sexta-feira, 11 de setembro de 2020

GALERIA: Operação anti-mineração das forças especiais colombianas

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 11 de setembro de 2020.

Em 11 de maio de 2015, a Colômbia enviou 600 soldados das forças especiais para um ataque maciço, com helicópteros Black Hawk, a minas ilegais da floresta amazônica. A mineração ilegal fornece às narco-guerrilhas ganhos de até US$ 76 milhões (acima de 402 milhões de reais) por ano e danifica gravemente os ecossistemas em áreas protegidas.

A operação foi uma resposta aos rebeldes marxistas quando estes publicaram um vídeo brandindo a perna decepada de um soldado que foi mutilado por uma mina terrestre. As forças especiais varreram uma área de mais de 700 quilômetros quadrados de selva, prendendo dezenas de pessoas.


Enquanto o governo colombiano lançava um ataque maciço à atividade ilegal de mineração que financiava grupos rebeldes no país - 600 soldados da força especial apoiados por helicópteros Black Hawk e barcos infláveis atacaram de súbito uma mina de ouro ilegal. A operação, uma repressão aos grupos guerrilheiros de esquerda, prendeu 59 pessoas, incluindo 12 membros do maior grupo rebelde do país, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

O Ministério da Defesa disse que a atividade de mineração na região da floresta tropical gera mais de mais de 6 milhões de dólares por mês para os rebeldes, e que a operação militar foi o maior golpe contra o comércio ilegal em uma década. Os rebeldes operavam minas em cinco províncias orientais subdesenvolvidas, onde metais como tungstênio, ouro e coltan são extraídos. As atividades de mineração ocorrem principalmente em áreas de preservação ambiental como charnecas, rios e florestas - e são conhecidas por causar poluição aos ecossistemas, perda de habitats de animais e deslocamento de comunidades nativas. As minas visadas durante a incursão, denominada Operação Anostomus, estavam localizadas nas selvas dos departamentos de Guainia e Vichada, na Reserva Natural Puinawai.

A Reserva Natural Puinawai, onde ocorreu a operação. (Daily Mail)

O então presidente colombiano, Juan Manuel Santos (2010-2018), ordenou a repressão depois de expressar repulsa aos relatos de que o Exército de Libertação Nacional (ELN), outra facção rebelde marxista-leninista, instalou uma mina anti-pessoal em um parque infantil no noroeste da Colômbia, explodindo as duas pernas de um soldado. Falando durante uma visita ao México, Santos disse que colocar minas terrestres "já é um ato selvagem", mas "mostrar uma perna como um troféu ao lado de um colégio, é um ato bárbaro que beira à loucura". Santos então ordenou às forças armadas “que intensifiquem (a ofensiva) contra o ELN” e “redobrem os esforços contra esta organização criminosa”.



Embora o governo tenha mantido negociações de paz com as FARC desde 2012, ele ainda não havia iniciado nenhum diálogo com o ELN. Apesar de sua postura firme, Santos reiterou sua disposição de iniciar negociações de paz com o grupo, dizendo que o "ELN é parte desta guerra, parte deste conflito, e seria ideal para nós chegarmos a um acordo com os dois grupos (rebeldes)", disse ele ao canal mexicano Televisa.

Em 4 de setembro de 2017, o ELN e o atual presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciaram uma trégua que começaria em 1º de outubro e duraria pelo menos até 12 de janeiro de 2018.





Em 17 de janeiro de 2019, o ELN explodiu um carro-bomba na Academia Nacional de Polícia General Santander em Bogotá, Colômbia. O caminhão detonou e matou 21 pessoas, incluindo o perpetrador, e feriu outras 68. Foi o ataque mais mortal à capital colombiana desde o atentado ao Clube El Nogal em 2003 e o primeiro ataque à capital desde o atentado ao Centro Andino em 2017. O ELN aceitou a responsabilidade pelo ataque e o justificou como uma resposta aos bombardeios feitos pelo governo colombiano durante o cessar-fogo unilateral. Como resultado do bombardeio, o presidente Iván Duque Márquez anunciou no dia seguinte, 18 de janeiro, que o diálogo de paz entre o Governo da Colômbia e o ELN estava oficialmente suspenso.

A força atual do ELN gira em torno de 2.500 guerrilheiros.



Vídeo recomendado:

Bibliografia recomendada:

Da Guerra à Pacificação: A escolha colombiana.
Ricardo Vélez Rodriguez.

Counterinsurgency in Modern Warfare.
Daniel Marston e Carter Malkasian.

Leitura recomendada:

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