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quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

A batalha pela prisão de al-Hassaká se encerrou depois de seis dias


Por Filipe do A. Monteiro, 26 de janeiro de 2022.

A batalha em al-Hassaká encerrou-se no seu sexto dia com a recaptura da prisão pelas forças das SDF.

Na quinta-feira, 20 de janeiro, mais de cem membros do Estado Islâmico (EI) tomaram de assalto com caminhões-bomba e armas pesadas a prisão de Ghwayran em al-Hassaká, uma das maiores prisões contendo jihadistas na Síria. Confrontos violentos se seguiram por vários dias ao redor e dentro desta prisão no nordeste da Síria. A luta feroz entre as forças curdas das SDF e combatentes árabes do EI vem acontecendo há vários dias dentro e ao redor da prisão após o ataque; o maior reivindicado pelo EI desde sua derrota há quase três anos na Síria.

Liderando a luta contra o Estado Islâmico, as Forças Democráticas Sírias (SDF), em sua maioria curdos, e a coalizão liderada pelos EUA "começaram a invadir partes da prisão, que permanece sob controle do Estado Islâmico" depois de libertar vários combatentes curdos e funcionários detidos pelo Estado Islâmico, de acordo com o OSDH.

O ataque aberto às instalações administradas pelos curdos envolveu um duplo atentado à bomba suicida e viu os jihadistas libertarem outros membros do EI, apreenderem armas e assumirem o controle de uma série de pavilhões da prisão.

Objetos capturados de um militante do EI durante a batalha, incluindo uma bandeira do Estado Islâmico.

Civis reclamam que não há comida e não há água


De acordo com um novo relatório estabelecido segunda-feira pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), 181 pessoas foram mortas em cinco dias de combates – 124 jihadistas, 50 combatentes curdos e 7 civis. Quase 45.000 pessoas fugiram de suas casas após o assalto à prisão e os intensos combates que se seguiram, segundo a ONU.

Human Rights Watch, com sede nos Estados Unidos da América (EUA), estimou que as forças curdas sírias detêm cerca de 12.000 homens e meninos afiliados ao Estado Islâmico; incluindo até 4.000 estrangeiros de quase 50 países.

Nas redes sociais, as SDF narraram as operações:
Sniper curdo em posição.

Fuzileiro-metralhador curdo observa destroços dos muros da prisão.

Combates de rua prosseguem nos quarteirões da prisão.

As Forças Democráticas Sírias (Quwwāt Sūriyā al-Dīmuqrāṭīya; em árabe: قوات سوريا الديمقراطية, em curdo: Hêzên Sûriya Demokratîk, em siríaco: Haylawotho d'Suriya Demoqratoyto), são uma aliança de milícias de sírios curdos, árabes, assírios, armênios, turcos e circassianos que lutam na Guerra Civil SíriaEmbora a ofensiva seja amplamente liderada pelas SDF (nesse caso, em sua maioria curdos), militares americanos foram desdobrados para direcionarem apoio de fogo durante a batalha.

As SDF publicaram hoje o progresso das operações na prisão no Twitter pelo perfil Coordination & Military Ops Center - SDF (Centro de Coordenação e Operações Militares - SDF). Um vídeo mostra combatentes curdos do YPJ progredindo dentro de um pavilhão da prisão.

"Durante a noite, as FDS deram ao Daesh a oportunidade de se render. Às 5 da manhã, seguindo o prazo, nossas forças tomaram de assalto um prédio. 300 indivíduos se renderam.

A operação ocorreu conforme o planejado. Executando o plano com exatidão e precisão.[1]

As forças das SDF continuam a varrer a prisão e a área circundante. Localizar aqueles que atacaram e continuaram a tentar apoiar a operação do Daesh dentro da prisão de al-Hassaká.

Durante a batalha, 8 Daesh foram mortos enquanto um membro do SDF perdeu a vida.[2]

As SDF estão garantindo a segurança da população civil. Salvando aqueles que estão detidos pelo Daesh.[3]

#DefeatDaesh"

Por volta das 10:30h da manhã, horário de Brasília, as SDF anunciaram a recaptura total da prisão. As FDS na manhã desta quarta-feira "realizaram operações de busca dentro de blocos prisionais" e em áreas ao redor da instalação, onde confrontos intermitentes ocorreram durante a noite, disse o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

De acordo com o monitor de guerra, um número desconhecido de jihadistas conseguiu escapar, mas seu número exato não ficou imediatamente claro.

Em um comunicado, Farhad Shami, das Forças Democráticas Sírias (SDF), disse que dias de operações "culminaram com todo o nosso controle" sobre a prisão em al-Hassaká depois que todos os combatentes do grupo EI se renderam.

Bibliografia recomendada:

O Mundo Muçulmano.
Peter Demant.

Estado Islâmico:
Desvendando o exército do terror.
Michael Weiss e Hassan Hassan.

domingo, 16 de janeiro de 2022

Terminada a crise de reféns na sinagoga do Texas, o sequestrador foi morto durante o assalto policial

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 16 de janeiro de 2022.

Com informações do Le Figaro e Agence France Presse (AFP).

No dia de ontem, sábado 15 de janeiro, um terrorista não-identificado tomou reféns quatro judeus na sinagoga de Colleyville, no estado americano do Texas. O sequestrador exigia a libertação de uma mulher paquistanesa condenada por terrorismo. A polícia texana iniciou o cerco à igreja judaica e durante a noite de sábado para domingo foi encerrado o impasse que durara 10 horas com um assalto da equipe de resgate do FBI, a Hostage Rescue Team (HRT).

“A equipe de resgate de reféns invadiu a sinagoga” e “o suspeito está morto”, disse o chefe de polícia local, Michael Miller, durante uma entrevista coletiva após a operação. Todos os reféns foram libertados ilesos, anunciou anteriormente o governador do Texas, Greg Abbott.

A polícia de Colleyville evacuou os moradores próximos e pediu ao público que evitasse a área. O FBI, a polícia federal americana, abriu uma investigação sobre o sequestrador, que foi identificado, disse o agente especial do FBI Matt DeSarno, sem revelar o nome do terrorista abatido.

O terrorista foi mais tarde identificado como Malik Faisal Akram, filho de imigrantes paquistaneses nascido no Reino Unido.

Entrevista com o governador Greg Abbott

A tomada de reféns ocorreu na sinagoga da Congregação Beth Israel em Colleyville, uma cidade de cerca de 23.000 pessoas nos arredores de Dallas; uma metrópole do Texas. Poucas horas antes do assalto, enquanto duravam as negociações entre a polícia e o sequestrador, um primeiro refém havia sido libertado ileso. Antes da libertação do primeiro refém a informação disponível dizia que o terrorista estava armado, detinha quatro pessoas, incluindo um rabino, e que ele alegou ter colocado bombas em locais desconhecidos.

O terrorista afirmou ser o "irmão" de Aafia Siddiqui, uma cientista paquistanesa condenada em 2010 por um tribunal federal de Nova York a 86 anos de prisão por tentar atirar em militares americanos, razão pela qual foi detida no Afeganistão. O termo "irmã" não indica parentesco nesse caso, mas a fé islâmica. Aafia Siddiqui está atualmente detida em um hospital prisional em Fort Worth, perto de Dallas.

Operadores do HRT do FBI.

Este incidente afetou profundamente a comunidade judaica nos Estados Unidos. Ellen Smith, uma adoradora da sinagoga, descreveu à CNN uma situação "chocante e horripilante". No entanto, ela disse que não ficou surpresa que o ataque tenha como alvo a comunidade judaica. "Os casos de anti-semitismo aumentaram ultimamente", disse ela. "Você quase se sente sem esperança." “Ninguém deve ter medo de se reunir em seu local de oração”, disse o Conselho para Relações com a Comunidade Judaica, uma organização com sede em São Francisco.

A voz de um homem às vezes agitado pôde ser ouvida na transmissão do serviço religioso ao vivo no Facebook antes de sua interrupção. “Há algo de errado com a América”, tinha lançado notavelmente este homem. "Eu vou morrer", ele também disse, repetidamente pedindo a um interlocutor não identificado que "sua irmã" estivesse ao telefone com ele.

“Aquele que me odeia hoje vai te odiar amanhã. Portanto, pode começar com os judeus, mas não vai parar com os judeus”, alertou Joseph Potasnik, vice-presidente do Conselho de Rabinos de Nova York. O primeiro-ministro israelense Naftali Bennett também disse estar monitorando a situação.

domingo, 2 de janeiro de 2022

GALERIA: O primeiro McDonald's na União Soviética


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 2 de janeiro de 2022.

O início do fim...

O primeiro McDonald's - símbolo da capitalismo - aberto na União Soviética em Moscou, em 31 de janeiro de 1990. Em uma época onde faltava comida em todo o território do gigante vermelho, o McDonald's atraiu multidões de moscovitas e teve de ficar aberto além do horário para atender todo mundo. Operando por mais de 6 horas, o restaurante atendeu mais de 30 mil pessoas - o recorde de atendimentos em um dia de abertura.

Foram 14 anos de negociação mas no fim o McDonald's conseguiu atravessar a Cortina de Ferro. George Cohon, o presidente do McDonald's do Canadá, e responsável pela empreitada, cortou a faixa vermelha do restaurante.



O restaurante garantiu um suprimento de 15 mil refeições por dia, com um enorme depósito nos subúrbios de Moscou que incluía toda uma fábrica processamento, fruto do investimento de 50 milhões de dólares. A colheita de maçãs fora tão ruim na União Soviética naquele ano, que foi necessário importá-las da Bulgária; e as sementes das batatas tiveram que ser importadas dos Estados Unidos, pois as da produção soviética eram minúsculas e não podiam ser transformadas em batatas fritas. Um Big Mac com refrigerante e batatas fritas custava metade do salário diário de um moscovita. Os atendentes eram pagos dois rublos por hora, mais do que um médico na União Soviética.

Entre as grandes surpresas, começando pela abundância de comida, foi a educação e cortesia dos atendentes. Em um sistema onde o sorriso é símbolo de malícia, muitos clientes ficaram aterrorizados com a qualidade McDonald's de atendimento; um dos clientes entrevistados pela CBC disse que ficou preocupado, olhando se havia algo de errado com ele - seja na sua roupa, no seu cabelo ou se ele disse algo errado.

O fracasso do socialismo em imagens:














Um recorte de Mikhail Gorbachev em tamanho natural em frente ao McDonald's para a Moscow Illustration.

Vladimir Malyshkov (à esquerda), diretor do restaurante conjunto soviético-canadense McDonald's, presidente do conselho, e George A. Cohon, vice-diretor do restaurante McDonald's.

Boris Yeltsin, Presidente da República Socialista Federativa Soviética da Rússia.

Leitura recomendada:

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

O tanque principal Black Panther chegou à Noruega

Um tanque principal K2 Black Panther sendo desembarcado na Noruega.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 29 de dezembro de 2021.

O carro de combate principal K2 Black Panther, o MBT sul-coreano, chegou à Noruega para testes visando a sua possível adoção. Ele participará de testes de avaliação nos próximos dias conforme requisição do governo de Oslo.

Em novembro deste ano, o Ministério da Defesa norueguês anunciou um plano para adquirir novos tanques de batalha principais (Main Battle Tank, MBT) para substituir o Leopard 2A4NO atualmente em serviço com o exército nacional. Os atuais candidatos são o Leopard 2A7 alemão e o K2 Black Panther coreano.

Um K2 Black Panther sul-coreano em ação em uma pista de treinamento sendo filmado por drone


O Ministério da Defesa norueguês há muito tempo conduz análises relacionadas com a manutenção e o desenvolvimento das capacidades fornecidas hoje pelos MBT Leopard 2A4NO. No início, foram consideradas até nove variantes, mas na última etapa da avaliação, duas opções permaneceram: a modernização dos tanques existentes no âmbito do chamado projeto 5050 e a aquisição de novas máquinas.

Conforme anunciado em um comunicado oficia, o Ministério da Defesa norueguês avaliou que a modernização dos Leopards existentes, obtidos de segunda-mão do excedente da Holanda, não fornecerá um nível adequado de capacidades quando se trata de proteger o interior dos tanques contra munição de nova geração, e nem possuem capacidade de operar em um sistema de comunicação centrado em rede, que atualmente está sendo introduzido nas forças terrestres do país.

Desta feita, foi decidido que dois tipos de novos tanques poderiam ser considerados como soluções: adquirir o novo modelo do Leopard 2, a versão A7, ou adquirir o coreano K2 Black Panther da Hyundai Rotem.

O inventário norueguês é limitado, com cerca de cerca de 50 Leopard 2A4NO, e um plano de substituição detalhado, incluindo propostas sobre números e custos, será apresentado ao Parlamento no próximo ano. Presume-se que os novos tanques possam entrar em serviço a partir de 2025. Os alemães estão atualmente renovando seus Leopard 2 para o padrão A7V e os noruegueses poderiam se juntar ao programa; no entanto, a opção coreana também é atraente.

Os coreanos são novos entrantes no mercado de blindados, com o K2 sendo um dos mais novos MBT no mundo. Além disso, as forças armadas norueguesas equiparam sua artilharia auto-propulsada com os obuseiros auto-propulsados K9 de 155/52mm sul-coreanos. Estes foram oficialmente transferidos para o Artilleribataljonen da brigada de infantaria motorizada norueguesa "Nord" (“Norte”) em SetermoenNa Noruega, o obuseiro auto-propulsado K9 é chamado de VIDAR.

Obuseiro auto-propulsado K9 VIDAR norueguês, 2019.

A aproximação com material coreano começou em maio de 2015, a Samsung Techwin juntou-se ao programa de atualização da artilharia norueguesa, competindo contra o KMW Panzerhaubitze 2000 alemão, Nexter CAESAR 8x8 francês e M109 KAWEST americano da RUAG suíça para substituir os obsoletos M109A3GNM por 24 novos sistemas. Um único K9 foi enviado à Noruega para participar da competição. Operado pela equipe de vendas, o veículo passou por testes entre novembro de 2015 a janeiro de 2016; vencendo os seus competidores.

Durante o teste de inverno de janeiro de 2016, o K9 foi o único veículo que conseguiu passar por um campo de neve com um metro de espessura e disparar seu canhão sem nenhum problema, enquanto os veículos concorrentes apresentavam problemas no motor ou peças quebradas. Além disso, o motor K9 foi capaz de manter o calor durante a noite simplesmente cobrindo a área com lona, permitindo assim que o motor iniciasse sem falhas no dia seguinte a -40ºC. Além disso, a suspensão hidropneumática se tornou uma grande vantagem para a mobilidade, pois seu mecanismo derreteu a neve nas partes móveis com muito mais rapidez. O resultado do teste também impactou a Finlândia e a Estônia, que foram convidadas a observarem as apresentações para a sua substituição de sua própria artilharia, o que os levou a também adquirir o K9.

De acordo com o acordo firmado em 2017 entre o Ministério da Defesa norueguês e a empresa sul-coreana Hanwha Land Systems, esta última fornecerá ao exército norueguês 24 obuses AP K9 Thunder com um novo calibre 155/52mm; com uma opção de mais 24 sistemas adicionais. Além dos obuses propriamente ditos, o contrato prevê o fornecimento de seis veículos blindados para o transporte de munições K10 no mesmo chassi, munições, simuladores, equipamentos afins, além de treinamento e suporte técnico completo para os canhões AP durante todo o seu serviço.

O K9 Thunder pesa 47 toneladas, com o potente diesel de 1000cv possibilitando velocidades de até 67 km/h e um alcance de cruzeiro 480km, e contendo uma tripulação de 15 militares. Ele é armado com o canhão KNUMX com um cano de calibre 155; sua a cadência de tiro chega a 52 tiros por minuto. O obuseiro pode atingir alvos com alta precisão a uma distância de mais de 5km e, ao usar projéteis inteligentes Excalibur, a uma distância de mais de 40km.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Militares jordanianos enviam uma mensagem de segurança e afirmam serem capazes de lidar com qualquer ameaça

 

Foto de arquivo: Rei Abdullah II, comandante supremo das Forças Armadas da Jordânia-Exército Árabe, participando de um exercício tático conduzido pela 60ª Brigada Blindada Real Príncipe El Hassan bin Talal em uma base em Zarqa, a leste de Amã.
(Foto AFP / Palácio Real Jordaniano / Yousef Allan)

Por José María Martín, Atalayar, 6 de abril de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 22 de dezembro de 2021.

Em meio ao clima instável da Jordânia, o exército afirma sua capacidade de manter o controle.

A Jordânia não vive seus dias mais pacíficos após a prisão do ex-príncipe herdeiro Hamza bin Hussein por conspirações contra o rei Abdullah. De acordo com o vice-primeiro-ministro Ayman Safadi, "as investigações detectaram interferências e comunicações, inclusive com entidades estrangeiras, sobre o momento ideal para tomar medidas para desestabilizar a segurança da Jordânia". O ex-príncipe herdeiro está agora sob prisão domiciliar e Sharif Hasan bin Zaid, um membro da família real, e Bassem Awadallah, ex-chefe da casa real, ex-conselheiro do monarca e ex-ministro das finanças, foram detidos e interrogados. E isso não é tudo. Existem pelo menos 20 outros suspeitos que ainda não foram identificados.

O príncipe Hamza disse que permanecerá em prisão domiciliar, mas que o fará temporariamente, pois afirma: "Não vou obedecer quando eles disserem que você não pode sair, não pode tweetar, você não pode se comunicar com as pessoas [e] só tem permissão para ver sua família", disse ele em uma transmissão de áudio no Twitter. No entanto, o exército está calmo e confiante em sua capacidade de lidar com o que quer que aconteça nos próximos dias. O General Yusef al-Hunaiti, presidente do Estado-Maior Conjunto, disse que "as forças armadas e agências de segurança da Jordânia têm capacidade, competência e profissionalismo para lidar com quaisquer desenvolvimentos nas arenas locais e regionais em vários níveis.”

A versão de Hamza está longe do que está sendo explicado tanto pelo governo jordaniano quanto pelo próprio exército. Ele afirma que o chefe do exército veio a sua casa para ameaçá-lo e que possui gravações para comprová-lo, que já estão em poder de alguns parentes e amigos fora das fronteiras da Jordânia. Além disso, diz que se trata de uma perseguição do governo por estar próximo de correntes antigovernamentais, não por qualquer tipo de conspiração contra seu meio-irmão: “Não sou responsável pelo colapso da governança, corrupção e incompetência que tem prevalecido em nossa estrutura de governança nos últimos 15 a 20 anos e isso está piorando. Não sou responsável pela falta de fé que as pessoas depositam em suas instituições”, disse ele em vídeo transmitido pela BBC.

A versão do príncipe não parece ser a mais credível, ou pelo menos é o que disse a grande maioria dos países. Rússia, Marrocos, Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos e até mesmo a União Européia foram rápidos em mostrar seu total apoio ao rei Abdullah II. As suspeitas sobre o país que pode estar por trás da ajuda a Hamza bin Hussein estão longe de serem claras e a sociedade internacional rapidamente se posicionou em bloco ao lado do governo jordaniano, tentando evitar ser ligada à conspiração do ex-príncipe herdeiro.

Príncipe jordaniano Hamzah Bin al-Hussein. Um ex-assessor real da Jordânia foi um dos vários suspeitos presos em 3 de abril de 2021, quando o exército advertiu o príncipe Hamzah bin Hussein, meio-irmão do rei Abdullah II, a não prejudicar a segurança do país.
(Khalil Mazraawi / AFP)

A sociedade jordaniana não teme muito pela resolução de toda a controvérsia em torno da prisão domiciliar do príncipe. O jornal governamental Al-Rai afirma que "os jordanianos não têm pressa em obter os resultados da investigação. O importante é que seu país evitou um capítulo de agitação com a sofisticação da liderança e dos serviços de segurança jordanianos e ensinou traidores na Jordânia uma lição através da qual eles podem identificar a linha vermelha que eles não podem cruzar".

O que eles também estão bem cientes é que a prisão de certos indivíduos que fizeram parte da suposta conspiração, assim como a identificação de outros, não é o fim do problema que a Jordânia enfrenta. Todos esses eventos são apenas o início de uma crise profunda que ainda tem um longo caminho a percorrer. Ahmed Awad, diretor do Centro de Estudos Econômicos e Informáticos de Phoenix, acredita que o que é "exigido de todas as estruturas do Estado é priorizar primeiro a implementação da constituição e, em segundo lugar, realizar reformas nas políticas da administração estadual". No entanto, o governo jordaniano nunca perdeu de vista os possíveis atores estrangeiros que poderiam estar ajudando Hamza bin Hussein, e é claro que eles não desistirão de suas intenções.

Contra-Terrorismo no Iraque: Capturando um Terrorista de destaque


Do site Unipath, 3 de setembro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 22 de dezembro de 2021.

O Serviço de Contra-Terrorismo do Iraque passou anos rastreando pacientemente um dos líderes do Daesh.

A eficácia da guerra contra grupos terroristas depende fortemente de um trabalho cuidadoso de inteligência e do rastreamento da liderança de alto nível de uma organização. Esse trabalho inerentemente complexo requer horas exaustivas e longas para identificar líderes de alto nível, determinar seu paradeiro e a natureza de suas operações e aprender como eles se comunicam com seus subordinados para conduzir as operações. No nível mais básico, os oficiais de inteligência precisam conquistar os corações das pessoas porque são eles que possuem informações importantes que levam aos esconderijos terroristas.

Diante disso, informações fornecidas por cidadãos comuns aos homens do 1º Batalhão de Reconhecimento do Serviço de Contra-Terrorismo do Iraque (Counter-Terrorism Service, CTS) ajudaram a rastrear e deter o terrorista Ahmed Mohsen Najm Hussein Al-Kartani, também conhecido como Abu Naba. Ele foi capturado em outubro de 2020 enquanto tentava reacender uma campanha de terror do Estado Islâmico (Daesh) em Bagdá.

Abu Naba serviu como coordenador administrativo do “Wilayat Iraque” para o Daesh. De acordo com relatórios de inteligência, ele se juntou às facções "jihadistas" em 2003, jurando lealdade à rede al-Qaeda de Abu Musab al-Zarqawi em 2006 após a formação do chamado Estado Islâmico do Iraque (ISI). Abu Naba se tornou um líder do ISI em Bagdá em seu papel de “líder da sharia do distrito de Karkh no sul de Bagdá” antes de assumir um cargo administrativo no mesmo distrito. Ele tinha um relacionamento próximo com Manaf al-Rawi, autoproclamado “wali de Bagdá”, preso em 2010.

Abu Naba nasceu em Bagdá em 1970 em uma família numerosa. Ele se formou na Faculdade de Administração e Economia da Universidade de Bagdá. Ele se tornou um leitor ávido de textos religiosos na década de 1990, quando o antigo regime no Iraque adotou o que é conhecido como Campanha da Fé para neutralizar a indignação pública causada pela deterioração das condições de vida após a primeira Guerra do Golfo.

Uma unidade tática CTS conduz uma missão na cidade velha de Mosul em 2020.

Como resultado, ele aprendeu muito sobre a jurisprudência da sharia, tendo sido um leitor voraz que devorou todos os livros extremistas seculares e islâmicos que conseguiu encontrar. Ele não apenas possuía um profundo conhecimento da jurisprudência islâmica, mas também estudou todos os tipos de teologia. Antes de ingressar em organizações extremistas, ele jogou futebol e era bem conhecido nos clubes, jogando pelo Al-Talaba e Al-Quwa Al-Jawiya.

Durante a violência sectária em Bagdá em 2007, ele foi detido pelas forças da coalizão e encarcerado no centro de internação Camp Bucca, ao sul de Basra, administrado pelas forças da coalizão. Ele permaneceu na prisão por dois anos e foi libertado em 2009 junto com os demais detidos, em um momento em que a situação de segurança no Iraque era estável e o governo iraquiano lançou um programa de reconciliação nacional. De acordo com o programa, os detidos se comprometeram por escrito a se reintegrarem à sociedade e a não retornarem às atividades terroristas. No entanto, Abu Naba não cumpriu sua promessa e, em vez disso, voltou ao terrorismo poucas semanas após sua libertação, desta vez ocupando uma posição importante na fabricação e desenvolvimento de armas e explosivos em “Wilayat Bagdá”. Ele trabalhou como assistente principal do agora morto Mutez Numan Abd Nayef al-Jabouri, também conhecido como Haji Tayseer, emir de desenvolvimento e preparação para o ISI. Abu Naba foi encarregado de recrutar engenheiros e técnicos, oferecendo incentivos materiais e morais e usando ameaças e intimidação caso eles recusassem sua oferta.

O plano de Haji Tayseer e Abu Naba se concentrava na tentativa de construir dispositivos explosivos improvisados em grande escala, cuja capacidade destrutiva excederia os ataques de mísseis para multiplicar as perdas humanas e materiais e minar a segurança e estabilidade relativas em Bagdá. Caminhões pesados carregados com mais de uma tonelada de explosivos foram detonados em áreas sensíveis da capital. O primeiro foi o ataque da “Quarta-feira Sangrenta” que teve como alvo o Ministério das Relações Exteriores no bairro de Al-Salehiya, em Bagdá, em 2010. Isso foi seguido por explosões semanais semelhantes contra edifícios do governo provincial de Bagdá, o Ministério da Justiça e o Ministério das Finanças. As explosões mataram pessoas inocentes que eram patrocinadores e funcionários do ministério.

Depois de um golpe devastador para o ISI em 2010, quando Manaf al-Rawi foi preso e tanto Abu Omar al-Baghdadi, o chamado emir do grupo terrorista, quanto Abu Ayyub al-Masri, seu comandante militar, foram mortos em uma operação de segurança na região de Tharthar da província de Anbar, o grupo foi desmantelado e a maioria de seus líderes presos. Outros, incluindo Abu Naba, fugiram do Iraque ou se esconderam nos desertos. Depois disso, o Iraque experimentou uma estabilidade notável entre 2011 e 2012.

Mas, tão rapidamente quanto desapareceu a organização terrorista, ela reapareceu no final de 2012 com o lançamento de um ataque terrorista no distrito de Haditha. O ataque não teve impacto, mas serviu como ferramenta de recrutamento e propaganda para tranquilizar os membros de que a organização ainda estava ativa em campanha.

Em 2013, no auge da violência na Síria, com um influxo de doações financeiras e mobilização de elementos suspeitos e clérigos extremistas, a arena síria tornou-se um refúgio para organizações extremistas e fugitivos do deserto chegaram a áreas controladas por grupos extremistas. O terrorista Ibrahim Awad, mais conhecido como o emir do Estado Islâmico do Iraque, Abu Bakr al-Baghdadi, anunciou a anexação da Síria ao seu chamado Estado. Seu novo nome se tornou Estado Islâmico do Iraque e Al-Sham (Daesh). Derramamento de sangue na forma de decapitações, bombardeios e assassinatos com pistolas equipadas com silenciador tornou-se familiar em várias cidades, e fugitivos procurados como Abu Naba tornaram-se líderes do Daesh.

Após uma reunião de líderes do Daesh em Fallujah em 2013 para finalizar suas operações de ocupação e moldar a futura política do Daesh, Abu Naba foi nomeado qadi, ou juiz, do "Wilayat Bagdá" e tornou-se um confidente de Abu Jaafar, o "wali de Bagdá”.

Após a ocupação de algumas províncias pelo Daesh, ele foi nomeado para gerenciar os assuntos administrativos do Daesh, escondendo-se na governadoria de Erbil, que não estava ocupada. Durante sua estada em Erbil, ele recebeu cartas editadas do "wali do Iraque" Haji Tayseer contendo perguntas, pedidos de veredictos da sharia e questões consultivas sobre a política da organização.

Abu Naba foi responsável pela transferência de famílias de líderes terroristas da Síria e da Turquia para a governadoria de Nínive durante a ocupação do Daesh. Estes incluíam a família do Dr. Ismail al-Ithawi (Abu Zeid al-Iraqi), um membro do comitê delegado da organização.

Soldados CTS conduzem treinamento especial no Rio Tigre.

Em 2016, Abu Naba foi convocado pelo comitê delegado, especificamente por Abu Zeid al-Iraqi (mais tarde capturado pelo Serviço Nacional de Inteligência) e com a tarefa de estabelecer oportunidades de investimento em áreas sob o controle da organização para autofinanciar o Daesh. Abu Naba foi de Erbil para a Turquia, onde foi recebido por Taleb Al-Zub'i, que fazia parte de uma rede de contrabandistas que transportava pessoas e correspondência para o Daesh. Da Turquia, Abu Naba foi levado para a governadoria síria de Raqqa, onde estabeleceu frentes comerciais, como investimentos imobiliários, empresas corporativas e outros negócios administrados por habitantes locais para disfarçar o envolvimento da organização, mas cujas receitas foram canalizadas para o Daesh.

No início de 2020, Abu Naba foi convocado de Raqqa para a Turquia por Abu Bakr e Abu Muhammed, que estavam ligados ao comitê delegado e diretamente ligados ao chamado califa. Ele foi nomeado para administrar e coordenar os negócios do "Wilayat Iraque" e recebeu ordens de retornar a Bagdá, onde estabeleceria destacamentos de segurança, militares e de mídia em uma tentativa de revigorar o Daesh na capital depois que as forças de segurança iraquianas o reprimiram. Nunca ocorreu a Abu Naba que a inteligência do CTS estava monitorando seus movimentos e que ele seria pego na rede da justiça.

Depois que Abu Naba entrou no Iraque, a Diretoria de Inteligência do Serviço de Combate ao Terrorismo formou uma equipe de seleção de alvos para monitorar seus movimentos e contatos dentro do Iraque e obter mandados de prisão para ele.

Após meses de monitoramento e vigilância pela divisão de inteligência da unidade de reconhecimento, a operação policial para derrubar a célula terrorista administrada por Abu Naba foi lançada em outubro de 2020. Abu Naba deveria estar em Bagdá para se encontrar com o wali e o comandante-em-chefe do chamado Wilayat Bagdá. A unidade CTS havia se infiltrado e rastreado com sucesso este grupo terrorista desde o momento em que realizou reuniões na Turquia até a chegada de Abu Naba ao Iraque na governadoria de Erbil.

As equipes de monitoramento e vigilância da Primeira Unidade de Reconhecimento foram alertadas e por dois dias as equipes acompanharam Abu Naba, desde sua saída da governadoria de Erbil até sua entrada em Bagdá. Durante esse tempo, Abu Naba mudou-se entre vários bairros de Bagdá. No terceiro dia, Abu Naba completou sua missão e planejou voltar para Erbil. Membros da equipe de reconhecimento, um deles se passando por um motorista de táxi, atraiu Abu Naba enquanto ele se dirigia para a estrada do aeroporto de Bagdá. Os militares de inteligência do CTS acionaram sua armadilha.

E assim, depois de muitos anos de perseguição, um dos terroristas mais perigosos do Iraque foi levado à justiça por seus crimes contra inocentes.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

GALERIA: Operação anti-drogas na Venezuela


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 20 de dezembro de 2021.

O General-em-Chefe (General en jefe, 4 estrelas) Domingo Hernández Lárez, Comandante Estratégico Operacional da FANB, postou em sua página do Twitter uma operação anti-drogas contra os chamados traficantes de droga terroristas (TANCOL), que atravessam para a Venezuela vindos da Colômbia. A postagem diz:

"Em seu desdobramento por toda a República em operações de escrutínio para manter a paz social, a FANB apreendeu 250kg de cocaína dos grupos TANCOL que pretendiam entrar em território nacional. A Venezuela é um território livre de drogas!"

 As fotos mostram os uniformes típicos da FANB, desprovidos de camuflagem, apenas com um verde oliva homogêneo, ao lado de uniformes camuflados. Os soldados usam gorros de selva - camuflados ou não - e estão armados com os fuzis AK-103 comprados da Rússia.

Cada um armado com fuzis AK-103, com uniformes camuflados e plenos.

O material capturado.

O pacote com o número 404 e a inscrição
"Da Colômbia para o mundo".

Os confrontos entre a Força Armada Nacional Bolivariana (Fuerza Armada Nacional BolivarianaFANB) e a guerrilha colombiana começaram no dia 21 de março deste ano. O estado de Apure tem sido o campo de batalha, uma área que faz fronteira com o departamento de Arauca, na Colômbia, onde está uma das principais entradas para as rotas do narcotráfico. Este conflito fez com que 5.000 pessoas migrassem da Venezuela para a Colômbia.

Em abril, a Venezuela já havia perdido 16 soldados em confrontos com os TANCOL. A situação anda piorando, com o governo central de Caracas perdendo o controle de facto de regiões de Apure.

Soldados da marinha venezuelana patrulham o rio Arauca, fronteira natural com a Colômbia, visto de Arauquita, Colômbia, sexta-feira, 26 de março de 2021.

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quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Um navio de guerra de US$ 2 bilhões da Marinha dos EUA pegou fogo em parte porque os marinheiros não apertaram um botão, segundo a investigação


Por Ryan Pickrell, Business Insider, 21 de outubro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 21 de outubro de 2021.

Pontos-chave:
  • Acredita-se que o USS Bonhomme Richard tenha sido incendiado por um incendiário, mas foi perdido por incompetência, diz a Marinha.
  • O equipamento de combate a incêndios foi mantido de forma inadequada e os marinheiros não estavam preparados e não foram treinados para combater um incêndio.
  • Não pressionar um botão que poderia ter ativado a espuma de supressão de fogo contribuiu para a perda do navio.
Um navio de assalto anfíbio da Marinha dos Estados Unidos foi destruído por um incêndio no verão passado em parte porque os marinheiros não conseguiram apertar um botão que poderia ter ativado um sistema crítico de supressão de fogo, constatou a investigação do comando sobre o incidente.

A Marinha encomendou o anfibio de grande doca USS Bonhomme Richard em 1998 a um custo de US$ 750 milhões, ou cerca de US$ 1,2 bilhão hoje. O valor total do navio no momento do incêndio é estimado em cerca de US$ 2 bilhões, de acordo com vários relatórios.

Em julho de 2020, o navio foi incendiado enquanto estava no cais de San Diego para manutenção. O fogo durou intensamente por quatro dias, danificando o navio a ponto da Marinha decidir sucateá-lo em vez de consertá-lo.

Tripulações lutam contra um incêndio a bordo do navio de assalto anfíbio da Marinha dos EUA USS Bonhomme Richard.
(Sean M. Haffey / Getty Images)

O ex-comandante da 3ª Frota, Vice-Almirante Scott Conn, disse em um relatório de investigação sobre o incêndio que "embora o incêndio tenha sido iniciado por um incêndio criminoso, o navio foi perdido devido à incapacidade de apagar o fogo." Ele especificamente chamou a atenção para como a "tripulação preparada inadequadamente" montou uma "resposta ineficaz ao fogo".

A resposta ineficaz a bordo do Bonhomme Richard incluiu várias falhas, incluindo uma falha em seguir os princípios básicos de combate a incêndios, como a utilização do sistema de espuma formadora de filme aquoso, ou AFFF (aqueous film forming foam).

Como o USNI News noticiou pela primeira vez, o sistema de supressão de incêndio não foi usado porque tinha sido mantido de forma inadequada e os marinheiros não estavam familiarizados em como usá-lo.

"A Força do Navio não considerou o emprego do sistema AFFF em tempo hábil", disse a investigação do comando, explicando que isso "contribuiu para a propagação e a incapacidade de controlar o fogo".

O sistema AFFF não estava totalmente operacional, mas "mesmo em seu estado degradado", afirma a investigação, "se o AFFF tivesse sido ativado no Convés Baixo V, teria fornecido agente nas proximidades da sede do incêndio, limitando a intensidade e taxa de propagação. Se o AFFF tivesse sido ativado no V Superior, ele poderia ter retardado o progresso do fogo para a parte traseira do Convés Superior V."

"A Força do Navio deveria ter tentado ativar o AFFF", disse a investigação. "Quase não houve discussão sobre o uso do sistema até mais de duas horas após o início do incêndio."

Os bombeiros lutam contra um incêndio a bordo do USS Bonhomme Richard. Marinha dos Estados Unidos.
(Foto de Especialista em Comunicação de Massa de 1ª Classe Jason Kofonow)

O sistema AFFF poderia ter sido ativado de forma fácil e eficaz com o apertar de um botão, mas, como o relatório explicou, "o botão nunca foi apertado e nenhum membro da tripulação entrevistado considerou esta ação ou teve conhecimento específico quanto à localização do botão ou sua função."

O Washington Examiner relatou pela primeira vez a falha dos marinheiros do Bonhomme Richard em empregar o sistema de botão de pressão AFFF.

"É surpreendente que ninguém na cena soubesse como ativar o sistema ou estivesse familiarizado o suficiente com ele para ativá-lo", disse Bryan Clark, ex-oficial da Marinha e especialista em defesa do Instituto Hudson. "Ele já existe há muito tempo."

Clark disse que, da perspectiva do comando, a incapacidade da tripulação de usar este sistema é "um grande descuido", explicando que o AFFF é "seu sistema de combate a incêndios de reserva".

“Você combate um incêndio com extintores de incêndio e depois mangueiras e, se ficar fora de controle, você vai para o sistema AFFF e começa a inundar os espaços com AFFF para apagá-lo”, disse ele. Ele acrescentou que isso "deveria ser bem conhecido de toda a tripulação".

O USS Bonhomme Richard em chamas na Base Naval de San Diego, 12 de julho de 2020.(US Navy / MCS2 Austin Haist via Getty Images)

Clark disse que é possível que parte da tripulação tenha mudado durante a revisão de 19 meses, durante a qual o treinamento para coisas como incêndios é menos rigoroso do que seria para um navio em andamento, e que o Bonhomme Richard acabou com uma tripulação que não foi bem treinado para lidar com incêndios, inundações e outras catástrofes potenciais.

Clark disse que se o sistema AFFF e os sistemas de ativação por botão, cujo status é desconhecido devido a verificações de manutenção incompletas, estivessem funcionando no dia em que o incêndio começou, "isso poderia ter feito uma grande diferença".

Uma série de outros erros e falhas, como atrasos no relato do incêndio, uma resposta desorganizada do comando e a incapacidade de limpar e selar certas áreas, só pioraram as coisas no Bonhomme Richard.

"A perda deste navio era completamente evitável", disse o vice-chefe de Operações Navais, Almirante Bill Lescher, na quarta-feira (20/10).

Ele explicou ainda que "a Marinha está executando um processo deliberativo que inclui a tomada de medidas de responsabilidade apropriadas com relação ao pessoal designado para o Bonhomme Richard e os comandos de costa designados para apoiar o navio enquanto atracado na Base Naval de San Diego."

Na investigação do comando sobre o incêndio do navio de guerra, Conn identificou 36 pessoas que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a perda do Bonhomme Richard, incluindo o oficial comandante, que supostamente "criou um ambiente de mau treinamento, manutenção e padrões de operação que levaram diretamente à perda."

Ainda não está claro no momento quais ações de responsabilização a Marinha planeja tomar para os responsáveis.