quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

O regime da Venezuela enche seus bolsos com dinheiro do narcotráfico

Por Julieta Pelcastre, Diálogo, 20 de abril de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 24 de fevereiro de 2021.

[Nota do Warfare: As opiniões expressas nessa artigo são de responsabilidade da autora, e não refletem necessariamente àquelas do Warfare Blog.]

Há anos, a Venezuela vem fortalecendo o narcotráfico. O líder da ilegítima Assembleia Nacional Constituinte, Diosdado Cabello Rondón, desempenha um papel decisivo no processo, não só porque é o segundo homem mais poderoso do regime, mas também porque dá proteção política e militar aos crimes do narcoterrorismo, alegou o Departamento de Justiça dos EUA.

Em 26 de março, o procurador-geral dos EUA, William P. Barr, anunciou a acusação de Nicolás Maduro e Cabello (bem como de 13 outros altos funcionários venezuelanos). Os Estados Unidos ofereceram US$ 10 milhões pela captura de Cabello.

“As acusações levarão o regime a se entrincheirar e os que foram formalmente acusados a verem seu destino permanentemente vinculado ao de Maduro”, disse à BBC Mundo Geoff Ramsey, pesquisador da organização não-governamental de direitos humanos Gabinete de Washington para a América Latina (Washington Office for Latin America). “Cabello, como Maduro, não saiu da Venezuela desde que os Estados Unidos começaram a sancioná-los, o que dificulta sua captura”.

Além de denunciar que o regime está inundado de corrupção e crime, o promotor americano disse que os acusados traíram o povo venezuelano e corromperam as instituições do país quando eles encheram seus bolsos com dinheiro de drogas.

Uma reportagem do jornal espanhol ABC indica que Cabello lidera uma rede de contrabando de drogas, minerais e combustível, da qual é o principal beneficiário. Por meio dessa estrutura, “Cabello recebe cerca de meio milhão de dólares por mês, que cada um dos comandantes dos 24 estados venezuelanos lhe entrega em mãos, em um envelope”, diz a ABC.

“Este número deve ser multiplicado por pelo menos três”, disse Daniel Pou, pesquisador associado da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais da República Dominicana, à Diálogo. “Cabello não é apenas o czar do narcotráfico, mas do tráfico de pessoas e de armas e da lavagem de dinheiro.”

Pou disse que Cabello é o homem que lida com todos os aparatos de inteligência, militares e civis. “Embora ele não tenha comando direto sobre as Forças Armadas da Venezuela, ele colocou todos os seus interesses nelas.”

Em seu relatório de 2019, a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE), que trabalha em estreita colaboração com as Nações Unidas, revelou que grupos criminosos se infiltraram nas forças de segurança venezuelanas e criaram uma rede conhecida como Cartel dos Sóis, que facilita a entrada e saída de drogas ilegais. “As Forças Armadas Bolivarianas controlam a economia do país”, afirma o JIFE.

Membros do 311º Batalhão de Infantaria Mecanizada "Libertador Simón Bolívar" apontam seus fuzis AK-103 durante os exercícios militares da Operação Escudo Bolivariano de 2020 em Caracas, 15 de fevereiro de 2020. (Yuri Cortez / AFP)

O Departamento de Justiça dos EUA acredita na existência de evidências de conluio que remontam a 20 anos entre o Cartel dos Sóis, liderado por Maduro, e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) para enviar toneladas de cocaína aos Estados Unidos. Cabello, afirma o Departamento de Justiça, participou pessoalmente da entrega de metralhadoras, munições e lança-foguetes às FARC em uma base militar venezuelana.

“A Venezuela se tornou uma grande organização criminosa governamental”, disse à Diálogo Jorge Serrano, acadêmico do Centro de Altos Estudos Nacionais do Peru. “Além do Cartel dos Sóis, dirigido por Cabello nos últimos cinco anos, há mais três organizações que fazem parte do regime e que estão envolvidas em negócios obscuros conduzidos por militares venezuelanos.”

“Em primeiro lugar, a chamada direção, coordenada dentro de uma divisão de trabalho perfeita e macabra, dirigida por Maduro com assessoria cubana; segundo, a corporação síria comandada por Tareck El Aissami, um dos políticos mais próximos de Maduro e um dos dez chefões do tráfico mais procurados dos Estados Unidos; e terceiro, a empresa da família Diosdado Cabello, os cúmplices mais leais da estrutura criminosa, que sabem como funciona esse sistema porque o controlam desde o início”, acrescentou Serrano.

Cabello é o mais perigoso de toda a organização. Ele mantém a fortuna de outros líderes importantes e depois os extradita ou assassina, segundo o jornal independente Venezuela Libre.

“Quando esta ditadura for desmantelada e os acusados começarem a confessar, saberemos das grandes fortunas que eles conseguiram acumular em 20 anos de 'revolução'. Enquanto isso, Cabello e Maduro continuarão arraigados em suas próprias casas, controlando a economia do país com a ajuda das forças militares”, concluiu Pou.

Bibliografia recomendada:

Os Erros Fatais do Socialismo: Por que a teoria não funciona na prática,
economista F. A. Hayek.

Leitura recomendada:

Poderia haver uma reinicialização da Guerra Fria na América Latina?, 4 de janeiro de 2020.

Selva de Aço: A História do AK-103 Venezuelano13 de fevereiro de 2021.

FOTO: O fuzil sniper PSL na Nicarágua2 de janeiro de 2021.

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