Por Abderrahmane Mekkaoui, Theatrum Belli, 17 de dezembro de 2014.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 1º de julho de 2020.
A política da manutenção da paz
No âmbito de acordos ou alianças bilaterais ou multilaterais, o Reino do Marrocos frequentemente convocou seu exército para instaurar a segurança e a estabilidade ou manter a paz, como o envio de seus contingentes ao Egito em 1967, nas colinas de Golã, em 1973, durante conflitos no Oriente Médio em 1977, ou mesmo no Zaire (República Democrática do Congo) para a proteção do regime de Mobutu, então ameaçado em plena guerra fria pelas forças angolanas e cubanas.
Na Península Arábica, o Marrocos instalou 2.000 soldados e policiais desde 1986 nos Emirados Árabes Unidos para estabelecer a paz na região, e 1.500 soldados na Arábia Saudita durante a Primeira Guerra do Kuwait (Guerra do Golfo, 1991) sob acordos bilaterais.
O Marrocos está hoje participando de operações de manutenção da paz em várias zonas de conflito ao redor do mundo: Congo*, Costa do Marfim, Bósnia e Herzegovina, Haiti, Síria e na República Centro-Africana.
*A medalha da Missão das Nações Unidas para a Estabilização na República Democrática do Congo (MONUSCO) foi concedida em março de 2014 às forças de paz marroquinas destacadas em Dungu (província oriental da RDC) por sua abnegação e devoção.
Sistema de comando político e militar das forças de manutenção da paz
O Marrocos se inscreveu desde a sua independência em vários acordos internacionais a favor da paz. Este compromisso com a paz é parte integrante da constituição marroquina.
Politicamente, o Marrocos é considerado uma monarquia constitucionalmente social e democrática cujo Rei do Marrocos é o "Chefe Supremo das Forças Armadas Reais e Chefe do Estado-Maior".
No nível militar, as forças armadas reais, criadas em 1956, após o final do protetorado francês, representam a força de ataque que experimentou um desenvolvimento acelerado graças às grandes reformas do rei Mohamed VI, que estabeleceu o objetivo de modernização, desenvolvimento e a renovação de todas as forças armadas reais. Foi um grande projeto de mudança de estruturas, táticas e mentalidades a montante e a jusante, que as FAR experimentaram. O rei Mohamed VI também tinha uma intenção particular de melhorar a situação social de soldados, praças graduados e oficiais marroquinos.
O compromisso internacional do Reino do Marrocos para a manutenção da paz no mundo
O Marrocos sempre respondeu a pedidos internacionais de manutenção da paz em todo o mundo. A África é o continente onde o Marrocos tem sido mais ativo; citemos, por exemplo, a missão da ONU na República do Congo (ONUC) entre 1960 e 1964, e a missão na Somália (UNISOM 1) entre 1992 e 1993, durante a qual os batalhões marroquinos (cerca de 1.000 soldados e 60 policiais) assumiu a responsabilidade de monitorar o cessar-fogo, garantir o fluxo da ajuda e garantir a proteção dos funcionários e instituições das Nações Unidas.
Por outro lado, o Marrocos participou da constituição da UNITAF em 1990, integrando nela 1.430 soldados. Em março de 1993, vários soldados marroquinos e paquistaneses morreram durante a segunda missão da ONU na Somália (UNISOM 2), dando assim suas vidas a um país árabe-muçulmano.
Na República Democrática do Congo novamente e desde 1999, 750 soldados, 4 oficiais e 4 policiais participaram da missão da ONU "MONUC". O Marrocos também criou um hospital moderno e equipado, composto por 51 médicos militares.
No que diz respeito à Costa do Marfim, o Marrocos participou da missão da ONU "ONUC", decidida pelo Conselho de Segurança em 2004 para a manutenção da paz e da estabilidade. A participação dos contingentes marroquinos foi muito apreciada. Para esse fim, eles foram homenageados duas vezes pelas Nações Unidas e receberam o medalhão de manutenção da paz durante esta missão. Segundo vários relatórios da ONU, as forças de paz marroquinas são descritas como dotadas de coragem, dedicação e altruísmo durante sua missão, enquanto cooperam com forças locais e estrangeiras.
O Marrocos participou de outras missões organizadas pela ONU, como a missão "UNAVEM I" em Angola, entre 1989 e 1999, durante a qual o Marrocos enviou 15 soldados e 11 policiais para monitorar e coordenar as ações dos vários atores no terreno de operações.
Na Ásia, a missão "UNTAC" no Camboja, entre 1992 e 1993, mobilizou 100 policiais civis marroquinos.
Na América Central, no Haiti, o Marrocos participou com a Espanha na operação de manutenção da paz.
Mais recentemente, na África Central, as forças marroquinas, coordenando a proteção da capital Bangui com as forças francesas, foram bem recebidas pelas comunidades cristã e muçulmana.
Outras iniciativas marroquinas demonstram o nível de compromisso e a implicação do Marrocos no sucesso das operações e missões de manutenção da paz, como sua participação na estabilidade da situação na Bósnia, através da missão "SFOR" da OTAN. Tanto que, no Kosovo, o Marrocos construiu um hospital civil para aliviar o sofrimento da população do país.
Na escala árabe, as forças de paz marroquinas estão presentes na guerra civil síria e seguem de perto os eventos políticos e militares.
Em resumo, devemos prestar homenagem aos valores humanos e habilidades profissionais das forças de paz marroquinas que provaram através de sua participação ativa e bem-sucedida em todas as missões que lhes foram atribuídas pelas Nações Unidas na Ásia, Europa ou África.
Por fim, deve-se notar que o Reino do Marrocos possui um batalhão treinado em técnicas de intervenção rápida e que pode participar a qualquer momento de qualquer operação humanitária definida ou outra para a manutenção da paz.
Abderrahmane Mekkaoui é especialista em assuntos estratégicos e militares, e é professor da Universidade de Casablanca, no Marrocos.
Bibliografia recomendada:
Leitura recomendada:
Manutenção da paz da ONU feita pela China no Mali: estratégias e riscos, 14 de março de 2020.
A política da manutenção da paz
No âmbito de acordos ou alianças bilaterais ou multilaterais, o Reino do Marrocos frequentemente convocou seu exército para instaurar a segurança e a estabilidade ou manter a paz, como o envio de seus contingentes ao Egito em 1967, nas colinas de Golã, em 1973, durante conflitos no Oriente Médio em 1977, ou mesmo no Zaire (República Democrática do Congo) para a proteção do regime de Mobutu, então ameaçado em plena guerra fria pelas forças angolanas e cubanas.
Na Península Arábica, o Marrocos instalou 2.000 soldados e policiais desde 1986 nos Emirados Árabes Unidos para estabelecer a paz na região, e 1.500 soldados na Arábia Saudita durante a Primeira Guerra do Kuwait (Guerra do Golfo, 1991) sob acordos bilaterais.
O Marrocos está hoje participando de operações de manutenção da paz em várias zonas de conflito ao redor do mundo: Congo*, Costa do Marfim, Bósnia e Herzegovina, Haiti, Síria e na República Centro-Africana.
*A medalha da Missão das Nações Unidas para a Estabilização na República Democrática do Congo (MONUSCO) foi concedida em março de 2014 às forças de paz marroquinas destacadas em Dungu (província oriental da RDC) por sua abnegação e devoção.
O comandante da MONUSCO, General-de-Divisão Elias Rodrigues Martins Filho, condecorando 300 militares do contingente marroquino em Kananga, 8 de junho de 2019. |
Sistema de comando político e militar das forças de manutenção da paz
O Marrocos se inscreveu desde a sua independência em vários acordos internacionais a favor da paz. Este compromisso com a paz é parte integrante da constituição marroquina.
Politicamente, o Marrocos é considerado uma monarquia constitucionalmente social e democrática cujo Rei do Marrocos é o "Chefe Supremo das Forças Armadas Reais e Chefe do Estado-Maior".
No nível militar, as forças armadas reais, criadas em 1956, após o final do protetorado francês, representam a força de ataque que experimentou um desenvolvimento acelerado graças às grandes reformas do rei Mohamed VI, que estabeleceu o objetivo de modernização, desenvolvimento e a renovação de todas as forças armadas reais. Foi um grande projeto de mudança de estruturas, táticas e mentalidades a montante e a jusante, que as FAR experimentaram. O rei Mohamed VI também tinha uma intenção particular de melhorar a situação social de soldados, praças graduados e oficiais marroquinos.
O compromisso internacional do Reino do Marrocos para a manutenção da paz no mundo
O Marrocos sempre respondeu a pedidos internacionais de manutenção da paz em todo o mundo. A África é o continente onde o Marrocos tem sido mais ativo; citemos, por exemplo, a missão da ONU na República do Congo (ONUC) entre 1960 e 1964, e a missão na Somália (UNISOM 1) entre 1992 e 1993, durante a qual os batalhões marroquinos (cerca de 1.000 soldados e 60 policiais) assumiu a responsabilidade de monitorar o cessar-fogo, garantir o fluxo da ajuda e garantir a proteção dos funcionários e instituições das Nações Unidas.
Por outro lado, o Marrocos participou da constituição da UNITAF em 1990, integrando nela 1.430 soldados. Em março de 1993, vários soldados marroquinos e paquistaneses morreram durante a segunda missão da ONU na Somália (UNISOM 2), dando assim suas vidas a um país árabe-muçulmano.
Na República Democrática do Congo novamente e desde 1999, 750 soldados, 4 oficiais e 4 policiais participaram da missão da ONU "MONUC". O Marrocos também criou um hospital moderno e equipado, composto por 51 médicos militares.
No que diz respeito à Costa do Marfim, o Marrocos participou da missão da ONU "ONUC", decidida pelo Conselho de Segurança em 2004 para a manutenção da paz e da estabilidade. A participação dos contingentes marroquinos foi muito apreciada. Para esse fim, eles foram homenageados duas vezes pelas Nações Unidas e receberam o medalhão de manutenção da paz durante esta missão. Segundo vários relatórios da ONU, as forças de paz marroquinas são descritas como dotadas de coragem, dedicação e altruísmo durante sua missão, enquanto cooperam com forças locais e estrangeiras.
O Marrocos participou de outras missões organizadas pela ONU, como a missão "UNAVEM I" em Angola, entre 1989 e 1999, durante a qual o Marrocos enviou 15 soldados e 11 policiais para monitorar e coordenar as ações dos vários atores no terreno de operações.
Técnica marroquina armada com uma MG3 na República Centro-Africana, 2014. |
Na Ásia, a missão "UNTAC" no Camboja, entre 1992 e 1993, mobilizou 100 policiais civis marroquinos.
Na América Central, no Haiti, o Marrocos participou com a Espanha na operação de manutenção da paz.
Mais recentemente, na África Central, as forças marroquinas, coordenando a proteção da capital Bangui com as forças francesas, foram bem recebidas pelas comunidades cristã e muçulmana.
Um soldado marroquino aguardando o comboio para Bambari, na República Centro-Africana, em 14 de junho de 2014. |
Outras iniciativas marroquinas demonstram o nível de compromisso e a implicação do Marrocos no sucesso das operações e missões de manutenção da paz, como sua participação na estabilidade da situação na Bósnia, através da missão "SFOR" da OTAN. Tanto que, no Kosovo, o Marrocos construiu um hospital civil para aliviar o sofrimento da população do país.
Na escala árabe, as forças de paz marroquinas estão presentes na guerra civil síria e seguem de perto os eventos políticos e militares.
Em resumo, devemos prestar homenagem aos valores humanos e habilidades profissionais das forças de paz marroquinas que provaram através de sua participação ativa e bem-sucedida em todas as missões que lhes foram atribuídas pelas Nações Unidas na Ásia, Europa ou África.
Por fim, deve-se notar que o Reino do Marrocos possui um batalhão treinado em técnicas de intervenção rápida e que pode participar a qualquer momento de qualquer operação humanitária definida ou outra para a manutenção da paz.
Abderrahmane Mekkaoui é especialista em assuntos estratégicos e militares, e é professor da Universidade de Casablanca, no Marrocos.
Bibliografia recomendada:
Leitura recomendada:
Manutenção da paz da ONU feita pela China no Mali: estratégias e riscos, 14 de março de 2020.
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