sexta-feira, 1 de maio de 2020

Não subestime as pequenas forças armadas de Cingapura

Militares cingaporeanos com militares franceses no Champs-Élysées. (Reuters)

Por Charlie Gao, The National Interest, 6 de janeiro de 2020.
Tradução Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 1º de maio de 2020.

Suas forças armadas batem forte.

Ponto-chave: Cingapura investiu fortemente em tecnologia e hardware ocidentais.

Apesar do seu pequeno tamanho geográfico, Cingapura possui uma das forças armadas mais avançados e bem equipadas do Sudeste Asiático. Ela gasta mais em suas forças armadas do que qualquer um dos seus vizinhos. Sendo uma pequena cidade-estado, um dos braços mais fortes das forças armadas de Cingapura é a Força Aérea da República de Cingapura (Republic of Singapore Air Force, RSAF). Mas como ela se compara aos vizinhos, do pequeno ao grande? A tecnologia ocidental realmente oferece o nível de vantagem necessário para se defender?

A espinha dorsal da RSAF é uma frota de caças F-15 e F-16. A RSAF tem em serviço quarenta F-15SG Eagles, quarenta F-16D e vinte F-16C. Estes são acrescidos em cerca de trinta F-5S Tiger II e alguns A-4 Skyhawks em armazenamento. Cingapura também possui uma capacidade AWACS com cinco jatos Gulfstream 550 israelenses modificados.

Primeiros F-15SG da RSAF em novembro de 2008. (USAF)

De todas essas aeronaves, o caça mais forte de Cingapura é definitivamente o F-15SG, um variante do F-15E. A vantagem mais importante do F-15SG é o radar APG-63 (V) 3 AESA, que é um dos melhores radares montados em aeronaves em qualquer caça da região.

Os AESA também têm a capacidade de executar tarefas de guerra eletrônica (electronic warfareEW): eles podem degradar ativamente a trava de um míssil guiado por radar ativo enquanto fazem a varredura ao mesmo tempo devido à sua natureza eletrônica. Há rumores de que os F-16 da RSAF estejam passando por atualizações semelhantes para receber seus próprios AESA.

F-15SG da RSAF levantando vôo à noite. (RSAF)

O F-15SG também possui um sistema IRST, que lhe permite detectar e travar aeronaves com mísseis infravermelhos sem sequer ligar o radar. A lâmpada IRST é posicionada em um poste sob o motor esquerdo do F-15SG e é diretamente integrada ao avião.

Para realizar o abate de fato, o F-15SG possui o avançado míssil ar-ar AIM-9X Block II. Isso é integrado ao capacete Joint Helmet Mounted Cueing System (JHMCS), que permite ao buscador rastrear para onde o piloto está olhando, permitindo que o míssil trave nos alvos fora da mira.

Conquanto a Força Aérea Soviética foi pioneira nessa capacidade com as aeronaves R-73 e Su-27 / MiG-29 (incluindo aquelas em serviço com seus vizinhos), o JHMCS e o AIM-9X Block II a elevam ainda mais, com um ângulo de trava do buscador mais amplo do que aquele que pode ser alcançado com o sistema russo.


Para alvos de longo alcance, Cingapura tem acesso a mísseis ar-ar avançados de longo alcance guiados por radar: o AIM-120C-7. Também possui estoques de AIM-120C-5 de médio alcance. Eles podem ser disparados tanto pelos F-15 quanto pelos F-16 de Cingapura, embora seja provável que o F-15 consiga obter um travamento mais cedo com seu radar AESA.

Embora seja claro que a Força Aérea de Cingapura tem um impacto significativo no ar, sua missão não é apenas proteger a própria Cingapura, mas seus interesses na região imediata. Como resultado, eles possuem estoques significativos da AGM-154 JSOW, uma bomba planadora americana de longo alcance que pode voar até 130 km de distância. Embora estas possam ser usadas para realizar um ataque alfa contra um oponente, espera-se que Cingapura os use mais em um papel anti-transporte.

Uma das maiores ameaças de caça a Cingapura pode vir da Indonésia, que comprou o avançado Su-35S no início deste ano. No entanto, eles são menos numerosos que a frota de F-15SG de Cingapura. A Indonésia também possui muitos outros tipos de aeronaves: a Força Aérea Indonésia possui F-16, Su-27 originais, duas variantes diferentes dos Su-30 e F-5E Tiger II também. Obviamente, isso resulta em maiores problemas de manutenção e sustentação para a Indonésia.

Sukhoi SU-30MK2 da Força Aérea Indonésia (TNI-AU) no aeroporto de Hang Nadim, em 3 de outubro de 2016. (Antara/MN Kanwa)

Outra força aérea forte que poderia enfrentar Cingapura é a aviação da Marinha (PLAN) da China. A China também possui caças J-15. Em grande parte, são variantes desenvolvidas na China dos Su-27S Flankers de primeira geração que a China recebeu pela primeira vez na década de 1990. Enquanto no papel eles têm os mesmos recursos que o F-15SG (mísseis ARH, IRST, radar avançado), os Flankers da China ainda são considerados com baixa potência devido a seus motores.

A Malásia também é uma forte concorrente, apresentando uma mistura estranha de aviões ocidentais e orientais como a Indonésia. Ao contrário da Indonésia, a maioria de seus Flankers é de variantes mais antigas, e boa parte de sua frota de caça é de MiG-29 relativamente obsoletos. Eles também têm em serviço o AIM-9X Block II como Cingapura.

No geral, ao contrário de seus vizinhos, Cingapura foi "all in" com a tecnologia ocidental. As origens comuns de suas aeronaves provavelmente facilitam o reabastecimento e a manutenção. Essa tendência parece continuar agora que Cingapura está olhando para o F-35 como um substituto para seus F-5E. Eles também têm a vantagem significativa de ter aeronaves AWACS, ao contrário de seus dois vizinhos mais próximos.

Charlie Gao estudou ciência política e da computação no Grinnell College e é um comentarista frequente em questões de defesa e segurança nacional.

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