O vice-presidente interino, Coronel Assimi Goita, liderou um golpe no Mali em agosto. (Arquivo: Malik Konate / AFP) |
Da Al-Jazeera, 25 de maio de 2021.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 25 de maio de 2021.
O vice-presidente interino de Mali, Coronel Assimi Goita, disse que tomou o poder depois que o presidente de transição e o primeiro-ministro não o consultaram sobre a formação de um novo governo.
“Este tipo de passo atesta o desejo claro do presidente de transição e do primeiro-ministro de tentar violar o estatuto de transição”, disse ele na terça-feira (25/05), descrevendo as ações da dupla como uma “intenção demonstrável de sabotar a transição”.
As eleições serão realizadas no próximo ano conforme planejado, disse ele.
O presidente Bah Ndaw e o primeiro-ministro Moctar Ouane foram presos e levados para uma base militar fora da capital na segunda-feira, o que gerou rápida condenação de potências internacionais, algumas das quais o chamaram de “tentativa de golpe”.
Os dois homens eram responsáveis por um governo de transição criado após um golpe militar em agosto que derrubou o presidente Ibrahim Boubacar Keita. Eles foram encarregados de supervisionar o retorno às eleições democráticas.
Goita, que liderou o golpe de agosto, orquestrou as prisões depois que dois outros líderes do golpe foram retirados de seus cargos no governo em uma remodelação do gabinete na segunda-feira.
Em uma declaração lida por um assessor na televisão nacional, Goita disse que as eleições no próximo ano para restaurar um governo eleito aconteceriam conforme planejado.
“O vice-presidente de transição se viu obrigado a agir para preservar a carta de transição e defender a república”, disse o comunicado.
O mundo reage
Há preocupações de que a situação possa piorar a instabilidade no país da África Ocidental, onde grupos armados ligados à al-Qaeda e ao ISIL (ISIS) controlam grandes áreas do norte e do centro e realizam ataques frequentes contra o exército e civis.
As Nações Unidas, a União Europeia e os países regionais condenaram as ações dos militares e exigiram a libertação imediata dos líderes detidos.
A França condenou o ato “violento” de Goita “com a maior firmeza”.
“Exigimos a libertação” dos dois líderes, disse o ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian.
“A segurança deles deve ser garantida, assim como a retomada imediata do processo de transição acordado”, acrescentou Le Drian.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, tuitou um apelo à calma e pediu a “libertação incondicional” dos líderes.
O chefe da União Africana, Felix Tshisekedi, que também é o presidente da República Democrática do Congo, fez eco ao apelo, dizendo que “condenou veementemente qualquer ação que vise desestabilizar o Mali”.
Uma delegação da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Communauté économique des États de l'Afrique de l'Ouest, CEDEAO) deverá visitar o Mali na terça-feira.
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