segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

China - Japão: tensões renovadas no mar ao largo das Ilhas Senkaku

 

No auge da crise entre China e Japão, em 2013, as guardas costeiras chinesa e japonesa nas águas do arquipélago de Senkaku. (Reuters)

Por Paul Carcenac, Le Figaro, 8 de fevereiro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 8 de fevereiro de 2021.

Ao longo do fim de semana, a Guarda Costeira chinesa, cujo arsenal militar foi reforçado, ameaçou os barcos pesqueiros japoneses nas águas do disputado arquipélago.

É uma serpente marinha. A disputa pelas ilhas Senkaku, confetes desabitados varridos pelas ondas do Mar da China Oriental, 600 quilômetros a oeste de Okinawa, está envenenando as relações sino-japonesas. Desde 2012, as incursões de navios chineses em Diaoyu - nome dado às cinco ilhotas por Pequim - se multiplicaram. No sábado e depois no domingo, dois navios da Guarda Costeira chinesa voltaram a entrar nas cobiçadas águas japonesas, simulando a atracação de barcos de pesca, pelas 4ª e 5ª vez no ano.

Isso preocupa as autoridades japonesas mais do que de costume. Essas são as primeiras incursões desde a adoção da nova lei de polícia marítima da China, promulgada no início de fevereiro. Seu capítulo 6 causa estremecimento nos países com uma fronteira marítima em disputa com o país de Xi Jinping. Este texto fortalece o arsenal dessas guardas costeiras chinesas, equipando-as com revólveres contra a incursão de navios estrangeiros e com "armas pesadas" para responder aos "incidentes de violência grave" nas águas que reivindicam.

“A guarda costeira chinesa já se mostrava muito agressiva”, comenta Marianne Péron-Doise, pesquisadora em segurança marítima internacional do Instituto de Pesquisa Estratégica da École Militaire. "Existe agora o medo de passar para um estágio superior, com o uso sistemático da força. Os chineses pretendem testar o sangue frio das guarda costeiras e da Marinha Japonesa, podemos entrar em uma nova dimensão. É o caso da zona de Senkaku, mas também da zona do Mar da China Meridional (frente às Filipinas, Vietnã, Indonésia...) onde já ocorreram graves incidentes perpetrados por esta verdadeira milícia marítima", ela continua.

Navios japoneses e americanos.

Acesso ao Oceano Pacífico

O governo japonês protestou fortemente na segunda-feira, pedindo às autoridades chinesas que "parem imediatamente com suas manobras". Para Pequim, controlar as Senkaku é de grande interesse estratégico. "Trata-se de explodir uma eclusa de acesso para permitir que sua marinha, e seus submarinos, garantam um acesso mais discreto ao Pacífico e aos Estados Unidos", considera Marianne Péron-Doise. Durante o primeiro telefonema entre Joe Biden e o primeiro-ministro nipônico, Yoshihide Suga, também se tratava dessas ilhotas disputadas.

“O governo americano e as autoridades japonesas confirmaram que sua aliança inclui o apoio sobre as ilhas Senkaku”, explica Céline Pajon, pesquisadora responsável pelas atividades no Japão no Ifri, o instituto francês de relações internacionais. Para ela, o risco de enfrentamento continua limitado. "Seria extremamente arriscado para a China abrir fogo por conta do apoio dos americanos e das capacidades navais do Japão."

O número de navios que patrulham as águas das Senkaku deve aumentar com o tempo. “Já existe um grupo de 12 navios japoneses dedicados à proteção permanente dos ilhéus, mas as intrusões estão se tornando tais que pretendem desdobrar 10 novos navios até 2023”, destaca Céline Pajon. O suficiente para multiplicar o risco de incidentes.

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