sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Força de aluguel: do Exército para a Blackwater


Por Eric SOF, Spec Ops Magazine, 22 de janeiro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 21 de fevereiro de 2020.

O mundo sombrio dos contratados é exposto por Adam Gonzales. O ex-contratado da Blackwater fala sobre sua vida no Exército e a transição para o emprego de contratado e seu primeiro emprego na companhia então relativamente desconhecida, Blackwater.

Adam Gonzales era um soldado de infantaria do Exército antes de partir para uma posição lucrativa - e perigosa - na Blackwater durante o auge da guerra no Iraque. Seu trabalho era ajudar a manter seguro um homem com uma recompensa de US$ 15 milhões sobre sua cabeça.

Sua jornada o levou do Exército para uma instalação de treinamento da Blackwater, na Carolina do Norte. Lá, o uma vez "grunt" do Exército teve que competir contra membros do Grupo de Desenvolvimento de Guerra Naval Especial, SEALs, Rangers e Fuzileiros Navais da Força de Reconhecimento por uma vaga na Blackwater - e um salário de US$ 15.000 por mês.

Embaixador Paul Bremer.

O trabalho? Proteger o embaixador dos EUA, Paul Bremer, o principal representante dos EUA no Iraque e o homem que decidiu dissolver o exército iraquiano. Tudo começou com um telefonema de um dos gerentes de recrutamento da Blackwater que disse:

"Você está interessado em proteger este embaixador americano? Você vai acabar indo para um treinamento/avaliação de duas semanas das suas habilidades para garantir que você possa atirar, se mover e se comunicar. E você estará ganhando US$ 500 por dia."

US$ 15.000 por mês. Foi fácil tomar uma decisão, segundo Gonzales. Logo ele estava a caminho do local de treinamento da Blackwater em Moyock, Carolina do Norte. No podcast do Stars and Stripes, ele explica o tempo de transição, o treinamento da Blackwater, os procedimentos de segurança e muito mais.

Em uma parte que ele descreveu o primeiro dia de trabalho, ele estava no lado estático da segurança da casa. Sua responsabilidade era a segurança do complexo onde estava instalado o embaixador Paul Bremer, o que não era um lugar muito grande. Mas o palácio era um palácio gigante, então ele controlava todo o acesso dentro e fora do complexo, acesso a veículos e acesso a pedestres. O palácio ainda estava muito aberto a ataques, razão pela qual a parcela mensal era de US$ 15.000. Mais detalhes podem ser encontrados no vídeo postado abaixo.


FOTO: Fuzileiro naval sueco em marcha

Fuzileiro naval sueco em exercício de marcha na Suécia.

Um tanque durão: por que o Leclerc da França é um dos melhores do planeta

Leclerc dos EAU.

Por Robert Beckhusen, The National Interest, 14 de fevereiro de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 21 de fevereiro de 2020.

Por que "A Pequena Esparta" ama esses tanques em batalha.

Há um ditado no Pentágono de que os Emirados Árabes Unidos são "A Pequena Esparta", uma frase repetida pelo ex-Secretário de Defesa James Mattis. A razão é que as tropas emiráticas são experientes e testadas em batalhas desde a guerra no Iêmen, e o país rico em petróleo gastou suas riquezas em alguns dos equipamentos militares mais avançados do mundo.

Na vanguarda está o corpo blindado dos EAU de tanques franceses Leclerc, uma máquina inovadora que nos últimos 26 anos tem sido uma visão mais comum em jogos de guerra simulados, missões de manutenção da paz e no desfile do Dia da Bastilha da França do que no campo de batalha. Mas os Emirados Árabes Unidos testaram pela primeira vez o valor do Leclerc no Iêmen - e estão adicionando atualizações para tornar sua blindagem mais difícil de quebrar.

Dia da Bastilha, 2014.

A França desenvolveu o Leclerc de 60 toneladas para substituir o levemente blindado AMX-30 dos anos 60 para acompanhar o desenvolvimento dos tanques soviéticos. Amplamente semelhante a outros tanques principais de batalha ocidentais de sua época e com um canhão GIAT de 120 milímetros, o Leclerc dispensa um municiador humano por um sistema de carregamento automático, reduzindo o tamanho da tripulação para três, um recurso comum aos tanques russos mais do que aos ocidentais . Este carregador automático serviu de inspiração para uma máquina semelhante no tanque principal de batalha K1 da Coréia do Sul.

MBT K1 sul-coreano.

A blindagem do Leclerc também é uma mistura de tipos de blindagem - reativa, composta e aço - para melhor proteção contra uma ampla variedade de projéteis anti-tanque penetrantes e mísseis guiados. Uma metralhadora de calibre .50 embutida na torre e uma metralhadora de 7,62 milímetros montada no topo da torre completam o armamento.

É discutível se o Leclerc - sem atualizações - está melhor protegido do que o equivalente M1A1 Abrams da América. O Abrams é provavelmente melhor blindado na frente, porém mais fraco nas laterais. No entanto, o Leclerc tem menos sede de combustível - em relação a um tanque - aumentando seu alcance  não-reabastecido para impressionantes 340 milhas sobre as 265 milhas do Abrams, e o Leclerc acelera mais rapidamente graças ao seu peso mais leve e suspensão hidropneumática, como um Citroën blindado.

Coluna de Leclercs emiráticos no Iêmen.

A aceleração é uma vantagem crítica na guerra de "atirar e se cobrir", uma tática pela qual os tanques saem de trás da cobertura para realizar um disparo antes de voltar à segurança. Essa pegada logística mais leve e maior agilidade no campo de batalha reflete a doutrina francesa de rudeza e de fazer mais com menos - compensando com um maior senso de élan ou entusiasmo e iniciativa de combate. "Os franceses preferem a mobilidade à proteção, uma escolha que reflete sua ênfase cultural e doutrinária nas manobras", escreveu o analista Michael Shurkin em um estudo de 2014 sobre o exército francês para a RAND Corporation.

Leclerc dos EAU.

O Leclerc entrou no serviço francês em 1993. Os Emirados Árabes Unidos são o único país que os possui, comprando 388 Leclercs e 36 veículos blindados de recuperação para equipar suas próprias forças. A compra dos Emirados Árabes Unidos ajudou a reduzir o custo de produção. Os Leclercs do exército francês se mobilizaram em operações de manutenção da paz no Líbano e no Kosovo - mas, de outro modo, permaneceram na França.

Os EAU modificaram seus Leclercs de uma maneira única. Os Leclercs EAU foram vistos envoltos em pacotes de blindagem complementar CLARA projetados pela Dynamit Nobel Defense da Alemanha. O CLARA é um tipo de blindagem reativa explosiva que usa uma combinação de placas de fibra que explodem quando são impactadas por um projétil, danificando o projétil e reduzindo seu poder de penetração. No entanto, diferentemente das chapas reativas convencionais de aço, as fibras são potencialmente menos letais para a infantaria que pode estar próxima. Imagens de tanques EAU com placas CLARA mostram blindagens volumosas cobrindo a maior parte do lado da torre e do chassis.

Leclerc dos EAU com proteção AZUR.

Os EAU também têm Leclercs com kits de armadura AZUR vistos em combate no Iêmen, onde tropas terrestres EAU lutaram intensamente como parte de uma coalizão liderada pela Arábia Saudita em guerra com tribos houthis alinhadas com o Irã. Esses kits de armadura fabricados na França também estendem o comprimento das laterais do tanque com grades adicionais na parte traseira para detonar granadas movidas a foguetes para longe do motor.

É difícil analisar o desempenho de combate do Leclerc no Iêmen - embora eles pareçam ter um desempenho melhor do que os tanques Abrams sauditas sem kits de armadura. No entanto, a mídia francesa relatou a perda de um motorista de Leclerc para um míssil anti-tanque em setembro de 2015 durante os combates perto de Marib, a mais de 70 milhas a leste da capital, Saná.

Grade traseira no chassis e torre.

O Leclerc teve um bom desempenho - particularmente em termos de deixar uma pequena pegada logística - de acordo com um estudo do Instituto Francês de Relações Internacionais, embora o instituto tenha observado que os Leclercs tiveram problemas com areia e poeira acumuladas nos motores. As tropas houthis também atacaram sistematicamente as ópticas externas do Leclerc com tiros de fuzil. Por fim, vários foram danificados por minas anti-tanque. O instituto também recomendou o reforço de sistemas de proteção de alerta antecipado para interromper as armas antitanque.

A boa notícia para o Leclerc é que a adição dessas melhorias está na agenda. Primeiro, a França pretende atualizar seus Leclercs como parte de um plano para aumentar os gastos com defesa para 2% do PIB até 2025. Este novo Leclerc será renomeado como Leclerc Scorpion XLR e apresentará uma torre de armas remota de 7,62 milímetros (OTAN) e um novo pacote de blindagem, incluindo blocos ERA e grade envolvente na parte traseira e nas laterais.

Leclercs dos EAU no Iêmen.

Igualmente importante é um dispositivo de interferência de radiofrequência contra IED, novos sistemas de informação digital para o comandante e o artilheiro e um sistema de alerta a laser chamado Antares para detectar mísseis guiados antitanque. Uma vez que Antares detecta um míssil, duas dúzias de tubos de lançamento afixados aos cilindros de lançamento do tanque disparam, criando uma parede de fumaça para interromper o mecanismo de guiagem do projétil.

Coluna de Leclercs dos EAU.

Os Emirados Árabes Unidos ficam em uma região tensa. O Irã fica a menos de 160 quilômetros do Golfo Pérsico, e a guerra no Iêmen é um dos conflitos ativos mais mortais do mundo. As forças blindadas não são apenas adeptas da guerra no deserto, mas apólices de seguro para futuras guerras. Os Emirados Árabes Unidos adaptaram a tecnologia futurista para seus Leclercs que outros países - na região e na Europa - estudarão.

Robert Beckhusen é um correspondente de tecnologia militar e atuou anteriormente como editor-gerente do War Is Boring.

Um breve comentário sobre o FN FAL

1972: Soldados britânicos armados em patrulha na Rua Lisboa, Belfast, durante o cessar-fogo incondicional do IRA Oficial.
(Foto de Evening Standard/ Getty Images)

Por Jon Guttman, Military Times, 14 de fevereiro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 21 de fevereiro de 2020.

[O blog já tratou sobre o FAL aquiaqui, aquiaqui e aqui.]

Depois que 1945 inaugurou a Guerra Fria com a União Soviética e seus aliados, a Organização do Tratado do Atlântico Norte buscou um fuzil e um projétil padronizados para as muitas nações sob sua aliança.

Um grande obstáculo à universalidade que a OTAN desejava era um ramo teimoso de desenvolvimento de armas portáteis dos EUA, sob o Coronel René Studler, que estava determinado a tornar essa arma universal uma arma americana. Baseando seu conceito em uma munição .30-06 com um estojo de cartucho de 51mm de comprimento no lugar do cartucho de 63mm do M1 Garand, Studler colocou o Arsenal de Springfield em Massachusetts para trabalhar em uma arma "perfeita" para isso.

EM-2 Janson britânico.

Ao mesmo tempo, os britânicos estavam trabalhando no EM-2 "Bullpup", um fuzil compacto cujo mecanismo da culatra e carregador estavam contidos na coronha e não na frente dela - condenados na época, mas destinados a criar uma geração posterior de armas portáteis britânicas.

Também trabalhando em um novo fuzil semi-automático* a Fabrique Nationale de Herstal (FN) da Bélgica em Liège, liderada por Dieudonné Joseph Saive, ex-assistente de projeto do fundador da FN, o falecido John Moses Browning.

*Nota do Tradutor: O novo fuzil era, na verdade, automático. A sua versão métrica, adotada pela maior parte dos mais de 90 países que utilizaram o FAL, possui registro de segurança com fogo automático, semi-automático e de repetição. Apenas a versão imperial do FAL, "britânica", que é semi-automática.

O protótipo da FN ofereceu um bom mecanismo de ferrolho basculante, operado a gás, com um carregador destacável de 20 tiros. Durante testes em Fort Benning, na Geórgia, o competidor da FN causou a melhor impressão entre os oficiais do Exército dos EUA - exceto no Coronel Studler, ainda ligado ao seu projeto de estimação.

Coronel Rene Studler, o "vilão" da história.

Studler conseguiu obter sua munição de 7,62x51mm* adotada como cartucho oficial da OTAN em 1954, mas os belgas, protegendo suas apostas, recalibraram seu FN FAL** (Fusil Automático Léger ou Fuzil Automático Leve) e o viram ser adotado por todos os países da OTAN, exceto um: os Estados Unidos***.

*NT: Os belgas projetaram o FAL para usar a munição intermediária 7,92x33mm, a mesma do fuzil de assalto StG-44, e depois a munição britânica .280 também intermediária. O Coronel Studler, desejoso de ser promovido ao generalato, forçou o seu cartucho de estimação T65 (7,62x51mm) nos testes de padronização da OTAN. Os britânicos resumiram a situação simplesmente como "We got Studlered" ("Fomos Studlerados").

**NT: Os americanos prometeram aos belgas que, se eles votassem à favor da munição americana 7,62x51mm, as enormes forças americanas seriam padronizadas com o novo fuzil belga FN FAL. Os belgas votaram à favor e, depois de aprovada a nova munição padrão, os americanos adotaram o M14.

FN FAL T48 no Museu de West Point, nos EUA.

***NT: Em 1953, o Exército dos EUA realizou testes entre os protótipos T48 (FAL) e T44 (M14). O desempenho do FAL foi satisfatório e o Conselho de Infantaria tomou duas decisões: a adoção de um primeiro lote do protótipo belga e o fim do desenvolvimento do protótipo americano. O Corpo de Material Bélico americano (US Ordnance Corps) não aceitou a recomendação de um fuzil estrangeiro e, nos Testes de Inverno Ártico de dezembro de 1953, ordenaram que o fuzil belga fosse comparado sempre desfavoravelmente ao modelo americano. Os T48 foram encaixotados e enviados diretamente ao Alasca, enquanto os T44 foram desviados para o Arsenal de Springfield para ajustes de várias semanas, com testes e mais testes na câmara fria do arsenal, realizando modificações para adaptação ao frio. Com uma avaliação marcada, o T44 foi declarado o "vencedor" dos Testes de Inverno Ártico e adotado.


Mesmo após sua aposentadoria em 1953*, Studler desencadeou uma cadeia de eventos que levaram a arma que ele patrocinou à adoção pelo Exército dos EUA como M14. O único outro país a encomendar o M14, no entanto, foi o governo nacionalista chinês em Taiwan*, enquanto cerca de 90 exércitos ao redor do mundo adotariam o FN FAL.

*NT: Studler foi para a reserva retendo o posto de coronel.

**NT: A adoção do M14 não foi uma decisão voluntária de Taiwan, mas dos próprios Estados Unidos, pois as forças taiwanesas dependiam inteiramente dos EUA para o seu aprovisionamento.

Isso incluiu a Commonwealth britânica, cujos SLR L1A1 ("self-loading rifles", "fuzis auto-carregáveis") diferiam dos FN FAL métricos no seu uso de munição .303.*

*NT: O FAL/SLR britânico jamais foi calibrado em .303, o FM Bren que foi recalibrado em 7,62mm e viu serviço nesse calibre nas Falklands em 1982.

Selous Scouts armados de FAL em mais uma patrulha "in the bush".

Entre os primeiros usuários do FN*, os canadenses ficaram impressionados com sua simplicidade e com a rapidez com que podiam aprender pontaria e a ter confiança na arma, em comparação com o tão amado fuzil Lee-Enfield No.4 Mark I que foi substituído.

*NT: O Canadá adotou o FAL em 1954, sendo o primeiro país a adotá-lo, antes mesmo da Bélgica.

Fuzil-metralhador C1A2 canadense.

Além da variante semi-automática C1A1 de padrão em polegadas, os canadenses adotaram o FALO de cano pesado (fusil automatique lourd ou fuzil automático pesado) como sua arma automática de grupo de combate (GC) sob a designação de C2A1. Os fabricantes britânicos também estavam produzindo fuzis L1A1 sob licença desde 1957, embora eles preferissem manter o fuzil-metralhador Bren ao invés do FALO de cano pesado como sua metralhadora de GC.

A partir de 1985, os britânicos substituíram o L1A1 pelo SA80, um fuzil "bullpup" derivado do muito-à-frente-de-seu-tempo EM-2.

Variações no FN FAL apareceram em todo o mundo e ele estava fortemente envolvido nas guerras de emboscada nos matagais da segunda metade do século XX, desde a Emergência Malásia até a revolta Mau Mau no Quênia, da Guerra da Rodésia aos conflitos entre a Índia o Paquistão, e numerosos conflitos no Oriente Médio, onde a areia provou ser o principal calcanhar de Aquiles para o FN FAL, até que medidas foram tomadas para proteger seu mecanismo de interferências externas.


Além disso, praticamente todos os soldados que usaram o FN se lembram com carinho por sua durabilidade e confiabilidade. Seu alcance efetivo de 600 metros pode ser estendido para 800 metros em mãos especializadas, mas nunca foi tão estável em uma plataforma de tiro de longo alcance em comparação com o M14. Nem o FN nem o M14 conseguiram manter a controlabilidade ao disparar em automático por causa da munição 7,62x51mm e muitos fabricantes licenciados do FN FAL dispensaram totalmente a opção automática.

O Vietnã viu sua parcela de fuzis L1A1 em combate quando as tropas da Austrália e da Nova Zelândia serviram lá, principalmente na Batalha de Long Tan, em 18 de agosto de 1966, na qual o 6º Batalhão, Regimento Real da Austrália, derrotou um regimento Viet Cong e pelo menos um batalhão de apoio norte-vietnamita*.

Memorial Australiano da Guerra do Vietnã, Roma Street Parkland em Brisbane, Queensland. O soldado australiano está armado com o SLR (FAL australiano) e o seu colega vietnamita com um M16.

*NT: Tratam-se do Batalhão Móvel Provincial D445 "Ba Ria" do Viet Cong e o 275º Regimento regular norte-vietnamita. O relatório oficial pós-ação do exército australiano chamou o FAL de "a arma excepcional da ação". Recentemente um filme sobre a batalha foi produzido, Danger Close: The Battle of Long Tan (2019).

Ilustração da carga dos Scots Guards no Monte Tumbledown, 1982.
(Cranston Fine Arts)

As baionetas padrão com o FN FAL podem ter parecido anacrônicas, mas durante a Guerra das Falklands, o efeito psicológico do aço frio se reafirmou na noite de 13 a 14 de junho de 1982, quando um impasse no Monte de Tumbledown foi interrompido por uma manobra de flanco e uma carga de baioneta pelo 2º Batalhão de Guardas Escoceses (2nd Battalion, Scots Guards) para desbaratar o Bataillón de Infanteria de Marina 5 (5º Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais).

Soldado argentino, provavelmente do 4º Regimento de Infantaria "Monte Caseros", morto à baioneta pelos Royal Marines no Monte Harriet, nas Falklands, 1982.

Pode-se notar que a única diferença entre armas de infantaria nessa ocasião foi que os britânicos estavam armados com fuzis SLR L1A1 de polegadas, enquanto os argentinos estavam equipados com fuzis FN FAL de padrão métrico.

Rio de Janeiro, Brasil: Um soldado do Exército Brasileiro do 26º Batalhão de Infantaria da Brigada Paraquedista aponta sua arma no telhado plano de uma casa na favela da Rocinha, em 14 de março de 2006, durante uma operação militar para encontrar 10 fuzis FAL 7,62mm e uma pistola de 9mm roubados de um quartel do exército no Rio de Janeiro.
(Foto de Antonio Scorza/AFP)

Embora aposentado nos exércitos da OTAN nos anos 80, o FN FAL, em todas as suas variações e encarnações, permanece uma memória agradável entre os veteranos que o carregaram. Nos exércitos do Terceiro Mundo, principalmente na América do Sul e Central, ele permanece em serviço de primeira linha - e continua sendo uma arma eficaz e confiável.

NT: Título original "Como o FN FAL enfrentou o AK-47".

Bibliografia recomendada:

The FN FAL Battle Rifle.
Bob Cashner.

Saudamos a tripulação do Exército que nomeou seu tanque "Baby Yoda"

Baby f*cking Yoda. (Task & Purpose)

Por Jared Keller, Task&Purpose, 20 de fevereiro de 2020.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 21 de fevereiro de 2020.

Baby Yoda é o diminuto rei da Internet, então era apenas uma questão de tempo até que uma tripulação de tanque empreendedora lhe oferecesse seu tanque como homenagem.

A foto, tirada na semana passada e compartilhada com alegria pela conta oficial do Exército dos EUA no Twitter na quinta-feira, mostra um par de tanques M1 Abrams atribuídos à 3ª Divisão de Infantaria alinhados e prontos para inventário após operações de carregamento no USS Green Bay, em Savannah, Geórgia.

"Baby Yoda" e sua galera de 60 toneladas estão se preparando para embarcar para o Defender Europe 20, o maior exercício de forças militares americanas baseadas nos EUA se deslocando para a Europa desde o final da Guerra Fria.


A 3ª Divisão de Infantaria realiza operações portuárias em apoio ao DEFENDER-Europe 20. (Exército dos EUA / Pfc. Daniel Alkana)

Dado o quão popular Baby Yoda se tornou desde a série do Disney +, The Mandalorian, começou a ser exibida em novembro passado, estamos surpresos que demorou tanto tempo para uma tripulação do Exército nomear seu tanque em homenagem ao futuro Jedi verde e enrugado.

À você, Baby Yoda. Que você lute muito e com determinação ao lado de seus irmãos Chuck Norris, Dwayne 'The Rock' Johnson e 'Dropped As A Baby'.

Original: https://taskandpurpose.com/baby-yoda-army-m1-abrams-tank?xrs=RebelMouse_fb&fbclid=IwAR01AyeathEUvTlc18ScF-JnCx7z8IZZ-LUZxLBK-CRlErtpXUSnvodHE-4

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

GALERIA: Tanques M41A3 de Taiwan em tiro de exercício

Carros de combate M41A3 disparanda na praia de Xiaojinmen, em Taiwan, 20 de fevereiro de 2020.

Apenas a Companhia de Carros de Combate Lieyu do Exercito da República da China (ROC) usam o M41A3. Fotos de Liu Chengjun e Fu Qichen para o Youth Daily News de Taiwan.





Os contratados militares privados são mais econômicos do que o pessoal uniformizado?

Contratados militares em treinamento de proteção a VIP.

Por Eric SOF, Spec Ops Magazine, 27 de janeiro de 2017.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 20 de fevereiro de 2020.

De acordo com um artigo mais recente do military.com, os especialistas dizem: “Existem várias funções que os contratados podem executar, geralmente a um custo menor do que o pessoal uniformizado, mas nem todas as tarefas. E acho que... onde erramos é por causa dos níveis de gerenciamento de força ou de outros fatores, procuramos contratados para executarem tarefas inerentemente militares."

Um exemplo são os mantenedores da aviação, especialmente no Exército e na Força Aérea, disse ele. A Força Aérea planeja contratar contratados temporários para compensar sua escassez de 4.000 mantenedores de aviação até pelo menos o ano fiscal de 2020, mesmo quando a força terminará de aumentar sua força de 317.000 para 321.000 soldados.

Os contratados de defesa desempenharam um papel crítico na construção de infra-estrutura, manutenção de aeronaves e prestação de cuidados médicos ou de segurança nas zonas de combate na última década e meia.

Mas alguns membros do Congresso dizem que chegou a hora de devolver esses empregos ao pessoal militar - e alguns generais aposentados concordam.

Os conjuntos de habilidades e o tempo de treinamento dos militares estão diminuindo devido à "abordagem complexa e dispendiosa" de manter contratados em lugares como Iraque e Afeganistão, enquanto os ativos militares são transferidos para outros locais para uma rápida tarefa temporária sem ganho, disse Dubik, que foi o último comandante geral do Comando de Transição Multinacional de Segurança do Iraque em 2008.

Na estimativa de Dubik, são necessários de 400 a 500 funcionários contratados civis para manter "o valor de uma brigada de aeronaves em cerca de US$ 100 milhões por ano".

"Eu certamente não aceitaria esses números como evangelho... mas é uma excelente estimativa, porque isso é para uma capacidade que já existe na força", disse ele.

"Além de pagar o custo de manutenção de um soldado, você está pagando o custo adicional... de enviar alguns desses soldados para outros lugares, então há custos temporários de serviço [e] você está pagando o custo de um desdobramento adicional" como resultado, disse Dubik.

Entre 2002 e 2011, os EUA gastaram US$ 166 bilhões em contratados no Iraque e no Afeganistão, de acordo com Cary Russell, diretora de operações militares e apoio de combatentes do Gabinete de Contabilidade do Governo, que também testemunhou.

Mas Russell argumentou que há ganhos estratégicos a serem obtidos com o uso de alguns contratados. As missões que eles apoiam tornam-se muito mais difíceis de medir "em nível granular", disse ele.

Dubik disse que teve excelentes experiências durante sua carreira com contratados em termos de capacidade de resposta, mas experiências sinistras "em termos de flexibilidade".

A partir de janeiro, o número de contratados que apoiavam operações contra o Estado Islâmico do Iraque e da Síria, ou ISIS, subiu para 2.028, de apenas 250 desde 2014, de acordo com um relatório do Pentágono enviado ao Congresso no início deste ano, conforme relatado pela DefenseOne.

A questão dos contratados é uma “que merece muito estudo… e, na minha opinião, há um papel absolutamente apropriado para contratados em teatros de combate” em vez de uma capacidade uniforme, disse Ham. “Eu não descartaria o papel deles em uma ampla variedade de funções."

FOTO: BTR-80A e M2 Bradley na Lituânia

Transportes blindados BTR-80A húngaros operando ao lado do americano M2 Bradley em um exercício de treinamento na Lituânia, em 13 de novembro de 2014.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 20 de fevereiro de 2020.

Transportes blindados BTR-80A húngaros operando ao lado do americano M2 Bradley (da 1ª Equipe de Combate de Brigada, 1ª Divisão de Cavalaria) em um exercício de treinamento durante a cerimônia de encerramento da Operação Iron Sword em Pabrade, Lituânia, 13 de novembro de 2014.

O BTR-80A é o veículo de combate de infantaria (VCI) derivado do transporte blindado BTR-80 original. A versão original do veículo está armada apenas com a metralhadora pesada Krupnokaliberniy Pulemyot Vladimirova-tankoviy (KPVT) de 14,5mm. O BTR-80A aumenta o poder de fogo do veículo usando o canhão automático de 30mm 2A72 do Shipunov, montado de maneira semelhante no BMP-3.

O armamento principal é montado na torre designada como BPPU e é equipado com mira 1PZ-9, visão noturna e TPN-3 ou TPN-3-42 "Kristall". O BTR-80A foi criado para preencher a lacuna entre a série BTR-80 e o BTR-90. Além da alteração do projeto do armamento e da torre principal, a especificação geral do BTR-80A é idêntica à série BTR-80 original.

Uma subvariante deste veículo inclui a versão Comando (BTR-80AK) e a variante blindada de reconhecimento/vigilância (BRDM-3).

Atualmente, vários países além da Rússia usaram esse VCI sobre rodas, os quais incluem o Sudão (o primeiro destinatário deste veículo quando ficou disponível para exportação), Coréia do Norte, Hungria e Indonésia.

Esse fuzil militar dos anos 70 realmente veio com um abridor de garrafas embutido (sério!)


Por Jon Guttman, Military Times, 15 de fevereiro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 20 de fevereiro de 2020.

Enfrentando ameaças de todos os lados, o Estado de Israel teve que se defender desde o início e teve que estabelecer sua própria indústria de armas para compensar as incertezas de depender de fornecedores estrangeiros.

Foi nessas circunstâncias hostis que as Indústrias Militares de Israel (IMI), mais tarde renomeadas Indústrias de Armas de Israel, produziram duas armas de fogo icônicas, a submetralhadora Uzi e a família de fuzis Galil. Enquanto a Uzi é conhecida pela compacidade de seu poder de fogo, o Galil é amplamente considerado a arma longa mais confiável do mundo, construída para um exército que não pode arcar com falhas em campanha.

Um soldado israelense pendura seu fuzil de assalto Galil na porta traseira de uma peça de artilharia auto-propulsada de 155mm, enquanto uma bateria de obuseiros pesados de Israel é desdobrada em 11 de agosto de 2003 nos campos do Kibutz Yiftah na fronteira entre Israel e Líbano.

A despeito de seus impressionantes sucessos táticos na Guerra dos Seis Dias de junho de 1967, as Forças de Defesa de Israel encontraram espaço para melhorias, começando com seu esteio de infantaria, o Fabrique Nationale Fusil Automatique Léger, a arma longa produzida pela Bélgica da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Embora o FN FAL fosse bom, era necessário cuidado para evitar obstruções devido à areia e poeira endêmicas em todo o Oriente Médio.

IMI Romat, o FAL israelense.

A IMI começou a trabalhar em um projeto local com a ajuda de Yisrael Balashnikov (sem relação com Mikhail Kalashnikov) e Yaacov Lior. De fato, os engenheiros da IMI ficaram impressionados com a confiabilidade do fuzil AK-47 de Kalashnikov, do qual os israelenses haviam capturado grandes números durante a breve guerra, mas, no coração de seu novo projeto, eles se voltaram para a caixa da culatra melhorada que os finlandeses incorporaram em sua cópia melhorada do AK-47, o Valmet Rk 62 (na verdade, o primeiro lote de produção de fuzis IMI usava caixas da culatra de fuzis RK 62 importados antes de obter o item produzido em casa).

Valmet Rk 62.

Embora tenha sido projetado para funcionar de maneira semelhante ao AK-47 com um sistema de pistão acionado a gás e um ferrolho com dois terminais de trancamento, o projeto israelense diferia mais fundamentalmente em sua construção. Embora o protótipo tenha uma caixa da culatra de chapa de aço estampado e rebitada, os engenheiros a abandonaram em favor do forjamento fresado pesado para essa e para a maioria dos outros componentes, com a maioria das superfícies metálicas externas fosfatadas para resistirem à corrosão e com um revestimento de esmalte preto.

Desmontagem em primeiro escalão do Galil AR.

As exceções incluíam a empunhadura de plástico de alto impacto e a proteção do guarda-mão, enquanto o alumínio era usado para a coronha esquelética tubular, com base naquelas do FN FAL, que se dobravam ordenadamente no lado direito da caixa da culatra.

Testada contra uma variedade de projetos estrangeiros em 1972, a arma da IMI se mostrou superior em praticamente todos os aspectos e ainda é considerada o fuzil mais confiável do tipo. Naquele momento, Balashnikov havia mudado seu sobrenome para algo menos russo e mais hebraico, Yisrael Galili, e, consequentemente, sua ideia foi batizada de fuzil Galil.

Um fuzileiro naval americano testa um fuzil israelense Galil ARM durante um tiro de familiarização com armas estrangeiras. (Foto do USMC)

Em 1973, Galili recebeu o Prêmio de Defesa de Israel por sua criação.

A produção começou com três versões: o padrão fuzil-metralhador (automatic rifle machine gunARM), um fuzil automático (automatic rifleAR) para tropas de apoio e polícia militar, e um fuzil automático curto (short automatic rifleSAR) para tripulações de veículos, estado-maior e tropas especializadas. O ARM foi distinguido por sua alça de transporte e um bipé que poderia ser girado contra uma extensão adjacente para servir como cortador de arame. Em resposta à tendência do pessoal da IDF de abrir garrafas no lábio frontal dos carregadores de munição, eventualmente dobrando-os, o Galil também incorporou uma extensão sob a proteção frontal que servia como abridor de garrafas.

Galil ARM.

Outro toque previdente foi a alavanca de manejo, projetando-se verticalmente da área superior da caixa da culatra, de modo a ser acessível a ambos atiradores destros ou canhotos.

A massa de mira em forma de L do Galil poderia ser invertida aplicando-se tanto para o combate corpo-a-corpo quanto de 0 a 300 metros ou em um cenário de longo alcance de 300 a 500 metros. O poste frontal estava coberto e podia ser ajustado para vento e elevação zero. Nas batalhas noturnas, a alça de mira e a massa de mira tinham cápsulas de trítio calibradas para 100 metros.

Galil AR.

Originalmente construído para usar a munição da OTAN de 5,56x45mm, o Galil também foi construído para balas de 7,62x51mm, as quais foram alojadas em carregadores arredondados e curvos de 35 ou 50 tiros. Além dos ARMs e SARs de 7,62mm, o Galil desenvolveu um fuzil sniper de 7,62mm especializado, estritamente semi-automático, com mira telescópica e um carregador de 25 tiros. Embora mais pesados que muitos contemporâneos - de 8,7 libras para o SAR de 5,56mm a 14 libras para o fuzil sniper de 7,62mm - os soldados israelenses aceitaram esse fardo por sua sólida estabilidade, excelente precisão e confiabilidade em todos os tipos de ambientes problemáticos.

Mas as armas perfeitas não saem baratas nem rapidamente da linha de montagem, e isso provou ser o calcanhar de Aquiles que impediu o Galil de se tornar o esteio do exército para o qual foi concebido.

A produção havia acabado de começar quando a Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão) de 1973 ocorreu, interrompendo a expedição de Galils. O ARM foi declarado o fuzil de serviço padrão das IDF depois, mas em 1975 o Programa de Ajuda Militar dos Estados Unidos começou a exportar o primeiro lote dos 60.000 fuzis de assalto M16A1 para os israelenses - gratuitamente.

Kaibiles guatemaltecos com o Galil AR.

Com os piores defeitos originais do M16 da Guerra do Vietnã corrigidos, o M16A1 ofereceu uma arma eficaz e mais leve, cujos números e disponibilidade condenaram o Galil ARM à marginalidade até 2000, quando o desenvolvimento do fuzil de assalto IWI Tavor 5.56x45mm se tornou o fuzil padrão das IDF.

Em retrospecto, pode-se considerar a carreira truncada do Galil a consequência de começar sendo muito bom para o seu próprio bem. Em uma nota mais irônica, no entanto, embora nunca tenha alcançado seu objetivo original como arma longa principal das IDF, o Galil e as muitas variantes derivadas dele chegaram a 25 outros exércitos e numerosas forças policiais em todo o mundo. Muitos ainda estão em uso e ainda são populares entre seus usuários.

FOTO: Franceses no Marne, 1914.

Soldados franceses durante uma interrupção nos combates contra os alemães no Marne, entre 5 e 12 de setembro de 1914. (Autochrome Lumière)