Fuzileiro naval americano e soldado marroquino durante treinamento conjunto no Marrocos, em 20 de março de 2007.
Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 17 de setembro de 2022.
Tiro ao alvo durante o Exercício African Lion 07 (Leão Africano 07) entre o Corpo de Fuzileiros Navais americano e o Exército Real Marroquino no Cabo Drá no Marrocos, em 20 de março de 2007. Este exercício é um exercício militar combinado dos EUA e do Marrocos, programado regularmente, projetado para promover a interoperabilidade aprimorada e a compreensão mútua das táticas, técnicas e procedimentos de cada nação.
O fuzileiro naval, pertencente à Companhia de Petrechos Pesados (Weapons Company) do 2º Batalhão do 23º Regimento de Fuzileiros Navais baseado em Port Hueneme, na Califórnia, dispara o fuzil M16A4, enquanto o soldado marroquino dispara um fuzil de assalto AK47 do modelo romeno,Pistol Mitralieră model 1963; abreviado como PM md. 63 ou simplesmente como md. 63. A versão romena é identificável pela empunhadura frontal integrada ao guarda-mão de madeira. A partir de 1965, a República Socialista da Romênia também produziu o Pistol Mitralieră model 1965 (abreviado PM md. 65 ou simplesmente md. 65), que é um md. 63 com a coronha dobrável.
Bibliografia recomendada:
AK-47: A arma que transformou a guerra, Larry Kahaner.
Legionários da 1ère Compagnie Saharienne Portée de la Légion étrangère (CSPL) na Argélia, 1956. (Colorizada)
Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 18 de janeiro de 2022.
As Companhias Saarianas Motorizadas da Legião Estrangeira (1ère Compagnie Saharienne Portée de la Légion étrangère, CSPL) eram formações de patrulha de longa distância no deserto da infantaria motorizada que foram ativadas na década de 1920 e expandidas na década de 1950; foram formadas quatro destas companhias. Vestidos em uniformes tradicionais à la Beau Geste, sua função era guardar pontos estratégicos nas estradas transcontinentais do Saara, como os oásis estratégicos e os poços de petróleo. Essas unidades lutaram durante toda a Guerra da Argélia.
Eles moviam-se para o norte do Saara durante o verão e tomavam parte em operações combinadas como tropa motorizada convencional e como infantaria helitransportada. Por causa das enormes distâncias que as CSPL cobriam, esses legionários tendiam a mover-se de base em base através de toda a extensão do norte do Saara.
A Legião também teve um grupamento comandado pelo Tenente-Coronel François Binoche, o Groupement des compagnies portées de Légion étrangère du Maroc (GCPLEM, mas também GCPLM).
Original em preto e branco.
Os legionários estão armados com material bem obsoleto para o período, que eram adequados para a função de patrulha motorizada, com a tropa armada com fuzis Berthier e o graduado à esquerda com uma submetralhadora Sten. Eles vestem o tradicional uniforme de desfile da Companhia Saariana, que consistia de camisa branca de manga curta, calça seroual branca e bandoleiras de couro em forma de V Modelo Saara 1935. Um manto e sandálias complementam o uniforme.
A 1er CSPL, originária do Marrocos, era aquartelada em Ain-Sefra em 1954, movendo-se para o Forte Flatters em 1955. A 2e CSPL estava em Laghouat e a 3e CSPL no Forte Leclerc (Sebha) no Fezzan. Em janeiro de 1956, a 4e CSPL foi criada da antiga 24e Compagnie Portée do 1er RE (Regimento Estrangeiro). Em janeiro de 1961, a 1er CSPL tornou-se o 1er Escadron SPLE, afiliado com a cavalaria ao invés da infantaria.
A unidade foi dissolvida em 31 de março de 1963, e os homens transferidos para o 2e REI; tornando-se Escadron, 2e REI. Depois renomeado 5ª Companhia Motorizada (5e CP), 2e REI.
Guarda-bandeira da 1er CSPL na entrada do Forte Flatters, em uma capa da revista Képi Blanc de 1959. A guarda usa sabres de cavalaria em vez de fuzis.
Veículos blindados marroquinos em exercício, 2021.
Blindados do Exército Real Marroquino em manobras, incluindo dois carros de combate sobre rodas AMX-10RC e um transportador de tropas VAB (Veículo de Avanço Blindado). Os veículos são parte de uma frota heterogênea que também inclui veículos M1A1SA Abrams, VT-1A, T-72B, M60A1 e M60A3, M48A5 e SK-105 Kürassier.
Soldado vietnamita com uma submetralhadora Hotchkiss Universal (Modelo 010) na Indochina.
Por Jean Huon, Small Arms Review, junho de 2009.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 10 de setembro de 2021.
Após a Segunda Guerra Mundial, o Exército Francês queria adotar uma nova submetralhadora para substituir as várias armas britânicas, alemãs e americanas com as quais suas tropas estavam equipadas. O pedido tinha uma sensação de emergência, pois uma nova guerra estava se formando na Indochina. Tanto as fábricas estatais em Châtellerault, Saint-Étienne, Tulle e o fabricante de armas privado Hotchkiss começaram a trabalhar neste projeto.
A Companhia Hotchkiss, fundada por Benjamin B. Hotchkiss em 1867, foi inicialmente dedicada à produção de munições de invólucro sólido durante a guerra de 1870-71. Mais tarde, ele desenvolveu o Canhão Rotativo Hotchkiss que foi usado por muitos países no final do século XIX. A arma de maior sucesso que a empresa já produziu foi a metralhadora Hotchkiss desenvolvida por Laurence Benét e Henri Mercié na virada do século XX e usada com grande efeito durante a Primeira Guerra Mundial.
Durante a década de 1920-30, a Hotchkiss desenvolveu metralhadoras leves, metralhadoras de infantaria, metralhadoras para aeronaves, armas de grande calibre e armas anti-carro para exércitos em todo o mundo. Depois de 1945, a empresa Hotchkiss produziu submetralhadoras para o Exército Francês e outros.
Informações gerais sobre as submetralhadoras Hotchkiss
A aparência geral e a operação das submetralhadoras Hotchkiss são as mesmas para todos os seus modelos. Elas têm uma estrutura cilíndrica com a alavanca de manejo e a janela de ejeção ambas localizadas no lado direito. Dependendo do modelo, podem ter coronha fixa ou dobrável, em madeira ou metal. Alguns modelos possuem um cano curto telescópico que pode ser empurrado para trás dentro da armação, enquanto outros possuem um cano fixo com uma camisa de resfriamento cilíndrica. O carregador é derivado daquele da MP 40 e está localizado em um porta-carregador dobrável. As armas funcionam com um ferrolho de recuo por gases com um percussor retardado. As armas são relativamente complicadas, por serem feitas com muitas peças. Os dispositivos de disparo são complicados e são feitos de muitas peças, com várias peças sendo feitas de chapa de metal estampada.
Modelo 011
Submetralhadora Hotchkiss Modelo 011.
O Modelo 011 tem uma coronha de madeira rígida, é muito simples na sua fabricação e é tão rudimentar quanto a submetralhadora Sten. A coronha triangular tem uma barra vertical no lado esquerdo para prender uma bandoleira. A coronha é montada com uma tampa que fecha a armação na parte traseira. O mecanismo de trancamento está localizado em uma caixa de formato triangular sob a estrutura do receptor. O compartimento do carregador também é um punho frontal que pode ser dobrado, permitindo que a arma seja carregada com um carregador carregado sob o cano. A janela de ejeção tem uma tampa que pode travar o ferrolho na posição aberta ou fechada e é usada como uma segurança secundária. O cano está localizado em um soquete que pode se mover para trás para o transporte, reduzindo assim o comprimento da arma. A alça de mira está localizada no topo da tampa da coronha e a massa de mira pode ser dobrada.
Este modelo foi desenvolvido em 1948 e foi usado por unidades locais na Indochina, como a Guarda de Supletivos do Bispo Phat-Diem.
Modelo 010 ou “Tipo Universal”
Submetralhadora Hotchkiss Modelo 010.
O Modelo 010 é provavelmente uma das submetralhadoras mais curiosas já feitas. A maioria dos componentes pode ser movida para reduzir o volume da arma para transportar:
A coronha tubular metálica pode ser dobrada sob a estrutura,
O punho da pistola pode ser dobrado para a frente, envolvendo o guarda-mato,
O compartimento do carregador pode ser dobrado para a frente sob o cano,
O cano também pode ser movido para trás.
A estrutura do receptor é tubular com uma aba para cobrir a janela de ejeção que está localizada no lado direito. A alavanca de manejo é esférica e também está localizada no lado direito. Ele segura uma tira de chapa para cobrir a ranhura sobre a qual se move. O ferrolho tem um percussor separado e a mola de recuo é helicoidal. A ignição da espoleta é retardada até o momento imediato após o ferrolho ser fechado e é acionada por uma alavanca. O alojamento do gatilho é uma caixa triangular localizada sob o receptor e contém um seletor de botão de pressão. O carregador está localizado em um alojamento dobrável para a frente. A coronha é feita de um conjunto de tubos com descanso de ombro em madeira. O punho da pistola é equipado com cabos de plástico marrom. A alça de mira dobrável tem duas aberturas e a massa de mira é protegida por um toldo.
A submetralhadora Hotchkiss Modelo 010 dobrada (acima) e desmontada.
A desmontagem da Hotchkiss Modelo 010 é simples:
Remova o carregador e limpe a arma,
dobre a coronha,
remova o plugue traseiro,
extraia a mola de recuo e o ferrolho.
Remonte na ordem inversa.
O Modelo 010 é uma arma muito complicada e não é fácil de usar; particularmente durante o manuseio, pois é fácil para os dedos ficarem presos e / ou prensados em qualquer uma das muitas partes dobráveis.
A arma foi fabricada entre 1949 e 1952. Foi testada pelo Exército Francês na Indochina por paraquedistas e pela Legião Estrangeira. Alguns países compraram algumas dessas armas, como Venezuela e Marrocos. O último Hotchkiss Modelo 010 em guerra foi encontrado no Afeganistão na década de 1980.
Paraquedistas venezuelanos marchando no desfile do Dia da Independência em Caracas, capital da Venezuela, em 5 de julho de 1955. (FAV-Club)
Modelo 017
Submetralhadora Modelo 017, provavelmente feita para a polícia. Abaixo, com o carregador dobrado e com o número de série 401.
O Modelo 017 foi projetado como o Modelo 010, exceto por ter uma coronha fixa de madeira, um cano mais longo, uma camisa de resfriamento perfurada e o cabo da pistola não pode ser dobrado. Um dispositivo de segurança adicional é instalado próximo ao gatilho e quando ele está no lugar, o uso do gatilho não é possível. O Modelo 017 foi projetado para uso policial e foi testado pela polícia francesa; mas o MAT 49-54 foi escolhido em seu lugar. O modelo Hotchkiss 017 também foi testado pelo Marrocos.
Modelo 304
Submetralhadora Modelo 304 cano curto Abaixo, cano curto e baioneta.
O Modelo 304 é uma evolução dos modelos anteriores. Possui coronha fixa de madeira e existem diversas variações:
Armação tubular do receptor, cano curto que pode ser retraído na armação e um mecanismo de caixa de gatilho retangular;
armação tubular do receptor, cano longo com uma camisa de resfriamento perfurada, mecanismo de gatilho de caixa retangular e uma baioneta pontiaguda reversível como no fuzil MAS 36;
armação em chapa de metal com tampa protetora contra poeira na janela de ejeção, cano longo com camisa de resfriamento perfurada, mecanismo de caixa de gatilho triangular e baioneta pontiaguda reversível como no fuzil MAS 36.
Submetralhadora Modelo 304 cano longo e baioneta. Abaixo, com a baioneta e o carregador dobrados.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 25 de agosto de 2021.
Ponto culminante de uma tensão que tem crescido continuamente nos últimos anos, a Argélia acaba de cortar relações diplomáticas com o Marrocos.
O rei Mohammed VI do Marrocos, e o presidente Abdelmadjid Tebboune da Argélia.
A disputa entre os dois países é certamente política, mas também histórico-psicológica. Por quatro razões principais:
1) Passada diretamente da colonização turca para a colonização francesa, a Argélia tem ciúme do Marrocos e de seus 1200 anos de história (veja sobre o assunto no meu livro Algérie, l'Histoire à l'endroit / Argélia, a história no lugar). Ela se recusa a admitir que os brilhantes principados de Tlemcen no oeste, e Bougie no leste, não constituíam as matrizes da Argélia, quando Fez e Marrakech criaram o Marrocos. Com os Idrissidas, os Almorávidas, os Almohads, os Saadianos, os Merinidas e os Alaouitas, durante 1200 anos, o Marrocos de fato desenvolveu um Estado, depois Impérios estendendo-se em certas épocas por todo o Magrebe, parte da Espanha e até Timbuktu. Não havia nada parecido a leste de Moulouya, onde nem os Zianides de Tlemcen nem os Hafsids de Bougie tiveram um destino comparável ao das grandes dinastias marroquinas. É aí que reside o não-dito de toda a política magrebina de Argel.
2) Os dirigentes argelinos não querem reconhecer que herdaram da França territórios historicamente marroquinos, tendo a colonização francesa amputado o Marrocos em favor dos departamentos franceses da Argélia. É por isso que Touat, Saoura, Tidikelt, Gourara e a região de Tindouf são argelinos hoje. Eles se recusam a admitir que, na época da independência, o milenar Marrocos foi convidado a endossar essas amputações territoriais feitas em benefício de uma Argélia nascida em julho de 1962.
Soldados argelinos.
3) Para uma Argélia, "enclavada" neste mar fechado que é o Mediterrâneo, é insuportável constatar que com a recuperação das suas províncias do Saara, o Marrocos tem uma imensa fronteira marítima oceânica a partir de Tânger ao norte, até à fronteira com a Mauritânia ao sul, abrindo assim o reino tanto ao “mar aberto” do Atlântico como à África Ocidental. Recusando-se obstinadamente a admitir esta realidade, a Argélia mantém a Polisario à disposição na tentativa de enfraquecer o Marrocos. No entanto, para Argel, é urgente. Como a última praça dos 24 Estados - dos 193 membros da ONU - ainda reconhecendo este fantasma que é a RASD (República Árabe Sarauí Democrática), tendo finalmente se desintegrado, a tensão com o Marrocos poderia ajudar a conter o sangramento.
4) A Argélia atravessa uma crise econômica, política, institucional e de identidade muito profunda. Ela deve, portanto, procurar reunir as energias nacionais e, para isso, desde a independência, sempre recorreu a dois bodes expiatórios: a França e o Marrocos. Atualmente, por vários motivos, ela precisa da França. Portanto, resta o Marrocos. Esperando que esta política de corrida desenfreada não conduza a uma nova "guerra das areias", como em 1963...
Bernard Lugan (nascido em 10 de maio de 1946 em Meknès) é um historiador francês especializado em história da África. Ele é professor do Institut des hautes études de défense nationale (IHEDN) e editor da revista L'Afrique réelle ("A África Real"). Lugan lecionou anteriormente na Jean Moulin University Lyon 3 e na escola militar especial de Saint-Cyr até 2015. Ele serviu como testemunha especializada para réus hutus envolvidos no genocídio em Ruanda no Tribunal Criminal Internacional para Ruanda.
Por Jesus Dapena, Steven's Balagan, 22 de julho de 2017.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 11 de maio de 2021.
O primo da minha mãe, Cipriano Briz ("tio Cipri") estava estacionado no Protetorado espanhol no Marrocos na década de 1920 durante a Guerra do Rife (chamada na Espanha de "La Guerra de Africa" ou "La Guerra de Marruecos"). Ele estava na infantaria.
Cipriano Briz em uma companhia de metralhadoras
Tenente Cipriano Briz em Zoco Tzelatza, no Marrocos, 2 de junho de 1921 .
Cipri nasceu em 1894. A foto o mostra no Zoco El Telata do Yebel Hebib, no extremo oeste da zona de guerra ocidental, em 2 de junho de 1921. Na época, ele era tenente de uma companhia de metralhadoras do 60º Regimento de Infantaria de Ceuta. De 6 a 16 de julho de 1921, seu regimento fazia parte da força “Columna del Jarrub” que penetrou a leste de Megaret profundamente no interior da região de Yebala até Zoco El Jemis de Beni Aros.
Mais tarde naquele ano, seu regimento foi transferido para Buharrax, na extremidade oriental da zona de guerra ocidental, de onde penetrou novamente na região de Yebala, desta vez para o oeste. No primeiro dia desta ofensiva, 19 de dezembro de 1921, Cipri foi baleado na coxa esquerda perto de Ayalia. Ele estava com uma equipe de metralhadora e a cinta de munição emperrou. Cipri se levantou, pressionou a metralhadora com o pé e puxou a cinta com as mãos, tentando desfazer o emperramento. Foi quando ele foi baleado.
Cipri ficou hospitalizado e em licença até agosto de 1922.
Binóculos Zeiss Turact 8x24. (Cipriano Briz)
Binóculos Zeiss Turact 8x24 de Cipri, fabricados na Alemanha em 1918. Eles provavelmente foram comprados pela Espanha do governo francês após o fim da Primeira Guerra Mundial.
Cipriano Briz na unidade de Renault FT-17
Renault FT-17 nº 4, carro-comando. (Cipriano Briz)
Depois que ele voltou da licença, Cipri foi transferido para a unidade de tanques leves de infantaria do 67º Regimento de Infantaria de Cádiz, que estava ativo na zona de guerra oriental. Cipri teve má circulação na perna esquerda pelo resto da vida. Isso provavelmente tornou mais difícil para ele suportar longas marchas e pode ter sido o motivo de sua transferência para uma unidade blindada.
A unidade da Cipri foi equipada com tanques Renault FT-17. Ele enviou esta série de fotos para a Espanha, provavelmente para sua mãe. As originais foram impressas em cartões postais.
A imagem acima é intitulada “Meu tanque de comando”. No verso, diz:
"Observe o elefante pintado à esquerda da metralhadora: é o mascote.
Este é o obstáculo mais difícil que um tanque pode enfrentar. Este tanque quase foi queimado pelos mouros.
É por isso que tem um X (que significa "ferido") no círculo branco na parte traseira. É o número 4, e o número 1 da Sección."
Tanques FT para a proteção do comboio para Tizzi-Asa. (Cipriano Briz)
Tanques FT-17 incluindo um FT-17 TSF (Transmissão Sem Fio) para comunicações sem fio. A imagem acima é intitulada “Tanques para proteção do comboio para Tizzi-Asa”. No verso, diz:
"Meu pequeno tanque é aquele marcado por uma flecha. Seu canhão (sic) foi atingido por cinco balas, e partículas de duas delas penetraram como um spray de pólvora fina. Afinal, isso é engraçado! Esta foto foi tirada em Tafersit."
Observe o mascote da tartaruga pintado na torre do tanque de Cipri.
Carros FT-17, incluindo o TSF. (Cipriano Briz)
Tanques FT-17 e FT-17 TSF. O tanque de Cipri não é aquele marcado pela seta, mas o segundo da esquerda. Observe na foto ampliada que tem a tartaruga de Cipri pintada no lado esquerdo da torre.
Coluna de carros Renault FT-17 no Rife. (Cipriano Briz)
Renault FT-17 nº 5. (Cipriano Briz)
Renault FT-17 nº 8. (Cipriano Briz)
Renault FT-17 nº 8 no Rife. (Cipriano Briz)
Observe nas duas últimas fotos o mascote da tartaruga pintado na torre do tanque identificado por um número “8” pintado de branco na trave horizontal do trem de tração. Este é obviamente o tanque de Cipri novamente.
Tanques Renault FT-17 nos caminhões de transporte. (Cipriano Briz)
Tanques FT-17 em transportes com Dar-Drius em segundo plano. (Cipriano Briz)
Na parte de trás da foto, está escrito:
"Como você pode ver, é impossível não amar esses tanques (montados em seus caminhões de transporte), porque eles são muito bonitos. Ao fundo você pode ver a cidade de Dar-Drius, um acampamento muito maior do que Riffien, e mais confortável."
Tanque FT-17 TSF Infanteria nº 1. (Cipriano Briz)
Tanque FT-17 TSF Infanteria nº 1. (Cipriano Briz)
Tanque FT-17 TSF Infanteria nº 1. (Cipriano Briz)
Tanque FT-17 TSF Infanteria nº 1. (Cipriano Briz)
Tanque FT-17 TSF Infanteria nº 1. (Cipriano Briz)
No verso da imagem acima, diz:
"O tanque do telégrafo e do telefone sem fio que já mandei antes, mas a posição não é a mesma. Aqui está mais além, ao longo da borda do parapeito de onde vai cair. Isso foi publicado no ‘Nuevo Mundo’."
Tanque FT-17 TSF tombando. (Cipriano Briz)
Tanques Renault FT-17 e Schneider M16 CA1 na Guerra do Rife
FT-17 "Infanteria nº 12" no caminhão de transporte. (Santiago Dominguez)
“Tanque dirigindo-se às trincheiras inimigas”. (Santiago Dominguez)
Tripulante ferido. (Santiago Dominguez)
“O tanque de comando de infantaria descendo do transporte”. (Santiago Dominguez)
"Campanha da África, 1922". Dois tanques FT-17 e um FT-17 TSF (no meio), e dois tanques Schneider M16 CA1 quase invisíveis nas bordas esquerda e direita da imagem. (Santiago Dominguez)
Esta é uma imagem rara de um tanque Schneider M16 CA1 na Guerra do Rife. A imagem é intitulada “Tanque de artilharia descendo do trator”. (Santiago Dominguez)
Post-script: A Guerra do Rife (1921-1926)
Por Filipe A. Monteiro, 11 de maio de 2021.
A Guerra do Rife foi um dos conflitos ocorridos no Entre-Guerras (1918-1939) e que caíram no esquecimento. O conflito contou com equipamentos modernos, como os carros de assalto do texto, além de metralhadoras, obuses, fuzis de repetição e granadas (esta última uma novidade das trincheiras européias para a África). A companhia de carros de combate com os Renault FT-17 (efetivo de 12 carros) e os Schneider foram os primeiros blindados usado em um assalto anfíbio, no desembarque de Alhucemas em 8 de setembro de 1925, um dos melhores exemplos de ação anfíbia moderna - com uso de comando unificado de forças aéreas, marítimas e terrestres.
Apesar da presença de carros blindados e tanques, estes veículos mecânicos foram apenas uma parte minúscula do conflito. Em sua essência, ainda se tratou de batalhas por fortificações com marcha e contramarchas abaixo do sol escaldante, cargas de cavalaria e ataques relâmpago de beduínos.
"Desembarque de Alhucemas", pintura de José Moreno Carbonero, 1929.
A guerra também criou figuras importantes, como Francisco Franco - o futuro ditador da Espanha - e Milán Astray, o comandante da Legião Estrangeira Espanhola (Terço de Estrangeiros); uma tentativa fracassada de imitar a Legião Estrangeira Francesa e que jamais atingiu 25% de estrangeiros (sendo boa parte portugueses) e que hoje não aceita mais estrangeiros. A incompetência dos espanhóis durante os quatro primeiros anos da guerra levaram a instabilidades que levariam à Guerra Civil Espanhola (1936-1939). O comandante franco-espanhol não foi ninguém menos que o Marechal Philippe Pétain, o herói de Verdun.
Pétain organizou um sistema de pontos-fortes e colunas móveis em operações de contra-insurgência que seriam familiares aos atuais sistemas usados no Afeganistão, Iraque e na África. Ele comandou a movimentação, re-suprimento e combate de 160 mil tropas francesas de uma força expedicionária bem treinada e bem equipada, contando tropas metropolitanas, argelinas, senegalesas e da Legião Estrangeira Francesa, bem como regulares marroquinos (tirailleurs) e auxiliares (goumiers); além de 90 mil espanhóis e seus auxiliares nativos. Pétain cuidava de tudo isso ao mesmo tempo em que se correspondia com a esposa por cartas, detalhando miniciuosamente os cuidados com suas galinhas na França.
Marechal Pétain e o General Miguel Primo de Rivera em Tetuan, no Marrocos, 4 de agosto de 1925.
Em 3 de setembro de 1925, Pétain foi nomeado o único Comandante-em-Chefe das Forças Francesas no Marrocos para lançar uma grande campanha contra as tribos rifenhas, em conjunto com o Exército espanhol, que foi concluída com sucesso no final de outubro. Posteriormente, foi condecorado, em Toledo, pelo rei Alfonso XIII com a medalha militar espanhola. Em 1940, ele era embaixador em Madri.
Os rifenhos eram grupos bérberes muçulmanos sofisticados liderados por Abid el-Krim, um chefe astuto e carismático. Eles derrotaram os espanhóis catastroficamente em Anoual em 1921, infligindo mais de 13 mil mortos e feridos, além de 700 capturados; o desastre derrubaria o governo espanhol. Os rifenhos perderam cerca de 800 homens entre mortos e feridos. Apesar de serem derrotados pelos franceses em apenas um ano, ofereceram feroz resistência em uma guerra encarniçada cuja brutalidade foi ainda pior do que já era costumeiro na região. Os soldados franco-espanhóis eram aconselhados a guardarem a última bala para eles. Dos 66 fortes franceses na fronteira com a República Rifenha, 9 foram tomados de assalto e 30 abandonados quando os rifenhos atacaram de súbito em abril de 1925 - inclusive ameaçando Fez. Os rifenhos foram sendo progressivamente empurrados e sangrados até a rendição de Abd el-Krim para as autoridades francesas, mas não sem antes terem conseguido vitórias locais. A batalha final, iniciado em 8 de maio de 1925, opôs franceses e espanhóis com 123.000 homens, apoiados por 150 aeronaves, contra 12.000 rifenhos.
Van Damme no filme "Legionário" (Legionnaire, 1998).
A cultura popular moderna tem apenas um único filme ambientado na Guerra do Rife: Legionário. Estrelando Jean Claude van Damme como Alain Lefèvre (alistado na Legião como Alain Duchamp) e combatendo os rifenhos comandados pelo próprio Abid el-Krim (interpretado por Kamel Krifa). O filme mostra o dilema de guarda uma última bala para si mesmo, pois os prisioneiros eram brutalmente torturados antes de serem mortos. Um filme que não deve faltar no léxico dos entusiastas da Legião.
Um outro filme menos recente, chamado Marcha ou Morre (March or Die, 1977), porém considerado por alguns como o melhor filme da Legião Estrangeira, e estrelando Gene Hackman, Terence Hill e Catherine Deneuve possui elementos da Guerra do Rife. A Legião dessa vez enfrenta uma rebelião bérbere fictícia enquanto protege arqueólogos em busca de um artefato no deserto. O líder tribal El-Krim, interpretado por Ian Holm, o Bilbo d'O Senhor dos Anéis, foi inspirado em Abid el-Krim. A ambientação, uniformes, armas e táticas são fiéis ao período histórico.
Em 2017, a Espanha produziu uma minissérie ambientada na Guerra do Rife seguindo um grupo de enfermeiras espanholas: Tempos de Guerra (Tiempos de Guerra), com 13 episódios.