quinta-feira, 9 de julho de 2020

Chineses buscam assistência brasileira com treinamento na selva


Por Tim Mahon, Defense News, 9 de agosto de 2015.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 9 de agosto de 2020.

Em julho, o Coronel Alcimar Marques de Araújo Martins, comandante do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), indicou que a China havia recentemente providenciado o envio de um grupo de oficiais e graduados para treinamento no CIGS, mas cancelaram sua participação em favor de uma abordagem alternativa.

"Eles agora nos pediram para fornecer um número de treinadores e nossa experiência em treinamento de guerra na selva para ajudá-los a desenvolver seu próprio programa na China", disse ele. Não havia indicação quanto ao imediatismo de tal cooperação ou ao número de treinadores que provavelmente seriam enviados.

Aluno chinês (direita) no Estágio Internacional de Operações na Selva (EIOS) do CIGS, 12 de setembro-14 de outubro de 2016.

Embora não esteja claro por que os chineses estão expandindo suas operações de treinamento na selva, o país tem longas fronteiras cobertas de selva com vários vizinhos.

O CIGS, comemorando seu 50º aniversário em 2015, treinou quase 6.000 oficiais e graduados ao longo dos anos, dos quais quase 500 foram de países estrangeiros. Embora a grande maioria desses estudantes estrangeiros venha dos vizinhos latino-americanos do Brasil, houve cerca de 27 participantes dos EUA e mais de 100 da Europa, principalmente da França. Até agora, apenas um participante veio da Ásia.

O modus operandi do CIGS é "treinar os treinadores", em cursos limitados em 100 a 120 alunos até três vezes por ano. O curso de 10 semanas (oito semanas para o curso dos oficiais superiores) ensina uma ampla variedade de técnicas de guerra na selva, que vão desde sobrevivência e forrageamento até navegação, disciplinas de fogo e movimento, técnicas de ataque fluvial e procedimentos de higiene na selva.

Depois de se formarem no curso, oficiais e graduados retornam às suas unidades para realizar treinamento para suas próprias tropas.

Estágio Internacional de Operações na Selva (EIOS) do CIGS, 12 de setembro-14 de outubro de 2016.
Participaram deste EIOS o Canadá, Estados Unidos da América, China, Japão, Bolívia, Polônia, Espanha, Alemanha, Reino Unido, Índia, Sri Lanka, Nigéria, Guiana, Vietnã e Portugal.

No Exército Brasileiro, os soldados do Comando Militar da Amazônia (CMA) fornecem pelotões de fronteira especiais, que são destacados em locais de fronteira para turnês de até um ano, onde oferecem não apenas segurança, mas também assistência social e educacional para comunidades remotas.

Portanto, o CIGS dá grande importância ao treinamento médico e ao diagnóstico e tratamento de uma ampla variedade de doenças e enfermidades exclusivas do ambiente de selva.

Esses pelotões são fundamentais para a estratégia de presença e dissuasão na área de mais de 5 milhões de quilômetros quadrados da bacia amazônica que constitui a área de responsabilidade do CMA.

"Atualmente, temos 24 desses pelotões, mas nosso programa de transformação exige que esse número aumente para 52 e também adicionaremos uma quinta Brigada de Infantaria de Selva à nossa organização", disse o Major Antoine de Souza Cruz, da equipe do CMA em Manaus.


Em outras partes da estrutura de treinamento do Exército, há também uma estreita cooperação com nações estrangeiras. Dentro da Brigada de Infantaria Paraquedista, sediada em Vila Militar, nos subúrbios do Rio de Janeiro, a Companhia de Precursores Paraquedistas já possui programas de treinamento com nações vizinhas e ainda mais longe, de acordo com o segundo em comando da companhia, o Capitão Gedeel Machado Brito Valin.

"O curso Precursor aqui se tornou uma referência para a América do Sul. Hoje temos um capitão preparando e conduzindo o primeiro curso Precursor para a Força Aérea do Paraguai e no próximo ano continuaremos com este programa e também iniciaremos uma cooperação de natureza semelhante na Argentina e Peru", disse ele.

Não é apenas na América do Sul que a experiência brasileira nessa área é entendida e apreciada, disse Gedeel.

"Após uma visita ao Curso de Precursores brasileiro, o Exército Canadense nos convidou a enviar um instrutor ao Centro de Guerra das Forças Canadenses para participar como instrutor estrangeiro no Curso Canadense de Precursores. Também tivemos um instrutor canadense conosco no ano passado e este ano marcará o segundo de nossa cooperação conjunta", afirmou.

Soldado canadense do Royal 22e Régiment "Vandoos" (R22eR) em treinamento do Centre d'entraînement en forêt équatoriale (CEFE), na Guiana Francesa.

Como parte de sua melhoria contínua das instalações de treinamento e da implementação de soluções de treinamento mais integradas, o Exército Brasileiro instituiu recentemente um sistema de simulação construtivo que visa proporcionar um ambiente de treinamento sofisticado para comandantes e estados-maiores de nível divisional.

Conhecido como COMBATER, o sistema de simulação é baseado no SWORD, a principal solução de jogos de guerra baseada em inteligência artificial desenvolvida pelo MASA Group, Paris. O SWORD foi adaptado para o cliente levar em consideração aspectos exclusivos da doutrina tática do Exército Brasileiro, além de abordar mais diretamente os requisitos de treinamento em desenvolvimento.

Em julho, no Comando Militar do Sul, comandantes e estado-maior da 3ª Divisão - uma das maiores do Exército - participaram do Operação Liberdade Azul, um exercício de quatro brigadas em nível divisional que esticou com sucesso o COMBATER até seus limites.

Militares brasileiros usando o sistema MASA SWORD/COMBATER.

O exercício usou todas as 128 licenças que a MASA forneceu em seu contrato inicial e coordenou a equipe do estado-maior da divisão e suas unidades componentes com elementos dessas unidades que treinaram "ao vivo" no campo.

As forças opostas fornecidas de dentro da divisão também foram atendidas na simulação.

"Exercícios como esse, apoiados pelas instalações que o COMBATER nos disponibiliza, são uma oportunidade ideal para crescermos. Adoramos cometer novos erros e aprender com eles", disse o General José Carlos Cardoso, comandante da 3ª Divisão. "E é importante fazê-lo. Como nosso chefe de gabinete do Exército disse sobre o processo de transformação em que estamos envolvidos no momento, o objetivo da transformação é mudar idéias".

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FOTO: Canadenses na Amazônia16 de fevereiro de 2020.




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