sábado, 21 de maio de 2022

Israel tenta derrubar seu próprio drone por engano

Um drone militar israelense em 8 de junho de 2018.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 21 de maio de 2022.

As sirenes soaram na Alta Galiléia, perto da fronteira libanesa, com moradores correndo para abrigos. Israel lançou seus foguetes de defesa apenas para descobrir que estava atirando em seu próprio drone, conforme revelou o exército israelense dois dias atrás, em 19 de maio desse ano.

"Devido a um erro de identificação, a Matriz de Defesa Aérea das FDI lançou interceptadores que causaram os alarmes ouvidos no norte de Israel", disse o Exército israelense em comunicado. Isso ocorre dias depois que um drone do Hezbollah foi abatido enquanto viajava do Líbano para Israel. A Matriz de Defesa Aérea mencionada é o famoso Domo de Ferro, o sistema de defesa anti-mísseis de Israel.
O Líbano e Israel estão tecnicamente em estado de guerra, e Israel lançou uma guerra devastadora contra seu vizinho do norte em 2006, matando 1.200 pessoas - entre civis e terroristas - durante um período de 34 dias. A confrontação terminou com um cessar-fogo mediado pela ONU. No mês passado, um foguete disparado contra o norte de Israel partindo do Líbano caiu em uma área aberta perto do Kibutz Matzuva, perto da fronteira, sem causar danos ou ferimentos. Em resposta, os militares israelenses bombardearam alvos no Líbano com dezenas de obuses de artilharia, e o porta-voz das FDI, Ran Kochav, disse que facções palestinas no Líbano são consideradas responsáveis.

Houve vários casos de lançamento de foguetes do Líbano para Israel nos últimos anos, com a maioria atribuída a facções palestinas no país, não ao grupo terrorista libanês Hezbollah. No entanto, é improvável que terroristas no sul do Líbano consigam disparar foguetes sem pelo menos a aprovação tácita do grupo terrorista apoiado pelo Irã, que mantém um controle rígido sobre a área.

Um posto militar das FDI na fronteira entre Israel e Líbano, 20 de julho de 2021.

Bibliografia recomendada:

GALERIA: Monumento às vitórias militares do Exército Colombiano

Inauguração do monumento no Forte Militar de Tolemaida,
9 de janeiro de 2019.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 21 de maio de 2022.

Inauguração do museu e monumento em Tolemaida, para o bicentenário do Exército Nacional da Colômbia, localizado no Centro Nacional de Treinamento do Forte Militar de Tolemaida, em 9 de janeiro de 2019.

O exército colombiano comemora sua criação com a Batalha de Boyacá, em 7 de agosto de 1819.

O Centro Nacional de Treinamento das Forças Armadas (Centro Nacional de Entrenamiento de las Fuerzas Militares, CENAE) em Tolemaida, localizado na fronteira entre Tolima e Cundinamarca, no município de Nilo, é a sede do Centro Nacional de Treinamento colombiano. A base tem uma altitude de 493 metros acima do nível do mar. Possui duas pistas, a primeira é designada "04/22", tem superfície asfáltica e tem 2.829 metros de comprimento e 29 metros de largura. A segunda pista é designada "04L/22R", tem uma superfície de concreto e tem 436 metros de comprimento e 20 metros de largura. Em 2012, o Forte de Tolemaida foi o anfitrião do exercício multinacional americano Fuerzas Comando 2012 (Forças Comando) - com a vitória da Colômbia.


Boina verde americano durante o Fuerzas Comando 2012, em 10 de junho de 2012.

Demonstração nas torres no CENAE.

O CENAE abriga as seguintes escolas:

Batallón de Apoyo y Servicios para el Entrenamiento:

O Batalhão de Apoio e Serviços à Formação presta apoio logístico e administrativo às unidades centralizadas do Centro Nacional de Formação, gerencia o processo logístico de armazéns e estoques adquiridos através dos itens atribuídos para garantir o desenvolvimento das funções atribuídas a cada um deles.

Policía Militar No 5 Guillermo Ferguson:

O Batalhão de Polícia Militar Nº 5 "Guilhermo Ferguson" tem a missão de garantir a segurança e tranquilidade do Forte Militar de Tolemaida. O quadro de oficiais, suboficiais e militares profissionais e graduados do ensino secundário orgânico desta unidade, o fazem através de postos de controle, fiscalizam e garantem a mobilidade ao longo das estradas de Tolemaida.

Escuela de Asalto Aéreo:

Localizada na base militar de Larandia, departamento de Caquetá, a Escola de Assalto Aéreo foi criada em 14 de abril de 2011 para treinar oficiais, suboficiais e soldados profissionais das Forças Armadas Colombianas, no planejamento, desenvolvimento e execução de operações de assalto aéreo com ênfase na selva, combinando com sucesso a velocidade estratégica com a mobilidade tática dos elementos aéreos.

Estátua principal do CENAE, ainda sem o distintivo na boina antes da sua inauguração em 2019.

Escuela de Tiro:

A Escola de Tiro foi criada em 17 de março de 2009 e atualmente é projetada como unidade tática do Exército que treina e especializa militares das Forças Armadas e países amigos, como atiradores de alta precisão (snipers, atiradores de elite), ensino de armamento e tiro, e balística para atiradores esportivos de nível superior que competem nos campos militar, nacional, internacional e olímpico.

Escuela de Entrenamiento y Reentrenamiento Táctico:

A Escola de Treinamento e Reciclagem Tática do Exército é a unidade que "forja a alma do combatente colombiano". Criado para desenvolver cursos básicos de combate, correspondentes ao segundo nível de instrução para oficiais e suboficiais.

Escuela de Paracaidismo Militar:

A Escola de Paraquedismo Militar foi criada em resposta à necessidade de desenvolver operações em regiões de difícil acesso. Em 1985, sob o nome de pelotão ASA, trabalhou no cantão militar de Apiay, departamento de Meta, e em 1996 tomou sua forma atual como Escola Militar de Paraquedismo no Centro Nacional de Treinamento. Em janeiro de 2020, tropas colombianas e dos Estados Unidos realizaram uma inserção militar conjunta com aeronaves Lockheed C-130 Hercules, simulando assim a captura de um aeródromo. Para este exercício, as tropas colombianas trabalharam com cerca de 75 soldados da 82ª Divisão Aerotransportada "All American" e da 40ª Divisão Militar-Sul do Exército dos Estados Unidos.

Escuela de Fuerzas Especiales:

A Escola de Forças Especiais foca nos novos métodos criminais utilizados pelos grupos narcoterroristas do país que, na década de 1990, obrigaram o Exército Nacional a uma readaptação, melhorando assim o treinamento de seus homens para combater essa atividade criminosa.

Escuela de Lanceros:

A Escola de Lanceros forma os famosos Lanceros, os operadores de forças especiais colombianos. O nome é em homenagem aos índios lanceiros da Colômbia que lutaram na guerra de independência contra a Espanha. A alma mater dos lanceiros foi criada em 1955 devido à necessidade de formar unidades de combate irregulares. O seu lema: LEALDADE, VALOR E SACRIFÍCIO.

Imagens da cerimônia de inauguração de 9 de janeiro de 2019:



O Forte de Tolemaida também é um caminho preferido para ações de comunicação social, como visitas de autoridades estrangeiras ou cerimônias militares como a apresentação dos conscritos do serviço militar obrigatório ou a comemoração de aniversários institucionais.

Visita do general comandante do Exército Equatoriano.

Legenda original:

"O General de Brigada Luis Marcelo Altamirano Junqueira, Comandante Geral do Exército Equatoriano, visitou o CENAE e a Escola de Lanceiros, unidade que o treinou como Lanceiro da Colômbia e do mundo. 'Lealdade, Valor e Sacrifício' é a trilogia que ele carrega na mente e no coração há anos."

Policiais militares do exército colombiano.

Militares de vários países americanos.

Altos oficiais colombianos e visitantes, 23 de agosto de 2021.

Leitura recomendada:

Franceses com a Medalha Militar no Somme

Soldados franceses após receberem a Medalha Militar no Somme, 1916.
O homem no centro tem os porta-carregadores do FM Chauchat.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 21 de maio de 2022.

Soldados franceses ostentando a Medalha Militar (Military Medal, MM) após uma cerimônia na retaguarda durante a Batalha do Somme (21 de junho - 28 de setembro de 1916).

Os militares são de várias unidades diferentes, como se evidencia pelas numerações nos colarinhos e pelos símbolos nos capacetes, com um engenheiro usando o distintivo da armadura e um soldado colonial com a âncora junto à granada flamejante da República Francesa; do lado esquerdo, um dos soldados porta as cornetas dos Chasseurs (caçadores) no colarinho. Muitos militares já possuem condecorações francesas como a Croix de Guerre (Cruz de Guerra), todas com palma, e a Médaille Militaire (Medalha Militar).

Original em preto-e-branco do Imperial War Museum britânico.

O homem em evidência no centro é um municiador de Grupo de Combate (GC) e carrega o porta-carregador especial para o fuzil-metralhador (fusil-mitrailleur, FM) CSRG Chauchat, que usava carregadores em meia-lua semi-abertos. Estes carregadores foram motivo de muita controvérsia e, por serem uma novidade, devem ser o motivo da atenção na foto.

Atiradores de Chauchat e seus municiadores representaram uma inovação no combate de infantaria, com o moderno sistema de armas combinadas e inter-depentes, e sofreram baixas exponenciais assim como foram condecorações desproporcionalmente aos demais integrantes da infantaria.

Anverso e reverso do primeiro tipo da Military Medal (1916–1930).

A Medalha Militar foi uma condecoração militar concedida aos militares do Exército Britânico e outros ramos das forças armadas, estendida aos outros países da Commonwealth (Comunidade Britânica), abaixo do posto de oficial comissionado, por bravura em batalha em terra. O anverso possuía a efígie do Rei George V no uniforme de Marechal-de-Campo (1º tipo de 1916-1930) e o reverso a coroa com a inscrição "Por bravura em campanha". O prêmio foi estabelecido em 25 de março de 1916, com aplicação retroativa a 1914, e foi concedido aos praças por "atos de bravura e devoção ao dever sob fogo"; e foi classificado abaixo da Medalha de Conduta Distinta (Distinguished Conduct MedalDCM).

Prêmios para as forças britânicas e da Commonwealth eram anunciados no London Gazette (Gazeta de Londres), mas não prêmios honorários para as forças aliadas; listas de prêmios para forças aliadas foram publicadas pelos Arquivos Nacionais em 2018 e são mantidas em arquivos específicos do país dentro da WO 388/6. Desde 1918, os destinatários da Medalha Militar têm direito às letras pós-nominais "MM". A elegibilidade foi estendida aos soldados do Exército Indiano em 1944.

O prêmio foi descontinuado em 1993, quando foi substituído pela Cruz Militar (Military Cross), que foi estendida a todos os escalões, enquanto outras nações da Commonwealth instituíram seus próprios sistemas de premiação no período pós-guerra.

Bibliografia recomendada:

British Military Medals:
A Guide for the Collector and Family Historian.
Peter Duckers.

Leitura recomendada:


O Chauchat na Iugoslávia26 de outubro de 2020.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

A Colômbia comprará 12 obuses Caesar fabricados na França

Soldados franceses realizam um exercício de tiro real com um obus autopropulsado Caesar fora do aeródromo de Bagram, Afeganistão, em 2009.
(Staff Sgt. Teddy Wade/Exército dos EUA)

Por José Higuera, Defense News, 19 de maio de 2022.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 20 de maio de 2022.

SANTIAGO, Chile - A Colômbia selecionou o obus Caesar da Nexter como parte de um esforço para modernizar as capacidades de artilharia de campanha de seu Exército, com negociações começando para um primeiro lote de quatro, no valor de cerca de US$ 35 milhões, disseram fontes militares em Bogotá ao Defense News sob condição de anonimato por motivos de segurança.

O obus de 155mm com tração nas seis rodas, fabricado na França, foi selecionado no final de 2021, com o Exército selecionando-o no início deste mês, seguido pelo governo aceitando a decisão e autorizando o início das negociações. O Ministério da Defesa se recusou a comentar esta história.

A arma de calibre 155mm/52 pode disparar uma ampla gama de munições, incluindo LU, BONUS, ERFB NR e KATANA; a munição LU oferece um alcance de 4,5 a 40 quilômetros (2,796 a 24,85 milhas).

O Caesar passou por uma manifestação na Colômbia em 2011. Com isso, a Nexter foi convidada pelo Exército a apresentar propostas para a venda de até 12 obuses, com a encomenda do primeiro lote de seis prevista para 2014.

No entanto, problemas políticos e fiscais causaram o adiamento dos planos de compras. Os esforços de aquisição foram revividos em 2019 e, segundo fontes, devem incluir a aquisição de até 12 obuses Caesar, mas distribuídos em três lotes de quatro cada.

A aquisição faz parte do esforço do país para modernizar e aumentar suas capacidades militares convencionais para combater insurgências e tráfico de drogas. Como parte desse esforço, sete dos 13 obuses rebocados da General Dynamics European Land Systems 155/52 APU SBT no inventário da Colômbia foram recentemente reformados e modernizados.

O programa de modernização também incluiu a integração do sistema de posicionamento e direcionamento NELI da Star Defense Logistics and Engineering da Espanha. Uma versão do NELI, adaptada às necessidades e condições da Colômbia, foi desenvolvida em conjunto com a empresa local Dynamic Trading Solutions. O NELI é usado com os canhões de 105mm e morteiros de 120mm da Colômbia e será integrado ao Caesar.

O Exército também adquiriu sofisticados simuladores de artilharia móvel para apoiar o treinamento de campo. A empresa americana Force Improvement forneceu quatro unidades desde 2020 e uma quinta foi encomendada no final de 2021, embora o custo não tenha sido revelado.

Instalado dentro de contêineres de caminhão com 120 metros de comprimento, a tecnologia móvel permite o controle total dos treinos e exercícios, simulando diversos ambientes e condições climáticas, além de uma ampla gama de munições, resultando em treinamentos mais intensos e de maior qualidade por uma fração do custo dos exercícios de munição real.

Leitura recomendada:


Soldados Colombianos na Coréia, 12 de outubro de 2021.


China homenageia heróis das "ondas humanas" da Guerra da Coréia


Por Andrew Salmon, Asia Times, 24 de outubro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 20 de maio de 2022.

Pequim lembra os EUA das vitórias chinesas adiante de uma esperada renovação do tratado de defesa mútua da Coreia do Norte.

Sub-armados, mal equipados e carregando uma herança sombria de humilhação militar, eles avançaram, às centenas de milhares, em um espaço de batalha desolado e proibido para desafiar a força militar mais poderosa da Terra.

O que aconteceu em seguida abalou o mundo.

Em outubro de 1950, o Exército Voluntário do Povo Chinês, ou CPVA, e o Comando das Nações Unidas, liderado pelos EUA, ou UNC, entraram em confronto no país gelado da Coreia do Norte. No final do ano, os soldados camponeses chineses haviam derrotado seus inimigos, salvado seu aliado da extinção nacional e derrubado um século de derrotas militares nas mãos de potências estrangeiras.

Soldados americanos capturados pelo Exército Voluntário do Povo Chinês perto do reservatório de Chosin, novembro de 1950.

Uma esquina histórica havia virado. A China, o dragão adormecido, não apenas acordou – ela cravou suas garras profundamente no caminho para o status de superpotência. Esta semana, a China está comemorando, com grande alarde, o 70º aniversário de sua intervenção no que chama de “A Guerra para Resistir à Agressão dos EUA e Ajudar a Coreia”.

O momento para reabilitar uma guerra que estava tão esquecida na China quanto no Ocidente é perfeito. Xi Jinping, o líder chinês mais assertivo globalmente desde Mao Zedong, tem múltiplas motivações para estimular o patriotismo e lembrar seus cidadãos de que a China pode enfrentar com sucesso os EUA.

Um soldado chinês em ação durante a Guerra da Coréia.
Foto: Memorial Nacional de Guerra da Coreia.

Setenta anos depois que a China comunista lançou sua primeira intervenção militar no exterior, a rivalidade de grandes jogos com seu principal inimigo da Guerra da Coréia, os Estados Unidos, está esquentando regional e globalmente.

Na Coreia do Sul, as forças dos EUA em 2017 instalaram um sistema de defesa antimísseis armado com radares poderosos e, em 2018, concluíram um realinhamento da DMZ para a costa do Mar Amarelo da península. Esses desenvolvimentos oferecem às tropas dos EUA na Coréia os olhos no nordeste da China.

Regionalmente, as tensões militares com os EUA estão borbulhando tanto no Mar da China Meridional quanto no Estreito de Taiwan, enquanto Washington busca atualizar seu agrupamento militar “Quad”.

As tensões diplomáticas estão aumentando em Chindia e Hong Kong, enquanto no tabuleiro de xadrez econômico global, Washington está escalando uma guerra comercial e tecnológica contra Pequim e suas principais empresas. O último conflito ameaça dividir a economia global à medida que os EUA reúnem seus aliados para sua causa.

Contra esse pano de fundo, as reafirmações da “aliança forjada pelo sangue” sino-coreana são apropriadas.

Especialistas antecipam uma cúpula entre Xi e o líder norte-coreano Kim Jong Un logo após os EUA elegerem seu próximo presidente [Donald Trump]. Espera-se que Kim solicite um pacote econômico para resgatar sua nação, atingida pelo fechamento de fronteiras Covid-19, e Xi deve renovar seu tratado de defesa bilateral que deve expirar em 2021.

"Balas humanas" nos "Portões do Inferno"

As tropas avançam quando um corneteiro soa o ataque. As tropas chinesas não tinham rádios, então se contentaram com tecnologia de comunicações antiga, mas eficaz.
Foto: Memorial Nacional de Guerra da Coreia.

A saga da China na Guerra da Coreia é épica.

Em outubro, tendo defendido com sucesso a Coreia do Sul após a invasão norte-coreana de junho de 1950, as tropas da UNC lideradas pelos EUA avançaram para a Coreia do Norte.

A primeira e única invasão do mundo livre a um Estado comunista seria um avanço para a catástrofe. Mao, tendo derrotado recentemente as forças nacionalistas apoiadas pelos EUA no ano anterior, temia que a China fosse o verdadeiro alvo. Afirmando que a Coreia do Norte e a China estavam “tão próximas quanto lábios e dentes... se os lábios se forem, os dentes passam frio", ele ordenou que suas forças se desdobrassem - contra o conselho de seus generais.

Foi uma grande aposta, pois a experiência militar da China nos 100 anos anteriores havia sido terrível. Nas Guerras do Ópio, na Primeira Guerra Sino-Japonesa e na Rebelião dos Boxers, a China foi humilhada por forças estrangeiras. E na Segunda Guerra Mundial, Pequim era uma distante quarta potência atrás das “Três Grandes” do Reino Unido, EUA e URSS.

O CPVA – na verdade, tropas regulares do Exército Popular de Libertação; a nomenclatura era uma camuflagem negável – conhecia os perigos que enfrentavam. Eles chamaram os pontos de passagem do rio Yalu para a Coreia do Norte de “Portões do Inferno” e cinicamente se apelidaram de “balas humanas”.

Mas eles usariam uma tática brilhante que usaria suas vantagens, incluindo camuflagem, movimento através do país e mão de obra, contra as vantagens da UNC – poder de fogo e mobilidade veicular. Era chamada de “onda humana”.

Sob o manto da escuridão, que invalidava os blindados e o poder aéreo da UNC, as tropas chinesas se aglomeravam diante de uma posição inimiga. Sinalizadas por cornetas e gongos – sons estranhos e aterrorizantes – as tropas do CPVA avançavam em fileiras apertadas, lançando granadas de mão e tentando tomar de assalto armas automáticas.

Enquanto o ataque frontal acontecia, outras unidades chinesas se infiltravam na retaguarda da posição, impedindo a unidade UNC em apuros de evacuar feridos ou trazer suprimentos. Se a unidade da UNC se retirasse, geralmente em veículos, ela se depararia com bloqueios de estradas do CPVA e seria ceifada em emboscadas em terreno alto. Se não se retirasse, seria cercada e aniquilada.

A tática da “onda humana” foi emprestada do antigo estrategista Sun Tzu, que aconselhou os comandantes a “atacar como água”, fluindo sobre ou ao redor das posições inimigas.

Usando-a, o CPVA infligiu as piores derrotas sofridas pelos exércitos norte-americano e britânico desde a Segunda Guerra Mundial: a destruição de dois regimentos norte-americanos em Kunu-ri em 1950 e a aniquilação de um batalhão britânico no rio Imjin em 1951.

Tropas do CPVA tomam de assalto após a emboscada da 2ª Divisão de Infantaria dos EUA em "The Gauntlet" (Corredor Polonês) no Passo de Kunu-ri - a pior derrota no campo de batalha sofrida pelo Exército dos EUA desde 1945.
Foto: Cortesia Paik Sun-yeop/National War Memorial of Korea.

Tendo limpado a Coreia do Norte em dezembro de 1950, o CPVA invadiu o Sul, tomando Seul em 4 de janeiro de 1951. Mas eles estavam estendido demais. As forças da UNC se reagruparam e contra-atacaram, empurrando o CPVA de volta ao norte.

No final do ano, a guerra se estabeleceria em uma guerra posicional sobre as colinas chamuscadas e cheias de crateras ao longo do que é, aproximadamente, a DMZ de hoje. Um cessar-fogo foi assinado em julho de 1953. Mais de 197.000 chineses foram mortos, mas a guerra foi, no entanto, uma conquista marcante para a China de Mao.

O CPVA não conseguiu expulsar os EUA da península ou conquistar a Coreia do Sul, mas humilhou as forças americanas nos primeiros meses da guerra. Além disso, eles socorreram a Coreia do Norte – que permanece, até hoje, um amortecedor estratégico no flanco nordeste da China e um aliado do tratado.

Por outro lado, os EUA, pela primeira vez, não conseguiram prevalecer em uma guerra. A Coreia estabeleceria um modelo terrível para a próxima “guerra limitada” da América: o Vietnã.

Reabilitando uma guerra esquecida

A ofensiva do CPVA no inverno de 1950 empurrou as tropas da ONU em uma terrível retirada da Coreia do Norte. Aqui, as tropas australianas na retaguarda da ONU recuam por uma paisagem de devastação.
Foto: Biblioteca Estadual de Vitória.

Desde que o então presidente dos EUA Richard Nixon e Mao restabeleceram as relações bilaterais em 1972, não havia capital a ser ganho em refazer uma guerra contra os EUA. Mais recentemente, as provocações nucleares da Coreia do Norte irritaram Pequim.

Como resultado, a Guerra da Coreia, embora não ativamente suprimida, perdeu visibilidade na China.

“O papel da China na guerra está certamente no comentário estratégico, mas não está na vanguarda das mentes ou memórias da geração mais jovem”, disse Alex Neill, consultor estratégico independente em Cingapura especializado em questões de segurança chinesas.

Mas agora que o confronto China-EUA aumentou sob o governo Xi, a guerra foi arrastada para fora do armário em seu 70º aniversário.

Na sexta-feira, XI fez um discurso de 42 minutos sobre a guerra no Grande Salão do Povo em Pequim. Seus comentários visavam um alvo claro. A Guerra da Coreia “estraga a lenda de que o Exército dos EUA é invencível”, disse Xi.

“A Guerra da Coréia mostra que o povo chinês não deve ser provocado. Se você causar problemas, esteja preparado para arcar com as consequências.”

O presidente chinês Xi Jinping fala durante uma cerimônia que marca o 70º aniversário da entrada da China na Guerra da Coreia no Grande Salão do Povo de Pequim, em 23 de outubro de 2020.
Foto: AFP.

Isso ecoou os comentários que Xi fez na quarta-feira durante uma visita de alto nível a uma nova exposição da Guerra da Coreia no Museu Militar da Revolução Popular Chinesa de Pequim, onde ele reivindicou a vitória em uma guerra que a maioria dos historiadores considera um impasse. “A vitória na guerra para resistir à agressão dos EUA e ajudar a Coreia foi uma vitória da justiça, uma vitória da paz e uma vitória do povo”, disse Xi.

Outras cerimônias e discursos são esperados no domingo, dia de comemoração oficial da China.

A reabilitação do conflito também é visível na mídia e na cultura popular.

“Por razões históricas, os filmes e séries de TV da Guerra da Coreia estiveram ausentes das telas chinesas por um período de tempo”, é como o jornal Global Times delicadamente colocou em um artigo sobre uma série de novos filmes da Guerra da Coreia feitos na China que agora aparecem.

Trailer de Jingang Chuan


Jingang Chuan (“Sacrifício”) é um deles: feito por três dos principais diretores da China, cobre uma unidade antiaérea que luta para manter uma ponte aberta sob ataque aéreo americano. Isso pode refletir a ponte quebrada sobre o rio Yalu na cidade chinesa de Dandong, que permanece até hoje como um famoso e pungente memorial de guerra.

De acordo com o Global Times, os próximos filmes cobrem os combates assassinos em torno do reservatório de Chosin, na Coreia do Norte, em 1950, quando as tropas chinesas forçaram os fuzileiros navais de elite dos EUA a recuar, mas com um tremendo custo em baixas, e em “Triangle Hill”, uma luta de um mês que terminou com as tropas chinesas mantendo suas posições em 1952.

No que pode ter sido uma reversão consciente de uma frase comum usada para descrever o conflito nos EUA, um programa de sexta-feira na emissora estatal CGTN apelidou o conflito de “A Guerra Inesquecível”.

E uma versão em inglês de 2.000 páginas da história oficial chinesa da guerra foi publicada este mês em Pequim.

A Guerra da Coréia foi “praticamente esquecida” na China, disse Lee Seong-hyon, especialista em China no think tank de Seul, o Instituto Sejong. Mas agora, Xi está “usando o tema muito tradicional de amizade com a Coreia do Norte e rivalidade da liga socialista com os EUA para estimular o patriotismo”.

Ele também pode estar se preparando para um confronto atualizado com os EUA após as eleições americanas de 3 de novembro, especulou Lee.

“Ele está enviando um sinal para os EUA, mas o público maior é doméstico”, disse Lee ao Asia Times. “Quando eles têm um grande evento ou crise, eles primeiro mobilizam as pessoas para preparar uma mentalidade em preparação para uma turbulência interna ou um desafio externo maior.”

Aliados forjados por sangue?

Foto de propaganda do Exército Popular norte-coreano.

Não é apenas na China que a luz está sendo lançada sobre os feitos do CPVA de 1950-1953. Na quinta-feira, Kim Jong Un colocou coroas de flores no Cemitério dos Mártires Chineses no condado de Hoechang, na Coreia do Norte. Seu avô, o falecido Kim Il Sung, desencadeou a guerra ao tentar reunificar uma península dividida por um acordo de grandes potências por meio de uma invasão da Coreia do Sul em junho de 1950. A derrota de seu exército e a contra-invasão do UNC da Coreia do Norte levaram à intervenção de Pequim.

Em um ato amplamente coberto pela mídia chinesa, o jovem Kim se ajoelhou no túmulo de Mao Anying – filho de Mao Zedong, um oficial do estado-maior que foi morto nos primeiros dias da guerra por um ataque aéreo americano.

Lee, do Instituto Sejong de Seul, acredita que uma cúpula Kim-Xi está prestes a acontecer. “Ao homenagear os caídos, Kim está pedindo algo”, disse ele. “Ele precisa de um grande pacote econômico, então para onde ele deve se voltar? Obviamente, à China.”

Se, como Lee antecipa, essa cúpula ocorrer no início de 2021, fornecerá aos dois líderes a oportunidade de renovar seu tratado de defesa mútua. Assinado em 1961, o Tratado de Amizade de Cooperação e Ajuda Mútua Sino-Norte-Coreana precisa ser renovado a cada 20 anos, com a última renovação marcada para o próximo ano. Dadas as tensões com os EUA, Xi e Kim podem muito bem assiná-lo com um floreio.

“Renovar o tratado é quase automático, mas para enviar um sinal de solidariedade, Xi e Kim podem exagerar para enviar um sinal a Washington”, disse Lee. “Xi está usando a Coreia do Norte como um peão geopolítico e o momento é muito útil quando a China e os EUA estão em uma competição feroz.”

Talvez surpreendentemente, os profissionais militares do principal rival estratégico da China tenham um respeito considerável pelos feitos do CPVA no campo de batalha de muito tempo atrás.

“Eles foram instruídos a lutar por seu país”, disse Steve Tharp, um tenente-coronel militar aposentado dos EUA residente na Coreia do Sul. “Não estou dizendo que os chineses estavam certos, mas um soldado é um soldado, e o soldado faz o que seu país diz e está disposto a pagar o preço final para defender seu país.”

A Coreia do Norte, armada com armas nucleares, demonstra fartura e está perfeitamente disposta a levantar um dedo para o Japão, a Coreia do Sul e os EUA, tornando-se um útil aliado chinês. No entanto, pode ocasionalmente ser um amigo irritante para a China – como Tharp testemunhou em 1994.

Tharp, então um oficial da ativa envolvido em negociações multinacionais na aldeia de trégua intercoreana de Panmunjom, na Zona Desmilitarizada Coreana, lembra a retirada unilateral da Coreia do Norte da Comissão de Armistício Militar, ou MAC, um mecanismo pós-guerra projetado para supervisionar os termos do armistício da Guerra da Coréia.

A ação da Coreia do Norte forçou as tropas tchecas, polacas e chinesas, que ocupavam o MAC no lado norte-coreano de Panmunjom, a partir. Os oficiais chineses – que usavam insígnias do CPVA, não do Exército de Libertação Popular – ficaram “surpresos” e “realmente furiosos” com o seu despejo, lembrou Tharp.

Posteriormente, dois oficiais chineses que serviram no MAC em Panmunjom foram designados para Seul como adidos militares no que Tharp acredita ser um sinal para Pyongyang do descontentamento de Pequim.

Monumento chinês em frente ao Museu da Guerra para Resistir à Agressão Americana e Ajudar a Coreia em Dandong. Um soldado arremessa uma pedra, outros lutam com fuzis com baionetas e um camarada cai, morto, sobre sua metralhadora.
Foto: Asia Times/Andrew Salmon.

Bibliografia recomendada:

Guerra da Coreia:
Nem vencedores, nem vencidos.
Stanley Sadler.

Leitura recomendada:

terça-feira, 17 de maio de 2022

A terrível odisseia do tanque B1


Do World of Tanks, 6 de novembro de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 17 de maio de 2022.

Comandantes!

Há algumas semanas, inauguramos nossa série dedicada aos tanques franceses mais emblemáticos com a história do Renault FT. Hoje, é hora de continuar a aventura com o Char B1.

Leve ou médio?

O B1 bis do memorial Stonne.

Se a Primeira Guerra Mundial deu razão à doutrina francesa e suas hordas de tanques leves, os pensadores da arma blindada nunca abandonaram a ideia de veículos mais pesados. Pouco antes do final da Grande Guerra, o trabalho em um tanque médio, portanto, continuou ao lado da Schneider, persuadido a dar uma segunda vida ao seu carro-chefe, o CA1. Mas a empresa não é a única no páreo, já que a Delaunay-Belleville, uma das empresas que trabalham no Renault FT, está tentando sair do pelotão.

Se o tanque leve da Renault se provou, todos sabem que ele protege de mais do que apenas armas leves e que nunca poderá transportar armas mais pesadas que um canhão de 37mm. Moralidade, o general Estienne, pai da doutrina blindada francesa, aproveita essas dúvidas e em 1921. Ele convoca a Delaunay-Belleville e Schneider, mas também a Renault, FAMH (Compagnie des Forges et Acieries de la Marine et d'Homecourt / Companhia de Forjas e Siderurgias da Marinha e Homecourt) e FCM (Forges et Chantiers de la MéditerranéeForjas e Estaleiros do Mediterrâneo) para desenvolver um projeto de tanque médio.

As empresas devem trabalhar juntas para esse objetivo comum, mas a maioria acabará oferecendo sua própria versão do veículo. Apenas a tripulação, geralmente composta por três homens e suas respectivas funções, permanecerá como denominador comum. Os protótipos seriam julgados em exposição em 13 de maio de 1924, mas nenhum realmente chamou a atenção de Estienne, nem mesmo os esforços combinados da Schneider e Renault, as duas únicas empresas a se unirem. Após quatro anos de desenvolvimento, o projeto do tanque médio está, portanto, de volta à estaca zero. O sonho de Estienne e seu “Char de Bataille” ainda está longe.

Inferno de produção

O B1 bis do Museu de Bovington.

Enfraquecidos, mas não desanimados, Renault e Schneider tornaram-se os dois mentores do projeto, que defenderam com energia e com a ajuda do engenheiro Maurice Lavirotte. Vindo dos Ateliers de Puteaux (APX), ele não esteve envolvido no início do projeto e, assim, traz sangue novo. As coisas mudam: a tripulação aumenta para quatro homens, com a chegada de um operador de rádio, e os contratos são assinados um após o outro. No entanto, o veículo também mudou e, em 1929, o Char B1 já era duas vezes maior do que Estienne gostaria. Mas isso não o impede de rolar, e um protótipo deixa Rueil-Malmaison para se juntar a Bourges. Ele percorre assim mais de 250 quilômetros no espaço de um dia, sem problemas sérios.

As coisas parecem estar melhorando, mas agora a política está se envolvendo. Os especialistas da infantaria estão esperando desesperadamente por um substituto sério para o Renault FT, e Estienne já passou 7 anos desenvolvendo seu Char B, sem resultados conclusivos. Acrescente a isso as negociações da Liga das Nações e seu desejo de desarmar a Europa, e o veículo se encontra em uma nova armadilha. Quanto peso pode ter? Que armas ele pode carregar? Tudo isso está sendo considerado até que a Alemanha se retire das negociações.

O B1 bis do Museu de Saumur.

Os regulamentos não são mais válidos e o desenvolvimento do Char B assumiu várias formas. O B2 está armado com um longo canhão de 75 mm, possui blindagem aumentada e pesa mais de 35 toneladas. O B3 pesa 45 e carrega uma tripulação de seis, que operam um canhão de 47 mm e um canhão curto de 75 mm, como no primeiro B1. Por um tempo, a ideia de um "Char d'Arrêt" também está em consideração. Este projeto da FMC imagina um veículo de 60 toneladas e armado com um par de canhões de 75 mm. Pouco a pouco, protótipo após protótipo, o Char B atendeu às exigências dos industriais e militares e, no final de 1934, teve que ser produzido em massa.

Por falta de sorte, agora é a Renault, tomada de assalto pelas encomendas de muitos tanques, incluindo o D1, que está em dificuldade. Mas o projeto teve que avançar e em 1936, a produção de veículos blindados da Renault foi nacionalizada e tornou-se AMX, as oficinas de construção Issy-les-Moulineaux. O projeto ainda não está no fim de seus problemas, e o tanque B1 está se mostrando particularmente caro. Na época, era o tanque mais caro da história e, por seu preço, o Reino Unido construía dois tanques Mk II. Um peso enorme, portanto, repousa sobre os ombros da máquina.

Primeiros combates, novos fracassos

A torre do B1 bis do Museu de Saumur.

Quando o Char B1 finalmente chegou à produção, 37 dos 40 batalhões blindados do exército francês ainda estavam equipados com o tanque Renault FT, completamente obsoleto. E aqueles que tiveram a sorte de receber os primeiros B1 estão se afogando em problemas técnicos. Para coroar tudo isso, o general Estienne morreu em abril de 1936. Seu projeto ficou órfão, mas a ordem para modernizar o B1 foi dada, em detrimento do tanque médio D2. Assim surgiu o B1 bis, uma versão mais atual e mais sólida do B1, que pode ser reconhecida por sua torre diferente, outra placa metálica protegendo o motor ou até guarda-lamas e outros pequenos detalhes técnicos. A manobra é desesperada mas o B1 bis não é tão diferente do original, a produção do tanque não é desacelerada, e os primeiros veículos saem da fábrica em maio de 1937.

Para abastecer o exército francês, outros contratos foram assinados e a produção foi estendida ao maior número possível de empresas, com a aproximação da Segunda Guerra Mundial. Mas a indústria já estava atrasada quando o conflito eclodiu em 1939. Nada menos que 369 B1 foram produzidos, mas o número não era tudo. Se o veículo se ilustra em maio e junho de 1940, graças às façanhas de suas tripulações, suas vantagens são rapidamente contornadas pela Blitzkrieg, quase literalmente. Os alemães entendem muito rapidamente que a blindagem do tanque é extremamente robusta e, portanto, contentam-se em esgotar o veículo ou deixar que a má logística dos franceses corte seus suprimentos. Falta de combustível, problemas mecânicos e autonomia limitada são os flagelos do B1, que também sofreu os tiros de artilharia dos alemães e seus canhões antiaéreos de 88mm.

Mesmo Charles de Gaulle, um nome frequentemente associado ao B1, entendeu muito rapidamente que o poder de parada do Char B1 bis era relativo. A partir de 1934, foi opositor do projeto, ao qual preferiu o D2. E a campanha francesa prova que ele estava certo. Os B1 só podem atrasar a Blitzkrieg, mas as divisões blindadas alemãs são muito habilidosas para enfrentar os B1 de frente por mais de algumas horas. A indústria deve ter adivinhado e já estava trabalhando em uma versão Ter quando a guerra estourou. Esta versão simplificada, mais confiável e melhor protegida do B1, no entanto, não teve tempo de sair da fábrica, e seu protótipo foi evacuado para Saint-Nazaire em 1940.

Legado sombrio

O B1 bis "Toulal" participou da batalha de Stonne.

A história poderia ter terminado ali, mas isso sem contar um orgulho muito francês. O destino do B1 durante a Segunda Guerra Mundial foi rapidamente ignorado por muitos oficiais e industriais, que tiraram o projeto Ter do túmulo em 1944. Esses restos se tornariam o ARL 44, enquanto a empresa AMX também se obrigou a retomar a produção de seu Tracteur B, um breve concorrente do Char B. Desenvolvido em paralelo com o famoso veículo pouco antes da guerra, este projeto lutaria para se sair melhor do que o ARL 44, que acabaria por inspirar caça-tanques, e não tanques médios.

Como chegar a isso depois de toda essa pesquisa para um tanque médio que parece nunca ter realmente visto a luz do dia? Alguns culparão os maus engenheiros, mas devemos lembrar que o projeto do general Estienne sempre foi vago e motivado pela concorrência direta com o famoso Renault FT. Conhecemos terrenos mais férteis e, neste caso, as sementes do tanque principal francês acabarão sendo semeadas no terreno explorado pelos veículos alemães. Uma doce ironia para terminar esta estranha odisseia.

En avant!

Bibliografia recomendada:

Panzer IV vs Char B1 bis:
France 1940.
Steven J. Zaloga.

Leitura recomendada: