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segunda-feira, 29 de março de 2021

GALERIA: Caçadores da África reequipados

Guarda-bandeira do 5º esquadrão do 1er REC em um meia-lagarta M3 americano, outubro de 1943.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 29 de março de 2021.

Parada militar e manobra do reequipado 1er REC fotografado pelo ECPAD na floresta de La Mamora, no Marrocos, em outubro de 1943. O Tenente-Coronel Miquel, comandante do 1er REC, inspeciona o 5º esquadrão da unidade, que recentemente foi totalmente equipado com equipamentos americanos.

Em 15 de setembro de 1943 que o esquadrão de reconhecimento do 1er RCA (Régiment de Chasseurs d'Afrique) foi atribuído ao 1º Regimento Estrangeiro de Cavalaria (1er Régiment Étranger de Cavalerie, 1er REC) e assumiu o número 5, enquanto o regimento recebia seu novo equipamento americano.

O 5º esquadrão do 1er REC equipado com os novos canhões M1 de 57mm e tanques leves M3 Stuart, durante a revista da unidade recém-equipada.

Legionários do 5º esquadrão do 1er REC engancham seu canhão antitanque M1 de 57mm em um carro de patrulha M3 durante a manobra de demonstração.

A bandeira regimental é apresentada à unidade e depois ao esquadrão, recém equipado com canhões M1 57mm, tanques leves M3 Stuart, autometralhadoras M8 e obuseiros autopropulsados ​​M8 75mm, desfila, enquanto toca a música do regimento. O 1er REC agora forma o regimento de reconhecimento da 5ª Divisão Blindada (5e Division Blindée, 5e DB), cujo lema "France d'aborde" ("França primeiro") é visível nos vários materiais recém-coletados. O Tenente-Coronel Miquel explica uma manobra em um mapa espalhado no para-brisa de um jipe, na frente de oficiais reunidos ao seu redor.

A vitória na campanha da Tunísia em 13 de maio de 1943 permitiu a reorganização e reequipagem das forças francesas no Norte da África com material americano. Esse influxo de armas e veículos americanos transformou a Legião Estrangeira Francesa  pela primeira vez em uma força de combate moderna. A sua unidade principal foi o Regimento de Marcha da Legião Estrangeira (Régiment de Marche de la Legion Étrangère, RMLE), revivendo o título de 1915-18 na Primeira Guerra Mundial. O RMLE era formado por três batalhões de infantaria provenientes dos 2º, 3º, 4º e 6º regimentos estrangeiros de infantaria (Régiment Étranger d'Infanterie, REI) em Sidi-bel-Abbès, em julho de 1943. Essa unidade fora destinada a fornecer a infantaria blindada da nova 5e DB - organizada, equipada e treinada segundo o modelo americano de Comandos de Combate (Combat Commands): com grupos móveis de infantaria em meias-lagartas, tanques e artilharia. O 1er REC, com um esquadrão de comando e serviço, um esquadrão de tanques leves e quatro esquadrões de carros blindados, serviu como a unidade de reconhecimento da 5e DB, que desembarcou na Provença, no sul da França, em agosto de 1944. O 1er REC lutaria da França à Alemanha, participando da tomada de Stuttgart; terminando a guerra no Tirol austríaco. 

A veterana 13ª Meia-Brigada da Legião Estrangeira (13e Demi-Brigade de Légion Étrangère13e DBLE), que havia lutado de Narvik a Bir Hakeim e Túnis, também aproveitou o período para descanso, reequipagem e re-treinamento segundo o sistema americano. Houve, porém, suspeita e ressentimento mútuos entre os veteranos da "Treze" e as ex-unidades vichystas. A 13e DBLE seria incorporada à 1ª Divisão Francesa Livre (1re Division Française Libre, 1re DFL) e lutaria na Itália, Provença, Vosgues, Strasbourgo e terminaria a guerra em Turim, no norte da Itália (com o 1º Exército francês em contato com as tropas brasileiras).

O desfile dos carros blindados M8 americanos (chamados "automitrailleuses" pelos franceses) e obuseiros autopropulsados M8 do 1er REC.

Carros de combate leves M3 Stuart durante a manobra.

O Tenente-Coronel Miquel, comandante do 1er REC, explica a manobra diante de oficiais da unidade. Ao fundo, um obus autopropulsado M8 de 75mm.

O Tenente-Coronel Miquel, comandante do 1er REC, ao lado de um obus autopropulsado M8 75mm no qual podemos ler o lema "França primeiro" da 5ª Divisão Blindada, da qual o 1er REC forma o esquadrão de reconhecimento.

Banda de música do 1er REC.

Retrato de um "caporal-chef" da banda de música do 1er REC. O brevê "Tunisie" indica serviço na Campanha da Tunísia (1942-1943).

Suboficiais legionários posam com um jipe anfíbio.

Bibliografia recomendada:

French Foreign Legion 1914-45,
Martin Windrow e Mike Chappell.

Leitura recomendada:

sexta-feira, 5 de março de 2021

FOTO: Parada noturna na Caiena

Legionários em parada na praça d'armas do quartel de la Madeleine, do 9e RIMa, durante a visita da ministra da Defesa, 10 de dezembro de 2020.
(Lara Priolet / ECPAD)

Parada noturna com legionários do 3e REI no quartel de la Madaleine na Caiena, a capital da Guiana Francesa, para a visita da ministra da Defesa, Florence Parly, 10 de dezembro de 2020.

O quartel pertence ao 9e RIMa, das tropas navais do exército. O 3e REI é baseado em Kouru e tem por missão a  proteção ao programa espacial francês. As duas unidades participam de missões de segurança territorial e ao combate ao garimpo ilegal. As duas unidades possuem treinamento especial de selva e respondem às Forças Armadas Francesas na Guiana.

Bibliografia recomendada:

French Foreign Legion:
Infantry and Cavalry since 1945.

Leitura recomendada:

VÍDEO: O Brasil poderia tomar a Guiana Francesa?12 de dezembro de 2020.

O Estado-Maior Brasileiro considera a França a principal ameaça militar até 20409 de fevereiro de 2020.

A Viabilidade das Operações na Selva à Noite, 5 de outubro de 2020.

PINTURA: Desembarque anfíbio em Caiena, 18094 de fevereiro de 2020.

FOTO: 14ª Reunião de Estados-Maiores entre o Brasil e a França2 de maio de 2020.

Legionários e gendarmes destruíram um grande acampamento de garimpeiros ilegais na Guiana7 de abril de 2020.

FOTO: Equipe de míssil anti-aéreo Mistral durante o lançamento do foguete Ariane 515 de janeiro de 2020.

Chineses buscam assistência brasileira com treinamento na selva9 de julho de 2020.

VÍDEO: Estágio Jaguar na Guiana Francesa19 de setembro de 2020.

segunda-feira, 1 de março de 2021

GALERIA: Fortes da Legião Estrangeira Francesa

Por Richard Jeynes, World Archaeology, 21 de setembro de 2012.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 19 de novembro de 2019.

Contos da Legião Estrangeira Francesa nos desertos do norte da África despertaram a imaginação de muitos garotos de escola aventureiros. Richard Jeynes era um deles. Agora, como arqueólogo (adulto), sua investigação de um forte abandonado do império colonial francês está dando vida a essas histórias.

O remoto posto avançado do deserto de Fort Zinderneuf, do romance Beau Geste de 1925, de P. C. Wren, guarnecido por legionários rudes e desesperados, e cercado por tribais montados em camelos, inspirou vários filmes de Hollywood e uma série de livros de um gênero semelhante.

A equipe do projeto, 2012.

Embora as alegações de Wren de terem servido na Legião Estrangeira Francesa sejam praticamente sem fundamento, os pequenos detalhes da vida na Legião são razoavelmente precisos. A Legião Estrangeira Francesa foi usada em campanhas no norte da África. Eles construíram fortes isolados que se tornaram o foco de ações militares muito além da imaginação de escritores, e postos avançados eram frequentemente defendidos até o último homem durante o início do século XX. Nossas investigações nos levaram a dois desses locais, no sudeste do Marrocos, perto da fronteira com a Argélia: um grande forte em Tazzougerte e uma fortaleza em Boudenib.

O blocausse

Plano do blocausse, diagramas da Revista de Engenharia francesa, fevereiro de 1909.

Os restos do blocausse (bastião) permanecem claramente visíveis do forte. Mantendo uma posição-chave, cobrindo as abordagens ao sul de Boudenib, foi construído em antecipação a um ataque ao forte, ocorrido na noite de 1º de setembro de 1909. Os 40 defensores seguraram cerca de 400 atacantes por quase dois dias antes de finalmente conseguirem repeli-los. Mas foi uma luta desesperada - quase o equivalente da Legião à Rorke's Drift. Pouco resta agora do blocausse. Mas e as evidências arqueológicas?

Embora haja poucos restos do blocausse hoje, fotografias contemporâneas e desenhos detalhados fornecem uma imagem clara de como era a estrutura em 1909.

O projeto foi limitado pelo espaço disponível no cume da gara. O prédio de dois andares era ladeado a leste e oeste por cercas muradas que davam espaço para posições de artilharia - duas a oeste e uma a leste - aumentando assim o poder de fogo disponível.

Restos do blocausse.

Seções do muro ocidental são claramente definidas, mas ficam a uma altura muito reduzida. Uma pequena sala com brechas sobrevive intacta no extremo sul da parede oeste - essas brechas podem ser vistas nas fotografias antigas; e o que parece ser uma chaminé sobrevive no extremo norte - também visível nas fotografias contemporâneas.

A leste das muralhas sobreviventes, vestígios das paredes baixas dos recintos exteriores podem ser encontrados em alguns lugares, mas é claro que grande parte do edifício foi desmontada. Os locais dos posicionamentos dos canhões foram localizados e pretendemos continuar nossa pesquisa em uma estação futura.

Curiosamente, uma sala no canto sudoeste do edifício não é mostrada no plano de 1909 para o blocausse, sugerindo que aqueles que construíram o forte se desviaram do projeto original durante a construção.

Caminhada ao redor do blocausse.

Estudantes de Worcester.

Cicatrizes de batalha

Sabemos por evidências documentais que o forte foi atacado pelo sul - e por boas razões: os lados da colina ao norte e leste são muito íngremes, com uma visão clara do principal reduto de Boudenib, enquanto ao sul há um pequeno platô a cerca de 100m do cume da colina, logo abaixo do canto sudoeste do blocausse.

Aproximação pelo sul.

Foram encontrados estilhaços aqui em quantidades significativas, confirmando o uso de artilharia defensiva, e o uso do platô como uma possível posição de reunião e tiro pelos marroquinos que assaltaram o cume. Imagens contemporâneas mostram arame farpado amarrado em estacas de metal para rastrear o local, uma prática defensiva padrão, e nossa pesquisa localizou uma estaca de metal no lado sul do prédio. As falésias dos lados norte e leste formavam uma defesa natural, por isso o arame farpado era desnecessário aqui.

As aproximações íngremes de todas as direções proporcionavam pouca cobertura aos atacantes, tanto para se esconder quanto para garantir posições eficazes de tiro. No entanto, também foi difícil para os defensores atirarem em alvos ladeira abaixo em um ângulo tão agudo, o que pode explicar como os atacantes conseguiram chegar tão perto dos muros - e até quebrá-los. Os legionários retaliaram lançando cargas explosivas diretamente em seus atacantes logo do lado de fora dos muros.

Encontrando sombra em Boudenib, com o blocausse ao fundo.

Embora saibamos, pelos registros contemporâneos, que o ataque ao blocausse foi intenso, as evidências de combate na forma de balas, cartuchos, balas de mosquete e estilhaços de artilharia foram decepcionantes. O local permaneceu em uso por muitos anos após o ataque, e muitas das evidências teriam sido removidas após o ataque. No entanto, pretendemos realizar pesquisas mais extensas na área mais ampla no futuro, o que, esperamos, revelará mais evidências dessa noite fatídica.

Forte Tazzougerte

Interior do forte.

Construído em 1926 pela Legião Estrangeira Francesa, o forte de Tazzougerte fica em um planalto no extremo sul do vale do rio Oued Guir, a 6km ao sul da vila de Tazzougert e a 24km a oeste de Boudenib, que naquela época, tornou-se uma importante base militar francesa.

O deserto do Saara é um ambiente desafiador, tanto para a Legião Estrangeira Francesa do início do século XX quanto para os arqueólogos de hoje. No entanto, é graças ao clima seco e à localização remota que a estrutura do forte está em uma condição relativamente completa. As pesquisas de campo por caminhada e de construção produziram evidências claras da vida da guarnição, incluindo latas de ração, botões de túnica e fivelas de cinto, enquanto estojos de cartuchos usados, balas e fragmentos de granada eram lembranças sombrias da atividade militar do forte. A maioria das descobertas estava localizada nos dois lados do forte, que podiam ser facilmente alcançados a pé.

As paredes externas e a torre ainda estão de pé, enquanto os restos dos prédios internos são claramente visíveis, faltando apenas os telhados. A oeste do local, há um pequeno oásis nas margens do rio; ao sul está o deserto aberto da Hammada de Guir que continua, ininterruptamente, em direção a uma fronteira indefinida com a Argélia.

Pesquisa no solo com detector de metais.

Procurando cartuchos de munição.

Marrocos Francês

Torre de vigia.

A expansão colonial pelas principais potências européias deixou o Marrocos praticamente intocado ao longo do século XIX, embora a Grã-Bretanha, a França, a Alemanha e a Espanha tivessem interesses financeiros no país. No entanto, os franceses, procurando igualar a influência colonial britânica em outras partes da África, começaram a se estabelecer no norte da África e se mudaram para o oeste, no Marrocos, como uma extensão natural desse programa. Em 1907, sob o pretexto de proteger seus cidadãos após tumultos e distúrbios locais, a França enviou forças para Oujda e Casablanca. Após novas revoltas, a França e o sultão marroquino Abdel Hafid assinaram o Tratado de Fez em 1912, que estabeleceu o Marrocos como "protetorado" francês. Como tal, o sultão permaneceu no seu posto, mas não governou, efetivamente colocando o Marrocos sob o controle francês. O país não recuperaria a independência até 1956.

Na década de 1920, a conquista e a pacificação francesas do Marrocos foram amplamente possibilitadas pelos esforços e atividades anteriores da Legião Estrangeira Francesa. Sob o comando do Marechal Lyautey, o papel da Legião era construir e guarnecer fortes que ligavam áreas estratégicas, e reprimir rebeliões onde quer que elas eclodissem. Foi uma tarefa formidável: o Marrocos é um país de terreno desafiador, com altas cadeias de montanhas, planícies ensolaradas e florestas densas e desertas habitadas por tribos ferozmente independentes que envolveram os franceses em alguns dos combates mais exigentes que já haviam enfrentado.

Após a independência, os fortes e postos avançados da Legião - vistos como símbolos da conquista colonial - foram abandonados. Muitos foram destruídos pelos franceses quando foram abandonados. Alguns continuaram em uso como delegacias da polícia e do exército marroquinos, outros passaram a ser usados como prédios agrícolas e muitos foram usados como pedreiras pelos construtores de vilarejos e cidades em expansão. Alguns, nas áreas mais inacessíveis, foram simplesmente esquecidos. A situação foi prevista com uma precisão extraordinária pelo famoso oficial da Legião, o Major Zinovi Pechkoff, que escreveu:

"Depois de alguns anos, iremos mais longe. Mas esses postos avançados permanecerão na retaguarda. Eles serão desmontados. Eles servirão de abrigo para as caravanas que passam. Ao redor deles, mercados serão estabelecidos e as pessoas esquecerão que houve um tempo em que as torres carregavam armas.”

Por que os fortes foram construídos?


Os problemas enfrentados pelos franceses durante a ocupação do Marrocos eram imensos: clima, terreno e uma população ferozmente independente estavam todos contra eles.

As montanhas altas, densamente arborizadas no norte, eram difíceis de penetrar, exceto por passagens estreitas e íngremes, que se tornaram armadilhas mortais para muitas colunas francesas emboscadas que passavam por elas. A água preciosa era escassa e os oásis muito disputados.

Jez Dix com camelos - e um meio mais moderno de transporte no deserto.

Os franceses, portanto, estabeleceram uma rede de grandes bases de guarnição em locais como Fez, Meknès e Marraquexe, a partir das quais unidades foram desdobradas para dominar o terreno circundante e permitir movimento seguro para forças militares e colunas de suprimento. O papel secundário delas era "mostrar a bandeira", reforçando o controle francês sobre a população local.

O Major Pechkoff descreveu este papel desta maneira:

“As tribos da montanha acreditavam no direito e no poder dos mais fortes e uma demonstração de armas tinha que ser mostrada a eles.”

A vida de um Legionário

Sem artilharia ou métodos eficazes para forçar a entrada nos fortes, as guarnições teriam se sentido relativamente seguras contra ataques, seu maior perigo sendo o cerco prolongado e a diminuição gradual do suprimento de água. No entanto, evidências literárias sugerem que ataques diretos e infiltração nos fortes eram uma ameaça muito real:

"Eu pulei de pé ao ouvir os oficiais subalternos gritando “Aux armes! Aux armes! Prenez la garde, légionnaires.” [Às armas! Às armas! Assumam a guarda, legionários!] Então ouvi um grito de gelar o sangue e soube que as sentinelas haviam sido baleadas... Eu podia ver uma onda crescente de rostos negros enquanto os árabes escalavam o muro e os bastiões." (Ex-Legionário 75464, 1938)

Aproximação da entrada principal.

"Muitas vezes, eles (os bérberes) vêm e ficam quietos nas proximidades do posto, esperando conseguir algo ao amanhecer, se não à noite. Uma sentinela fica sonolenta depois de uma hora em observação. Então o 'brigand' que está assistindo lança uma corda e houve ocasiões em que homens foram puxados do bastião com suas armas, às vezes mortos, às vezes não, mas sempre roubados de tudo o que tinham." (Oficial da Legião Major Zinovi Pechkoff, 1926)

Os legionários em serviço de sentinela eram obrigados a ter seu fuzil preso ao corpo com um comprimento de corrente, para evitar tais roubos.

Enquanto a munição, a comida e a água durassem, um forte poderia sobreviver por um longo período de tempo e até reforços chegarem. Embora isolados, eles tinham comunicações efetivas que poderiam ser usadas para pedir assistência, do telefone e do rádio à heliografia mais primitiva, pombo-correio e chamadas de corneta. Após a Primeira Guerra Mundial, vôos regulares de aeronaves da Força Aérea Francesa forneceram cobertura adicional.

"O reconhecimento da aviação havia tirado fotografias dessa região e pudemos ver delas que as trincheiras haviam sido escavadas pelos rifenhos na montanha." (Z Pechkoff, 1926)

Ele também registrou o uso de aeronaves para ajudar no alívio de um forte sitiado:

"Eles não tinham comida e principalmente água. Aviões haviam sido enviados para fornecer água jogando blocos de gelo... A área do posto avançado é pequena e os aviões, voando alto e rapidamente, tiveram dificuldade em lançar o gelo no posto."

Interior do forte.

Combate à insurreição

A revolta nas montanhas do Rif, liderada por um líder inteligente e inspirador chamado Abd-el-Krim, viu alguns dos ataques mais dramáticos em fortes isolados. Em 1925, inspirado por seu sucesso contra os espanhóis no norte do Marrocos, ele voltou sua atenção para os franceses.

A Legião sofreu várias derrotas nas mãos dos membros da tribo de Abd-el-Krim. Aqueles fortes que foram perdidos, foram despidos de armas e ítens de valor, e demolidos para impedir que caíssem nas mãos do inimigo: o oficial comandante de um posto avançado, que agüentou quase oito semanas, explodiu o posto, matando a si mesmo e a seus homens restantes, em vez de deixá-lo caírem nas mãos do inimigo.

Tais medidas desesperadas revelam quão grande a ameaça se tornou - por que tão poucos fortes permanecem hoje.

Richard Jeynes, arqueologista e fundador da Trailquest.

Bibliografia recomendada:

Our Friends Beneath the Sands:
The Foreign Legion in France's Colonial Conquestes 1870-1935.
Martin Windrow.

Leitura recomendada:

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

FOTO: Legionários na Síria

Dois legionários do 6e REI cravam uma estaca de metal no chão, Síria, 23 de abril de 1940. (ECPAD)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog30 de outubro de 2020.

Dois legionários do 6º Regimento de Infantaria Estrangeiro (6e  Régiment Étranger d’Infanterie, 6e REI) cravam uma estaca de metal no chão, Síria, 23 de abril de 1940.

Com a queda da França pouco depois, o 6e REI passaria ao controle do governo de Vichy e lutaria na campanha do Levante (Síria e Líbano) contra os franceses livres e os britânicos em 1941.

Bibliografia recomendada:

French Foreign Legion 1914-45.
Martin Windrow e Mike Chappell.

Leitura recomendada:


FOTO: Legionários em La Valbonne, 30 de março de 2020.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

GALERIA: Legionários reparadores no Camboja

Dois legionários e uma "auto-metralhadora" M8 Greyhound da 1er CMRLE, agosto de 1953.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 8 de outubro de 2020.

No Camboja, nas regiões de Prey Veng e Néak Luong, a contribuição da 1er CMRLE (1ère Compagnie Moyenne de Réparation de la Légion Étrangère 1ª Companhia Média de Reparação da Legião Estrangeira) para as atividades do 2° Batalhão do RMC (Régiment Mixte du Cambodge / Regimento Misto do Camboja), 

Fotos de Surel para o ECPAD, com a participação do Capitão Bretegnier, comandante desta ação conjunta, do Capitão Roehrich, comandante do 2º Batalhão do RMC e do Capitão Noël da 1er CMRLE, em agosto de 1953.

Aparte os regimentos e batalhões que formaram as unidades principais da Legião Estrangeira na Indochina, havia cerca de 30 companhias destacadas de vários tipos formadas durante a guerra e compostas por legionários possuidores de habilidades úteis; sendo elas unidades de transporte, reparo, engenharia e logística.

O comboio da 1er CMRLE na estrada para Prey Veng.

Um caminhão GMC (General Motors Corporation) da 1er CMRLE passando por um desvio inundado pelas chuvas que já começaram, provavelmente na estrada Prey Veng.

Legionário da 1er CMRLE trabalhando em caminhão oficina.

Dois legionários da 1ª CMRLE no caminhão servindo como loja de acessórios, provavelmente na estrada de Prey Veng.

Bibliografia recomendada:

Leitura recomendada:

GALERIA: Operação Mercure na Indochina7 de outubro de 2020.

GALERIA: Operação Brochet no Tonquim3 de outubro de 2020.

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

GALERIA: Operação Mercure na Indochina

Explosão de uma mina em um caminho que separa duas plantações de arroz, durante a Operação "Mercúrio", abril de 1952.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 7 de outubro de 2020.

Na Operação Mercure (Mercúrio, abril de 1952), o General Linarès decidiu adiar o esforço militar para o leste de Thaï Binh, onde o grosso da Divisão 320 Viet-Minh (Sư đoàn Đồng Bằng, Divisão Đồng Bằng - Divisão do Delta)  acabara de se reagrupar entre Giem Ho, o rio Vermelho e o mar, com a esperança da destruição completa da divisão Viet-Minh.

Fotos de Bouvet Robert, Jahan Pierre e Varoqui Raymond, para o ECPAD, mostrando os legionários paraquedistas do 1er BEP (Bataillon Étranger de ParachutistesBatalhão Estrangeiro de Paraquedistas)

O "expurgo" no País T'ai empurrou os Chu Luc (regulares) Viet-Minh, mas falhou em destruir a unidade. Ela se reagruparia e seria alvo de uma nova operação, Operação Muette (Gaivota) no ano seguinte, sendo novamente sangrada, e o Delta do Rio Vermelho foi ocupado pelos franceses até novembro de 1953.

Legionários do 1er BEP apoiam o avanço dos seus camaradas utilizando uma metralhadora .30 para permitir a busca de um povoado durante a Operação Mercure.

Legionários do 1er BEP negociando o terreno lamacento na fronteira marítima do delta tonquinês.

Progresso de um soldado do 1er BEP, armado com uma MAT-49, na floresta e nos arrozais durante a operação.

Dois legionários do 1er BEP lutam para progredir na floresta.

Bibliografia recomendada:

Street Without Joy:
The French Debacle in Indochina,
Bernard B. Fall.

Leitura recomendada:

GALERIA: Operação Brochet no Tonquim3 de outubro de 2020.

sábado, 3 de outubro de 2020

GALERIA: Operação Brochet no Tonquim


Um posto de comando do 2e BEP foi instalado em uma aldeia. Entre os equipamentos acoplados à cabana, está um fuzil de coronha dobrável US M1A1 e um transceptor SCR 536. Um operador de rádio (em pé) presta serviço à estação transceptora PRC 10, a qual carrega nas costas.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 3 de outubro de 2020.

A Operação "Brochet" (Peixes Predadores) se desenrolou no setor de Hung-Yen, de 24 de setembro a 13 de outubro de 1953, com o  objetivo de destruir os regimentos (Tieu Doan) 42 e 50 do Viet-Minh e suas bases, localizadas ao norte do Canal de Bambus, no Tonquim (norte do Vietnã), ocorreu em diferentes fazes (Brochet I-IV) envolvendo 18 batalhões franceses e vietnamitas. Fotos de Ferrari Pierre para o ECPAD tiradas em setembro, em sua totalidade focando nos dois batalhões da Legião Estrangeira Francesa presentes na operação.

Participaram da operação em 24 de setembro:
  • O 2º BEP (2e Bataillon Étranger de Parachutistes2º Batalhão Estrangeiro de Paraquedistas), 
  • O II/5º REI (2e bataillon du 5e Régiment Étranger d’Infanterie2º Batalhão do 5º Regimento Estrangeiro de Infantaria), 
  • O 8º BPC (8e Bataillon de Parachutistes de Choc8º Batalhão de Paraquedistas de Choque), - o GM 3 (3e Groupe Mobile, 3º Grupo Móvel), 
  • O RICM (Régiment d’Infanterie Coloniale du MarocRegimento de Infantaria Colonial do Marrocos), 
  • Além de artilharia e consideráveis forças da Marinha.

Supletivos vietnamitas

Um legionário-paraquedista de 2ª classe, originário de Hanói, do 2e CIPLE, a companhia de supletivos nativos.

O legionário do 2e CIPLE (2e Compagnie Indochinoise Parachutiste de la Légion Étrangère / 2ª Companhia Indochinesa Paraquedista da Legião Estrangeira) está vestido com um blusão camuflado "à prova de vento" britânico M1942, redimensionado e modificado localmente para a sua estatura mais baixa, apelidado de "peau de saucisson" ("pele de salsicha"). Seu capacete US M1 é modificado "EO" (Extrême-Orient / Extremo Oriente) pela adição de uma jugular produzida localmente, tornando-a adequado ao paraquedismo.

Os supletivos não foram autorizados o képi blanc por não estarem sujeitos às especificidades contratuais dos demais legionários, portando, foram equipados com boinas brancas. Além da questão da exclusão, haveria também o incômodo da necessidade de encomendar quepes brancos em tamanho pequeno.

O Sergent-Chef N'Guyen Van Phong, um desses legionários-supletivos (com o 1er BEP e depois 2e BEP), carregou a mão de madeira do Capitão Danjou no Camerone de 30 de abril de 2017, a maior honra que um legionário pode aspirar. 

Boinas verde e branca dos batalhões paraquedistas da Legião Estrangeira na Indochina (1er BEP e 2e BEP) no Museu da Legião Estrangeira em Aubagne, no sul da França.
(Foto do autor)


Cerimônia em homenagem ao Sergent-Chef N'Guyen Van Phong

Patrulha à pé nos arrozais

Legionários do 3º batalhão do 5º REI durante a operação.
Em primeiro plano, um legionário carrega uma granada ofensiva OF 37 no cinto e um fuzil MAS 36 sobre o ombro. Atrás dele há um legionário com a venerável MAT-49.

Durante a operação, legionários-paraquedistas do 2e BEP avançam por um arrozal.
O primeiro carrega sua submetralhadora na posição de "segurança" (carregador dobrado para evitar uma rajada acidental) e enfiou um maço de cigarros sob o elástico de camuflagem de seu capacete, em vez do maço de bandagens habitual. Ele é seguido por um fuzileiro-metralhador com o tipo 1924/29 Châttellerault.

Travessia de um arroio por paraquedistas do 2º BEP no setor de Hung Yen durante a operação, o homem do centro carrega o fuzil paraquedista MAS 36 CR39 de coronha dobrável.

A rabeira do mesmo grupo cruzando um marcador em pedra no arroio.

Paraquedistas do 2e BEP avançam pelos arrozais.

Estacas punji

Os feridos do 2e BEP foram evacuados por helicóptero Hiller 360.

No período de 1951-1954, 10.820 feridos foram evacuados, incluindo 6.499 outros apenas em 1954, com apenas 32 aeronaves (número alcançado em março de 1954) distribuídas entre Saigon e Hanói. Foi em 1950 que os primeiros dois helicópteros Hiller 360 foram adquiridos por subscrição pública e oferecidos à Força Expedicionária Francesa no Extremo Oriente.

As estacas punji eram uma armadilha colocada em uma prancha na qual estão pregados pregos de aço, escondidos no fundo de um buraco cavado sob o água de um arrozal ou de um arroio. Surpreso à medida que avançava, o soldado empala pesadamente o pé nas pontas, destinadas a agravar a lesão e evitar que o dispositivo seja removido por simples tração. Essas estacas podiam também ser cobertas com fezes humanas para causar infecção grave na vítima.

Legionários paraquedistas do 2e BEP apresentam uma armadilha rudimentar, mas eficaz, do Viêt-Minh, da qual um deles acaba de ser vítima: as estacas punji.

Estacas punji: Armadilha com pontas de aço de 15cm, desenvolvida pelos Viet-Minh.
O legionário posando ao lado calça as famosas botas de selva francesas Pataugas.

Exemplar de uma tal armadilha no Museu da Legião Estrangeira em Aubagne, no sul da França.
(Foto do autor)


Bibliografia recomendada:

French Foreign Legion Paratroops.
Martin Windrow & Wayne Brady, e Kevin Lyles.

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