Instrutores do Vega treinam combatentes da Liwa al-Quds (Brigada de Jerusalém) na Síria em uma foto postada em janeiro de 2019. (Oleg Blokhin / VKontakte) |
Por Kanat Altynbayev, Central Asian News, 11 de dezembro de 2020.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 9 de fevereiro de 2021.
A Vega se junta a uma lista crescente de mercenários russos - incluindo o Grupo Wagner - realizando o trabalho sujo do Kremlin em países estrategicamente importantes e oferecendo a Putin uma negação plausível.
ALMATY - As evidências crescentes de que a Rússia está aumentando sua dependência de unidades militares informais para resolver problemas estratégicos em países de interesse geopolítico estão causando preocupação em todo o mundo.
Além do Grupo Wagner - uma companhia militar privada (private military company, PMC) notoriamente envolvida em guerras no leste da Ucrânia, Síria, Líbia, Sudão, Venezuela, Madagascar e mais, e criada por associados próximos do presidente russo Vladimir Putin - a PMC russo-ucraniana Vega está sendo examinada pelo microscópio.
Esses contratados permitem que o regime russo inflija e sofra baixas, sem que nenhum derramamento de sangue apareça nos livros do Kremlin.
Em março de 2019, a Equipe de Inteligência de Conflitos (Conflict Intelligence Team, CIT), um grupo de blogueiros russos independentes que usa fontes abertas para investigar guerras, publicou dados indicando que mercenários do Vega operam na Síria desde 2018 para apoiar o presidente Bashar al-Assad, assim como seus homólogos do Grupo Wagner.
Instrutores do Vega treinam combatentas da Liwa al-Quds (Brigada de Jerusalém) na Síria em uma foto posada em janeiro de 2019. (Oleg Blokhin / VKontakte) |
Apoiando os combatentes da Liwa al-Quds na Síria
Instrutores do Vega treinam combatentes da Liwa al-Quds (Brigada de Jerusalém) na Síria em uma foto postada em janeiro de 2019. (Oleg Blokhin / VKontakte) |
Recrutando combatentes na Ásia Central
As PMC russas também estão envolvidas em atividades destrutivas, não apenas aquelas tarefas "obscuras", disse Ospanov. Eles contratam jovens de famílias carentes, principalmente os que vivem na Rússia, e oferecem-lhes altos salários para lutar na Síria. "Muitos dos mercenários são mortos, mas ninguém é responsabilizado", disse ele. O recrutamento também está ocorrendo nos países da Ásia Central.
Em agosto, soube-se que o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) abriu processos criminais contra 15 membros do Grupo Wagner, incluindo três quirguizes, que supostamente lutaram no leste da Ucrânia ao lado de separatistas pró-russos.
Dois anos antes, o jornal cazaque Caravan citou o SBU quando informou que bielo-russos, moldavos e cazaques estavam lutando como parte de uma PMC russa na Síria.
As PMC russas estão contratando estrangeiros para que "haja menos reclamações" sobre a Rússia, Andrei Buzarov, um cientista político de Kiev, Ucrânia, disse ao Caravan, sem especificar a origem das reclamações. Os mercenários também concordam em trabalhar para as PMC por razões financeiras, disse ele.
"Máquinas de matar" apoiadas pelo Kremlin
Ospanov está convencido de que o Vega está intimamente ligada ao Kremlin, já que está treinando um grupo apoiado pela Rússia.
“Não há necessidade de alimentar ilusões de que o Vega está ficando fora de combate e cumprindo as regras internacionais sobre as PMC”, disse ele. “Não há dúvida de que, em um momento decisivo, as PMC como o Vega puderiam ser mobilizadas e, de uma forma ou de outra, serem levadas a uma guerra híbrida, executando as missões de combate do Kremlin, como foi o caso da Ucrânia”.
A ameaça da Rússia de desencadear uma guerra híbrida também é relevante para a Ásia Central, particularmente para o Cazaquistão, disse Dosym Satpayev, de Almaty, cientista político e diretor do Grupo de Avaliação de Risco. Os problemas internos estão crescendo no Cazaquistão, que Moscou pode explorar para seus próprios interesses, disse ele.
"O surgimento de uma PMC estrangeira no Cazaquistão representa uma séria ameaça ao nosso país, já que é possível que, se a situação política mudar, ela possa se envolver em sabotagens", disse Satpayev.
As autoridades cazaques, por sua vez, desconfiam da própria ideia das PMC e não permitem que tais entidades operem legalmente no Cazaquistão. Em março de 2018, Dariga Nazarbayeva, senadora na época e filha mais velha do ex-presidente Nursultan Nazarbayev, denunciou a ideia de criar empresas PMC no Cazaquistão.
"Não apoio essa ideia. Isto é literalmente uma máquina de matar privada", disse ela. "Essas organizações não deveriam existir."
Bibliografia recomendada:
Russian Security and Paramilitary Forces since 1991. Mark Galeotti. |
Os condutores da estratégia russa, 16 de julho de 2020.
Síria: Os "ISIS Hunters", esses soldados do regime de Damasco treinados pela Rússia, 8 de setembro de 2020.
Helicóptero Gazelle de mercenários sul-africanos foi abatido em Moçambique, 26 de abril de 2020.
PERFIL: Akihiko Saito, o samurai contractor, 2 de fevereiro de 2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário