Akihiko Saito na Legião Estrangeira Francesa, anos 1980. |
Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 2 de janeiro de 2020.
Adjudant-Chef Akihiko Saito, veterano da 1ª Brigada Aerotransportada, das Forças de Defesa do Japão, e do 2e Régiment Étranger de Parachutistes (2e REP), da Legião Estrangeira Francesa.
Ele serviu em uniforme por mais de duas décadas, primeiro como paraquedista por 2 anos em seu país natal, o Japão, e depois como paraquedista da Legião Estrangeira Francesa no 2e REP. Com 21 anos de serviço, de junho de 1983 a dezembro de 2004, passou também pelo 3e REI (Régiment Étranger d'Infanterie) na Guiana Francesa e no 6e REG (6e Régiment Étranger de Génie, dissolvido em 1999), assim como no 4e RE (Régiment d'Instruction de la Légion), atingido o respeitadíssimo posto de Adjudant-Chef (sem equivalente no Brasil).
Sem vergonha de sua herança guerreira, ele era conhecido por gritar regularmente "Banzai" em batalha, de acordo com o relato de alguns de seus colegas legionários na página Fireforce Ventures. Saito, então com 44 anos, chegou ao Iraque como mercenário ("contractor") da Hart Security Ltd, uma Companhia Militar Privada (Private Military Company, PMC).
Seus camaradas da PMC eram em grande parte compostos por veteranos das Forças de Defesa e polícia da África do Sul; o que certamente trouxe afinidade entre eles, pois Saito havia servido com o 2e REP na África.
Em 9 de maio de 2005, em uma cidade chamada Hit, a noroeste de Ramadi, sua esquadra de 4 homens, acompanhada por 12 iraquianos, escoltava um comboio de rotina quando foram atingidos por uma emboscada maciça e bem coordenada envolvendo vários IEDs e armas pesadas. Um tiroteio maciço iniciou-se durando a noite toda, enquanto Saito e os outros contractors lutavam por suas vidas com problemas das comunicações. Um dos mercenários, ferido, conseguiu alcançar um posto dos fuzileiros navais americanos, alertando-os sobre a situação. Os reforços americanos chegaram ao amanhecer, depois que a pequena escolta havia lutado até a exaustão da munição.
Saito foi capturado (possivelmente vivo) por insurgentes sob a bandeira da Irmandade Ansar al-Sunna, tendo sido incapacitado por um grande ferimento na nuca. O ferimento era fatal e Saito morreu pouco depois, sendo executado pelos insurgentes. Seu irmão, Hironobu Saito, confirmou tratar-se de Akihiko no vídeo divulgado pelo grupo Ansar al-Sunna.
Apesar das tendências pacifistas do Japão, ele foi elogiado como um "youhei" (mercenário), uma espada contratada, alguém que encarnava o espírito samurai japonês na vida e na morte. Uma notícia sobre a morte de Saito publicada pelo Japan Times, de 11 de maio de 2005, foi intitulada "Sequestro revela guerreiro japonês". Nela, o analista militar Kazuhisa Ogawa afirma que os funcionários de segurança contratados por empresas de segurança estrangeiras tinham altos salários garantidos, especialmente quando suas tarefas ocorriam em um país perigoso como o Iraque. Saito, nascido em Tóquio, foi contratado pela empresa britânica Hart Security que, ao contrário das empresas de segurança japonesas, mantém seus contratados equipados com armas de fogo. Ogawa apontou que as PMC, em alguns casos, têm suas provisões e capacidades aproximando-se daquelas de um verdadeiro exército.
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