terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

GALERIA: Fuzileiros navais russos emboscados na Chechênia

Fuzileiros navais russos da 810ª Brigada de Infantaria Naval emboscado próximo à vila de Tsentaroy, na Chechênia, em dezembro de 1999.






Bibliografia recomendada:

Fangs of the Lone Wolf:
Chechen tactics in the Russian-Chechen Wars 1994-2009.
Dodge Billigsley.

One Soldier's War in Chechnya.
Arkady Babchenko.

Russia's Wars in Chechnya 1994-2009.
Mark Galeotti.

Leitura recomendada:

FOTO: Demonstração de blindados da SS Das Reich

Carros T-34, Panzer III e Panzer VI Tiger em demonstração da Divisão SS Das Reich para Himmler na região de Kursk, em abril de 1943.

FOTO: Fernspäher do Exército Alemão

Batedores de reconhecimento de longa distância do Exército Alemão.

Fernspäher é um termo antigo para soldados de elite de reconhecimento, relacionado à palavra Fern (longo alcance, distância) e à palavra Späher (batedor). Assim, os Fernspäher são soldados de reconhecimento especialmente treinados e equipados, que cobrem grandes distâncias para reunir informações e cumprir tarefas militares de alta importância.

A força de reconhecimento de longa distância Fernspäher foi desativada em 2008. A maior parte do estado-maior foi usada para montar a Força de Reconhecimento do Exército. As formações menores foram transferidas para as forças especiais. Com as forças especiais e as tropas de reconhecimento do exército, subunidades ainda são criadas, que operam de forma semelhante à tropa Fernspäher dissolvida. 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Quatro operadores especiais russos mortos na Síria


Por Eric SOF, Spec Ops Magazine, 3 de fevereiro de 2020.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 3 de fevereiro de 2020.

Talvez a guerra principal na Síria tenha terminado, mas ainda é um lugar perigoso para os militares estrangeiros. Pelo menos quatro operadores de elite das forças especiais da Rússia foram mortos na Síria no sábado. As mortes dos soldados russos são relatadas pelo site de investigação Conflict Intelligence Team (Equipe de Inteligência de Conflitos, CIT), que monitora a atividade militar russa. A declaração oficial não está disponível.

Obituários improvisados disseram que os quatro operadores do Centro de Operações Especiais do FSB foram mortos no mesmo dia "enquanto realizavam tarefas especiais na República Árabe da Síria", mostravam fotos dos memoriais divulgados pelo CIT no domingo.

O Centro de Operações Especiais do Serviço de Segurança Federal (FSB) foi estabelecido pelo então chefe do FSB, Vladimir Putin, como uma organização nacional e internacional de contraterrorismo em 1998. O CIT, que afirmou estar investigando o papel da unidade FSB na Síria, observou que não podia verificar independentemente os relatórios online das mortes dos operadores. A história toda também foi publicada pelo Moscow Times.

O canal Baza Telegram informou que os quatro operadores "caíram nas mãos de militantes" depois que seu veículo atingiu uma mina terrestre perto do norte da cidade de Alepo.

"Eles foram encontrados mais tarde mortos a tiros", informou o Baza na segunda-feira, que tem ligações nos serviços de segurança da Rússia.

De acordo com as postagens de mídia social citadas pelo CIT, os operadores do Centro de Operações Especiais foram mortos por tiros de morteiro. Nem o FSB nem o Ministério da Defesa confirmaram ou negaram oficialmente as denúncias das supostas mortes dos quatro operadores.

Foi relatado que a Rússia confirmou oficialmente 116 mortes de seu pessoal na Síria a partir da primavera passada. Moscou não reconhece a morte de contratados militares particulares, cujas atividades são ilegais sob a lei russa. O número não-oficial de mortes é maior, mas também incluem mortes relacionadas à companhia militar privada Wagner, que supostamente opera como a força militar fantasma da Rússia.

Original: https://special-ops.org/53460/four-russian-sof-operators-killed-in-syria/?fbclid=IwAR2Ln6OfAo1c_RfbstAV2tkSrKLMb_iShuiXiCjZ_9O_Gus7tECkM-AoI8I

PERFIL: Sua Majestade Rei Abdullah II da Jordânia, "O Rei Guerreiro"

"Sua Majestade Rei Abdullah II da Jordânia despacha paraquedistas de um C-130 Hércules durante seu comando das Forças Especiais da Jordânia."
(Pintura de Stuart Brown)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 3 de janeiro de 2020.

O atual rei Abdullah II entrou na Academia Militar Real de Sandhurst, no Reino Unido, em 1980 e foi comissionado como segundo tenente na primavera de 1981. Ele serviu como Comandante de Esquadrão de Reconhecimento no 13/18 Royal Hussars Regiment do Exército Britânico no Reino Unido e na Alemanha Ocidental.

De 1985 a 1993, serviu principalmente no Corpo Blindado (3ª Divisão) em todas as nomeações de comando no pelotão, companhia e como segundo em comando do batalhão, até finalmente comandar o Segundo Batalhão Blindado, 40ª Brigada Blindada, com o posto de tenente-coronel de janeiro de 1992 a janeiro de 1993. Durante esse período, ele participou de vários cursos militares nos EUA e no Reino Unido, incluindo a Escola de Estado-Maior de Camberley (Staff College Camberley, no Reino Unido em 1990-1991; além de outros cursos civis e militares.


O rei cumprimenta soldados durante uma visita.

Ele também tem vários vínculos com as Forças Especiais e um ano como instrutor de táticas no Esquadrão Anti-Carro de Helicópteros Cobra do Exército Jordaniano. O início de 1993 o viu como vice-comandante das Forças Especiais da Jordânia até assumir o comando completo em novembro de 1993. 

Em 1994, Abdullah assumiu o comando das Forças Especiais da Jordânia e outras unidades de elite como General-de-Brigada. Ele comandou essas forças até outubro de 1996, quando recebeu instruções para reorganizar essa e outras unidades de elite seguindo o Comando de Operações Especiais (Special Operations CommandSOCOM) americano; nascendo assim o Comando Conjunto de Operações Especiais jordaniano.

Princesa Salma bint Abdullah recebendo de seu pai as asas de piloto, janeiro de 2020.
Ela é a primeira mulher piloto da Jordânia.

Ainda em 1996, o General Abdullah participou de um curso de administração de recursos de defesa na Escola Naval de Pós-Graduação (Naval Postgraduate School, NPS) americana e comandou uma caçada das forças especiais de elite na busca de terroristas que haviam matado 8 pessoas em 1998. A operação terminou em sucesso, com seu nome cantado nas ruas de Amã, a capital da Jordânia.

Em 1998, como Comandante dessa força, Abdullah foi promovido ao posto de Major-General e continuou nesse comando até a morte de seu pai, Sua Majestade o Rei Hussein, em fevereiro de 1999.

Demonstração de retomada pelas forças especiais jordanianas, "boinas vermelhas".

As forças especiais jordanianas, consideradas as melhores no mundo árabe, levam seu nome: Grupo de Operações Especiais Rei Abdullah II

Em 2018, as forças especiais jordanianas foram reorganizadas pela terceira vez (eram o Grupo de Forças Especiais em 2017-2018).
  • Diretório de Forças Especiais e Intervenção Rápida, comando e controle.
  • Grupo de Operações Especiais Rei Abdullah II, unidades especiais e contra-terrorismo.
  • Brigada de Intervenção Rápida e Alta Prontidão*, unidades de intervenção e aviação.
  • Escola de Operações Especiais Príncipe Hashim, coordena o treinamento da força.

Forças Especiais jordanianas.

*Nota: O seu nome completo é Brigada de Intervenção Rápida e Alta Prontidão Mohammed bin Zayed al-Nahyan.

Devido à sua formação militar, Abdullah acredita em um exército poderoso e seguiu uma política de "qualidade sobre quantidade". Durante o primeiro ano de seu reinado, ele estabeleceu o Departamento de Projeto e Desenvolvimento Rei Abdullah (King Abdullah II Design and Development BureauKADDB), cujo objetivo é "fornecer uma capacidade local para o fornecimento de serviços científicos e técnicos às Forças Armadas da Jordânia". A empresa fabrica uma grande variedade de produtos militares, apresentados na Bienal Internacional das Forças de Operações Especiais (Special Operations Forces Exhibition and ConferenceSOFEX), sendo o patrocinador da SOFEX. Abdullah modernizou o exército, levando a Jordânia a adquirir armamento avançado e aumentar e aprimorar sua frota de caças F-16. 

Ocasionalmente, o rei treina com o exército jordaniano em exercícios militares de munição real:


Fogo e movimento em dupla do Rei Abdullah segundo com seu filho, o príncipe herdeiro Hussein bin Abdullah:


KASOTC e a Annual Warrior Competition

Outro dos grandes feitos do Rei Abdullah II foi a criação do Centro de Treinamento de Operações Especiais Redi Abdullah II (King Abdullah II Special Operations Training Center, KASOTC), operacional em 19 de maio de 2009.

"Onde o treinamento avançado encontra a tecnologia avançada", lema do KASOTC.

KASOTC sedia uma competição internacional anual de forças especiais: a Competição Anual de Guerreiros (Annual Warrior Competition). A Warrior é uma competição anual orientada para o combate, baseada na capacidade física, trabalho em equipe, comunicação e precisão individual. Na sua última edição, em 2019, a Warrior contou com 46 equipes de 26 países, com a vitória da equipe 1 de Brunei, seguida pelos jordanianos, e a equipe 2 de Brunei em terceiro lugar.

Comandos do Rejimen Pasukan Khas de Brunei indicando ao fotógrafo Bob Morrison a sua bandeira, 2018.
(Joint Forces.com)

Operação Mártir Muath

Em abril de 2014, o Estado Islâmico do Iraque e o Levante (EI), um afiliado da Al-Qaeda que surgiu no início de 2014 quando expulsou as forças do governo iraquiano das principais cidades, publicou um vídeo online que ameaçava invadir o reino da Jordânia e matar Abdullah (a quem eles viam como inimigo do Islã). "Eu tenho uma mensagem para o tirano da Jordânia: estamos chegando a você com cintos de morte e explosivos", disse um combatente do EI ao destruir um passaporte jordaniano. Em agosto de 2014, milhares de cristãos iraquianos fugiram do EI e buscaram abrigo em igrejas jordanianas.

O Rei Abdullah II chamou a atenção da mídia ocidental por conta de uma tragédia ocorrida em 2015. No final de dezembro de 2014, um avião de caça F-16 da Jordânia caiu perto de Raqqa, na Síria, durante uma missão. Em troca do piloto, o EI exigiu a libertação de Sajida Al-Rishawi, um homem-bomba cujo cinto não detonou nos atentados de 2005 em Amã, que mataram 60 pessoas e feriram 115 em três hotéis na capital jordaniana.

Um vídeo foi publicado online em 3 de fevereiro de 2015, mostrando o piloto jordaniano Muath Al-Kasasbeh, vestindo um macacão laranja, sendo queimado até a morte em uma jaula. 

O assassinato de Al-Kasasbeh provocou indignação no país, enquanto o rei estava ausente em uma visita de estado aos Estados Unidos. Antes de retornar à Jordânia, Abdullah rapidamente ratificou as sentenças de morte proferidas anteriormente a dois jihadistas iraquianos presos, Sajida Al-Rishawi e Ziad Al-Karbouly, que foram executados antes do amanhecer do dia seguinte. Na mesma noite, Abdullah foi recebido em Amã, por multidões o aplaudindo que se alinhavam ao longo da estrada do aeroporto para expressar seu apoio.

Foto divulgada pela Jordânia do Rei Abdullah como mestre-de-salto quando da Operação Mártir Muath, fevereiro de 2015.

Como comandante-em-chefe, Abdullah lançou a Operação Mártir Muath, uma série de ataques aéreos contra alvos do EI durante a semana seguinte visando esconderijos de armas, campos de treinamento e instalações de extração de petróleo. Participando ativamente das operações, a sua retaliação foi elogiada na Internet, onde ele foi apelidado de "O Rei Guerreiro".

Post-Scriptum: Um amante da ficção científica

Em uma nota mais leve, o Rei Abdullah II é um grande fã da série Jornada nas Estrelas, e pediu a chance de aparecer como um extra em um dos episódios da série Voyager (com uniforme verde e preto). Uma aparição relâmpago, mas que mostra como "é bom ser o rei".

Operação Dragão III dos Fuzileiros Navais do Brasil


Operação Dragão III

Dezembro de 1967, São Sebastião/SP.
Comandante da Força de Desembarque:
Contra-Almirante (FN) ROBERVAL Pizarro Marques

"Ainda no ano de 1966, foi realizada pelo 3º Distrito Naval, em Recife, uma operação anfíbia com a participação de unidades da FFE [Força de Fuzileiros da Esquadra]. Nesta operação, denominada Graviola, ocorreu um grave acidente, quando a rampa de uma das embarcações abriu durante o movimento navio-para-terra, no qual vieram a falecer nove fuzileiros navais do Batalhão de Pioneiros [Engenharia]. Como resultado das investigações realizadas, foram tomadas diversas medidas adicionais para aumentar a segurança da tropa nas operações de desembarque.

No ano seguinte, já com os novos procedimentos em vigor, foi realizada a Operação Dragão III, no litoral de São Paulo, com o comandante da Força de Desembarque sendo o comandante da Divisão [Anfíbia]. Foram efetuados dois movimentos navio-para-terra, simultaneamente, em diferentes linhas de desembarque, precedidos no D-2 por uma incursão anfíbia na Ilha de São Sebastião, que ocorreu sem incidentes, demonstrando toda a flexibilidade do conjugado anfíbio navio-tropa da Marinha.

Esta operação é considerada como um marco na evolução do adestramento anfíbio do país, pelo empenho da administração naval no sentido de engajar o maior número possível de meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais, dando ênfase a este tipo de exercício, conferindo importância a algo diferente dos problemas de tática anti-submarina tão em voga até então.

Tomaram parte na Dragão III os quatro navios-transporte, o NAeL Minas Gerais, os CL Barroso e Tamandaré, três contratorpedeiros, três avisos oceânicos, dois esquadrões de helicópteros e 2.037 fuzileiros navais. Pela primeira vez foi realizado o MNT helitransportado, com a reserva constituída por instrutores e alunos dos cursos do Centro de Instrução e Adestramento do CFN (CIAdestCFN). Participaram da operação os Batalhões Riachuelo e Humaitá, este em sua primeira Operação Dragão, o Grupo de Artilharia, O Batalhão de Pioneiros, o Batalhão de Transporte Motorizado, a CiaReconAnf e o CICFN [Centro de Instrução do Corpo de Fuzileiros Navais], tendo sido organizado um Grupo de Apoio Logístico especialmente para apoiar o exercício. Foram desembarcadas 112 toneladas de carga e 126 viaturas, com as viaturas pesadas desembarcando no cais, após a conquista do Porto de São Sebastião, em virtude do número insuficiente de embarcações de desembarque e das dimensões de algumas viaturas.

A partir da Operação Dragão III, foi empregado um figurativo inimigo, controlado pelos avaliadores do exercício, para, opondo-se às ações da Força de Desembarque, gerar reações nos diversos níveis de comando que pudessem servir de indicadores para aferição do nível de adestramento da FFE."

- Fuzileiros navais: Das praias de Caiena às ruas do Haiti, pg. 33-34.

PINTURA: A Batalha Naval de Monte Santiago, 1827

Batalha Naval de Monte Santiago na Guerra da Cisplatina entre o Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata, em 1827. Pintura de Edoardo de Martino, 1870.
(Acervo do Museu Histórico Nacional)

As Províncias Unidas do Rio da Prata, hoje Argentina, tencionavam incorporar o Uruguai de modo a recriar o Vice-Reino do Rio da Prata. Buenos Aires sempre se viu como herdeira do império espanhol na América do Sul. 

Depois da derrotas de Lara-Quilmes e finalmente em Monte Santiago, a marinha platina nunca mais teve condições de enfrentar a marinha imperial brasileira, tornada senhora dos mares na Bacia do Prata até o fim das hostilidades em 1828.

Bibliografia recomendada:

A Marinha de Guerra do Brasil na Colônia e no Império,
Almirante Prado Maia.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

PERFIL: Akihiko Saito, o samurai contractor

Akihiko Saito na Legião Estrangeira Francesa, anos 1980.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 2 de janeiro de 2020.

Adjudant-Chef Akihiko Saito, veterano da 1ª Brigada Aerotransportada, das Forças de Defesa do Japão, e do 2e Régiment Étranger de Parachutistes (2e REP), da Legião Estrangeira Francesa.

Ele serviu em uniforme por mais de duas décadas, primeiro como paraquedista por 2 anos em seu país natal, o Japão, e depois como paraquedista da Legião Estrangeira Francesa no 2e REP. Com 21 anos de serviço, de junho de 1983 a dezembro de 2004, passou também pelo 3e REI (Régiment Étranger d'Infanterie) na Guiana Francesa e no 6e REG (6e Régiment Étranger de Génie, dissolvido em 1999), assim como no 4e RE (Régiment d'Instruction de la Légion), atingido o respeitadíssimo posto de Adjudant-Chef (sem equivalente no Brasil).

Sem vergonha de sua herança guerreira, ele era conhecido por gritar regularmente "Banzai" em batalha, de acordo com o relato de alguns de seus colegas legionários na página Fireforce Ventures. Saito, então com 44 anos, chegou ao Iraque como mercenário ("contractor") da Hart Security Ltd, uma Companhia Militar Privada (Private Military Company, PMC).

Seus camaradas da PMC eram em grande parte compostos por veteranos das Forças de Defesa e polícia da África do Sul; o que certamente trouxe afinidade entre eles, pois Saito havia servido com o 2e REP na África.

Em 9 de maio de 2005, em uma cidade chamada Hit, a noroeste de Ramadi, sua esquadra de 4 homens, acompanhada por 12 iraquianos, escoltava um comboio de rotina quando foram atingidos por uma emboscada maciça e bem coordenada envolvendo vários IEDs e armas pesadas. Um tiroteio maciço iniciou-se durando a noite toda, enquanto Saito e os outros contractors lutavam por suas vidas com problemas das comunicações. Um dos mercenários, ferido, conseguiu alcançar um posto dos fuzileiros navais americanos, alertando-os sobre a situação. Os reforços americanos chegaram ao amanhecer, depois que a pequena escolta havia lutado até a exaustão da munição.

Saito foi capturado (possivelmente vivo) por insurgentes sob a bandeira da Irmandade Ansar al-Sunna, tendo sido incapacitado por um grande ferimento na nuca. O ferimento era fatal e Saito morreu pouco depois, sendo executado pelos insurgentes. Seu irmão, Hironobu Saito, confirmou tratar-se de Akihiko no vídeo divulgado pelo grupo Ansar al-Sunna.

Apesar das tendências pacifistas do Japão, ele foi elogiado como um "youhei" (mercenário), uma espada contratada, alguém que encarnava o espírito samurai japonês na vida e na morte. Uma notícia sobre a morte de Saito publicada pelo Japan Times, de 11 de maio de 2005, foi intitulada "Sequestro revela guerreiro japonês". Nela, o analista militar Kazuhisa Ogawa afirma que os funcionários de segurança contratados por empresas de segurança estrangeiras tinham altos salários garantidos, especialmente quando suas tarefas ocorriam em um país perigoso como o Iraque. Saito, nascido em Tóquio, foi contratado pela empresa britânica Hart Security que, ao contrário das empresas de segurança japonesas, mantém seus contratados equipados com armas de fogo. Ogawa apontou que as PMC, em alguns casos, têm suas provisões e capacidades aproximando-se daquelas de um verdadeiro exército.

Bibliografia recomendada:

A Legião Estrangeira.
Douglas Boyd.

A Esparta no Golfo: a crescente influência regional dos Emirados Árabes Unidos


Por Yoel Guzansky, Institute for National Security Studies (INSS), 8 de janeiro de 2017.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 2 de fevereiro de 2020.

Nos últimos anos, os Emirados Árabes Unidos se posicionaram como um ator-chave nos processos que moldam a região. Depois de lidar com ameaças em potencial em casa, a federação assumiu um papel de liderança ao enfrentar alguns dos desafios políticos, econômicos e militares colocados pela Primavera Árabe. Os Emirados Árabes Unidos provavelmente continuarão usando seus vastos recursos econômicos e suas forças armadas para tentar influenciar a direção que o mundo árabe está tomando. No passado, os Emirados Árabes Unidos exibiam moderação e restrição em suas relações externas e ficavam nas sombras de outros. Hoje, porém, são a força motriz por trás de muitas das mudanças regionais e um participante chave em muitas arenas - não menos, e às vezes mais, que a Arábia Saudita. Muitos no mundo árabe e em outros lugares agora entendem que os Emirados Árabes Unidos têm o poder de influenciar a direção dos desenvolvimentos regionais e procuram atrair os Emirados Árabes Unidos para o seu lado. Israel também reconhece que os Emirados Árabes Unidos são um elemento essencial nos esforços de Israel para fortalecer as relações com o mundo árabe sunita.


O enfraquecimento dos centros políticos e militares árabes tradicionais, como resultado das revoltas no Oriente Médio, provocou uma mudança na conduta de alguns dos países do Golfo Árabe e aumentou sua influência. Um exemplo proeminente disso são os Emirados Árabes Unidos (EAU), que se posicionaram como um ator-chave nos processos que moldam a região. Depois de lidar com possíveis ameaças em casa, a federação (que inclui os emirados de Abu Dhabi, Dubai, Ajman, Fujairah, Ras al-Khaimah, Sharjah e Umm al-Quwain) assumiu um papel de liderança na luta contra alguns dos desafios políticos, econômicos e militares apresentados pela Primavera Árabe.


A retirada das forças britânicas das áreas "à leste de Suez" em 1971 acelerou a formação dos Emirados Árabes Unidos na base da costa Trucial*. Quarenta e cinco anos depois, a segunda maior economia do Oriente Médio - com as forças armadas mais bem treinadas e equipadas entre as forças armadas árabes - está se concentrando em neutralizar ameaças regionais e em projetar poder muito além de suas fronteiras. Embora suas relações estratégicas com os Estados Unidos e a participação no Conselho de Cooperação do Golfo (Gulf Cooperation Council, CCG) ainda constituam componentes-chave de sua política de defesa, os Emirados Árabes Unidos têm feito uso mais frequente de suas forças armadas desde o início da turbulência regional. A assertividade que tipifica sua política externa está intimamente relacionada às suas dúvidas sobre o futuro compromisso dos Estados Unidos com sua segurança e às suas preocupações sobre o fortalecimento do Irã e do Islã radical e seu impacto na estabilidade interna. "Não podemos ser uma casa estável se houver um incêndio ao nosso redor", disse o Ministro de Estado dos Negócios Estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos em 2014.


*Nota do Tradutor: Os Estados Truciais, ou Estados da Trégua, Costa Trucial, Xarife Trucial, entre outros nomes são os atuais Emirados Árabes Unidos, Catar e Bahrein. A região também foi chamada de Costa dos Piratas, por razões auto-explicativas.

Pequena Esparta

Desfile do 43º aniversário da unificação dos Emirados Árabes Unidos, 5 de maio de 2019.

Como parte dessa tendência, os Emirados Árabes Unidos inauguraram uma base naval e aérea na Eritreia, na costa do Mar Vermelho, e assim se tornaram o único país árabe com uma base militar fora de suas fronteiras. Também foi relatado recentemente que os Emirados Árabes Unidos construíram uma base militar adicional no leste da Líbia. Apesar de suas pequenas forças armadas (cerca de 50.000 militares*), os Emirados Árabes Unidos estão bem equipados com os sistemas de armas mais avançados que podem obter e obtiveram ampla experiência operacional no Afeganistão, Somália e Bósnia. Suas forças foram cruciais para suprimir a insurreição xiita no Bahrein em 2011, e sua força aérea participou da campanha para derrubar o regime de Muammar Qaddafi na Líbia. As forças armadas dos Emirados Árabes Unidos (que incluem mercenários) desempenham um papel fundamental nas operações aéreas, terrestres e navais contínuas contra os houthis no Iêmen, e são o parceiro árabe mais ativo na coalizão contra o Estado Islâmico (junto com seu apoio aos grupos rebeldes que procuram derrubar o regime de Assad). Além disso, sua força aérea atacou alvos na Líbia várias vezes, usando bases egípcias. Além de fornecer assistência financeira ao regime de el-Sisi**, os Emirados Árabes Unidos permitem que o Egito use drones de vigilância, fabricados pela Adcom, com sede em Abu Dhabi, na Península do Sinai.

*NT: 63 mil em 2020.
**NT: Abdel Fattah el-Sisi, atual presidente autocrático do Egito.

Carro de Combate Leclerc dos EAU usado em combate no Iêmen.

Ao contrário dos vizinhos árabes que compram sistemas avançados de armas, mas geralmente os deixam sem uso, os Emirados fazem ótimo uso de suas compras e, assim, conquistaram o apelido de "Pequena Esparta" entre as forças armadas dos EUA. "Há um respeito mútuo, uma admiração pelo que eles fizeram - e pelo que podem fazer", disse o General James Mattis, que foi nomeado para servir como secretário de Defesa dos Estados Unidos no governo Trump. Além disso, a federação está tentando deter o Irã e, não menos importante, estabelecer laços mais estreitos com Washington, permitindo que a força aérea e a marinha americanas operem em seu território (cerca de 5.000 militares americanos estão estacionados nos Emirados Árabes Unidos) e realizando massivas compra de armas. A federação foi a primeira a encomendar o sistema de defesa de área em alta altitude do terminal (THAAD), e agora pretende comprar o avião de caça F-35.


A proporção entre sua pequena população (dos nove milhões de habitantes, apenas um milhão são cidadãos) e as enormes reservas comprovadas de petróleo dentro de suas fronteiras (cerca de 100 bilhões de barris de petróleo) fazem dos Emirados Árabes Unidos um dos países mais ricos do mundo. Essa riqueza permite que o príncipe herdeiro Mohammed bin Zayed (o governante de fato) compre tranqüilidade doméstica. A onda de protestos regionais levou alguns intelectuais e jovens nos Emirados a pedirem mais liberdade política. Este pequeno protesto, expresso principalmente nas mídias sociais, foi silenciado desde então, e a Federação começou a suprimir qualquer possível revolta, principalmente qualquer uma associada à Irmandade Muçulmana. Além disso, e devido a preocupações com os protestos devido à tendência de baixa nos preços do petróleo nos últimos dois anos, os Emirados Árabes Unidos concederam generosas quantias aos cidadãos, e um papel maior foi dado às mulheres e jovens nas instituições estatais.


Relações com o Irã

As tensões entre os Emirados Árabes Unidos e o Irã, que antecederam a Revolução Islâmica no Irã, foram exacerbadas nos últimos anos pelo apoio de Teerã aos houthis no Iêmen e ao regime de Assad na Síria. Para os Emirados Árabes Unidos, o Irã representa a principal ameaça à estabilidade regional, e os líderes dos Emirados Árabes Unidos não hesitam em criticar a República Islâmica por seu envolvimento persistente nos assuntos árabes. Ao mesmo tempo, os Emirados Árabes Unidos protegem diligentemente suas relações comerciais normativas com o Irã e buscam capitalizar na remoção das sanções contra o Irã e aumentar o volume do comércio bilateral.

O príncipe herdeiro Mohammed bin Zayed em Pequim, 2019.

O fato de ser o segundo parceiro comercial mais importante do Irã (depois da China) levou alguns membros da federação a adotar uma postura mais pragmática em relação ao Irã. No entanto, apesar do alto volume de comércio com o Irã (muitas empresas iranianas operam nos Emirados Árabes Unidos, aproveitando a posição de Dubai como centro financeiro), a questão das três ilhas disputadas do Golfo Pérsico prejudicou as relações entre os países. Com a retirada das forças britânicas do Golfo, o Irã apreendeu o Grande Tunb e o Menor Tunb. Em 1992, o Irã afirmou o controle total de Abu Musa, derrotou o corpo de guarda ali estacionado e violou o acordo de soberania conjunto entre os países. Nos últimos anos, o Irã aumentou seu controle sobre as ilhas, não reconhece a afinidade histórica dos Emirados Árabes Unidos com elas e reivindica seus direitos inalienáveis às ilhas.

Mapa do Golfo Árabe mostrando as ilhas Grande Tunb, Menor Tunb e Abu Musa.

Relações com a Arábia Saudita

Soldados dos EAU no Iêmen em apoio à Arábia Saudita.

Os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita desfrutam de relações mais quentes desde o início da turbulência no Oriente Médio, e os dois estados estão cooperando em várias arenas. O relacionamento pessoal entre Mohammed bin Zayed e Mohammed bin Salman, vice-príncipe herdeiro e ministro da Defesa da Arábia Saudita, contribuiu para o aquecimento dessas relações e, em particular, para o desenvolvimento de percepções semelhantes de ameaças. Isso contrasta com as relações tensas que existiam antes da formação da federação entre as duas famílias reais, al-Nahyan e al-Saud, que foram acompanhadas por frequentes disputas de fronteira, além de disputas de poder sobre desempenhar papéis de liderança no mundo árabe e dentro do GCC. Apesar dos desafios atuais compartilhados, a desconfiança mútua não se dissipou totalmente e se reflete, entre outras coisas, nas diferentes posições de Abu Dhabi e Riad em relação à Irmandade Muçulmana e ao regime el-Sisi no Egito. Abu Dhabi é o mais forte defensor econômico do Egito, e é possível que isso tenha contribuído para a ascensão de el-Sisi ao poder.

Forças especiais egípcias e dos EAU em manobras nos Emirados, 2014.

Desenvolvimento Nuclear

Salvo qualquer atraso, o primeiro reator nuclear* (dos quatro atualmente em construção) será conectado à rede elétrica no final de 2017, e os Emirados Árabes Unidos se tornarão o primeiro país árabe com um programa nuclear sustentável. Embora os Emirados Árabes Unidos possuam uma das maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, eles planejam diversificar sua mescla de energia, que se baseia quase completamente em combustíveis fósseis. Juntamente com os investimentos no desenvolvimento de energia solar, a federação lançou um programa ambicioso para gerar eletricidade através de usinas nucleares, e a avaliação é que, uma vez concluídos, eles adicionarão 5,6 gigawatts à rede elétrica. A conclusão do projeto de energia nuclear ganhará muito prestígio nos Emirados Árabes Unidos e uma posição regional aprimorada em relação ao Irã e seus vizinhos árabes.

*NT: Trata-se da usina de Barakah. A taxa geral de conclusão da construção de toda a usina era de 91% em março de 2019.


Os Emirados Árabes Unidos apresentaram argumentos convincentes sobre sua necessidade de um programa de energia nuclear: o aumento da demanda por energia, seu desejo de reduzir sua dependência de combustíveis fósseis poluentes e a necessidade de liberar mais petróleo para exportação. No futuro próximo, a federação de fato não constitui uma ameaça à proliferação de armas nucleares. No entanto, em um futuro distante, seu programa nuclear poderá ter uma contribuição dissuasora, talvez porque seus rivais estejam preocupados com a possibilidade de que seu programa nuclear possa conter uma dimensão militar. Dúvidas sobre o contínuo compromisso dos Emirados de proibir o enriquecimento de urânio dentro de suas fronteiras surgiram após a assinatura do acordo nuclear com o Irã e à luz de certas observações dos líderes dos Emirados Árabes Unidos.


Os Emirados Árabes Unidos continuarão a usar seus vastos recursos econômicos e forças militares para tentar influenciar a direção que o mundo árabe está tomando. No passado, os Emirados Árabes Unidos exibiam moderação e restrição em suas relações externas e ficavam nas sombras de outros; hoje, porém, são a força motriz por trás de muitas das mudanças regionais e um participante chave em muitas arenas - não menos, e às vezes mais, que a Arábia Saudita. Muitos no mundo árabe e em outros lugares agora entendem que os Emirados Árabes Unidos têm o poder de influenciar a direção dos desenvolvimentos regionais e procuram atrair os Emirados Árabes Unidos para o seu lado. Por sua vez, Israel também reconhece que os Emirados Árabes Unidos são um elemento essencial nos esforços de Israel para fortalecer as relações com o mundo árabe sunita.


O Dr. Yoel Guzansky é Pesquisador Sênior do Instituto de Estudos de Segurança Nacional da Universidade de Tel Aviv. Ele também é pesquisador visitante da Hoover Institution University, da Universidade de Stanford, membro pós-doutorado do Israel Institute e Acadêmico do Programa Fulbright. Antes de ingressar no INSS, serviu no Conselho de Segurança Nacional no Gabinete do Primeiro Ministro, coordenando o trabalho sobre o Irã, sob quatro Conselheiros de Segurança Nacional e três Primeiros Ministros. Ele é autor dos livros The Arab Gulf States and Reform in the Middle East (Estados do Golfo Árabe e Reforma no Oriente Médio, 2015); Between Resilience and Revolution: The Stability of the Gulf Monarchies (Entre Resiliência e Revolução: A estabilidade das monarquias do Golfo, INSS: hebraico, 2016) e co-autor (com Kobi Michael) de The Arab World on the Road to State Failure (O Mundo Árabe no Caminho do Fracasso do Estado, INSS: hebraico, 2016).

FOTO: Exército sueco em manobras florestais

Camuflagem M90 e fuzil Ak 5 (Automatkarbin 5).

sábado, 1 de fevereiro de 2020

FOTO: Gambiarra síria

Novo jeito de mantar lagartas.

FOTO: Tipo 59-II-A na repressão da Praça da Paz Celestial

Tipo 59-II-A da 1ª Divisão de Carros de Combate chinesa, 1989.

A 1ª Divisão de Carros de Combate do Exército de Libertação Popular chinês pertencia ao 38º Grupo de Exércitos sob o comando do Major-General Xu Qinxian, que se recusou a suprimir as manifestações de estudantes. Ele foi mandado para a corte marcial, sentenciado a 5 anos de prisão e expulso do partido comunista chinês.