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domingo, 13 de setembro de 2020

Por que a Índia poderia comprar jatos de combate Dassault de origem francesa e usados de Taiwan?

Por Smriti Chaudhary, Eurasian Times, 12 de setembro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 13 de setembro de 2020.

Embora tenha havido relatos do plano de Taiwan para desativar seus jatos Dassault Aviation Mirage 2000 e da Índia fazendo aquisições de emergência no cenário de tensões crescentes com a China, há a possibilidade de Nova Délhi adquirir caças Mirage 2000 comprovados em batalha e se preparar para uma possível guerra em duas frentes?

Tem sido amplamente especulado, inclusive pela Military Watch Magazine, que o governo indiano poderia adquirir jatos Mirage 2000 de Taiwan, além de centenas de MICA e outros mísseis franceses que vieram com os jatos.

Os Mirage 2000 de Taiwan

As relações de Taiwan através do Estreito com a China continental têm se deteriorado com Pequim reivindicando soberania sobre a ilha e tentando fundi-la com o continente, mesmo pela força, se necessário. Tapei está cada vez mais armando suas forças com armas modernas com a ajuda de seus aliados ocidentais; especialmente os EUA, que apóia veementemente a autonomia de Taiwan.

Conforme relatado anteriormente pelo Eurasian Times, as forças armadas de Taiwan estão em sua maioria equipadas com hardware americano, incluindo caças. No entanto, a presidente taiwanês Tsai Ing-Wen contratou a Aerospace Industrial Development Corporation estatal para projetar e construir 66 novos jatos de treinamento, T-5 Brave Eagle, que também podem ser usados como um caça de ataque.

Taiwan também possui um caça de combate multifuncional fabricado pela Dassault Aviation, o Mirage 2000, adquirido há duas décadas. No entanto, desde a compra, a frota de Mirage tem sofrido de baixa prontidão operacional, altos custos de manutenção e desgaste maior do que o esperado, provavelmente devido ao clima tropical da ilha. Conseqüentemente, houve pedidos para desativar os jatos.

Os antigos Mirages de Taiwan também sofreram vários acidentes, incluindo um em 2017, que foi o sexto acidente de acordo com relatórios.

De acordo com o relatório, analistas militares disseram que a falta de manutenção da aeronave pode ser uma das principais causas dos acidentes, dado que mais do já encolhido orçamento de defesa da ilha foi destinado às armas americanas.

“[Taiwan] está sacrificando o custo mais alto de atualização e manutenção dos caças Mirage por causa de seu orçamento militar limitado”, disse Zhou Chengming, um analista militar baseado em Pequim citado no relatório.

Os caças de origem francesa de 20 anos de idade estão se tornando mais difíceis de manter e sofrem com a escassez de peças de reposição. “Taiwan pediu à França para atualizar seus Mirages em 2012, mas a França, sob pressão da China, forçou Taiwan a retirar seu pedido exigindo um preço altíssimo”, escreveu o Taipei Times em 2018.

Oportunidade para a Índia?

Com a crescente agressão chinesa na Linha de Controle Real (Line of Actual Control, LAC), a Índia aumentou sua aquisição de munições e artilharia para estar preparada caso a situação se deteriore.

A Força Aérea Indiana (IAF) possui uma variedade impressionante de caças, incluindo Sukhois, MiGs, Rafales HAL Tejas e outros caças multifuncionais, mas ainda fica aquém do número de esquadrões sancionados de 42. Atualmente, a IAF opera com apenas 28 esquadrões. O sucessor do Mirage, de fabricação francesa, já faz parte da IAF, mas a quantidade encomendada é de apenas 36 caças.

Em comparação com Taiwan, a Índia não teria que se preocupar em manter o Mirage 2000, pois tem capacidade financeira e relações militares e diplomáticas amigáveis com a França.

Tom Cooper, um autor e especialista em aviação, ficou surpreso ao ouvir relatos da mídia de Nova Délhi procurando adquirir Su-30s e MiG-29s. “Sua força aérea tem de 200 a 250 Su-30s”, apontou Cooper no Facebook. “Ainda assim, quando você quer bombardear uma gangue terrorista no país vizinho, você precisa mesmo é de um Mirage 2000 de quase 40 anos.”

Cooper se referiu aos "ataques cirúrgicos" que a Índia lançou em Balakot no ano passado, quando os caças Mirage indianos cruzaram a fronteira e lançaram bombas alegando ter destruído a infraestrutura terrorista em Balakot, uma afirmação rejeitada veementemente pelo Paquistão.

A operação foi realizada na sequência do ataque a Pulwama, no qual 40 membros da Força Policial da Reserva Central (CRPF) foram mortos. As fontes disseram então que a aeronave multifuncional Mirage 2000 foi escolhida para o ataque por sua capacidade de acertar alvos com uma precisão exata ("pin-point").

Mesmo antes do ataque em Balakot, o Mirage 2000 provou sua força nas montanhas geladas de Kargil. “O Mirage 2000 provou ser uma virada de jogo na Guerra Kargil, pois seu desdobramento pela IAF distorceu a assimetria dos meios militares a nosso favor”, disse um alto oficial da IAF ao jornal PTI.

“O uso do Mirage 2000, carregando LGB (bombas guiadas a laser) tirou nossa operação do envelope de um Stinger, e o adversário teve que mudar de tática e isso provou ser uma virada de jogo”, disse o oficial.

O Mirage 2000 é um caça monomotor capaz de lançar bombas e mísseis, incluindo bombas guiadas a laser. A IAF também está procurando aumentar as capacidades integrando os três esquadrões existentes do Mirage 2000 com o míssil Meteor.

“O Meteor no Mirage é algo que estamos analisando profundamente. Quando o acordo de atualização foi assinado com a Dassault Aviation para os Mirages, o Meteor ainda estava em fase de desenvolvimento. E, portanto, este seria um novo negócio. Estamos analisando a relação custo-benefício e outras questões”, disse uma importante fonte da IAF no ano passado.

“Não há nenhuma classe de mísseis no Paquistão e na China que possa se igualar ao Meteor neste momento. No entanto, a China está investindo pesadamente em mísseis de cruzeiro indígenas e mísseis de longo alcance. Qualquer míssil que a China fabrique acabará caindo nas mãos do Paquistão”, disse outra fonte da IAF.

Se Taiwan e a Índia decidirem comprar os Mirages taiwaneses, isso certamente fortalecerá sua já abrangente frota de caças. Poderiam ser levantadas questões sobre a compra de caças de "segunda-mão", mas esta não será a primeira vez que Nova Délhi considerará uma proposta como esta.

Em 2006, a Índia queria comprar jatos de combate usados da França e do Catar. O então Air Chief Marshal SP Tyagi disse que a Índia queria comprar cerca de 40 jatos, incluindo uma dúzia do Catar e o restante da França, e que Nova Délhi já estava em negociações com autoridades francesas. A decisão veio depois que os EUA concordaram em fornecer ao Paquistão novos caças F-16.

Analistas observaram que adquirir a frota taiwanesa de caças Mirage 2000 proporcionaria à IAF um meio de baixo custo de aumentar sua frota para atender às atuais metas de expansão para conter a agressão chinesa na fronteira.

Embora os jatos indígenas da Índia tenham sido aprovados para produção em massa, a produção lenta pela estatal Hindustan Aeronautics Limited (HAL) abre a oportunidade para pelo menos uma solução temporária para as ameaças atuais contra a China e o Paquistão.

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Tanques, navios e fuzis de assalto: a Índia ainda compra a maior parte de suas armas da Rússia25 de fevereiro de 2020.

Forças aéreas asiáticas recrutam mulheres pilotos de caça, 19 de fevereiro de 2020.

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O T-14 Armata para a Índia?13 de setembro de 2020.

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A guerra no Estreito de Taiwan não é impensável2 de junho de 2020.

A China lançou peças de artilharia e paraquedistas perto da fronteira indiana usando avião Y-20

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 13 de setembro de 2020.

No dia 8 de setembro, conforme noticiado pela mídia chinesa, as forças armadas chinesas concluíram seu primeiro lançamento aéreo de equipamento pesado do avião de transporte Y-20 durante um exercício de treinamento de combate na área do planalto tibetano, perto da sua fronteira com a Índia. A ação chinesa ocorre em um momento em que as tensões com a Índia aumentaram drasticamente. Na noite de 7 de setembro, soldados indianos e chineses trocaram tiros perto do Lago Pangong Tso, na seção oeste da fronteira entre a China e a Índia, em meio a acusações de transgressão da fronteira de ambos os lados.

Durante este treinamento de fogo real, a aeronave Y-20, com peso máximo de decolagem de 200 toneladas, lançou continuamente várias peças de equipamento pesado, incluindo lançadores de foguetes de múltiplos tubos (Multi-Barrel Rocket LauncherMBRL) de 107mm, veículos paraquedistas Tipo 03 (ZBD-03) e veículos blindados. Quando o equipamento pousou no solo, centenas de pára-quedistas saltaram da aeronave, conforme informado pelo China Military, o site oficial do Exército de Libertação do Povo Chinês (PLA).

O avião chinês Y-20 se prepara para seu primeiro lançamento aéreo pesado na região do planalto tibetano. (Ministério da Defesa chinês)

O MBRL é caracterizado por um poder de fogo leve e forte, tem um alcance máximo de cerca de 8km e é uma das principais armas de apoio para forças de resposta rápida, como tropas aerotransportadas, afirmou o PLA.

Segundo o especialista da Força Aérea do PLA, Fu Qianshao: 

"Para entregar materiais e equipamentos com precisão a um destino de uma altitude de centenas de metros ou até mais, a aeronave e o pessoal envolvido devem estar totalmente equipados e altamente qualificados. O lançamento paraquedista é um sistema técnico altamente sofisticado de uma quantidade intensiva de tecnologias, incluindo sistemas de carga e descarga a bordo, sistemas de pára-quedas, sistemas de frenagem, etc; bem como o próprio equipamento de lançamento aéreo”.

Mapa do planalto tibetano.

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domingo, 16 de agosto de 2020

FOTO: PSG-1 em Sirinagar

Policial militar indiano da Força Policial da Reserva Central (Central Reserve Police Force, CRPF) armado com um fuzil de precisão HK PSG-1 em Sirinagar, na Índia.

Com 246 batalhões e vários outros estabelecimentos, a CRPF é considerada a maior força paramilitar da Índia e tem uma força de mais de 300.000 homens.

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terça-feira, 28 de julho de 2020

GALERIA: O Steyr AUG e os fuzis bullpup na Índia

Testes do Steyr AUG pelo exército indiano no final dos anos 80.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 27 de julho de 2020.

Na década de 1980, o Exército indiano queria substituir os fuzis SLR (FAL imperial) mais antigos que utilizava há duas décadas. Também queria trocar o calibre 7,62x51mm OTAN para um fuzil de calibre 5,56x45mm. Em 1985, após os testes, o Steyr AUG e o HK G41 foram pré-selecionados. Ambos eram armas foram consideradas excelentes em suas respectivas classes e ambos os fabricantes ofereceram transferência de tecnologia e produção de licenças. No entanto, ambos tinham algumas vantagens e desvantagens.

Algumas vantagens do AUG eram que possuía canos intercambiáveis para fuzil, carabina e fuzil-metralhador e reduziam a logística e simplificavam o treinamento das tropas. No entanto, não foi considerado um fuzil de batalha de infantaria ideal por causa do seu tamanho compacto, julgado muito curto para o combate com baionetas. O G41 tinha todas as características para ser um fuzil de batalha, mas não oferecia nada de novo além do calibre 5,56mm. Também não oferecia os mesmos componentes intercambiáveis.


O AUG impressionou os generais por conta da sua mira telescópica, desenho bullpup e carregador transparente; mas, foi considerado muito caro para a adoção geral e o programa foi abandonado em favor de um fuzil de fabricação indiana (que mais tarde seria conhecido como INSAS). O Exército Indiano é muito grande, o segundo maior do mundo, e a infantaria é a sua principal arma, o que torna a adoção de fuzis um processo caro e difícil.

Shri Kiren Rijiju, atual ministro do Interior, com o Steyr AUG A1 9mm na Academia da Polícia Nacional, Hyderabad no 3º dia da Conferência Geral Anual dos Diretores-Gerais de Polícia da Índia (All India Annual Director Generals of Police Police Conference).

Policial da CRPF com um Steyr AUG.
Imagens como essa são incomuns e a CRPF diz estar satisfeita com o Tavor X95.

Alguns fuzis AUG foram introduzidos em número limitado, servindo  Os Steyr AUG foram introduzidos no regimento para-comando (1 Para SF) do Exército Indiano, além de serem usados pelo Grupo Especial (Special Group, SG), unidades da Reserva Central da Polícia Nacional (Central Reserve Police Force,CRPF) além de outras, mas apenas em número limitado. Em essência, foi o primeiro fuzil bullpup de todas as forças indianas. Mesmo agora, muitos soldados indianos podem ser vistos com o Steyr AUG durante exercícios conjuntos com o Exército Real de Omã, o qual também utiliza este fuzil.

Soldados indianos e omanis armados com o Steyr AUG durante um exercício.

Soldados indiano e omani com fuzis Steyr AUG.

Soldados indianos com o Steyr AUG durante exercícios com o Exército Real de Omã.

No entanto, os generais ficaram tão impressionados com essa arma futurista que o INSAS foi obrigado a ter carregadores transparentes. A ergonomia bullpup também impressionou os indianos, que adquiriram fuzis Tavor TAR-21 e X95 israelenses em quantidades relevantes.

Para-comandos indianos com fuzis Tavor TAR-21.

O lança-granadas GTAR-21 em evidência.

O Grupo Especial de Proteção (Special Protection Group, SPG), encarregado da segurança do primeiro-ministro indiano e dos seus familiares imediatos, adotou o também bullpup FN F2000.

Homens do SPG com o FN F2000.

A crise dos fuzis

Soldado indiano mirando com o fuzil INSAS.

A adoção do INSAS foi uma decisão problemática. O Conselho de Fábricas de Munição (Ordnance Factory Board, OFB), um monopólio da indústria indiana sob o DRDO (Defence Research and Development Organisation, Organização de Pesquisa e Desenvolvimento de Defesa),  vem produzindo armas leves de baixa qualidade há décadas; e mesmo se mostrando incapaz de suprir a demanda de munição. Isto forçou o ministério da defesa indiano a realizar compras de emergência de fuzis e munições de fabricante estrangeiros, onerando sobremaneira o orçamento da defesa. 

Segundo o livro Military Industry and Regional Defense Policy: India, Iraq and Israel, de Timothy D. Hoyt (2006):

"No início dos anos 80, o DRDO assumiu o compromisso de desenvolver uma nova série de armas portáteis de 5,56mm para as forças armadas indianas chamada INSAS. Tanto a Heckler & Koch da Alemanha quanto a Steyr da Áustria se ofereceram para suprir as necessidades imediatas da Índia e transferir tecnologia no valor de US$ 4,5 milhões gratuitamente. Essas ofertas foram recusadas e o DRDO passou a década seguinte, e aproximadamente 2 bilhões (cerca de US$ 100 milhões em 1990), reinventando uma família de armas portáteis baseada fortemente nas tecnologias Steyr e H&K. Enquanto isso, a Índia importou fuzis AK-47 de antigos países do Pacto de Varsóvia para atender aos requisitos. O INSAS finalmente entrou em serviço no final dos anos 90."

Após a conclusão dos testes, o INSAS (Indian Small Arms SystemSistema de Armas Portáteis da Índia) foi adotado oficialmente em 1990. No entanto, para eliminar progressivamente os obsoletos fuzis Lee-Enfield de ação de ferrolho ainda em uso o mais rápido possível, a Índia teve que adquirir 100.000 fuzis AKM de 7,62x39mm da Rússia, Hungria, Romênia e Israel em 1990–92.

Exercício Conjunto Shakti 2019. Os indianos estão armados com o fuzil Pistol Mitralieră model 1990 (PM md. 90), o AKM romeno. Os franceses portam o FAMAS F1 e o indiano da direita uma Brügger & Thomet MP9 (B&T MP90).

Em 1997, o fuzil e o FM entraram em produção em massa. Em 1998, os primeiros fuzis INSAS foram exibidos no desfile do dia da república, em 26 de janeiro. A introdução do fuzil foi adiada devido à falta de munição 5,56x45mm. Grandes quantidades do mesmo foram compradas das Indústrias Militares de Israel em caráter de emergência. A indústria indiana se mostrou incapaz de suprir a demanda, e o próprio comandante do exército reclamou publicamente que a Índia não tem munição suficiente para 4 dias de guerra.

O INSAS é baseado principalmente no AKM, mas incorpora recursos de outros fuzis, possuindo muita influência do FAL, AUG e do Galil. O batismo de fogo do INSAS foi a Guerra de Kargil, de 1999, e os resultados foram desanimadores. Os fuzis foram usados nas altas elevações do Himalaia e houve reclamações de engripamento, carregadores rachando devido ao frio e o fuzil entrando no modo automático quando colocado no modo de rajadas de três tiros. Havia também um problema de pulverização de óleo no olho do operador. Também foram relatados alguns feridos durante treinamentos de tiro. Em 2001, a variante 1B1 foi introduzida para resolver problemas relacionados à confiabilidade do fuzil apontados na Guerra de Kargil, mas esta abriu outros problemas, tais como carregadores quebrados.

Paramilitares indianas empunhando o INSAS na fronteira com o Nepal.

Queixas semelhantes também foram recebidas do Exército Nepalês. Em agosto de 2005, depois que 43 soldados foram mortos em um confronto com guerrilheiros maoístas, um porta-voz do Exército Nepalês chamou o fuzil de "abaixo do padrão" e disse que operação de contra-insurgência nepalesa teria sido mais eficiente com armas melhores.

Em novembro de 2014, o CRPF solicitou a retirada do INSAS como seu fuzil padrão devido a problemas de confiabilidade. O diretor-geral da CRPF, Dilip Trivedi, disse que o INSAS emperrava com mais frequência em comparação com o AK-47 e o X-95. Em abril de 2015, o governo indiano substituiu alguns fuzis INSAS do CRPF por fuzis AK-47. No início de 2017, foi anunciado que os fuzis INSAS seriam retirados de serviço e substituídos por fuzis no cartucho 7,62x51mm OTAN. Em março de 2019, a mídia especializada informou que as forças armadas indianas deveriam substituir o INSAS pelos fuzis AK-203 projetados na Rússia, fabricados na Índia sob uma joint venture.

Um soldado indiano observa um M4A1 do Exército Americano no Exercício Yudh Abhyas, 2019.

Depois de constantes vacilações, os indianos fizeram uma compra de 72,400 mil fuzis SIG-716 Patrol G2 fabricados nos Estados Unidos, com uma segunda encomenda de 72 mil a ser feita. O governo indiano é conhecido pelo seu diletantismo sobre compras de armamentos e a insistência na fabricações nativa na Índia, com um número de empresas irritadas se afastando ou abandonando inteiramente concursos de armamentos indianos.

Soldados indianos armados com os fuzis SIG-716 em exercício conjunto com os franceses; estes armados de bullpup FAMAS F1. Um indiano à esquerda porta uma MP9.

Em 2018, a empresa americana Colt e a italiana Beretta saíram no meio do concurso das novas carabinas do Exército Indiano. Outros fabricantes de armas de destaque, como o belga FN Herstal e o alemão Heckler & Koch, nem se deram ao trabalho de participar do concurso, devido principalmente à maneira notoriamente extravagante, ad hoc e imprevisível pela qual o Ministério da Defesa indiano até agora adquiriu armas de fogo para o Exército. O exército então selecionou a oferta da Caracal International LLC em caráter de "fornecimento rápido". Baseada nos Emirados Árabes Unidos, a Caracal vai produzir 93.895 carabinas CAR 816, uma versão do HK416, chamada de Caracal Sultan ou simplesmente Sultan (Sultão).

Conclusão

F90 da Thales.

Este não foi o fim dos bullpups no Exército Indiano. Na convenção Defexpo 2018, a MKU garantiu direitos de licença aos indianos para fabricarem o F90. Em abril de 2019, a variante F90CQB foi planejada para, em conjunto com o Kalyani Group, ser submetida aos requisitos do Exército Indiano para uma carabina em 5,56 mm OTAN.

No final de 2002, a Índia assinou um contrato de 880 milhões de rúpias indianas (US$ 38 milhões em 2019) com as Indústrias Militares de Israel (IMI) por 3.070 fuzis Tavor TAR-21 fabricados em Israel para serem supridos ao pessoal das forças especiais indianas, onde sua ergonomia, confiabilidade no calor e na areia pode dar-lhes uma vantagem em combates aproximados e quando empregados dentro de veículos. Em 2005, a IMI havia fornecido de 350 a 400 TAR-21 para a Força de Fronteira Especial (Special Frontier ForceSFF) do norte da Índia. Estes foram posteriormente declarados como "operacionalmente insatisfatórios". As alterações necessárias foram feitas e os testes em Israel durante 2006 foram bem, liberando a remessa contratada para entrega. 

Para-comandos indianos em treinamento conjunto com os Boinas Verdes americanos do 2º Batalhão, 1º Grupo de Forças Especiais (Paraquedista) em Camp Rilea, Oregon.

"Jawans" do Regimento de Fuzileiros Rashtriya armados com o TAR-21.

Houve uma tentativa de criar uma versão indiana do Tavor sob licença conhecida como Zittara, que não foi adotada e foi feita com alguns protótipos da OFB. Os novos Tavor X95 têm uma coronha de peça única modificada e novas miras, além dos lança-granadas MKEK T-40 de 40mm, fabricados na Turquia. 5.500 foram introduzidos recentemente e mais fuzis estão sendo encomendados. Uma remessa de mais de 500 fuzis de assalto Tavor e outros 30 fuzis sniper Galil no valor de mais de 150 milhões de rúpias indianas (US$ 2,1 milhões) e 20 milhões de rúpidas indianas (US$ 280.000), respectivamente, foi entregue ao MARCOS (Comandos Fuzileiros Navais) em dezembro de 2010. Em 2016, a IMI anunciou que estava estabelecendo uma joint venture 49:51 com o Punj Lloyd, para fabricar componentes de fuzis na Índia.

Comandos do SPG com fuzis bullpup FN F2000TR com miras holográficas EOTech-552 e pistolas FN Five-Seven.

Soldado indiano com um Steyr AUG em manobras com os omanis.

Em suma, o combatente indiano demonstrou apreço pela ergonomia e tamanho diminuto do sistema bullpup, e não parece desejar se desfazer de armamentos nesta configuração. No entanto, a indústria governamental e indecisão das suas lideranças vêm desapontando o guerreiro na ponta de lança e a idéia de uma produção nativa destes e outros armamentos permanece distante.

Indianos e omanis no exercício Al-Nagah 2019.

Foto de formatura no exercício Al-Nagah 2019.

Bibliografia recomendada:


Elite Forces of India and Pakistan,
Kenneth Conboy.

Leitura recomendada:

Exército indiano revisa seleção e treinamento de Operações Especiais22 de junho de 2020.

A Austrália quer vender à Índia seu próximo fuzil CQB - eis o que eles estão oferecendo24 de fevereiro de 2020.

Sobre os méritos do M4 e EF88 (e mais) | PARTE 1, 27 de abril de 2020.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Exército indiano revisa seleção e treinamento de Operações Especiais


Por Steve Balestrieri, SOFREP, 21 de junho de 2020.

Tradução Filipe de A. Monteiro, 22 de junho de 2020.

O Exército Indiano está tentando reestruturar o processo de seleção de seu pessoal voluntário para as Forças Especiais e batalhões aeroterrestres. Também visa expandir seu papel em vários teatros operacionais.

A índia, apesar de possuir grandes números unidades e tropas de Forças Especiais, não possui uma estratégia nacional sobre como suas tropas FE/SF devem ser empregadas. Isso afeta a eficácia final da força e aumenta a possibilidade de que a força seja mal utilizada pelo governo.

Em resposta a isso, em 2012, um comitê de segurança nacional viu a necessidade de um Comando de Operações Especiais dedicado, semelhante ao USSOCOM; no entanto, isso ainda não foi concretizado: A Seleção e Avaliação, bem como o treinamento para as Forças Especiais da Índia e unidades aeroterrestres, não são realizadas em um local centralizado, nem possuem um núcleo de instrução padronizado.


Uma proposta, vinda de vários oficiais de alta patente da defesa, recomenda que o processo de seleção seja centralizado e conduzido a partir de um único local.

Atualmente, cada uma das unidades conduz seu próprio processo de seleção e avaliação chamado "Estágio", enquanto sob o guarda-chuva do Regimento Paraquedista. O Regimento Paraquedista, o qual fornece mão-de-obra para as Forças Especiais e batalhões aeroterrestres, possui pessoal especialmente treinado que é voluntário de todas as armas e serviços do Exército. Oficiais e todas as outras graduações podem se voluntariar para se juntar ao regimento e às Forças Especiais.

Os candidatos devem completar um período probatório difícil de três meses. Após a conclusão bem-sucedida do período, eles são iniciados no regimento aeroterrestre ou nas unidades das Forças Especiais. As unidades individuais têm parâmetros de missão muito rígidos e sua Seleção/Avaliação e treinamento são voltados para a missão da unidade específica. O treinamento cruzado é praticamente inexistente.

"Cada unidade de forças especiais se orgulha de certas tradições e etos ... o estágio existe para garantir que o soldado esteja mentalmente adaptado a elas e disposto a aceitá-las," disse uma fonte dentro das forças armadas.


No esforço para levar as unidades FE/SF a um estado mais alto de prontidão e versatilidade, isso está prestes a mudar. Qualquer pessoa pode se voluntariar para as FE/SF, independentemente da Arma ou Serviço aos quais são designados. No entanto, sob o sistema atual, os oficiais que se voluntariam, primeiro vão ao Centro de Treinamento Regimental de Paraquedistas (Parachute Regimental Training CentrePRTC) em Bengaluru e são posteriormente enviados às unidades do Regimento Paraquedista para seu estágio individual. No entanto, os alistados e os suboficiais se apresentam diretamente às unidades para o seu período de estágio.

O Exército propôs um sistema que altera o programa inicial de Seleção e Avaliação para voluntários das Forças Especiais e do Regimento  Paraquedista. Os candidatos serão notificados com dois meses de antecedência antes do início do processo de seleção, após o qual ocorrerá uma fase preparatória de orientação de uma semana.

Paraquedistas indianos recebendo as asas de prata americanas após um salto com os Rangers.

Uma vez concluída a orientação, a Fase I do treinamento incluirá um processo de seleção e avaliação de quatro semanas na Escola de Treinamento das Forças Especiais.

Após o curso de seleção inicial, os candidatos serão designados para batalhões paraquedistas ou de forças especiais através de uma comissão de oficiais.

Uma vez designados para um batalhão, os voluntários serão submetidos à Fase II do estágio: três meses de treinamento em habilidades básicas. Este curso de treinamento será diferente para voluntários das forças especiais e aeroterrestres.

Finalmente, o grupo selecionado passará pela Fase III do treinamento, o qual incluirá quatro semanas do curso básico de paraquedismo na Escola de Treinamento Paraquedista de Agra.

A proposta do Exército exige que quatro cursos sejam realizados a cada ano - em março, junho, setembro e dezembro - com um máximo de 500 candidatos por curso, incluindo oficiais.


Com a possibilidade de conflito com o Paquistão e a China, as FE/SF indianas precisam melhorar sua prontidão geral. Isso deve incluir treinamento cruzado para todas as tropas e preparação para todos os ambientes. Uma fraqueza patente que o Tenente-General Prakash Katoch, um oficial de operações especiais do exército indiano, apontou foi:

"A falta de uma célula de inteligência, recursos de inserção e extração 'dedicados' (helicópteros, aeronaves, etc.), grupo de apoio, grupo de logística, célula cibernética, célula de treinamento, grupo de pesquisa e desenvolvimento, interface com R&AW, NTRO, IB, com a Escola de Treinamento das Forças Especiais (Special Forces Training School, SFTS) e similares. Podemos propagar que a Índia está erguendo o AFSOD nas linhas do Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos (United States Special Operations CommandUSSOCOM), mas há pouco entendimento de que aeronaves e helicópteros integrados ao SOCOM sejam especialmente modificados para forças de operações especiais."

Finalmente, as forças armadas indianas têm uma mentalidade reativa defensiva que também precisa mudar para que as unidades FE/SF operem com eficiência máxima.

Steve Balestrieri atuou como graduado, sargento e Warrant Officer (sem equivalente no Brasil) das forças especiais antes que ferimentos forçassem sua reforma precoce.

Bibliografia recomendada:



Leitura recomendada:


FOTO: As cobiçada asas paraquedistas30 de janeiro de 2020.


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

A Austrália quer vender à Índia seu próximo fuzil CQB - eis o que eles estão oferecendo

Um soldado australiano dispara seu fuzil EF88 Austeyr no Iraque. O F90 é padronizado na plataforma F88.
(Foto do Exército dos EUA por Spc. Audrey Ward)

Por Ian D'Costa, Military Times, 26 de abril de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 24 de fevereiro de 2020.

Desde 1989, o Exército Australiano usa uma versão produzida internamente do Armee-Universal-Gewehr da Steyr Arms (Fuzil Universal do Exército, ou AUG), oficialmente conhecido como F88 Austeyr, como sua arma de serviço padrão.

Uma parceria conjunta entre a Thales Australia e o Kalyani Group agora planeja oferecer às forças armadas indianas uma versão de exportação do F88 para a nova exigência de carabina do país.

Atualmente, a Índia está no meio de um grande programa de rearmamento que fará com que seu exército elimine as armas mais antigas em favor de uma combinação de hardware ocidental mais recente, popular entre os estados membros da OTAN, além de armas e kits projetados e produzidos pela Índia.

A Gear Scout informou anteriormente que a Índia compraria 72.400 fuzil de batalha SIG716 e um número desconhecido de carabinas Caracal CAR816 como parte de um contrato de US$ 503 milhões. Mais tarde, o The Firearms Blog informou que a contagem esperada de CAR816s era de cerca de 95.000.

A variante de exportação do F88, apelidada de F90, foi originalmente oferecida como concorrente do CAR816, mas agora entrará em uma competição separada, voltada para o fornecimento ao Exército Indiano de uma nova carabina de combate aproximado em compartimento (closer quarters battleCQB).

O F90 com um lançador de granadas SL40 de 40 mm opcional (Foto Lithgow Arms)

De acordo com a solicitação enviada pelo Ministério da Defesa da Índia, a carabina CQB precisa ser calibrada no 5,56x45mm OTAN, deve possuir um alcance efetivo mínimo de 200 metros (218 jardas) e ter uma precisão de 5 minutos de ângulo ou melhor, e novo em folha.

A Thales Australia e o Grupo Kalyani esperam que o F90 seja exatamente o que as forças armas indianas estão procurando. Construído sob licença da Steyr pela Lithgow Arms, o F90 foi projetado para ser altamente modular e pode colocar um lança-granadas SL40 de 40mm sob o cano, bem como uma série de outros acessórios e ópticas em seus trilhos Picatinny.

O F90 vem com três comprimentos de cano - 360mm, 407mm e 508mm. Graças ao seu traçado bullpup, o comprimento máximo da arma com seu cano mais longo é de 802mm. Para comparação, a carabina M4 chega a 840mm com seu cano padrão de 370mm. Um gatilho de dois estágios dá ao operador a capacidade de disparar no modo semiautomático com o primeiro estágio do puxão, ou em uma rajada de três tiros no segundo estágio.

O F90 pode acomodar várias ópticas em seu trilho superior, incluindo miras holográficas e ampliadas (Foto Lithgow Arms)

Uma parte considerável da decisão australiana de comprar e colocar em campo o Steyr AUG original como o F88 foi o fato de ser um fuzil bullpup, o que significa que o receptor (caixa da culatra), o mecanismo de disparo e o carregador estavam localizados atrás da empunhadura de pistola e do gatilho. Isso permite que um cano mais longo seja usado em uma armação mais compacta, tornando a arma muito mais manobrável e precisa.

Por mais revolucionário que o F88 possa ter sido no momento de sua adoção pelo exército australiano, ele não passou exatamente sem críticas, especialmente das unidades de operações especiais australianas.

De fato, o fuzil foi tão mal recebido pelo Regimento de Serviço Aéreo Especial (Special Air Service Regiment, SASR) de elite do país, modelado com base no SAS de primeira linha do Reino Unido, que a unidade optou por comprar mais carabinas M4 e limitar o uso do F88.

Operadores especiais se viram emaranhados com um fuzil que não era ergonomicamente adequada para ser confortavelmente manejada por um usuário final equipado com uma armadura corporal, graças ao tamanho exagerado da soleira da coronha do F88.

Além disso, as trocas de carregador frequentemente afastavam os olhos do usuário da luta devido ao posicionamento desajeitado do depósito do carregador.

Essas questões podem representar uma ameaça à candidatura do F90. No entanto, se o F90 for bem-sucedido, o governo indiano planeja comprar mais de 360.000 fuzis, os quais seriam hipoteticamente produzidos em fábricas indianas.

Ian D’Costa é um correspondente da Gear Scout, cujo trabalho foi apresentado nos sites We Are The Mighty, The Aviationist e Business Insider. Um homem ávido ao ar livre, Ian também é um entusiasta de armas e equipamentos.

Post-Script: Críticas do SASR sobre o F88.

Suboficial (WO) do SASR critica o Austeyr F88

Foto: DoD australiano

Em uma edição recente da revista australiana Contact: Air, Land & Sea, um suboficial (Warrant Officer, sem equivalente no Brasil) do Regimento de Serviço Aéreo Especial australiano criticou a adoção do fuzil de assalto F88. Baseado no Steyr AUG de projeto austríaco, o F88 é produzido domesticamente na Austrália. Especificamente, o autor anônimo, escreve que a arma deve ser retirada de uso.

Especificamente, ele menciona:

"O Steyr exige uma mudança de carregador mais difícil sob estresse, além de desviar os olhos do operador por um longo período enquanto recarrega, tirando uma valiosa consciência do que está acontecendo ao seu redor.

O tamanho da coronha no Steyr não é propício para uma boa colocação da arma no ombro, especialmente com o colete. Isso afeta o alinhamento da visão, o alívio dos olhos, o apoio da bochecha e uma posição de tiro estável com a arma no ombro.

Há uma série de outras razões, no entanto, não entrarei nesse mérito. Mas nossos soldados, particularmente nossa infantaria, poderiam ser muito mais bem servidos com um novo e melhorado sistema de armas pessoais primárias."

(Foto: DoD australiano)

Isso não é realmente uma grande novidade. O SASR adotou o M4 pela primeira vez em 1998, depois que seus F88s não atingiram as expectativas no desdobramento do 1º esquadrão no Kuwait em apoio à Operação Desert Thunder (novembro-dezembro de 1998). No entanto, antes disso, a unidade estava modificando os M16 restantes do serviço no Vietnã para servirem como carabinas. Infelizmente, as armas eram antigas e não se destinavam realmente às modificações autônomas da unidade e não eram tão confiáveis quanto às armas propriamente fabricadas. As queixas do Esquadrão chegaram ao Departamento de Defesa (DoD) australiano, que enviou uma equipe de oficiais de requerimento de infantaria. Na época, eles pensaram que talvez pudessem modificar o F88 para ter um desempenho tão bom quanto o M4A1 SOPMOD sendo usado pelos colegas americanos do contingente australiano. Não muito tempo depois, surgiram os extras da seção de trilhos Picatinny para o Austeyr. Mas, finalmente, os operadores especiais australianos conseguiram seus M4 e o restante das ADF manteve o F88. Desde então, a questão se deteriorou.

Independentemente disso, é sempre interessante quando um membro de serviço do SASR fala sobre recursos operacionais ou a falta deles.