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domingo, 12 de setembro de 2021

A Artilharia da FEB na rendição da 148ª Divisão de Infantaria alemã

Soldado Francisco de Paula carregando um obus 105mm com os dizeres
"A cobra está fumando...".
(Colorização de Marina Amaral)

Valmiki Erichsen

Capitão de Artilharia

Ex-comandante da 2ª Bateria do 3º Grupo

Estamos quase no fim da Campanha da Primavera. Os alemães, descontrolados e atacados por todos os lados, procuram fugir para o norte. A Infantaria Brasileira, sem dar tréguas, persegue o inimigo na sua carreira desenfreada.

O III Grupo de Artilharia, com suas três Baterias de Tiro acantonadas em um prédio escolar, acha-se em Bibbiano à espera das suas viaturas que foram requisitadas para o transporte dos nossos infantes. É nessa situação que no dia 27 de abril de 1945, à 1h, o Comandante da 2ª Bateria (Capitão Valmiki) foi acordado pelo Capitão Piza (ST), que fazia-se acompanhar do Major Molina da AD/I, para receber a seguinte ordem: "De ordem do Senhor General Comandante da AD [Artilharia Divisionária], o Comandante do Grupo designou a 2ª Bateria para se deslocar imediatamente a fim de apoiar um ataque que iria ser feito em Fornovo di Taro, por um Batalhão do 6º RI; os canhões seriam tracionados pelos tratores do IV Grupo, que para isso seriam requisitados, enquanto a Bateria se preparava para partir."

Às 3h, tudo pronto, partimos tendo o jipe do Major Molina como guia. Este deslocamento foi feito com muita cautela, tendo o guia que bater muitas vezes nas casas para saber o caminho, até chegarmos à estrada principal. Nesta, mesmo no escuro, era fácil a caminhada porque estava toda balizada. Ao chegarmos à Cidade de Parma, encontramos algumas ambulâncias que vinham conduzindo cadáveres alemães. Desta cidade em diante a marcha foi mais vagarosa porque era necessário tomar mais precauções, pois nada se sabia da situação. Às 5h chegamos às proximidades de Collecchio e paramos, pois o inimigo havia se retirado desta localidade há 18 horas. Imediatamente depois de tomar todas as providências de segurança, segui com o Major Molina e o Capitão Piza para receber as ordens do Coronel Nelson de Mello, Comandante do Destacamento, que era o Comandante do Batalhão que ia efetuar o ataque. Como a chegada do Batalhão estava prevista só para às 9h e vendo que não havia perigo iminente, fui buscar a Bateria para dentro da cidade, onde, aproveitando a oportunidade, servi a primeira refeição aos pracinhas.

Às 9h chegou o Major Gross a quem me apresentei como Oficial de Ligação e Comandante da Bateria que veio apoiar o ataque. Quero aqui salientar que foi um prazer apoiar pela primeira nesta guerra o Batalhão do meu antigo companheiro de trabalho na EEFE [Escola de Educação Física do Exército]. Ficou então assentado que o ataque só seria desencadeado depois das 12h e que eu tomaria posição antes do início do movimento para estar em condições de atirar a qualquer momento e, mais ainda, que a Companhia de Obuses do 6º RI, comandada pelo Capitão Ventura, iria à retaguarda e só entraria em posição quando fosse necessário. Desta forma procurei logo, na redondeza, um bom lugar para ocupar posição e verifiquei pela carta que podia, se necessário fosse, bater sem mudar de posição até o objetivo final que era Fornovo.

Como toda a cidade estava situada em uma região plana, escolhi uma posição ao lado da estrada por ser de fácil acesso e por ficar abrigada pelas árvores. Abrindo um parêntesis, direi que, ao percorrer esta localidade para a escolha de posição, entrei no castelo que ali existe e fui encontrar, deitado numa cama de campanha, junto à lareira, o cadáver de um tedesco [alemão] com a cabeça enrolada em gaze e com a fisionomia perfeita, parecendo ter falecido àquela madrugada, evidenciando-se que os tedescos, na sua fuga precipitada, não tiveram nem tempo de levar todos os feridos. Ocupada a posição, como não tínhamos dados topográficos, foi a Bateria apontada pela Bússola, ficando os Tenentes Observadores Avançados encarregados de regular o tiro assim que estivessem em condições. A Bateria não havia trazido muitos tiros porque os tratores não comportavam mais do que 35 granadas.

Antes de começar o desenvolvimento do Batalhão, reuni os dois Observadores Avançados, Tenente Sá Earp, que atuaria com a 2ª Cia, e o Tenente Valença, com a 3ª Cia. Estudamos a carta, que aliás quase nada nos indicava pois era na escala de 1/100.000, e tiramos os alcances para os pontos mais fáceis de serem identificados. Tivemos que assim proceder porque era a única carta que tínhamos, tendo portanto os Observadores que seguirem para suas missões verdadeiramente no escuro. A única coisa que fiz foi dar a seguinte ordem: "Agarrem um italiano da região para identificar os pontos." Cada Observador levava a sua equipe e só nos entendíamos pelo rádio.

Às 13h começou a se movimentar pela estrada o Batalhão. Tive a impressão de estar em uma boa poltrona de um dos nossos cinemas, pois foi uma avançada cinematográfica ao encontro do inimigo. Os nossos pracinhas, alegres e cantarolando, apinharam-se em cima dos tanques americanos [M4 Shermans do 760º Batalhão de Tanques] que estavam à disposição do Batalhão. Talvez nenhum dos nossos pracinhas estivessem pensando que a morte poderia surpreendê-los a 2km à frente. Logo atrás vinham os jipes dos Comandantes Avançados. Dos lados das estradas desenvolvia-se a outra Companhia em coluna por um e a Companhia de Obuses ia após os jipes. Assim, ao lado do Comandante do Batalhão, assisti ao desenvolvimento de todos os elementos do Batalhão.

Segui em seguida com o Major Gross para o seu Posto de Comando (PC) Recuado, situado a 1km à frente do ponto de partida, onde almoçamos rapidamente e seguimos logo após para o PC Avançado, a mais 1km. Este PC que era uma casa e serviu também como meu Observatório, pois dali vi o desenrolar dos acontecimentos. Quando os tanques chegaram um pouco além do PC Avançado, começaram a receber tiros dos tedescos, tendo que desbordar para a margem esquerda da estrada. Os Infantes da 2ª Cia começaram a dar combate e progredir em direção a Talignano. A 3ª Cia se deslocou mais para a esquerda, a fim de procurar envolver o inimigo. A Artilharia continuava silenciosa, pois ainda não havia para os Observadores campo de observação. A chuva que desabou repentinamente muito atrapalhou a progressão dos Observadores, porque, com o terreno escorregadio, o transporte do rádio é bastante difícil. Desta forma, só os tanques e a Companhia dos Morteiros auxiliavam os Infantes. Foram os mesmos progredindo até que se apossaram de Talignano e desta forma, pôde o Tenente Sá Earp pedir os primeiros tiros para regular a Bateria.

Eram já 5h e a chuva tinha passado. Ocupada esta localidade, o Tenente seguiu para Gayano juntamente com o Pelotão que para lá se dirigia, não sendo possível chegar tal a intensidade do fogo inimigo. O Tenente Sá Earp presenciou uma triste ocorrência quando o Tenente Monteiro, Comandante do Pelotão de Minas do 6º RI, que ia a seu lado, foi atingido por diversos estilhaços de uma granada que arrebentou em cima deles. Gravemente ferido, foi o Tenente Monteiro logo transportado para a retaguarda. Mais tarde, vim a saber que, ao voltar a si, mandou este recado para sua progenitora: "Diga à mamãe que nunca tive medo." Hoje, o Tenente Monteiro já é Capitão e acha-se completamente restabelecido.

Do meu Observatório, que era o forro da casa, apreciei os tedescos retirando-se de Segalara. Eles corriam para fora da casa, deitavam-se, e logo depois, levantando-se, atiravam com as bazucas [Panzerschreck] contra os nossos pracinhas. Os Generais Cordeiro e Zenóbio, que estiveram lá toda a tarde, observaram também estas cenas.

Certa ocasião, quando os dois Generais acima citados com mais alguns Oficiais se dirigiam para uma casa mais avançada, os tedescos deram uma rajada de metralhadora na direção do PC, que por pouco não os atingia. Em frente ao PC, atrás de uma casa, os nossos morteiros não paravam um instante de atirar.

O Tenente Valença, que estava com a 3ª Cia, continuava desbordando pela esquerda, até que conseguiu, cerca das 20h, chegar a Segalara. Já estava escurecendo e o Tenente Valença pediu tiro fumígeno a fim de poder chegar a Gayano, que era o local de onde partiam os tiros dos tedescos. O Tenente Valença, por ser achar debaixo do fogo inimigo, custou um pouco a regular e, como a insistência dos pedidos para que a Artilharia atirasse era tão contínua, eu, ao lado do Major Gross, sem nada estar vendo, comandei uma rajada para a linha de fogo a fim de mostrar aos tedescos que possuíamos artilharia e acalmar um pouco os nossos. Mais tarde vim a saber que estes tiros foram bastante eficientes, pois o número de soldados inimigos era tão grande que em qualquer lugar que os mesmos caíssem eram sempre eficazes.

Suportaram os nossos Infantes dois contra-ataques dos tedescos e o Tenente Valença, com sua calma peculiar, satisfez todos os pedidos de tiros solicitados. Assim, ajudamos muito a Infantaria a não recuar um palmo sequer.

Cessada um pouco a violência do combate, apareceram na estrada três Oficiais alemães que vinham em nome do General Picô [Otto Fretter-Pico] propor a rendição da já célebre 148ª.

Estava eu no PC Recuado depois de ter ido à Bateria para me alimentar quando estes Oficiais lá chegaram. Daí foram levados ao Coronel Nelson de Mello em Collecchio e começaram então os entendimentos para a rendição. A Bateria atirou até às 5h da manhã do dia 28, hora em que o Comandante do III Grupo deu ordem ao Tenente Rapozo, Comandante da Linha de Fogo, para suspender os tiros.

Tenente-General Otto Fretter-Pico (à esquerda, com binóculos) rendendo-se formalmente ao General Olímpio Falconière da Cunha em nome da divisão expedicionária, 29 de abril de 1945.

Colunas de prisioneiros alemães da 148ª e da 90ª.

Soldado brasileiro, com a cobra fumando no braço, balizando prisioneiros alemães.

Esta noite dormi no PC Avançado juntamente com o Comandante do Batalhão e, à meio-noite, quando conversávamos com o Tenente Americano, que comandava o Pelotão de Tanques, o Major comunicou que talvez não tivéssemos mais que lutar, ocasião em que o Tenente Americano exclamou: "Fine".

Para os artilheiros foi um prazer saber que um dos primeiros pedidos dos Oficiais tedescos era para que os tiros de artilharia cessassem. Na manhã do dia 28 chegaram ao local do PC Avançado o Comandante da Força Expedicionária Brasileira e o Generais Zenóbio Falconière, que vieram receber a rendição.

Às 17h começou o espetáculo que nunca sairá da memória dos que tiveram a felicidade de apreciá-lo:

ERA A RENDIÇÃO DA 148ª

O Coronel Otto von Kleiber em conversações com o Major Altair Franco Ferreira para a rendição da 148ª Divisão de Infantaria, 29 de abril de 1945.
(Colorizada)

- Capitão Valmiki ErichsenA Artilharia na Rendição da 148ª Divisão de Infantaria Alemã, Revista do Exército Brasileiro, Rio de Janeiro, 122 (3): pg. 56-59, julho-setembro de 1985.

A rendição de Fornovo

(Sala de Guerra)

Bibliografia recomendada:

FEB pelo seu Comandante.
Marechal J.B. Mascarenhas.

A FEB por um soldado.
Joaquim Xavier da Silveira.

Leitura recomendada:



A FEB e os jipes12 de março de 2020.



FOTO: Alemães capturados pela 10ª Divisão de Montanha13 de agosto de 2021.

domingo, 5 de setembro de 2021

França/Alemanha e Hobbes/Kant, ou o que a decisão do tribunal da UE nos diz sobre o desafio de forjar uma defesa europeia

Brigada Franco-Alemã com fuzis FAMAS, 2018.

Por Michael Shurkin, Linkedin, 28 de julho de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 5 de setembro de 2021.

A decisão deste mês do Tribunal de Justiça Europeu de que uma lei trabalhista da UE que limita o horário de trabalho dos soldados aponta para um desafio fundamental para o projeto de construção de uma verdadeira política e capacidade de defesa europeias. A maioria, senão todos os membros da UE, aderem ostensivamente à visão de construir uma defesa europeia, mas entre eles existem profundas diferenças no que diz respeito à cultura e à cultura estratégica. Ou seja, eles têm visões significativamente diferentes de como os militares devem trabalhar e como e em que condições devem ser usados.

De um lado está a França, a qual, e isso pode surpreender os americanos ao lerem, é provavelmente o mais marcial dos Estados-membros da UE. A França teria prazer em construir uma força europeia e uma política de defesa europeia à sua própria imagem, o que significa não apenas construir uma força funcional, mas usá-la. A França também colocaria avidamente a Europa no negócio da guerra expedicionária. Diante disso, a Operação Takuba é mais do que apenas uma estratégia de saída para a França: é uma forma de moldar a cultura e a política militares europeias, arrastando uma coalizão europeia de voluntários para uma guerra expedicionária que a França julga necessária e, também, empregando-a na uma forma consistente com a cultura estratégica francesa.


Embora seja difícil dizer qual país ocupa a outra extremidade do espectro, o país que mais importa é a Alemanha, que, segundo todos os relatos, erradicou seu espírito marcial. Fascinantemente, os oficiais franceses descrevem com desdém o Bundeswehr como "sindicalista". De fato, o Bundeswehr tem um sindicato que, por exemplo, reclamou em 2016 sobre as condições de vida no Mali.

O tipo de história que ouvi de vários oficiais franceses que serviram com alemães é mais ou menos assim: “Nós aparecemos e começamos a trabalhar imediatamente, apesar da falta de chuveiros e de nossas barracas rústicas. Os alemães se recusaram a ceder até que tivessem instalações adequadas com ar-condicionado”. Isso é justo? Não sei, mas os comentários apontam para uma divisão cultural, que a decisão do Tribunal da UE amplifica. Afinal, o próprio projeto da UE visa perpetuar a paz ao longo das linhas kantianas, um esforço que a Alemanha do pós-guerra levou a sério. Outros estados europeus, sem dúvida, estão em algum ponto entre a a Alemanha e a abordagem relativamente hobbesiana da França do hard power (poder duro). A questão então é saber se é possível construir uma verdadeira defesa europeia na ausência de consenso.

Immanuel Kant (esquerda) e Thomas Hobbes.

Bibliografia recomendada:

Introdução à Estratégia.
André Beaufre.

L'emergence d'une Europe de la défense:
Difficultés et perspectives.
Dejana Vukcevic.

Leitura recomendada:

General Burkhard: "Nossos líderes devem lembrar que não se ganha guerras difíceis contando seu tempo", 10 de maio de 2021.



domingo, 15 de agosto de 2021

LIVRO: O Pelotão de Assalto da Companhia de Granadeiros


Por Peter Samsonov, Tank Archives, 6 de agosto de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 15 de agosto de 2021.

The Assault Platoon of the Grenadier-Company November 1944 German Army Pamphlet - Merkblatt 25a/16 é o segundo livro de Bernard Kast (Military History Visualized) e Christoph Bergs (Military Aviation History). Muito parecido com seu primeiro livro, The Assault Platoon of the Grenadier-Company é uma tradução de um panfleto tático alemão, mas sob um olhar mais atento é muito mais do que isso.

O Pelotão de Assalto da Companhia de Granadeiros:
Novembro de 1944.
Panfleto do Exército Alemão - 
Merkblatt 25a/16.
Bernard Kast e Christoph Bergs.

Assim como no primeiro livro [German Army Regulation on the Medium Tank Company], o texto original em alemão e a tradução em inglês são fornecidos lado a lado. Este livro não oferece apenas uma tradução, mas também uma interpretação do texto original. Uma vez que a língua alemã e a terminologia militar não são as mesmas hoje que eram na década de 1940, notas de rodapé são fornecidas para notificar o leitor sobre as mudanças. Existem também alguns conceitos ou termos com os quais se esperava que o leitor original estivesse familiarizado, mas é provável que um leitor moderno não saiba. Eles também são explicados nas notas de rodapé ou no glossário. Quaisquer ambigüidades potenciais que poderiam ter surgido em uma tradução para o inglês também são explicadas em notas de rodapé. Todos os diagramas foram redesenhados a partir dos originais e o texto é apresentado em alemão e inglês.

Embora o subtítulo do livro seja Panfleto do Exército Alemão - Merkblatt 25a/16, apenas um capítulo do livro é dedicado à tradução deste panfleto. O leitor também recebe uma série de suplementos mencionados no panfleto 25a/16, incluindo um panfleto semelhante para o pelotão de submetralhadoras da companhia de granadeiros, manual de marcha e formação, plano de batalha, exercícios de tiro e instruções para combate corpo-a-corpo, todos os quais contêm trechos relevantes de outros panfletos alemães. Existem também vários capítulos escritos do zero pelos autores: legendas para unidades e símbolos de mapa, um glossário, uma visão geral dos predecessores do fuzil StG 44 e uma ilustração da arma e seus componentes. O livro termina com uma extensa bibliografia, mostrando o quanto foi feito para garantir que o leitor tivesse o contexto completo ao ler os manuais fornecidos.

O livro consiste em 134 páginas fornecidas em alemão e inglês, bem como cerca de uma dúzia de páginas para a introdução, agradecimentos e bibliografia, que são impressas apenas em inglês. O resultado são cerca de 280 páginas de alguns dos conteúdos mais detalhados sobre o combate da infantaria alemã que já vi até hoje. Esta análise é baseada na Edição do Apoiadores de capa dura. A qualidade de impressão é alta e a encadernação é resistente. Não tenho motivos para acreditar que outras versões deste livro não sejam igualmente de alta qualidade.

Uma cópia de capa dura semelhante pode ser obtida por US$ 47,30 dólares, uma cópia de capa em brochura está disponível por US$ 29,60 no momento da redação.

Fãs desse formato também podem encomendar o terceiro livro de Kast e Bergs Stuka: A Doutrina do Bombardeiro de Mergulho Alemão aqui.

Post-script: O Grupo de Combate de infantaria alemão

O Grupo de Combate de Infantaria Alemão em 1940-1945.
(Grenadierschule)

O Grupo de Combate era o menor elemento de combate da infantaria alemã (que não formava esquadras-de-tiro). Como de praxe, o GC alemão girava em torno das metralhadoras (geralmente MG34 e MG42), com o GC sendo dissolvido caso perdessem a metralhadora do GC. O vídeo abaixo detalha as funções, postos e equipamentos do Gruppe alemão.


Bibliografia recomendada:

German Infantryman:
The German soldier 1939-45 (all models).


Leitura recomendada:

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

FOTO: Alemães capturados pela 10ª Divisão de Montanha

Por Skyler BaileyThe Rucksack: 10th Mountain Division History, 7 de janeiro de 2016.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 13 de agosto de 2021.

Parte 1 - O Ataque da 10ª de Montanha no link.

Parte 2 - O Contra-ataque do Batalhão de Montanha Mittenwald no link.

Em preto e branco granulado, a sombra do fotógrafo escurece o solo onde dois homens da 10ª Divisão de Montanha podem ser vistos processando pelo menos dezenove prisioneiros alemães para transporte para a retaguarda. Um dos soldados de montanha parece estar sinalizando para os prisioneiros que suas mãos devem ser cruzadas atrás de suas cabeças, enquanto o outro reúne alguns de seus pertences em uma pilha no chão. Um tênue contorno de montanhas ao fundo é interrompido por uma coluna distante de fumaça subindo. Nada foi escrito no verso da imagem.

Na madrugada de 17 de abril de 1945, os comandantes da companhia do 3º Batalhão, 86º Regimento de Infantaria de Montanha, foram chamados ao maior dos edifícios da minúscula aldeia de Monzuno. Eles mastigaram pão alemão capturado enquanto ouviam as instruções sobre as operações planejadas do dia. O objetivo era o Monte Nonascoso, uma colina de 2.365 pés (720,85m) uma milha (1,6km) a nordeste.

Os oficiais do 3º Batalhão esperavam uma batalha feroz, mas a confusão alemã ajudaria muito em seus esforços. Durante a noite, uma força alemã foi reunida para defender Monte Nonascoso, composta pelos restos de várias unidades do Grenadier-Regiment 274 (274º Regimento de Granadeiros) da 94ª Divisão de Infantaria. Eles chegaram na montanha às 03h00, mas a escuridão prejudicou sua capacidade de estabelecer posições eficazes. Em qualquer caso, eles não sabiam que estavam na linha de frente. Eles acreditavam que estavam na reserva quase três quilômetros atrás da frente, e que outras unidades alemãs ainda controlavam não apenas Monzuno, mas a crista além dela também. Eles não sabiam que o 86º de Infantaria de Montanha havia expulsado o Grenadier-Regiment 276 da área na tarde anterior e ocupado Monzuno, onde foram reforçados pelo 751st Tank Battalion (751º Batalhão de Tanques). Quando o ataque americano começou, os alemães não haviam fortificado suas posições nem estabelecido comunicações.

A manhã de primavera amanheceu clara e houve ataques aéreos em direção ao norte quando o 3º Batalhão avançou às 6h30. Os tanques lideraram o caminho, com a Companhia I fornecendo apoio de infantaria e o resto do batalhão seguindo logo atrás. No início, quase não houve oposição. Eles avançaram em uma área que havia sido atingida no dia anterior por caças aliados. O terreno ao longo da estrada estava coberto de homens mortos, cavalos e veículos alemães fumegantes.

Os movimentos do 86º Regimento de Infantaria de Montanha em 17 de abril de 1945.

A força alemã ofereceu forte resistência à Companhia I em uma área de vegetação rasteira ao sul do Monte Nonascoso. A Companhia L moveu-se para contornar seu flanco ocidental, com o 1º Pelotão liderando o avanço. Em pouco tempo, eles enfrentaram fogo pesado de fuzileiros e metralhadores inimigos, bem escondidos em linhas de árvores e pela natureza ondulante do solo. As posições alemãs estavam situadas de tal forma que era difícil para as equipes de metralhadoras do Pelotão de Petrechos Pesados encontrarem os alvos. Enquanto os metralhadores corriam pela fuzilaria em busca de posições de tiro favoráveis, o S/Sgt. Robert Schoonmaker e o Pfc. Raymond Hagen foram feridos, e o Pfc. James Parker foi mortalmente ferido.

O S/Sgt. Homer Miller correu até encontrar um ponto de onde pudesse ver as posições inimigas e direcionar o fogo para suas posições. Depois que uma metralhadora alemã foi nocauteada, o resto das tropas inimigas começou a se desmaterializar no bosque no topo da montanha. Assim, livres do fogo inimigo, os elementos da Companhia L foram capazes de avançar rapidamente em torno do seu flanco e interromper sua retirada. Em questão de minutos, eles forçaram a rendição de 150 soldados alemães, perdendo apenas três homens no processo.

Os soldados do 3º Batalhão começaram imediatamente a trabalhar no processamento dos prisioneiros para transporte para a retaguarda. Logo pilhas de fuzis, metralhadoras, roupas, mochilas e capacetes alemães se espalharam pelo chão. Enquanto isso acontecia, o Capitão Everett Bailey puxou sua câmera e tirou a foto. Os nomes, patentes e números de série dos prisioneiros foram registrados e alguns foram questionados para fins de inteligência. Uma defesa foi estabelecida ao longo do lado norte da montanha em declive acentuado, que proporcionou vistas panorâmicas deslumbrantes da zona rural dos Apeninos.

Insígnia divisional da 94ª Divisão de Infantaria (94. Infanterie-Division), veterana de Stalingrado.

A relativa facilidade com que o 3º Batalhão foi capaz de cumprir a missão do dia deu aos homens uma tarde tranquila no topo do Monte Nonascoso. Os homens relaxaram ao sol e deitaram na grama verde. As flores se erguiam acima da vegetação e balançavam em uma brisa quente que carregava os sons da guerra. Eles podiam ver onde a artilharia aliada estava disparando contra as posições inimigas ao norte. A oeste, os aviões aliados lançaram bombas e dispararam foguetes até que uma coluna de fumaça muito larga subiu três mil pés no céu (3 mil metros). O início desta pluma pode ser visto na fotografia de Everett. Durante a tarde, jipes chegaram carregando munições e rações.

O Pfc. Lloyd Fitch relembrou um evento que deixou mais de um homem totalmente surpreso.

Montamos um ninho de metralhadora e sinalizadores com arame a cerca de cem metros encosta abaixo. Como ainda era dia, alguns dos rapazes tiveram permissão para ir às casas de fazenda próximas para tentar arranjar um pouco de comida e vinho. No entanto, eles foram avisados para não irem muito longe e voltarem antes de escurecer.

Enquanto isso, estávamos todos tensos, esperando um contra-ataque alemão do norte. Pouco depois de escurecer, o arame foi tropeçado por alguém. Um sinalizador disparou e a metralhadora abriu fogo. De repente, houve um grito: "Não atire! Não atire! Por favor, não atire!”

Nosso líder de grupo de combate gritou em alemão para que o estranho se apresentasse. À medida que o homem se aproximava de nossas linhas, todos estavam em alerta, esperando um alemão que falava inglês liderando um grupo de tropas inimigas. Ficamos surpresos quando o cara acabou por ser um de nossos próprios homens. Ele estava procurando comida e se perdeu. O garoto tremia tanto que mal conseguia falar. Um oficial próximo agarrou o soldado, sacudiu-o e disse-lhe que voltasse para sua companhia e não a abandonasse até o fim da guerra.

Após a publicação original deste post, fui contatado por Cameron Vaughan, que reconheceu esta fotografia como sendo tirada por seu avô, Wilbur Vaughan. Wilbur estava na Companhia do QG do 3º Batalhão. Descobrimos que nossos ancestrais da 10ª de Montanha eram muito próximos, de fato. Em cartas enviadas da Itália para casa, cada um fez menção ao outro - e eles notaram particularmente uma noite cheia do que ambos concordaram ser uma cantoria especialmente excelente.

A cópia original da foto traz uma notação escrita no verso, "Prisioneiros de guerra alemães chegam ao QG do 3º Btl. do 86º Regimento perto de Gualandi, 6 de abril de 1945". Isso não pode ser verdade. Não houve grandes operações de combate no início de abril que permitiriam a captura de um grande número de soldados inimigos e, embora o 3º Batalhão tivesse estado estacionado perto de Gualandi por um tempo, eles estavam na reserva.

Embora haja alguma chance de que esta fotografia tenha sido tirada em 18 de abril mais ao norte, há vários motivos para acreditar que esta foto pode ser identificada como tendo sido tirada em 17 de abril. A captura do Monte Nonascoso foi uma das várias vezes em que o 3º Batalhão fez um grande número de prisioneiros de uma vez durante a ofensiva de primavera; mas foi a única vez que aconteceu em terreno montanhoso durante a manhã. O ângulo das sombras na fotografia e a direção da topografia correspondente indicam claramente que é no início do dia. Além disso, um exame do Monte Nonascoso hoje corresponde à fotografia.

A vista do Monte Nonascoso, 1945 e hoje.
Essas fotos foram tiradas a poucos metros uma da outra.
(Versão de alta definição no link)

Fontes:
  • “3rd Battalion, 86th Infantry Regiment Killed and Wounded in Action.” Planilha Excel fornecida em 2013 pelo arquivista Dennis Hagen. Centro de Recursos da 10ª Divisão de Montanha. Biblioteca Pública de Denver. Denver, CO.
  • Brower, David. Remount Blue: The Combat Story of the Third Battalion, 86th Mountain Infantry, 10th Mountain Division. Manuscrito não publicado, c. 1948. Versão digitalizada editada e disponibilizada na Biblioteca Pública de Denver por Barbara Imbrie, 2005.
  • Carlson, Bob. A History of L Company, 86th Mountain Infantry, expandido no ano de 2002. Manuscrito publicado pela própria pessoa, 2002.
  • Feuer, A.B. Packs On!: Memoirs of the 10th Mountain Division in World War II. Mechanicsburg, PA: Stackpole Books, 2006.
  • Meinke, Albert H., Jr., Mountain Troops and Medics: Wartime Stories of a Frontline Surgeon in the US Ski Troops. Kewadin, MI: Rucksack Publishing Company, 1993.
  • Steinmetz, Berhard. Erinnerungsbuch der 94. Infanterie Division an die Kriegsjahre 1939-1945: Lieferung 4, 1943-1945, Einsatz in Italien. Hanover, Alemanha, 1973.
  • Departamento do Exército dos EUA. Company L, 86th Mountain Infantry Regiment. 1945. Relatórios matinais de 14 de abril a 20 de abril. Caixa 11, Coleção da 10ª Divisão de Montanha, Biblioteca Pública de Denver, Denver, CO.
  • _____. Headquarters 10th Mountain Division. 1945. Menção pela Estrela de Bronze concedida a Homer G. Miller, por Serviços Meritórios em Combate em 17 de abril de 1945. Pelo comando do Major General Hays. Coleção da 10ª Divisão de Montanha, Biblioteca Pública de Denver, Denver, CO.
  • _____. Headquarters 10th Mountain Division. 1945. Menção de Estrela de Bronze concedida a Robert E. Wiezorek, por Serviços Meritórios em Combate em 17 de abril de 1945. Pelo comando do Major General Hays. Coleção da 10ª Divisão de Montanha, Biblioteca Pública de Denver, Denver, CO.
  • Vaughan, Cameron. Mensagens de e-mail para o autor. Setembro a novembro de 2017.
  • Wellborn, Charles. History of the 86th Mountain Infantry Regiment in Italy. Editado por Barbara Imbrie em 2004. Denver, CO: Bradford-Robinson Printing Co., 1945.
Bibliografia recomendada:

US 10th Mountain Division in World War II.
Gordon L. Rottman e Peter Dennis.

Leitura recomendada:



Uma Batalha entre Tropas Esquiadoras: Parte 2 - O Contra-ataque do Batalhão de Montanha Mittenwald

Por Skyler BaileyThe Rucksack: 10th Mountain Division History, 5 de março de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 12 de agosto de 2021.

Parte 1 - O Ataque da 10ª de Montanha no link.

Na tarde de 24 de fevereiro de 1945, homens da 10ª Divisão de Montanha capturaram o objetivo final da primeira fase da Operação Encore, um morro irregular cortado por desníveis e bosques chamado Monte Della Torraccia. O 3º Batalhão do 86º Regimento de Infantaria de Montanha mal havia capturado o objetivo, os alemães começaram os preparativos para retomá-lo. Esta seria uma das únicas vezes em que os homens da 10ª Divisão de Montanha entrariam em combate com as tropas de montanha alemãs.

O Oberstleutnant (tenente-coronel) Winkelmann, comandante do Grenadier-Regiment 1044 (1044º Regimento de Granadeiros), liderou o regimento durante a luta neste mesmo terreno no outono anterior e conhecia o terreno e suas qualidades defensivas melhor do que ninguém. Devido ao seu amplo conhecimento da paisagem, Oberstleutnant Winkelmann foi encarregado de uma força ad hoc (improvisada) com o propósito de recapturar o Monte Della Torraccia como um precursor de futuros ataques que poderiam recuperar a cadeia do Monte Belvedere. Ela incluía uma equipe de assalto composta por cento e quarenta homens das 6ª e 8ª Companhias do Grenadier-Regiment 1044 com três MG 34 e uma MG 42, bem como elementos do Aufklärungs-Abteilung 114 (114º Batalhão de Reconhecimento). Mas a espinha dorsal da força de assalto era o Hochgebirgsjäger Lehr-Bataillon Mittenwald, conhecido pelos americanos como Batalhão de Montanha Mittenwald, comandado pelo bravo e com apenas um braço Major Hans Ruchti.

O Batalhão Mittenwald era uma unidade de elite formada a partir das fileiras e do corpo docente de uma escola alemã de guerra nas montanhas. Ele havia visto ação nos Apeninos contra guerrilheiros e tropas americanas e estava envolvido em represálias contra civis por ataques partisans. No dia 24 de fevereiro, eram 507 efetivos, em duas companhias de infantaria e duas companhias de metralhadoras, morteiros e artilharia. Cada companhia de infantaria era composta por dois pelotões e quatro equipes de metralhadoras. A 1ª Companhia foi comandada pelo Hauptmann (capitão) Dürfeld, e a 2ª pelo Leutnant (1º tenente) Gastl.

Ataques aéreos aliados, fogo de artilharia e confusão sobre as intenções das tropas americanas causaram algum atraso no lançamento do contra-ataque. Como um movimento preliminar para o ataque principal, foi considerado necessário expulsar as tropas americanas do Felicari, a fim de eliminar aquela posição avançada que poderia dar um aviso prévio do ataque à linha principal.

O Felicari foi duramente atingido por morteiros, e o pelotão do T/Sgt. Dillon Snell cavou tocas em frente à casa da fazenda. O Pfc. Rueben Styve, do Pelotão de Petrechos Pesados, estava cavando um buraco na parte de trás do prédio para colocar seu morteiro quando percebeu um grupo de soldados alemães se aproximando. O Pfc. Styve começou a rastejar pela esquina da casa para alertar os outros, mas seis soldados alemães o viram e se moveram para bloquear seu caminho. Styve rastejou rapidamente através de uma janela do porão enquanto granadas alemãs começaram a detonar ao seu redor. Como um tiroteio se iniciou, o T/Sgt. Snell comunicou-se pelo rádio ao PC do batalhão e pediu ajuda imediata, mas o intenso bombardeio alemão impediu qualquer reforço do posto avançado. Então o próprio rádio foi metralhado. Nenhuma assistência seria capaz de alcançar o 2º Pelotão antes de escurecer.

A tentativa preliminar alemã foi repelida, mas eles atingiram o conjunto de edifícios com tiros de morteiro e atacaram novamente. O Sgt. Snell relembrou que,

Eles lançaram uma barragem de morteiro pesada e precisa, seguida por um pequeno contra-ataque, e outra barragem e outro contra-ataque... Eu me preocupava com isso agora. Não poderíamos resistir para sempre com nossa pequena força contra um determinado contra-ataque Jerry [apelido dos soldados alemães]... Eu tinha visões de ficar lá a noite toda (com uma pequena força) com milhares de Jerry direto na frente.

Esse padrão se repetiu, e houve um total de cinco barragens e cinco contra-ataques antes que os alemães desistissem da posição. Seis cadáveres de alemães espalhados pelo chão na frente do Felicari, e vários outros prisioneiros foram feitos. Snell perdeu mais seis homens feridos defendendo a aldeia. O Pfc. Reuben Styve estava entre eles. Snell relembrou que,

Mandamos duas mensagens de volta ao batalhão pedindo mais homens e armas, mas elas nunca chegaram. Finalmente, o Sargento Harland Ragland conseguiu sobreviver por cerca de 14 horas. Por volta do anoitecer a seção de metralhadoras sob o S/Sgt. George W. Gundel apareceu com telegrafistas e um rádio. Nunca fiquei tão feliz em ver alguém como fiquei vendo Gundel.

O major Hay sabia que o inimigo não desistiria da montanha de boa vontade e tinha cada um dos desníveis que subiam a encosta marcados pela artilharia e metralhadoras. Às 16h20, os alemães lançaram um ataque geral ao Monte Della Torraccia, sondando os pontos fracos da linha americana que poderiam ser explorados. Eles não encontraram nenhum, e o ataque diminuiu conforme a artilharia de ambos os lados começou a chover na paisagem.

Por volta das 21h15, a força de assalto alemã estava reunida perto de Monteforte, preparando-se para fazer o ataque. O Oberstleutnant Winkelmann determinou um plano de ataque em duas frentes. Um elemento atacaria próximo ao centro da linha americana para ocupar a atenção do 3º Batalhão e capturar o cume da montanha, se possível. Outro elemento contornaria o flanco esquerdo da Companhia K e circundaria a montanha pelo oeste, separando-os do resto da 10ª Divisão de Montanha. Em preparação para o ataque, os alemães lançaram uma barragem de artilharia e morteiro prolongada e concentrada que atingiu as posições americanas no Monte Della Torraccia com uma precisão incrível.

Uniformes e equipamentos dos Gebirgsjäger, incluindo a divisa com a flor Edelweiss, símbolo das tropas de montanha.
(
Darko Pavlovic/ Osprey Publishing)

O Hochgebirgsjäger Lehr-Bataillon Mittenwald abriu caminho para sua posição de ataque, assediado pelo fogo da artilharia Aliada. O Maj. Ruchti não conseguiu fazer contato com o Ten-Cel. Winkelmann ou qualquer uma das outras unidades alemãs na área. Como resultado, o ataque seria desarticulado, com o ataque em duas frentes sendo lançado mais ou menos simultaneamente, mas sem qualquer cooperação real entre os elementos de ataque. O Maj. Ruchti decidiu lançar seu ataque quase exatamente como Winkelmann pretendia. Ele foi incapaz de providenciar qualquer fogo de artilharia direcionado no nível do corpo, e o ataque ao flanco da Companhia K seria feito apenas com os próprios morteiros e artilharia do Batalhão Mittenwald para apoiá-lo.

O Capitão Bailey temeu que um movimento de flanco pudesse ser feito em sua própria frente e ordenou que o Pfc. Bob Krear levasse alguns homens para cavar e defender um desnível no flanco direito sem suporte da Companhia L. O Pfc. Krear deixou sua toca para outro homem e partiu naquela direção. Krear escreveu que,

Isso era apenas para o caso dos alemães decidirem subir aquele vale e nos atingirem pela retaguarda. Tenho certeza de que nosso pequeno grupo não teria durado muito se eles tivessem, mas pelo menos nosso tiroteio teria sido um aviso suficiente para os outros!

Mal havíamos começado a cavar lá, e nossos buracos não podiam ter mais de 30 a 45 centímetros de profundidade e comprimento do corpo, [quando] começou a maciça preparação da artilharia alemã. Mais escavações eram impossíveis, pois estávamos parcialmente na área de impacto e estilhaços estavam raspando a superfície do solo. Ficamos deitados o mais achatados que podíamos, com as costas logo abaixo da superfície do solo e, por algum milagre, nenhum de nós ficou ferido. No entanto, o incrível guinchado, wooshing, e intermináveis explosões poderosas e estilhaços estridentes dos obuses que estavam quase atingindo nossas tocas rasas foi a experiência mais horrenda que eu tive em combate na Itália! Não me lembro quais eram os nossos pensamentos, mas podem ser imaginados. Tenho certeza de que havia um pouco de oração acontecendo. As explosões nos sacudiram em nossas tocas; nós éramos regados com sujeira; e pareceu uma eternidade antes que as bombas parassem de cair ao nosso redor! Na verdade, pelo que me lembro, parece que perdi todo o conceito de tempo durante todo aquele fogo de artilharia alemã que se aproximava, e não poderia contar a ninguém quanto tempo durou! Certamente não me lembrava de ter sido tão longo quanto mais tarde me disseram que era, mas eu poderia muito bem estar parcialmente em estado de choque por parte do bombardeio!

A barragem começou por volta das 22h00 e continuou por algo entre uma hora e noventa minutos. Krear e seus homens de alguma forma sobreviveram em suas tocas rasas, mas o homem no buraco anterior de Krear foi gravemente ferido por um tiro de morteiro.

Gebirgsjäger em esquis, 1942-44.
(
Darko Pavlovic/ Osprey Publishing)

Após a barragem, os alemães lançaram seu principal contra-ataque. O Hauptmann Dürfeld conduziu seus homens silenciosamente ao redor do Monte Della Torraccia até o desnível que leva à face posterior da montanha. Enquanto eles contornavam o dedo do terreno elevado guarnecido pela Companhia K, um dos gebirgsjäger (caçador de montanha) tropeçou num sinalizador que havia sido colocado no desnível mais cedo naquele dia. Enquanto todo o céu se iluminava na encosta oeste da montanha, os homens da Companhia K ouviram o desnível ganhar vida com o som de dezenas de alemães gritando ordens freneticamente para seus homens. Logo, uma grande quantidade de tiros estava acontecendo, com linhas traçantes rasgando a escuridão em ambas as direções, pontuadas pelo flash de granadas detonando e tiros de morteiro.

Os ataques diversionários foram lançados contra outras partes da linha. A equipe de assalto do Grenadier-Regiment 1044 sofreu um fogo feroz das alturas antes mesmo de avistar as linhas americanas. Flares dispararam para o céu para iluminar a paisagem, e as Companhias I e K atiraram com urgência apavorada contra sombras e silhuetas. Vários prisioneiros foram feitos e enviados ao Tenente Dave Brower para informações. Ele se relembrou que,

O esforço inicial rendeu alguns prisioneiros, um deles um tenente que se esqueceu de descartar a ordem de batalha e o mapa que tinha no bolso interno da parka. Liguei para um germano-americano da Companhia “I” para me ajudar a entender o que aquele bolso da parka tinha a dizer. Ele não entendia o alemão militar. É melhor eu me acalmar e descobrir por mim mesmo.

O que eu deveria fazer em vez disso, eu sabia, era enviar o prisioneiro de volta a uma autoridade mais elevada, e mais inteligente. Mas eu era holandês o suficiente para ser teimoso por natureza, e é claro que não mandaria ninguém de volta ainda. Além disso, quando ele voltasse e eles começassem a fazer qualquer coisa a respeito dele, tudo que eu precisava saber agora seria de pouca utilidade. Não tinha motivos para esperar sobreviver ao contra-ataque total.

Então eu disse ao meu comandante, Major Jack Hay, com o mapa nas mãos: “É aqui que eles estão. E nós somos os próximos”. Ele imediatamente chamou a artilharia, deu as coordenadas, e eles responderam instantaneamente.

Tiros de artilharia disparados por ambos os lados começaram a cair por toda parte e além da montanha. O flanco esquerdo da Companhia K resistiu a um ataque pesado, mas os alemães continuaram a se deslocar pelo desnível que levava à retaguarda do 3º Batalhão.

Perto do topo do desnível ficava a casa da fazenda onde o posto médico do 3º Batalhão havia sido estabelecido. O prédio estava cheio de homens feridos que foram tratados à luz de velas por médicos sobrecarregados. O Capitão Albert Meinke, cirurgião do batalhão, relembrou que,

Eu era capaz de ouvir fragmentos de obuses zunindo através do nosso quintal e batendo com força no prédio. À medida que o bombardeio aumentava, o caminho para a nossa retaguarda ficou sob fogo de uma tal intensidade que se tornou impossível evacuar as baixas da estação médica para a retaguarda, porque seria suicídio alguém se expor ali na trilha... a situação médica logo se tornou crítica. Bandagens ensanguentadas estavam à vista por toda a sala e eu estava tendo problemas para controlar o sangramento em dois dos casos mais críticos de maca. Eles foram colocados nas mesas de operação improvisadas no centro da sala sob a luz ofuscante do lampião de gasolina no teto, e com esta luz totalmente branca brilhando em seus rostos pálidos e cadavéricos, tenho certeza de que eles apresentaram uma imagem assustadora para o resto dos homens na sala.

Lembro-me de um homem em particular, que foi atingido na perna e no ombro por fragmentos de obuses. Suas feridas não pareciam ser fatais, mas eram dolorosas e ele estava claramente assustado. Ele ficava repetindo: “Eu vou morrer! Eu vou morrer! Isso dói! Isso dói!" Em pouco tempo, a generosa dose de morfina que recebera começou a fazer efeito e ele não se queixou mais de dor, mas continuou a repetir continuamente: “Vou morrer! Vou morrer! Ó Deus, eu vou morrer!" À medida que seus gritos continuavam e os obuses explodindo continuavam a cair ao nosso redor, fiquei preocupado que essa atitude estivesse tendo um efeito negativo sobre os outros na sala. Eu disse a ele que achava que ele se recuperaria bem, mas ele não estava ouvindo. Quanto mais eu tentava, mais alto seu choro parecia se tornar.

Nesse momento, o capelão se ajoelhou e começou a falar com ele em termos religiosos. Quase imediatamente, essa abordagem pareceu ser mais silenciosa do que meus esforços... Nesse ínterim, o bombardeio se intensificou. Mais fragmentos de obuses do que nunca estavam atingindo as paredes externas de nosso prédio. Alguns obuses caíram perto o suficiente para que as explosões sacudissem as fundações do prédio e expelissem poeira e sujeira do teto, que choveu sobre nós.

Então, quando o tumulto ao nosso redor parecia estar no seu pior, a porta se abriu e um soldado entrou correndo, gritando: “OS KRAUTS ESTÃO NO DESNÍVEL LOGO AQUI FORA! PREPAREM-SE! A ESTAÇÃO MÉDICA SERÁ CAPTURADA!”

O que eu mais temia era um soldado inimigo chutando a porta e jogando granadas dentro ou invadindo a sala e metralhando por toda parte com uma submetralhadora, então pedi a um dos homens para olhar o lado de fora e certificar-se de que a grande cruz vermelha que tínhamos colocado no prédio perto da porta ainda estava no lugar. Também me certifiquei de que cada um de nossos médicos usasse a braçadeira da cruz vermelha, bem como o capacete da cruz vermelha. Havia bastante curativos ensanguentados visíveis e equipamento médico suficiente em uso, de modo que seria difícil alguém nos confundir com outra coisa que não uma instalação médica.

O Hauptmann Dürfeld conduziu seus homens a cerca de cinquenta metros do posto de socorro do 3º Batalhão. Às 02h30, os homens da Companhia K pediram pelo rádio uma barragem de artilharia no desnível. Em muito pouco tempo, as explosões devastaram a vala às dezenas. Os gebirgsjäger não tinham onde se esconder e sofreram muitas baixas. Depois de vários minutos, o fogo de artilharia diminuiu e os homens da Companhia K notaram uma redução acentuada na quantidade de metralhadoras e armas portáteis. Gradualmente, o tiroteio parou.

Este mapa mostra a defesa do 3º Batalhão do Monte Della Torraccia contra contra-ataques alemães na noite de 24 para 25 de fevereiro de 1945.

O ataque alemão no centro da linha também fracassou. Muitos dos granadeiros foram atingidos e doze prisioneiros foram feitos. Os sobreviventes restantes se desmaterializaram na escuridão. Houve mais ataques de sondagem em diferentes pontos da linha, com bombardeios quase constantes e tiroteios esporádicos até o amanhecer.

No Felicari, a escuridão proporcionou a oportunidade de derrubar uma equipe de metralhadora e um rádio substituto. Os feridos e prisioneiros foram evacuados para a retaguarda. Completamente exausto, o T/Sgt. Snell e o Sgt. Louis Wesley compartilhava uma cama no quarto do andar de cima da casa da fazenda. Enquanto eles dormiam, um padrão de fogo de morteiro caiu na área, e uma granada atravessou o quarto com um estrondo. Snell correu para fora para se certificar de que todos estavam bem, mas quando contaram as cabeças, notaram que o Sgt. Wesley estava faltando. O tiro de morteiro que explodiu no quarto lançou estilhaços em sua cabeça e o matou na cama ao lado de Snell.

O Sgt. Louis Wesley foi morto por fogo de morteiro inimigo enquanto dormia ao lado do T/Sgt. Dillon Snell.
(Biblioteca Pública de Denver)

O que restou da 1ª Companhia do Hauptmann Dürfeld ficou preso sob o flanco do Monte Della Torraccia pela topografia e fogo de artilharia incessante, e não pôde se desengajar. Eles permaneceriam no desnível até a noite seguinte, quando tentaram escapar furtivamente. Alguns dos homens da Companhia K perceberam movimento morro abaixo e abriram fogo. O Staff Sergeant (3ºsargento) Stewart da Companhia K lembrou que, assim que o fogo começou,

Foi um verdadeiro inferno. Parecia que havia um milhão de alemães embaixo do barranco, todos dando ordens ao mesmo tempo. Todo o pelotão se concentrou na ravina que corria paralela à nossa seção... Sabíamos o que algumas dessas ordens deviam significar porque fomos salpicados pela artilharia inimiga e fogo de morteiro que durou toda a extensão do combate de vinte minutos que se seguiu.

O fogo da artilharia Aliada foi convocado no desnível e eles martelaram o local com intensas e bem colocadas barragens de obuses. Quando o bombardeio parou, os gritos dos feridos alemães puderam ser ouvidos descendo a colina. O Sargento Stewart continuou,

Começamos a gritar pra eles em todas as línguas imagináveis; não sabíamos alemão. Tentamos fazer com que os que restavam lá embaixo saíssem. Então ouvimos uma voz nos responder em um inglês razoavelmente bom. Dizia que ele estava tentando reunir seus homens e se entregar em grupo. Ele deixou claro para nós que tinha muitos feridos. Ele demorou quinze minutos tentando reunir seus homens, então o ameaçamos com mais artilharia. Qualquer coisa menos isso, disse a voz, e eles saíram.

O Hauptmann Dürfeld se rendeu com vinte e quatro de seus homens restantes. Ao ser questionado, Dürfeld disse que após a barragem alemã de noventa minutos na noite do dia 24, ele esperava cercar e capturar o Monte Della Torraccia com relativa facilidade. Ele ficou chocado com a resistência que encontrou. Os prisioneiros foram conduzidos para a retaguarda, embora muitos dos feridos tenham permanecido no desnível até o dia seguinte, quando a maioria já havia sucumbido aos ferimentos no ar frio da noite.

As perdas americanas durante a captura e defesa do Monte Della Torraccia de 24 a 26 de fevereiro foram 23 mortos e 121 feridos. Um dos feridos foi o 1º Sgt. Bill Brown, da Companhia L, que recebeu ferimentos por estilhaços no peito e na cabeça, além de um braço quebrado. Ele foi evacuado para o hospital para tratamento. Apesar dos conselhos dos médicos e dos protestos das enfermeiras, o 1º Sgt. Brown se recusou a ficar na cama. Depois de alguns dias, ele simplesmente deixou o hospital e voltou para sua companhia.

O Hochgebirgsjäger Lehr-Bataillon Mittenwald teve 7 mortos, cerca de 50 capturados e um número desconhecido de feridos. Outras unidades anexas também sofreram perdas significativas, e parece provável que o total de baixas alemãs quase igualou as do 3º Batalhão do 86º Regimento de Infantaria de Montanha. Que assim fosse, apesar dos defensores americanos terem a vantagem de cavar nas defesas em terreno elevado, apoiados pela artilharia e com total supremacia aérea, fala muito bem das habilidades de luta dos montanhistas alemães.

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Bibliografia recomendado:

Gebirgsjäger:
German Mountain Trooper 1939-45.
Gordon Williamson e Darko Pavlovic.

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