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terça-feira, 12 de julho de 2022

SIG SAUER MCX SPEAR. Olá XM-7! Adeus M4A1.


SIG SAUER MCX SPEAR - XM-7
FICHA TÉCNICA
Tipo: Fuzil de assalto.
Miras: Alça e massa em aço removíveis, podendo ser empregados sistemas óticos diversos presos ao trilho integral da arma.
Peso (vazio): 3,80 kg
Sistema de operação: A gás com trancamento rotativo do ferrolho.
Calibre: 277 Sig Fury (6,8x51mm).
Capacidade: 20 munições.
Comprimento Total: 86 cm.
Comprimento do Cano: 13 polegadas.
Velocidade na Boca do Cano: 884 m/seg.
Cadência de tiro: 800 tiros/ min.

Por Carlos Junior

CONTEXTUALIZANDO UM PROBLEMA
Dentro da realidade das guerras, onde o vídeo game não é capaz de retratar as dificuldades inerentes ao combate de forma leal, muitas coisas que deveriam funcionar perfeitamente, simplesmente podem não funcionar, colocando uma dificuldade enorme nas costas dos soldados em meio a batalha. Uma dessas situações é a da ineficácia da munição em calibre 5,56 mm em alguns ambientes de batalha onde o inimigo se encontrava a distancias maiores de 250 ou 300 metros e ainda, usando vestes pesadas, cheias de equipamentos como cintos de carregadores extras pelo corpo ou mesmo coletes balísticos. Os militares norte americanos tiverem dificuldades em abater com apenas um tiro de suas carabinas M-4A1 em calibre 5,56 mm, afegãos do talibã que estavam exatamente nessas circunstancias. Muitas vezes era necessário acertar 3 ou 4 vezes para por o inimigo fora de combate. Dentro da urgência de mudanças para se atenuar esse problema, foi desenvolvido munições especiais como o 5,56 mm MK262, criada pela empresa Black Hills dos Estados Unidos que ajudou a atenuar esses problemas de desempenho de "parada" das carabinas M-4A1. 
Mais recentemente, em 2017, o governo dos Estados Unidos, através de seu congresso, normalmente muito envolvido com as necessidades militares e de defesa do país, enviaram uma ordem ao Exército dos Estados Unidos para que se estudassem a necessidade de atualizar as carabinas M-4A1. Porem, embora a arma seja adequadamente confiável dentro das varias modernizações pelo qual essa plataforma AR vem recebendo no decorrer de tantos anos em operação, o problema da falta de capacidade de derrubar um inimigo equipado com uniforme pesado, se manteve, deixando claro a necessidade de se mudar de munição.
Seguindo esta sequencia de acontecimentos, o Exército dos Estados Unidos (US Army) emitiu um requerimento para as industrias de defesa que apresentassem protótipos de uma uma nova metralhadora leve, sob o programa Next Generation Squad Weapon (NGSW-AR), que substituirá as M-249 Minimi em calibre 5,56 mm, e também, um novo fuzil de assalto Next Generation Squad Weapon - Rifle (NGSW-R), ambos em calibre 6,8 mm.
As propostas recebidas foram das seguintes empresas:
FN Herstal:  Apresentou uma versão de seu excelente FN SCAR, batizado de HAMR NGSW (Heat Adaptive Modular Rifle), projetado para calçar munição em calibre 6,8 mm e uma metralhadora leve chamada EVOLYS, que era projetada para usar munição 7,62X51 mm e a 5,56X45 mm (a famigerada 556).
FN HERSTAL HAMR NGSW

PCP Tactical: A fabricante de armas de fogo norte americana Desert Tech se uniu a empresa de munições PCO Ammunition para oferecer um fuzil Bullpup MDR de sua linha de produção, porém com modificações para que atingissem os requisitos do Exército dos Estados Unidos, para o programa NGSW. Uma das modificações foi a incorporação de uma nova munição em calibre 6,8 mm com o cartucho fabricado em polímero, ao invés do tradicional latão.
PCP TACTICAL/ DESERT TECH MDRX

Textron  Systems: Embora a Textron seja lembrada mais pela sua indústria aeronáutica com seus helicópteros Bell Textron, ela se engajou na programa NGSW aliada a Heckler & Koch (HK) e Winchester (fabricante de munição) para propor seu NGSW CT Rifle que usa uma munição onde o projetil cercado pelo propelente encapsulado dentro do cartucho. Uma solução bastante arrojada para a nova munição em calibre 6,8 mm exigida pelo exército.
 Textron CT System Rifle 

LoneStar Future Weapons & Beretta USA: Um dos dois finalistas da concorrência foi o fuzil Bullpup RM-277R no calibre 277 TVCM, que usa uma munição com estojo de polímero com insertos de metal, garantindo uma redução na ordem de 30% no peso em relação a uma munição 7,62x51 mm padrão.
Beretta RM-277R

SIG Sauer: A proposta vencedora do programa NGSW foi a da famosa empresa SIG Sauer, que há pouco tempo atrás venceu a concorrência para substituir a pistola Beretta M9 no Exército dos Estados Unidos com sua P-320 (já apresentada no WARFARE Blog). A Sig apresentou o seu fuzil MCX SPEAR, uma versão modificada de sua carabina MCX já comercializada no mercado civil  norte americano e militar. A partir de agora, detalharei esse fuzil que passou a ser chamado de XM-7
SIG SAUER MCX SPEAR

REVOLUCIONANDO SEM ASSUSTAR.
No dia 19 de abril de 2022, o processo de escolha das propostas para o programa NGSW foi encerrado com a apresentação da empresa vencedora como sendo a SIG Sauer (novamente) com seu modelo MCX SPEAR que passou a ser identificada dentro do Exército dos Estados Unidos como XM-5 inicialmente, sendo esse "X" uma identificação de "Experimental" e já dando a ideia que a arma poderá (e de fato vai) ser modificada e aperfeiçoada nessa fase, até entrar em operação nas mãos dos soldados. No entanto, em janeiro de 2023, o Exército dos Estados Unidos rebatizou o novo fuzil de XM-7 para evitar problemas com a Colt que já havia registrado o nome "M-5" para um de seus armamentos.
É importante notar que a escolha não se limita, apenas, ao fuzil, mas também a munição que é de projeto próprio da SIG Sauer. No caso, a nova e potente munição 277 Sig Fury, (6,8X51 mm).
Uma vez reforçado isso, vamos ao armamento. o MCX SPEAR tem seu desenho externo fortemente baseado na plataforma AR, porém, não no AR-15, e sim no AR-10, a versão fuzil de batalha em calibre 7,62X51 mm. Assim, o "túnel" do carregador é compatível com carregadores do AR10 em calibre 7,62X51 mm, sendo, no entanto, necessário a troca do conjunto de canos e molas do ferrolho para converter o calibre do SPEAR no 7,62 mm.
A escolha por manter as linhas externas gerais da proposta do NGSW dentro da aparência de um "AR" foi bastante inteligente por  vários motivos. Primeiro posso dizer que é um desenho altamente funcional. Ergonomicamente, funciona bem para a mobilidade do operador. Em segundo lugar, o design AR permite não causar estranheza aos usuários finais da arma. Os botões de seletor de fogo e segurança, o botão de liberação do carregador e a alavanca de manejo estão onde qualquer operador do fuzil AR-15/AR10 esperam encontrar. isso agiliza o treinamento e adaptação dos operadores acostumados com uma plataforma que estava com 65 anos de uso em 2022, ano da decisão da concorrência.
A aparência geral externa é a de um fuzil da plataforma AR. Aqui, devido ao novo e maior calibre, a arma se baseia no AR-10 em calibre 7,62x51 mm.
Internamente, o funcionamento do XM-7 faz uso do sistema de ferrolho com trancamento rotativo e aproveitamento dos gases que move um pistão de curso curto (como no HK416), e que garante que a arma funcione bem, mesmo em condições desfavoráveis de limpeza. Há um botão regulador de pressão que é acionado para operar em condições normais ou em condições adversas (arma muito suja). Uma curiosidade do sistema de funcionamento do XM-7 é que além da alavanca de manejo na parte de de cima da arma como no M-4, ainda há uma segunda alavanca de manejo posicionado na lado esquerdo da arma que funciona de forma não solidária com a janela de ejeção. Outro detalhe que podemos observar no XM-7 (assim como nos concorrentes derrotados nessa concorrência) é que há um supressor de ruído que vem de fábrica. Esse dispositivo permite uma redução do estampido do disparo que nesse calibre, é particularmente alto.
Nessa foto podemos observar o supressor de ruído e o botão dentro do guarda mão, acima do cano, que faz a regulagem da entrada de gases entre "normal" e "adverso" (arma suja) que facilita a operação em condições desfavoráveis de limpeza.

Desmontagem de primeiro escalão do SIG XM-7.

A MAIOR REVOLUÇÃO ESTÁ NA SUA MUNIÇÃO.
A munição desenvolvida peça SIG Sauer para cumprir os requerimentos do Exército é a 277 SIG Fury. Trata-se de uma munição em calibre 6,8x51 mm colocada em um cartucho hibrido com corpo de latão e base de aço inoxidável. O cartucho é, basicamente, um cartucho da munição 7,62X51 mm, com o "gargalo"  recalibrado para o 6,8 mm. O resultado é uma munição que opera com altíssima pressão (80000 PSI), capaz de perfurar coletes balísticos padrão das forças armadas russas e chinesas à uma distancia de 600 metros (coisa que o 5,56 mm não consegue nem a 300 metros). 
Para se ter uma ideia de comparação, uma carabina M-4, em calibre 5,56X45 mm dispara um projétil de 77 grãos à uma velocidade de 830 m/seg. O XM-7 dispara um projétil com quase o dobro de peso, 135 grãos, à uma velocidade de 910 m/seg. O resultado é um impacto muito maior e com capacidade de "parar" um inimigo com o dobro da distancia do 5,56 mm.
Notem nessa foto a munição calibre 277 Sig Fury 6,8x51 mm. Reparem a base em aço inoxidável que permite suportar a operação das fortes pressões que essa munição proporciona.

DETALHES ERGONOMICOS. 
Visualmente, como dito anteriormente, o XM-7 é bastante parecido com o AR15/10. Porém, uma das características mais marcantes dessa plataforma clássica é a mola recuperadora na coronha. No XM-7, assim como na plataforma MCX da SIG, da qual o XM-7 é uma versão, não tem a mola recuperadora montada na coronha. Assim, a coronha da nova arma pode ser rebatida e se pode disparar com ela nessa posição. Além do rebatimento, ela também tem regulagem de distancia, o que garante uma melhor adaptação ás preferencias do operador.
O guarda mão não tem contato com o cano da arma (cano flutuante) e possui encaixes padrão Mlock em toda sua extensão. Já a parte superior da arma possui um trilho padrão picatinny em toda sua extensão.
Ergonomicamente, o XM-7 mantém as boas qualidades da plataforma AR.

A empunhadura do XM-7 é menos inclinada que no M-4, o que também se traduz em uma empunhadura mais confortável.
O carregador do XM-7, fabricado em polímero tem menor capacidade que o do M-4. São 20 munições, frente à capacidade de 30 munições do M-4. A justificativa para essa redução se dá pela maiores dimensões da munição 6,8 mm quando comparado com o diminuto 5,56 mm. A maior capacidade efetiva da munição, também ajuda a justificar para alguns, a menor necessidade um carregador maior (não é meu caso, que considerei essa capacidade como uma deficiência do modelo). Uma curiosidade é que os carregadores de aço do fuzil AR-10 no calibre 7,62 x 51 mm são totalmente compatíveis com o XM-7.
 
CONCLUSÃO
O XM-7 é um produto premium de uma empresa que tem um histórico de excelentes produtos e que já faz parte da Historia das armas de fogo. Claro, diferentemente das pistolas P320 (M-17 e M-18) que a SIG Sauer fornece ao Exército dos Estados Unidos que aliam alta confiabilidade com um valor relativamente baixo, o XM-7 só tem em comum, a confiabilidade. O valor da arma é muito alto (cerca de 4 vezes o valor de uma M-4 fabricado pela Colt), reflexo da qualidade dos componentes deste fuzil de batalha que volta às mãos dos soldados norte americanos depois de 65 anos quando o fuzil M-14 em calibre 7,62 x51 mm foi substituído pelos pequenos M-16 (AR-15).
Essa escolha nos trás uma reflexão com relação à polemica envolvendo o conceito de "Poder de Parada" ou "Stopping Power" onde alguns especialistas argumentam ser uma lenda e o que vale é atingir o alvo nos pontos certos, independentemente de calibre enquanto que outros (eu me incluo nesse segundo grupo) defendem que o calibre influencia sim o poder de parar um adversário com apenas um disparo dentro das áreas vitais do tronco humano. O exercito mais poderoso do mundo decidiu voltar a suas raízes e trouxe um "calibrão" para seu novo fuzil padrão.
O novo fuzil será entregue às tropas do Exército dos Estados Unidos US Army no decorrer dos próximos 10 anos. Como se pode imaginar, substituir o armamento padrão da infantaria de um dos maiores exércitos do mundo não se pode fazer da noite para o dia. A produção da nova munição também corresponde a um desafio enorme a parte.

 

 

      

sexta-feira, 8 de julho de 2022

FOTO: Soldados venezuelanos embarcando equipamento

Soldados venezuelanos embarcando armas e munição em um caminhão, 1962.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 8 de julho de 2022.

Soldados do Exército venezuelano carregando munições e armas em um caminhão em 1962. Observe os fuzis FN FAL, um deles de primeira geração nas costas do soldado no centro, a metralhadora leve FN Modelo D e as granadas de morteiro no chão.

A Venezuela fez uma encomenda de 5.000 fuzis FAL fabricados pela FN em 1954, no calibre 7x49,15mm Optimum 2; este 7x49mm, também conhecido como 7mm Liviano ou 7mm venezuelano, é essencialmente um cartucho 7x57mm encurtado para comprimento intermediário e mais perto de ser uma verdadeira munição intermediária do que o 7,62x51mm OTAN.

Pacote de munição 7mm Liviano.

Este calibre incomum foi desenvolvido em conjunto por engenheiros venezuelanos e belgas motivados por um movimento global em direção aos calibres intermediários. Os venezuelanos, que usavam exclusivamente a munição 7x57mm em suas armas leves e médias desde a virada do século XX, sentiram que era uma plataforma perfeita para basear um calibre feito sob medida para os rigores particulares do terreno venezuelano. Eventualmente, o plano foi abandonado, apesar de ter encomendado milhões de munições e milhares de armas deste calibre.

Com a escalada da Guerra Fria, o comando militar sentiu que era necessário alinhar-se com a OTAN por motivos geopolíticos, apesar de não ser um membro, resultando na adoção do cartucho 7,62x51mm OTAN. Os 5.000 fuzis do primeiro lote foram recalibrados em 7,62x51mm.

O FAL e FAP venezuelanos do modelo 7mm Liviano.

Esse primeiro modelo de FAL venezuelano em 7mm também era equipado com um quebra-chama de três pontas distinto. Em 1961, um segundo lote de fuzis FAL foi encomendado no calibre 7,62mm OTAN, e as armas existentes também foram convertidas para esse calibre, com o FAL de 7mm existindo apenas brevemente, de 1954 a 1961, com a sua única ação real na Venezuela no golpe de 1958.

Um outro exemplo foi na Revolução Cubana. Ao marchar vitoriosamente em Havana em 1959, Fidel Castro carregava um FN FAL venezuelano em 7mm Liviano.

Bibliografia recomendada:

Latin America's Wars:
The Age of the Professional Soldier, 1900-2001.
Robert L. Scheina.

Leitura recomendada:

domingo, 26 de junho de 2022

O AK-74: de arma portátil soviética a símbolo de resistência

Por Martin K. A. Morgan, NRA American Rifleman, 21 de maio de 2022.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 25 de junho de 2022.

Durante a Guerra Fria, tanto os EUA quanto a URSS começaram a usar fuzis de tiro seletivo e calibrados para cartuchos de pequeno calibre e alta velocidade de recuo suave. Sob a administração Johnson, as forças armadas americanas adotaram o M16A1 em 5,56 OTAN. Quando Leonid Brezhnev era secretário-geral do partido comunista, as forças armadas soviéticas começaram a usar um Kalashnikov em 5,45×39mm - um fuzil que recebeu a designação AK-74.

Embora o M16A1 use o sistema operacional de impacto direto de gás e o AK-74 use um pistão de gás de curso longo, ambos os fuzis produzem balística externa semelhante e ambos os fuzis produzem fogo totalmente automático controlável. Dos arrozais do Vietnã ao sopé do Hindu Kush, esses são os fuzis que combateram os capítulos finais da Guerra Fria. Mas quando o reinado de 68 anos da União Soviética terminou oficialmente em 1991, isso não significa que a vida útil do AK-74 também terminou.

Como os descendentes do M16 que continuam a armar forças militares de grande parte do mundo ocidental hoje, o AK-74 continua a armar as forças armadas de várias nações ex-membros do Pacto de Varsóvia, e a extensão de seu serviço contínuo foi bem documentada de forma dramática pelas notícias recentes das manchetes. Durante as últimas semanas, o AK-74 esteve presente em fotografias que registram a guerra da Ucrânia com a Rússia.

Em imagens que mostram forças militares ou policiais ucranianas, o AK-74 está sempre presente. Membros do Parlamento ucraniano foram fotografados carregando fuzis AK-74 que lhes foram entregues para defender a capital. Se uma fotografia mostra voluntários da defesa civil em um posto de controle, o AK-74 está inevitavelmente lá, e até aparece em uma foto que mostra uma mãe ucraniana armada atravessando uma rua movimentada no centro de Kyiv enquanto segura a mão de sua filha. É, de longe, a arma de fogo mais prolífica usada no conflito atual.

A história do AK-74 data do início da década de 1970, quando os engenheiros russos começaram a desenvolver um novo cartucho de pequeno calibre e alta velocidade para complementar e possivelmente substituir o 7,62×39mm. Como o AKM era um design confiável e comprovado, um dos objetivos do projeto desde o início era desenvolver algo novo para atirar. No início, eles testaram uma munição de caça comercial de 6,5×39mm, mas logo descobriram que ela produzia o tipo de dispersão de tiro amplo em totalmente automático pelo qual o AKM era famoso. Em seguida, eles testaram uma carga de 4,5×39mm que, embora fornecesse a controlabilidade desejada, não forneceu a letalidade desejada.

Três fuzileiros navais soviéticos armados com fuzis AK-74 por volta de 1985.
Como o AK-47 e o AKM que vieram antes dele, o AK-74 era um símbolo da força militar russa durante a Guerra Fria.
(Foto do Departamento de Defesa dos EUA DN-SN-86-00829)

No final, os russos adotaram um cartucho com um comprimento de estojo de 39mm que poderia acelerar uma bala FMJ de base cônica de 5,45mm de 53 grãos a uma velocidade inicial de 2.790fps. O novo Kalashnikov calibrado para disparar este novo cartucho era basicamente apenas uma versão ligeiramente modificada do AKM, por isso era capaz de disparar fogo semiautomático ou totalmente automático com uma taxa cíclica de 650 tiros por minuto.

As diferenças mais notáveis entre o AK-74 e seu antecessor, o AKM, foram, em primeiro lugar, o carregador de 30 tiros AG-4S menos curvado do AK-74. Às vezes, esses carregadores são referidos como feitos de baquelite, mas na verdade são feitas de uma resina termofixa de fenol-formaldeído reforçada com fibra de vidro. Em segundo lugar, um freio de boca de compensação de recuo grande e distinto substituiu o antigo freio de estilo inclinado do AKM e mudou significativamente a aparência da frente do AK-74. O dispositivo não apenas reduziu o recuo, mas o fez sem direcionar qualquer concussão perceptível de volta ao atirador.

Uma mãe e um pai russos posam com seu filho, que está armado com um AK-74 que foi produzido antes de 1977.
(Imagem cortesia de Thomas Laemlein)

Além desses dois recursos notavelmente diferentes que o fizeram parecer único, o AK-74 de produção inicial se assemelhava ao AKM de produção tardia, mas as coisas logo começaram a mudar. Como todos os outros fuzis de serviço produzidos em massa na história das armas portáteis, o AK-74 evoluiu ao longo de sua história de produção e as mudanças associadas a essa evolução começaram logo após sua adoção. Em meados de 1977, os engenheiros perceberam que o bloco de gás de 45 graus do AKM às vezes causava cisalhamento de balas. Isso nunca havia sido um problema antes com a bala mais lenta de 7,62mm, mas com a bala mais rápida de 5,45mm, era.

Os engenheiros do arsenal Izhevsk resolveram o problema introduzindo um bloco de gás de 90 graus que acabou com o fenômeno. O desenho de 90 graus permaneceu inalterado desde então. Pequenas modificações no freio de boca, na tampa da culatra e na base da massa de mira também foram introduzidas durante esse período, mas no final de 1984 até o início de 1985, várias grandes mudanças foram introduzidas que alteraram ainda mais a aparência externa do AK-74.

Três guerrilheiros mujahideen no Afeganistão em 1989.
Eles estão armados com um par de fuzis AK-74 e um lança-foguetes disparado do ombro RPG-7.
(Imagem cortesia de Thomas Laemlein)

Desde o início da produção, os AK-74 foram completados com coronhas e guarda-mão de madeira laminada e punhos de pistola do tipo AKM de baquelite, mas quando Konstantin Chernenko foi brevemente secretário-geral do Partido Comunista, armações de plástico de poliamida reforçado com fibra de vidro cor de ameixa foram introduzidas. Mais ou menos na mesma época, o arsenal Izhevsk começou a usar um método simplificado para prender a base da massa de mira, a base da alça de mira e o bloco de gás aos canos de produção AK-74. Desde quando o Kalashnikov nasceu, esses componentes foram presos ao cano de cada fuzil usando o método de perfuração e fixação.

O procedimento de montagem que substituiu este a partir de meados de 1985 envolveu punção pressionando os lados desses componentes com força suficiente para bloqueá-los em cortes de alívio correspondentes no cano. Este método é usado para a montagem do AK-74 até hoje. Exatamente quando o Muro de Berlim caiu no final de 1989, as armações cor de ameixa do AK-74 ficaram pretos e permaneceram nessa cor. Então, em 1991, uma nova versão do fuzil surgiu com a adoção do AK-74M.

Um marinheiro soviético armado com um AK-74 está no portaló durante a visita portuária do cruzador de mísseis guiados Aegis USS THOMAS S. GATES (CG 51) e da fragata de mísseis guiados USS KAUFFMAN (FFG 59) em Sebastopol, em 8 de abril de 1989.
(Administração de Arquivos e Registros Nacionais nº 6454445/Departamento de Defesa dos EUA nº 330-CFD-DN-ST-90-00321 - Foto de JO1 Kip Burke)

Este modelo incorpora um freio de boca ligeiramente modificado, um trilho de acessórios no lado esquerdo do receptor para montagem ótica e uma coronha dobrável lateral. Uma coronha dobrável não era novidade para o AK-74, de fato, remontando à produção inicial na década de 1970, uma variante designada AKS-74 que usava uma coronha dobrável lateral triangular metálica esteve em serviço. É só que a coronha dobrável do AK-74M não é esquelética e não é feita de chapa metálica. Esta versão da arma teria sido adotada como o fuzil de serviço padrão da União Soviética, mas a União Soviética deixou de existir em dezembro de 1991. No entanto, o AK-74M vive hoje a serviço da Federação Russa.

Um soldado cazaque armado com um fuzil AKS-74 durante o exercício militar CENTRASBAT no Cazaquistão, em setembro de 2000.
(
Administração de Arquivos e Registros Nacionais - fotografia de TSGT Jim Varhegyi, USAF)

O AK-74 esteve presente em muitas das grandes tragédias russas da era moderna e, de certa forma, tornou-se uma metáfora do declínio do país. Inscreveu-se no capítulo final da história militar soviética durante a guerra no Afeganistão e depois continuou lutando contra as convulsões geopolíticas que se seguiram ao colapso da URSS – convulsões que trouxeram sangue e sofrimento primeiro para a Chechênia e depois para a Geórgia. Foi usado durante a mortal crise dos reféns do teatro de Moscou em outubro de 2002 e o cerco ainda mais mortal da escola de Beslan em setembro de 2004, então acabou sendo arrastado para a sempre trágica história da Guerra Global ao Terror.

Fuzileiros navais soviéticos se ajoelham com seus fuzis AKS-74 durante uma demonstração realizada para militares em visita da Marinha dos EUA, em 10 de setembro de 1990.
(Foto de PHCS Mitchell – foto #DN-SC-91-02252)

Uma década depois, o AK-74 fez parte da anexação da Crimeia pela Rússia e da guerra no Donbas que se seguiu. Hoje, está sendo usado pelas forças armadas da Federação Russa no que pode ser a maior tragédia russa de todas, a invasão da Ucrânia, mas o povo ucraniano se apropriou do fuzil para outro propósito. Em Kharkiv, Kherson e Mariupol, eles transformaram o AK-74 – este símbolo da hegemonia militar russa – em um símbolo de resistência. Se você observar atentamente as fotografias que saem da Ucrânia todos os dias, notará que a maioria dos AK-74 usados pelas Forças de Defesa Territoriais da Ucrânia tem armação de madeira. Quando você vê isso, você está olhando para fuzis que foram fabricados durante a era da União Soviética.

Ustka, Polônia (12 de junho de 2003) — Um fuzileiro naval russo fornece cobertura com seu fuzil AKS-74N para seus colegas da Dinamarca, Lituânia, Polônia e Estados Unidos durante um exercício em Ustka, na Polônia, como parte das Operações Bálticas (BALTOPS) 2003.
(Foto da Marinha dos EUA pelo Marinheiro Fotógrafo de 1ª Classe Chadwick Vann - foto nº 030612-N-3725V-001)

O fato desses velhos fuzis estarem agora sendo usados para combater os fantasmas daquela época é uma ironia da maior magnitude possível. Juntamente com armas como o Stinger e o Javelin, esses fuzis estão sendo usados pelo povo ucraniano para fazer o tipo de luta que seu invasor não esperava e, ao fazê-lo, o povo ucraniano nos lembrou que mulheres e homens livres preferem permanecer livres. Eles se voltarão para o fuzil se forem forçados a fazê-lo. Como os húngaros fizeram três gerações atrás quando capturaram Kalashnikovs nas ruas de Budapeste, os ucranianos fizeram do Kalashnikov um símbolo de solidariedade desafiadora nas ruas de Kyiv. Eles fizeram do AK-74 uma metáfora para um novo mundo otimista lutando para se libertar do espectro perigoso de um antigo.

Disparando o AK-74


Bibliografia recomendada:

The AK-47:
Kalashnikov-series assault rifles.
Gordon L. Rottman.


Leitura recomendada:

sábado, 11 de junho de 2022

Proteja o nosso Estado: A Companhia de Infantaria da Força Móvel de Vanuatu

"Proteja o nosso Estado".

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 11 de junho de 2022.

"Proteja o nosso Estado", o lema da Companhia de Infantaria da Força Móvel de Vanuatu colocado entre dois fuzis FAMAS na sua insígnia. Por sua tradição colonial compartilhada pela França e Grã-Bretanha, os soldados de Vanuatu adotaram o famoso bullpup francês em 2009. A insígnia da Infantaria é composta por dois fuzis FAMAS sobre uma baioneta.

A Força Móvel de Vanuatu (VMF) é um pequeno corpo móvel de 300 voluntários que compõe as forças armadas de Vanuatu, tendo sido criada no ato de independência em 30 de julho de 1980. Sua principal tarefa é apoiar a Força Policial de Vanuatu, mas em caso de ataque, a VMF atuará como a primeira linha de defesa do pequeno país; seu comandante desde 2015 é o Coronel Robson Iavro.

Desfile da tropa com FAMAS numa avenida


Em 1994, a VMF desdobrou 50 homens para a Papua Nova Guiné, realizando assim a sua primeira missão de manutenção da paz.

Sendo uma força pequena e profissional, a VMF tem a tradição de destacar-se em exercícios de tiro, onde seus soldados demonstração excelente proficiência na sua pontaria.

O FAMAS com soldados da FMV durante o exercício Croix du Sud, em 2018.

A VMF foi treinada, no ato da sua criação, pela Força de Defesa da Papua Nova Guiné (Papua New Guinea Defence Force, PNGDF), treinamento este pago pelas forças armadas australianas. Inicialmente armada com o fuzil SLR 1A1 australiano, a versão imperial do venerável FAL, a VMF o substituiu pelo FAMAS F1 em 2009.

A VMF foi particularmente bem no exercício Croix du Sud 2016, com o 2º Tenente Johnny Kakor, comandando um pelotão de 30 homens da Força Móvel e da Ala Marítima, comentando que na segunda semana, o pelotão passou por uma série de exercícios de rebelião e obstáculo que ocorreram em terra e no mar, e estabeleceram um tempo recorde de 1 hora e 24 minutos, atrás do tempo de 1 hora e 15 minutos dos britânicos.

"Tivemos 12km de marcha, que os rapazes concluíram quando se adaptaram bem ao clima e depois tivemos o tiro ao alvo e o ataque. No tiro ao alvo de 100-450 metros (alvo dos atiradores de elite), nosso primeiro grupo derrubou todos os alvos; portanto, tivemos que esperar que os próximos alvos fossem colocados pela segunda vez e nosso último grupo atirou em todos eles, o comandante da companhia que cuidava de nós disse que dos 12 países, Vanuatu foi o melhor [no tiro].”
- 2º Tenente Johnny Kakor.

O Tenente-Coronel Terry Tulang, então comandante da VMF, congratulou as tropas: “Estou muito satisfeito com o desempenho geral do pelotão, eles tiveram um desempenho excelente e lideraram o tiro de fuzil, e sei que os rapazes aprenderam novas habilidades para melhorar e fornecer melhor segurança ao nosso país. Estamos ansiosos por outro Croix du Sud em 2018 ”.

O Coronel Tulang também confirmou que o treinamento foi financiado pelo governo da França, com os custos de viagem e acomodação cobertos pelo país anfitrião, com material de comunicações sendo pego emprestado dos países amigos.

Leitura recomendada:

terça-feira, 7 de junho de 2022

FOTO: Fuzil-metralhador C2, o FAP canadense

Soldado canadense com o fuzil-metralhador C2, a versão canadense do FAP; a versão de cano pesado do FN FAL, 20 de maio de 1983.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 7 de junho de 2022.

O Canadá foi primeiro país a adotar o FAL, antes mesmo da própria Bélgica, em 1956. Dois anos antes, o Canadá fizera com uma encomenda de 2.000 fuzis para testes. O FAL canadense seguiu o padrão imperial ("Inch pattern") e recebeu a designação C1. Sua versão mais utilizada foi o fuzil C1A1. Como todos os fuzis FAL imperiais, o C1 era apenas semiautomático, a única exceção sendo o fuzil C1D da Marinha Real Canadense. Ele tinha a opção totalmente automática para dar mais poder de fogo às equipes de abordagem, que operavam em pequenos grupos, sem a necessidade de uma arma mais pesada. 

A versão fuzil-metralhador, designada C2, usava um sistema sem guarda-mão fixo onde o bipé de ferro incorporava o guarda-mão de madeira. Neste sistema, quando o soldado fosse mudar de lugar, ele dobraria o bipé que então se tornaria o guarda-mão. Uma ideia muito boa dentro de um laboratório, mas que não levava em consideração o estresse do soldado sob fogo durante um tiroteio, e o ato de colocar a mão no cano quente em um momento de distração causaria queimaduras graves no operador do FM. Além disso, o bipé tinha o péssimo hábito de abrir sozinho durante o transporte. Outras modificações no C2 foram o cano, as miras e o carregador de 30 tiros (que causava sobreaquecimento e engripagens). Esse novo modelo FM foi considerado inferior ao equipamento que substituiu, o fuzil-metralhador Bren. Sua segunda versão foi o C2A1.

O C2A1 canadense


O FAL canadense também foi vendido à Austrália antes que a produção local fosse assumida pela Fábrica de Armas Portáteis em Lithgow, na Nova Gales do Sul. Os australianos também produziram a versão fuzil-metralhador C2 canadense sob a designação L2A1. Esse FM foi considerado insatisfatório pelos australianos e eles iniciaram o desenvolvimento duma arma melhorada chamada X2F2A2 foi iniciada usando exemplares L2A1 existentes.

As melhorias incluíram uma nova coronha com uma alavanca de transporte para a mão que não  está atirando e uma soleira de borracha. A combinação de bipé dobrando como guarda-mão foi abandonada e substituída por um bipé ajustável; o carregador de 30 tiros, responsável pela maioria das engripagens, foi abandonado em favor do carregador de 20 tiros. O novo guarda-mão tinha estojos metálicos internos e externos perfurados para resfriamento, com a manga externa protegida por uma empunhadura de liga de borracha. Um retém do conjunto do ferrolho também foi adicionado. A arma se tornou muito precisa, até mesmo podendo ser usada na função sniper com a luneta Leitz do C1 canadense. Mais melhorias levaram à versão final X3F2A2.

O FAP australiano foi cancelado abruptamente quando a Austrália entrou na Guerra do Vietnã ao lado dos Estados Unidos e o seu exército foi totalmente suprido com metralhadoras M60 americanas, tornando desnecessária a produção indígena de uma arma nova.

Bibliografia recomendada:

The FN FAL Battle Rifle.
Bob Cashner.

Leitura recomendada:


O FAL DMR neo-zelandês28 de dezembro de 2021.

sábado, 21 de maio de 2022

Armas portáteis emiráticas na Etiópia


Por Stijn Mitzer e Joost Oliemans, Oryx Blog, 4 de outubro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 21 de maio de 2022.

A entrega contínua de armas e equipamentos para a Etiópia, um país revolvido pela guerra, permanece em grande parte não relatada, e seu impacto na situação no terreno é, no momento, amplamente desconhecido. O que se sabe, no entanto, é que o desgaste constante do arsenal militar da Etiópia levou o país a vasculhar o planeta atrás de qualquer pessoa disposta a fornecê-la com armamento adicional, que incluiu até veículos aéreos de combate não-tripulados Mohajer-6 (UCAV) do Irã. Esses UCAV agora operam ao lado de projetos israelenses e chineses, mostrando o quão complicada se tornou a rede moderna de fornecedores estrangeiros de armas.


Outro país que manifestou repetidamente seu apoio ao governo etíope são os Emirados Árabes Unidos. O que exatamente esse apoio implicou até agora ainda é objeto de debate. A alegação frequentemente repetida de drones emiráticos que operam na base aérea de Assab, dos Emirados Árabes Unidos na Eritreia, em nome do governo etíope parece ter pouca base na realidade, sem evidências apontando para a presença de UCAV Wing Loong emiráticos sobre o campo de batalha em 2020 ou agora.

No entanto, grandes aeronaves de transporte Il-76 frequentemente voam entre os Emirados Árabes Unidos e Harar Meda, a maior base aérea da Etiópia.[1] Embora o conteúdo de sua carga só possa ser adivinhado, é provável que contenha itens de nível militar, com ajuda humanitária entregue aos aeroportos civis do país. Os Il-76 que operam em nome dos Emirados Árabes Unidos pousam regularmente, pois aeronaves iranianas do mesmo tipo também trazem sistemas de armas, uma indicação clara do grande volume de armas enviadas para a Etiópia diariamente.


Sabe-se que as remessas anteriores de armas dos Emirados Árabes Unidos para a Etiópia incluíram grandes volumes de armas portáteis produzidas pela empresa Caracal, que produz vários projetos modernos de armas portáteis. Assim como o fuzil de assalto israelense TAR-21 também em serviço na Etiópia, o armamento fornecido pela Caracal foi distribuído exclusivamente para a Guarda Republicana (GR). A GR tem a tarefa de defender as autoridades etíopes e edifícios importantes de ameaças e tentativas de ataques. Para este fim, opera uma série de projetos modernos de armas portáteis e veículos leves (blindados). Nos últimos tempos, a GR viu suas tarefas se expandirem até o ponto em que agora participam ativamente da Guerra do Tigré como uma das forças mais bem treinadas do país.

Indiscutivelmente, o projeto Caracal mais elegante entregue à Etiópia é o fuzil semiautomático CAR 817DMR para atiradores designados calibrados em 7,62x51mm OTAN. Equipado com um carregador de 10 ou 20 tiros, o CAR 817DMR oferece melhorias consideráveis em todos os parâmetros relevantes sobre os DMR PSL e SVD em uso com o Exército Etíope. Embora presumivelmente em uso com as forças da Guarda Republicana atualmente desdobradas para conter o avanço da Força de Defesa Tigré (FDT) na Etiópia, nenhum exemplar capturado apareceu nas mãos dos combatentes da FDT até agora.

Guardas republicanos com um fuzil AK e fuzis SVD Dragunov.



Outro produto Caracal que entrou em serviço com a Guarda Republicana é a carabina CAR 816 de 5,56x45mm. A arma pode ser encomendada em vários comprimentos de cano de 7,5" de submetralhadora a 16" de fuzil de assalto. A Etiópia parece ter sido cliente da variante carabina de 14,5", complementando o TAR-21 israelense também em uso com a GR. Como o CAR 817DMR, nenhum CAR 816 parece ter sido capturado pela FDT até agora. Claro, usar um tipo de munição diferente da série de fuzis AK, diverso daqueles em uso na Etiópia, tal armamento apenas seria um recurso útil para a FDT até que suas munições se esgotassem.

O último produto Caracal conhecido por ter sido entregue à Etiópia é o fuzil sniper CSR 338 calibrado em .338 Lapua Magnum. O CSR 338 também é o único produto Caracal conhecido por ter sido capturado pelas forças tigré, que agora empregam vários dos fuzis de precisão contra seus antigos proprietários. Seu peso leve (apenas 6,35kg) certamente será apreciado por ambas as forças no terreno de batalha muitas vezes montanhoso da Etiópia.

CSR 338 em .338 Lapua Magnum.

Se o influxo contínuo de armamento para a Etiópia será suficiente para salvar um exército que é cada vez mais dependente das milícias, ainda não se sabe. O pequeno número de armas portáteis dos Emirados Árabes Unidos, sem dúvida, terá pouco impacto no resultado final da guerra civil. No entanto, essas armas são representativas do que, entretanto, se tornou um arsenal de armamento altamente diversificado em serviço com os militares etíopes, um arsenal que certamente continuará a desempenhar um papel significativo em uma guerra que está prestes a entrar em seu segundo ano.


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