAL, 20 de maio de 1983.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 7 de junho de 2022.

O Canadá foi primeiro país a adotar o FAL, antes mesmo da própria Bélgica, em 1956. Dois anos antes, o Canadá fizera com uma encomenda de 2.000 fuzis para testes. O FAL canadense seguiu o padrão imperial ("Inch pattern") e recebeu a designação C1. Sua versão mais utilizada foi o fuzil C1A1. Como todos os fuzis FAL imperiais, o C1 era apenas semiautomático, a única exceção sendo o fuzil C1D da Marinha Real Canadense. Ele tinha a opção totalmente automática para dar mais poder de fogo às equipes de abordagem, que operavam em pequenos grupos, sem a necessidade de uma arma mais pesada. 

A versão fuzil-metralhador, designada C2, usava um sistema sem guarda-mão fixo onde o bipé de ferro incorporava o guarda-mão de madeira. Neste sistema, quando o soldado fosse mudar de lugar, ele dobraria o bipé que então se tornaria o guarda-mão. Uma ideia muito boa dentro de um laboratório, mas que não levava em consideração o estresse do soldado sob fogo durante um tiroteio, e o ato de colocar a mão no cano quente em um momento de distração causaria queimaduras graves no operador do FM. Além disso, o bipé tinha o péssimo hábito de abrir sozinho durante o transporte. Outras modificações no C2 foram o cano, as miras e o carregador de 30 tiros (que causava sobreaquecimento e engripagens). Esse novo modelo FM foi considerado inferior ao equipamento que substituiu, o fuzil-metralhador Bren. Sua segunda versão foi o C2A1.

O C2A1 canadense


O FAL canadense também foi vendido à Austrália antes que a produção local fosse assumida pela Fábrica de Armas Portáteis em Lithgow, na Nova Gales do Sul. Os australianos também produziram a versão fuzil-metralhador C2 canadense sob a designação L2A1. Esse FM foi considerado insatisfatório pelos australianos e eles iniciaram o desenvolvimento duma arma melhorada chamada X2F2A2 foi iniciada usando exemplares L2A1 existentes.

As melhorias incluíram uma nova coronha com uma alavanca de transporte para a mão que não  está atirando e uma soleira de borracha. A combinação de bipé dobrando como guarda-mão foi abandonada e substituída por um bipé ajustável; o carregador de 30 tiros, responsável pela maioria das engripagens, foi abandonado em favor do carregador de 20 tiros. O novo guarda-mão tinha estojos metálicos internos e externos perfurados para resfriamento, com a manga externa protegida por uma empunhadura de liga de borracha. Um retém do conjunto do ferrolho também foi adicionado. A arma se tornou muito precisa, até mesmo podendo ser usada na função sniper com a luneta Leitz do C1 canadense. Mais melhorias levaram à versão final X3F2A2.

O FAP australiano foi cancelado abruptamente quando a Austrália entrou na Guerra do Vietnã ao lado dos Estados Unidos e o seu exército foi totalmente suprido com metralhadoras M60 americanas, tornando desnecessária a produção indígena de uma arma nova.

Bibliografia recomendada:

The FN FAL Battle Rifle.
Bob Cashner.

Leitura recomendada:


O FAL DMR neo-zelandês28 de dezembro de 2021.

sábado, 21 de maio de 2022

Franceses com a Medalha Militar no Somme

Soldados franceses após receberem a Medalha Militar no Somme, 1916.
O homem no centro tem os porta-carregadores do FM Chauchat.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 21 de maio de 2022.

Soldados franceses ostentando a Medalha Militar (Military Medal, MM) após uma cerimônia na retaguarda durante a Batalha do Somme (21 de junho - 28 de setembro de 1916).

Os militares são de várias unidades diferentes, como se evidencia pelas numerações nos colarinhos e pelos símbolos nos capacetes, com um engenheiro usando o distintivo da armadura e um soldado colonial com a âncora junto à granada flamejante da República Francesa; do lado esquerdo, um dos soldados porta as cornetas dos Chasseurs (caçadores) no colarinho. Muitos militares já possuem condecorações francesas como a Croix de Guerre (Cruz de Guerra), todas com palma, e a Médaille Militaire (Medalha Militar).

Original em preto-e-branco do Imperial War Museum britânico.

O homem em evidência no centro é um municiador de Grupo de Combate (GC) e carrega o porta-carregador especial para o fuzil-metralhador (fusil-mitrailleur, FM) CSRG Chauchat, que usava carregadores em meia-lua semi-abertos. Estes carregadores foram motivo de muita controvérsia e, por serem uma novidade, devem ser o motivo da atenção na foto.

Atiradores de Chauchat e seus municiadores representaram uma inovação no combate de infantaria, com o moderno sistema de armas combinadas e inter-depentes, e sofreram baixas exponenciais assim como foram condecorações desproporcionalmente aos demais integrantes da infantaria.

Anverso e reverso do primeiro tipo da Military Medal (1916–1930).

A Medalha Militar foi uma condecoração militar concedida aos militares do Exército Britânico e outros ramos das forças armadas, estendida aos outros países da Commonwealth (Comunidade Britânica), abaixo do posto de oficial comissionado, por bravura em batalha em terra. O anverso possuía a efígie do Rei George V no uniforme de Marechal-de-Campo (1º tipo de 1916-1930) e o reverso a coroa com a inscrição "Por bravura em campanha". O prêmio foi estabelecido em 25 de março de 1916, com aplicação retroativa a 1914, e foi concedido aos praças por "atos de bravura e devoção ao dever sob fogo"; e foi classificado abaixo da Medalha de Conduta Distinta (Distinguished Conduct MedalDCM).

Prêmios para as forças britânicas e da Commonwealth eram anunciados no London Gazette (Gazeta de Londres), mas não prêmios honorários para as forças aliadas; listas de prêmios para forças aliadas foram publicadas pelos Arquivos Nacionais em 2018 e são mantidas em arquivos específicos do país dentro da WO 388/6. Desde 1918, os destinatários da Medalha Militar têm direito às letras pós-nominais "MM". A elegibilidade foi estendida aos soldados do Exército Indiano em 1944.

O prêmio foi descontinuado em 1993, quando foi substituído pela Cruz Militar (Military Cross), que foi estendida a todos os escalões, enquanto outras nações da Commonwealth instituíram seus próprios sistemas de premiação no período pós-guerra.

Bibliografia recomendada:

British Military Medals:
A Guide for the Collector and Family Historian.
Peter Duckers.

Leitura recomendada:


O Chauchat na Iugoslávia26 de outubro de 2020.

quinta-feira, 12 de maio de 2022

O Exército Federal Austríaco

Por Filipe do A. MonteiroWarfare Blog, 12 de maio de 2022.

O Bundersheer, o novo Exército Federal da Áustria, estava armado com material americano, soviético e alemão; seus homens vestem o novo camuflado austríaco Kampfanzug 1957. O capacete é o M1 americano e a arma de apoio ao grupo de combate (GC) é a venerável metralhadora MG42. O T-34/85 foi deixado pela Força de Ocupação soviética, uma força de 150 mil homens que deixou a Áustria em 1955.

Composto de exército (Landstreitkräfte), aeronáutica (Luftstreitkräfte) e, atualmente, das forças especiais (Spezialeinsatzkräfte), o Exército Federal foi criado em 7 de setembro de 1955 para solucionar a questão alemã no ambiente de bipolaridade da Guerra Fria. Apesar de padronizar seu material com fornecedores ocidentais, a função do Bundersheer era manter a neutralidade da Áustria.

Homens do recriado Bundesheer da Áustria durante um exercício de demonstração de combate (Gefechtsvorführung) em Bruck an der Leitha, 1958.

Apenas um ano depois de sua fundação, durante a crise húngara de 1956, o novo exército federal teve que provar seu valor e foi mobilizado para a fronteira de modo a garantir sua inviolabilidade; garantindo assim a neutralidade e, com isso, a independência da Áustria.

Soldados austríacos usando uniformes austríacos misturados com capacetes e armamentos americanos patrulham a fronteira com a Hungria, 1956.

Leitura recomendada:



VÍDEO: Alemanha Ano Zero, 19 de maio de 2020.



quarta-feira, 9 de março de 2022

Armamento pesado do Vietcongue

Uma metralhadora leve ZB vz. 26 de fabricação tcheca (7,92x57mm) em uma posição antiaérea vietcongue.
Muitas foram fornecidos a partir de estoques chineses.
(Imagem: acervo do autor)

Por Tom Laemlein, The Armory Life16 de novembro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 9 de março de 2022.

Os vietcongues (Viet Cong, VC) eram muitas coisas: um grupo político comunista e uma frente revolucionária, um grupo terrorista e o exército de uma guerra de guerrilha. Em última análise, em operações de combate, os vietcongues eram uma força de infantaria leve.

Eles foram projetados para se mover rapidamente e com grande discrição, emergindo das montanhas e selvas para emboscar seus oponentes sul-vietnamitas. Eles foram equipados com uma variedade de armas portáteis. Além disso, o VC tornou-se bastante hábil em usar armadilhas contra seus oponentes. No início da década de 1960, o VC foi muito bem-sucedido, empurrando as forças do governo sul-vietnamita para trás e confinando-as a um punhado de áreas urbanas e bases isoladas.

Um resquício colonial francês: uma metralhadora Reibel MAC mle 31 capturada dos vietcongues na Península de Ca Mau durante 1964.
(Imagem: coleção do autor)

Durante 1964, os vietcongues aumentaram constantemente seus números para mais de 100.000 homens em campanha, e seus sucessos no campo de batalha continuaram. Naquela época, havia apenas 23.000 militares americanos no Vietnã. Durante 1965, esse número cresceria para mais de 184.000, e os americanos se juntariam a mais de 20.000 soldados da Coréia do Sul.

Na frente está uma RP-46 soviético alimentado por cinto (ou Tipo 58 chinês), enquanto as metralhadoras leves RPD ocupam o fundo.
Elas foram capturadas pelas forças americanas em Nui Dat. (Imagem: NARA)

A situação de combate mudou drasticamente para o VC durante 1965, pois seus oponentes se tornaram muito mais agressivos e equipados com o que há de mais moderno em armamento.

Uma metralhadora chinesa Tipo 53 calibrada em 7,62x54mmR.
Ela foi capturada e exibida pelo USMC em março de 1966. (Imagem: NARA)

O think tank da RAND Corporation entrevistou centenas de prisioneiros vietcongues entre 1964 e 1969. Suas descobertas revelaram a crescente necessidade do VC por armas mais pesadas, particularmente para combater o poder aéreo americano e veículos blindados.

"Entrevistados expostos a ataques de bombardeiros e helicópteros mencionaram que tinham medo de helicópteros armados, embora tenham dito que essas máquinas eram altamente vulneráveis ao fogo de solo. Dizia-se que seu ataque era muito eficaz, muitas vezes mais eficaz do que o de caças-bombardeiros, porque eles podem se aproximar de seu alvo, pairar e disparar verticalmente em trincheiras e tocas vietcongues. Os foguetes de helicóptero, por outro lado, eram considerados pouco eficazes."

Ajustando-se para lutar contra os EUA

Uma entrada de outubro de 1968 de um diário VC capturado declarou:

"A luta contra os americanos hoje em dia é muito diferente da luta contra os franceses... as durezas e dificuldades da atual guerra anti-EUA são muito maiores, e a ferocidade muito mais selvagem. Nossas tropas não tiveram que dormir em trincheiras subterrâneas na luta anti-francesa e os franceses não possuíam meios de matança tão bárbaros quanto os B52 dos EUA."

Esses soldados examinam um RPG-7 danificado que foi capturado do VC durante a Ofensiva do Tet em fevereiro de 1968. (Imagem: NARA)

À medida que os Estados Unidos despejavam mais recursos militares no Vietnã, o poder da tecnologia militar americana começou a afetar os vietcongues. Os bombardeios da USAF e os helicópteros de combate do Exército dos EUA começaram a interromper as linhas de suprimento do VC e metralharam as concentrações de tropas VC. No solo, unidades blindadas do Exército e do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA intimidaram o VC com tanques de batalha principais M48 e os novos veículos blindados M113. Embora houvesse oportunidades limitadas para operações blindadas no Vietnã, quando tanques e APCs foram empregados, eles tiveram um efeito dramático sobre os vietcongues. Um relatório RAND de 1965 revelou:

Blindados, particularmente o M113, foi citada por muitos entrevistados como tendo uma grande influência no resultado do combate e nas perdas sofridas pelas unidades vietcongues, especialmente aquelas não equipadas com armas anti-blindados. Vários casos foram citados em que unidades vietcongues entraram em pânico e sofreram pesadas perdas quando atacadas por tanques ou M113. As entrevistas relatam, no entanto, um aumento constante na disponibilidade de armas antitanque de origem chinesa.

O RPG-2 deu aos vietcongues uma potente arma antitanque. A munição HEAT do RPG-2 pode penetrar até 18cm de blindagem. (Imagem: NARA)

A nova arma antitanque foi o RPG-2 projetado pelos soviéticos (e sua variante chinesa, o B40). Este era um simples lançador de granadas propelido por foguete, disparando uma munição de 82mm carga oca (Alto Poder Explosivo Anti-Tanque / High Explosive Anti-Tank, HEAT) que poderia penetrar até sete polegadas de placa de blindagem. O RPG-2 era leve (4,67kg carregado) e deu ao VC alguma capacidade de resistência contra os blindados americanos, com um alcance efetivo de cerca de 150 metros. Foi particularmente eficaz contra a blindagem de liga de alumínio (máximo de 44mm) no veículo blindado M113.

O RPG-7, mais potente, disparou uma ampla gama de munições, incluindo uma alta carga explosiva. Este exemplar foi capturado do VC em julho de 1967. (Imagem: NARA)

Em 1968, o VC começou a receber o RPG-7, muito melhorado, dobrando o alcance efetivo e quase triplicando a penetração da blindagem. Mais importante para o VC, o RPG-7 oferecia uma munição alto explosiva/fragmentação, dando-lhes artilharia portátil eficaz.

O Helicóptero

"Os VC da força principal e, em menor grau, a infantaria VC da força local são treinadas para empregar suas armas contra aeronaves aliadas, particularmente helicópteros. A qualidade da formação é boa e tudo indica que está a melhorar. Metralhadoras e fuzis automáticos são enfatizados, mas também são dadas instruções sobre o uso de fuzis, RPG… na função antiaérea. O NVA/VC enfatiza que qualquer arma pode abater uma aeronave se devidamente empregada."
Relatório de lições aprendidas do Exército dos EUA de 1969.

Matador de Helicópteros: o lado letal de uma metralhadora pesada DShK de 12,7mm, capturada dos vietcongues em março de 1966. (Imagem: NARA)

Durante as décadas de 1950 e 1960, os militares americanos ficaram um pouco preocupados com as tecnologias "mais altas e mais rápidas" da era nuclear e da corrida espacial. Mas a guerra no Sudeste Asiático estava enraizada na mecânica prática mortal de uma guerra de infantaria. Havia pouco que os vietcongues pudessem fazer para combater os jatos americanos que voavam alto, então eles aprenderam maneiras de evitar a observação aérea americana. Os helicópteros americanos, no entanto, eram uma história bem diferente e representavam uma ameaça séria e imediata.

Um metralhadora chinesa Tipo 53 capturada e exibida com uma mira AAe. A SG-43/Tipo 53 deu ao VC uma arma mais poderosa para usar contra helicópteros americanos. (Imagem: NARA)

O VC descobriu que muitas de suas armas de infantaria poderiam ser usadas contra helicópteros a curta distância. Na falta de artilharia antiaérea dedicada, eles adotaram uma tática soviética da Segunda Guerra Mundial de tiro de voleio com armas portáteis de infantaria em aeronaves de ataque voando baixo. À medida que mais fuzis SKS e AK-47 se tornaram disponíveis para os vietcongues, essa tática se tornou mais eficaz.

Armas novas e mais pesadas começaram a chegar às mãos dos vietcongues em 1966. Uma metralhadora particularmente eficaz foi a metralhadora pesada DShK 12,7mm (12,7x108mm). Esta é uma arma projetada pelos soviéticos, pesando quase 34kg apenas para a arma. Não é igual à metralhadora americana Browning M2 .50 (e a munição não é intercambiável), mas mesmo assim, a DShK foi um divisor de águas ao ajudar o VC a defender posições importantes de ataques de helicópteros americanos. Disparando a 600 tiros por minuto, com um alcance efetivo de 2.000 jardas, a DShK (ou Tipo 54 chinesa) foi responsável por derrubar muitos helicópteros dos EUA e ARVN durante a guerra.

A metralhadora pesada DShK de 12,7x108mm deu às unidades vietcongues uma arma eficaz contra helicópteros americanos. (Imagem: NARA)

Um relatório do Exército dos EUA de 1969 observou a crescente eficácia das defesas antiaéreas vietcongues: “A organização do NVA/VC de defesa aérea passiva e ativa, treinamento com equipamentos e táticas são eficazes. Todas as indicações são de que eles estão melhorando.”

Metralhadoras de GC

Os vietcongues aceitaram alegremente quaisquer metralhadoras leves ou fuzis-metralhadores em seu arsenal. Sua combinação de peso leve e alto poder de fogo foi a combinação certa para as táticas de ataque e fuga do VC. As primeiras armas automáticas de grupo de combate disponíveis para o VC pareciam mais peças de um museu de história militar. Apesar da idade de algumas dessas armas e dos problemas logísticos que apresentavam, o VC mostrou que ainda eram bastante mortais em um campo de batalha moderno.

A descoberta de um grande esconderijo de armas VC rendeu MG34 alemãs, FM 24/29 francesas e pelo menos uma metralhadora M60 americana. (Imagem: acervo do autor)

MG34 alemã: Várias centenas de MG34 foram fornecidos aos vietcongues de estoques comunistas chineses, bem como através da União Soviética, que forneceu MG34 capturadas dos alemães na Segunda Guerra Mundial, bem como armas fabricadas na Tchecoslováquia no período imediato do pós-guerra. A MG34 (7,92x57mm) era uma arma muito bem feita, oferecendo uma alta cadência de tiro (900 tpm). Estes eram frequentemente alimentados por uma cinta ligada de 250 tiros, ou com o conjunto de cintas de 50 tiros semelhante a um tambor.

Milhares de metralhadoras como esta MG34 alemã foram capturadas pelos soviéticos durante a Segunda Guerra Mundial e depois fornecidas às nações satélites comunistas. (Imagem: acervo do autor)

FM 24/29 francês: O FM 24/29 foi um resquício da guerra vietnamita com os franceses. Muitos foram capturados das forças coloniais francesas e continuaram em serviço do Viet Minh ao Viet Cong. Calibrado no 7,5x54mm francês, o FM 24/29 foi alimentado por um carregador de cofre montado na parte superior de 25 tiros. Uma arma manuseável (apenas 9,1kg) para as tropas vietnamitas de porte ligeiro, o FM 24/29 serviu no Sudeste Asiático do final da década de 1940 até o final da década de 1970.

Uma metralhadora leve francesa FM 24/29 capturada das forças VC durante 1966. Muitos desses fuzis-metralhadores foram capturados dos franceses durante a primeira Guerra da Indochina. (Imagem: NARA)

Vz. ZB26 tcheca: A vz. 26 foi um projeto de metralhadora leve seminal de meados da década de 1920, levando os britânicos a desenvolver a metralhadora Bren. Os tchecos também tiveram muito sucesso na venda da vz. 26 (calibrada em 7,92x57mm) no mercado internacional, principalmente na China. Mesmo depois de um longo serviço com os chineses, muitas vz. 26 foram fornecidas aos norte-vietnamitas, e uma boa quantidade dessas excelentes metralhadoras leves (9,5kg) foi passada para os vietcongues.

DP soviética: Os vietcongues receberam quantidades de todas as variantes das metralhadoras DP soviéticas, desde a DP-27 inicial (com um carregador de frigideira de 47 tiros) até a RP-46 alimentada por cinta, todos calibrados em 7,62x54mmR.

Um soldado australiano exibe uma metralhadora leve RPD capturada do VC durante 1968. (Imagem: NARA)

À medida que a União Soviética e a China comunista começaram a fornecer mais armas para o NVA e aos vietcongues, metralhadoras comunistas mais recentes começaram a aparecer em unidades de combate VC.

Metralhadora média SG-43/SGM Goryunov: A SG-43 era um projeto intermediário que alavancava um cano refrigerado a ar particularmente denso. Calibrada em 7,62x54mmR, a SG-43 (13,8kg) era normalmente conectada a um suporte com rodas (41kg). Embora fosse uma arma confiável, o grande peso restringia muito as operações ofensivas do VC.

Um fuzil-metralhador RPD de fabricação soviética ou Tipo 56 chinês calibrado em 7,62x39mm. O RPD era a metralhadora leve padrão dos vietcongues em 1968. (Imagem: coleção do autor)

O RPD (ou Tipo 56 chinês): Como o RPD foi substituído no serviço soviético no início dos anos 1960, essas armas foram passadas para várias nações satélites comunistas. Calibrado em 7,62x39mm e alimentado por uma cinta segmentada de 100 tiros contidos em um tambor, o RPD tornou-se a metralhadora de GC padrão dos vietcongues em 1968. Fornecia uma base de fogo estável com uma cadência cíclica econômica de 650 tiros por minuto.

Foguetes do VC

À medida que a presença militar americana continuou a crescer no Vietnã do Sul, as bases americanas (particularmente as bases aéreas) tornaram-se alvos altamente lucrativos para ataques vietcongues. Esses ataques foram originalmente executados com morteiros pesados (81 e 82mm), e os morteiros mais móveis de 60mm. Com o passar do tempo, o VC começou a empregar um número maior de canhões sem recuo de 57mm e 75mm e, embora essas armas fossem mais precisas, sua assinatura de disparo muitas vezes trazia uma retribuição rápida e mortal. O avanço final em armas pesadas ofensivas do VC foi representado em um grupo de foguetes de artilharia não-guiados.

O foguete M-14 140mm de fabricação soviética era uma arma de fragmentação altamente explosiva contendo 3,6kg de TNT. Era uma arma simples. (Imagem: NARA)

Os foguetes tornaram-se uma arma simples e facilmente transportável para os vietcongues. Eles estavam disponíveis em três tamanhos: 107mm, 122mm e 140mm, e podiam ser disparados de lançadores de tubos simples ou até mesmo montes de terra. Para combater a observação aérea americana da assinatura de lançamento dos foguetes, as tropas de foguetes VC mantiveram a disciplina de disparar não mais do que cinco tiros de qualquer lançador de tripé/tubo, ou duas salvas das rampas de terra antes de desmontarem seus equipamentos e desaparecerem no selva.

Leitura recomendada:

Viet Cong Fighter.
Gordon L. Rottman e Howard Gerrard.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

A Sargento Gal Gadot com uma submetralhadora Uzi

Sargento Gal Gadot posando com uma submetralhadora Uzi, a icônica arma israelense.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 25 de fevereiro de 2022.

A estrela israelense Gal Gadot serviu dois anos nas Forças de Defesa de Israel, como instrutora de combate do exército, saindo com o posto de Samal (sargento). Em Israel, o serviço é compulsório para ambos os sexos, com os homens servindo 3 anos e as mulheres dois.

Geralmente, as mulheres servem em funções de secretaria e recursos humanos, chamadas pejorativamente de Jobnicks. Mas Gal, que já era famosa por ter vencido o concurso de Miss Israel em 2004, tornou-se instrutora de combate e atuou assim na preparação física dos soldados.

Disparo automático da Uzi


Gal descreveu seu tempo no exército como parte de ser israelense:

"Você dá dois ou três anos de sua vida a eles e não é sobre você. Você aprende disciplina e respeito."

Aos 18 anos, ela conquistou o título de Miss Israel e representou o país no concurso de beleza Miss Universo no mesmo ano de 2004. Em 2007, Gal  participou de uma sessão de fotos para a revista Maxim intitulada "Mulheres do Exército Israelense", que apresentou modelos de Israel que eram militares das FDI. A foto de Gal apareceu no convite para a festa de lançamento do ensaio, e na capa do jornal New York Post.

Foto do ensaio da Maxim.

A chamada da Maxim dizia "Elas são lindas de morrer e podem desmontar uma Uzi em segundos. As mulheres das Forças de Defesa de Israel são os soldados mais sexy do mundo?" e contou com a entrevista de quatro modelos militares.

Gal
Expertise: Condicionamento físico
"Ensinei ginástica e calistenia", diz esta impecável ex-Miss Israel. "Os soldados me amavam porque eu os fazia ficarem em forma."

Yarden
Expertise: Inteligência Militar
Estacionada no norte de Israel para seu período de dois anos nas FDI, Yarden diz que a prática de tiro ao alvo era sua atividade favorita. “Adorei disparar o M-16”, diz ela. “E eu era boa em acertar os alvos. Mas não atirei com nada desde que deixei o exército.” Ou em alguém, esperamos.

Nivit
Expertise: Inteligência Militar
“Meu trabalho era ultrassecreto”, diz essa nativa de Tel Aviv, que ainda mora com os pais. “Não posso falar sobre isso além de dizer que estudei um pouco de árabe!”

Natalie
Expertise: Telecomunicações navais
Essa loira sedutora se lembra claramente de sua parte favorita de servir seu país: “Conheci meu marido. Seu comandante continuou tentando nos arrumar." Para sua sorte, Natalie seguiu as ordens.

Gal Gadot deixou o exército e começou a trabalhar como atriz, interpretando o papel principal no drama israelense Bubot ("Bonecas") em 2008, como Miriam "Merry" Elkayam; além de ser escolhida para ser a modelo principal da Castro, a maior marca de roupa israelense. Seu caminho para o estrelato começou quando ela foi notada pelo diretor taiwanês Justin Lin para a franquia Velozes e FuriososSegundo Gal, uma das benesses do seu serviço militar foi desbancar a modelo brasileira Gisele Bündchen para o papel da agente Gisele Yashar no filme Velozes e Furiosos 4 (Fast & Furious, 2009):

"Eu acho que a principal razão do diretor Justin Lin realmente ter gostado foi de eu ter servido no exército e ele queria usar meu conhecimento sobre armas."


A carreira de Gal Gadot continuou subindo e ela alcançou fama internacional ao ser escolhida como a Mulher Maravilha em 4 de dezembro de 2013, estrelando no filme de Zack Snyder Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, 2016). Em seguida, ela protagonizou dois filmes próprios como a Mulher Maravilha em 2017 e 2020; com um terceiro filme previsto, ainda sem data, que encerrará sua atuação com o personagem.

Seu último grande sucesso foi como uma contrabandista no filme Alerta Vermelho (Red Notice, 2021), contracenando ao lado de Dwayne "The Rock" Johnson e Ryan Reynolds. Alerta Vermelho tornou-se o filme mais assistido em seu fim de semana de estreia na Netflix, bem como o filme mais assistido em 28 dias após o lançamento na plataforma. Ele também se tornou o 5º título de filme mais assistido em streaming de 2021. Com tamanho sucesso, não é surpresa que já foram fechadas duas sequências.

Sua atuação mais recente foi estrelando como Linnet Ridgeway-Doyle na adaptação de suspense de mistério Morte no Nilo (Death on the Nile, 2022), de Agatha Christie; lançado no Brasil em 10 de fevereiro de 2022.

Trailer de Morte no Nilo

Armas do Exército Ucraniano


Por Caleb Giddings, Tactical-Life, 25 de fevereiro de 2022.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 25 de fevereiro de 2022.

Quais são as armas do Exército Ucraniano? Que fuzis estão em campo na linha de frente deste conflito chocante na Europa Oriental?

À medida que a invasão russa da Ucrânia se intensifica, um entusiasta de armas de fogo pode ser desculpado por se perguntar quais armas portáteis compõem as armas do Exército Ucraniano. Vamos dar uma olhada nas armas agora nas linhas de frente.

Armas do Exército Ucraniano: Fuzis

Se você recebeu suas notícias apenas da grande mídia, pode pensar que este é principalmente um exército de variantes AK. Você estaria principalmente correto, mas não totalmente. Isso porque algumas unidades da comunidade ucraniana de Operações Especiais carregam fuzis IWI Tavor feitos sob licença.

Carabina Fort-221

A Carabina Fort-221 é uma cópia licenciada do Tavor TAR-21. Fabricada pela RPC Fort na Ucrânia, é construída em torno da munição 5,45×39 que é a munição padrão para as Forças Terrestres Ucranianas. A Fort-221 usa um carregador próprio para o cartucho 5,45.

Fuzil AK-74

O AK-74, calibrado em 5,45×39, é o fuzil padrão das Forças Terrestres Ucranianas. Também é incrivelmente comum em seus estoques. Existem centenas de milhares desses fuzis à mão. O presidente ucraniano disse durante os estágios iniciais da invasão que eles dariam um desses para qualquer um que quisesse lutar contra os russos.

Fuzis AK literalmente jogados de caminhões para os civis coletarem

Uma das variantes do AK-74 é o AKS-74U, muitas vezes chamado de Krinkov ou Krink para abreviar nos Estados. O Krinkov encurta o cano do AK-74 em vários centímetros, tornando-o uma excelente plataforma para CQB e combate corpo a corpo.

O AKM

A última geração do AK-47 em 7,62×39, o AKM, também existe em grande número na Ucrânia e em todo o mundo. Eles foram enviados para a linha de frente da luta junto com reservistas e combatentes voluntários.

M4-WAC-47

Uma das armas mais interessantes nas mãos do Exército Ucraniano é o WAC-47. Este era um protótipo de fuzil, empregado em quantidade desconhecida a partir de 2018. Como você pode ver, é um projeto no estilo do M4, mas é calibrado para munição 7,62×39. O raciocínio de que, no caso da Ucrânia fazer parceria com uma nação ocidental, a parte superior deste fuzil poderia ser facilmente trocada por uma parte superior de 5,56. Há um número desconhecido deles nas mãos de soldados ucranianos.

Armas de Porte das Forças Terrestres Ucranianas

Tal como suas armas portáteis, as pistolas que circulam em coldres ucranianos são meio que uma mistura. No entanto, essas armas do Exército Ucraniano são muito menos propensas a entrar em combate do que um fuzil. Armas de porte são um sistema de armas secundárias para o soldado de combate.

Glock 17

Como grande parte do planeta, as forças especiais da Ucrânia carregam pistolas Glock de 9 mm. Devido à sua reputação de confiabilidade e disponibilidade de peças prontas, a Glock é a escolha lógica para qualquer força de elite.

Fort-14TP


Antes da invasão, a Ucrânia estava substituindo seu estoque de pistolas existentes pela Fort-14P. Embora a Fort-14P seja uma arma de armação grande, ela é calibrada em 9×18 Makarov. Os primeiros projetos da pistola eram calibradas em 9mm Luger, mas a arma acabou sendo revertida para 9×18. Dado que a pistola Makarov era a pistola de serviço padrão da Ucrânia antes disso, essa recalibragem faz sentido. Provavelmente há grandes estoques de munição 9×18 no país.

Outras armas do Exército Ucraniano

Algumas das outras armas do arsenal da Ucrânia incluem o sistema de fuzil Barrett .50 BMG. Além disso, os militares ucranianos possuem um grande número de fuzis de precisão SVD. Finalmente, eles têm a coleção esperada de armas de cinta do antigo bloco soviético. No entanto, como os fuzis Fort, eles fabricam sob licença a metralhadora Negev. A Fort-401, como é chamada, também é calibrada em 5,45 para poder compartilhar munição com outros sistemas de armas ucranianos comuns.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Uma breve história da submetralhadora Uzi


Do site Surplus Store UK, 22 de julho de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 23 de fevereiro de 2022.

Seja você um amante da história militar, um jogador de vídeo game dedicado ou um skirmisher de airsoft, é provável que você tenha encontrado a Uzi em mais de uma ocasião. É uma arma icônica que desempenhou seu papel na história militar e, ao mesmo tempo, faz parte da cultura popular. Neste artigo, vamos dar uma olhada na história desta famosa arma de fogo.

Projeto e desenvolvimento

A Uzi surgiu no ano de 1950, depois que os projetos foram elaborados no final da década de 1940, como parte de uma competição interna realizada pelas forças armadas israelenses. Os projetos foram produzidos pelo Major Uziel Gal, um projetista de armas israelense nascido na Alemanha, também conhecido por sua assistência no projeto do famoso Ruger MP9.

Disparo automático com a Uzi


A Uzi usa um projeto de ferrolho aberto que expõe a extremidade da culatra do cano e pode ajudar a resfriar a arma durante longos períodos de fogo contínuo. Este projeto, no entanto, significa que o receptor pode ser muito mais suscetível à contaminação por areia e sujeira. A arma também usa um projeto de ferrolho telescópico que permite o tamanho pequeno da arma, resultando em uma arma de disparo mais lento com melhor equilíbrio.

Os primeiros modelos dessa metralhadora apresentavam uma coronha de madeira destacável, mas isso foi posteriormente substituído por uma coronha de metal dobrável para facilitar e muito o transporte.

Confiabilidade

Bala na câmara, ferrolho aberto.

A confiabilidade da arma é uma de suas vantagens, pois, com um pequeno número de peças móveis, apenas algumas poucas coisas podem dar errado. Isso também ajudou com reparos e manutenção, pois poderia ser desmontada e reconstruída de maneira rápida e fácil. Tal como acontece com muitas armas, a limpeza e a manutenção são importantes devido à maior suscetibilidade de sujeira e areia no receptor. Condições adversas também podem aumentar a probabilidade de obstrução da arma.

A arma também vem com dois recursos de segurança. O primeiro é a alavanca seletora de três posições localizada na parte superior do punho, com "S" significando seguro, "R" significando repetição (semi-automático) e "A" significando automático. O segundo mecanismo de segurança é a trava de segurança, que está posicionada na parte traseira da empunho. O objetivo desse mecanismo é evitar a descarga acidental se a arma cair ou se o usuário perder o controle ao disparar a arma.

Registro de segurança.

Disparo

Como mencionado acima, a Uzi possui opções de disparo semi-automático e totalmente automático. O projeto da Uzi não incentiva a precisão à distância, pois o tamanho e a construção da arma promovem o disparo em distâncias curtas. Isso piora especialmente ao atirar em fogo automático, pois o recuo agrava o problema.

Variante Mini-Uzi

Mergulhadores de Combate brasileiros (GRUMEC) portando Mini-Uzis.

A Uzi original foi objeto de muitas reproduções e modificações ao longo dos anos. Uma das variantes mais comuns é a Mini-Uzi, que foi desenvolvida em 1982. Ela apresentou um cano mais curto e uma coronha dobrável lateral que reduziu ainda mais o tamanho geral da arma de fogo.

Não só isso, mas a variante mais compacta também fez uso de carregadores de 20 tiros com um alcance de tiro efetivo de 100 metros. A principal diferença entre a Uzi e a Mini Uzi era que a versão menor só era capaz de disparar em semiautomático, limitando consideravelmente a cadência de tiro.

Uso militar

A Uzi foi popularizada pelas forças militares israelenses e desde então foi exportada para mais de 90 países em todo o mundo. Países tão variados como Japão, Brasil, Argentina, Bélgica e Estônia usaram a Uzi de uma forma ou de outra para uso militar desde sua concepção.

Embora a Uzi esteja praticamente fora de serviço agora, a imagem icônica da arma continua viva no mundo do cinema, da TV e dos vídeo games.

Arnold Schwarzenegger com uma Uzi no filme O Exterminador do Futuro (1984).