domingo, 14 de junho de 2020

FOTO: O 14 de Julho no Djibouti

Legionários da 13e DBLE durante o desfile de 14 de julho de 1976 no Djibouti.

Bibliografia recomendada:

Legião Estrangeira Francesa:
Um brasileiro em suas fileiras.
Luiz Bouchardet e Antônio Pinto Neto.

Leitura recomendada:

O Galil ARM


Por Seth Cane, Forgotten Weapons, 27 de fevereiro de 2014.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 14 de junho de 2020.

O fuzil Galil começou a vida no final dos anos 1960. A Guerra dos Seis Dias de 1967 tornou aparente a necessidade de um fuzil de serviço mais robusto, versátil e de baixa manutenção para as IDF, depois que as experiências com o FN FAL produzido localmente se mostraram menos do que satisfatórias. Foi solicitado um novo fuzil de serviço que pudesse sobreviver às áridas condições do deserto de Israel.

O projeto inicial do Galil foi reconhecido ao longo dos anos como sendo uma cópia direta da série de fuzis finlandeses Valmet, mas isso não é muito preciso. Os primeiros protótipos do Galil começaram como modificações simples dos AK-47 soviéticos capturados feitas por Yisrael Galili, que incluíam vários recursos posteriormente implementados no projeto final. Apelidado de Balashnikov, eles incluíam um seletor de tiro modificado para uso com o polegar ou os dedos do atirador, enquanto segurava a empunhadura; um bipé montado diretamente no bloco de gás; um guarda-mão modificado/ampliado para acomodar o fogo prolongado e o bipé quando estiver na posição dobrada, e uma coronha dobrável.


Observe o registro de segurança modificado e a empunhadura do FAL.

O modelo mostrado acima é construído sobre um AK-47 do Tipo II ou Tipo III. Uziel Gal (criador da Uzi) projetou seu próprio protótipo de substituição dos fuzis de serviço em 5,56 e 7,62 da OTAN (vista acima do Balashnikov na foto abaixo).

O Balashnikov venceu os americanos M16 e Stoner, o russo AK47 e o alemão HK33. O Balashnikov de Yisrael Galili seria eventualmente alterado ainda mais para o que se tornou o Galil. A versão inicial de produção do Galil utilizou vários recursos de projeto diretamente do Valmet finlandês, sendo os mais notáveis os conjuntos do bloco de gases e da alça de mira, com disposições para visão noturna. O receptor do Galil também foi copiado diretamente do Valmet; há boatos populares de que os primeiros fuzis Galil a deixarem a fábrica da IMI usavam receptores em branco do Valmet antes do início da produção interna, embora ainda não haja evidências para confirmar isso.

Variedades de desenvolvimento do Galil.

Os Galil ARM foram adotados pela primeira vez pelas IDF em 1972, embora poucos tenham sido distribuídos por volta do início da Guerra do Yom Kippur de 1973. O Galil ARM (e todas as outras variações) seria mais utilizado durante o conflito no Líbano de 1982, onde serviu como fuzil de serviço primário ao lado do Galil SAR. Embora tenha adotado completamente a série Galil, as IDF continuariam a suprir fuzis M16 em funções de apoio devido ao seu peso mais leve. No final dos anos 90 e início dos anos 2000, o Galil foi amplamente substituído pelos americanos M16 e Carabinas M4, embora o Galil SAR permaneça popular entre as tripulações de veículos blindados por causa do seu tamanho compacto.

Revista Soldado da Fortuna com um israelense portando um Galil ARM.

Das três variações produzidas inicialmente, o ARM (fuzil de assalto e metralhadora) é sem dúvida o mais conhecido. O ARM foi projetado para atender a todas as necessidades básicas do soldado de infantaria das IDF, capaz de disparar com precisão e também de funcionar bem em situações de combate de curta distância. Cada ARM foi equipado com um bipé dobrável e cortador de arame integrados, um conjunto de alça de transporte com abridor de garrafas integrado e um guarda-mão ampliado capaz de armazenar o bipé quando dobrado. O modelo adotado pelas IDF usava um guarda-mão de madeira de teca (em vez de polímero/plástico, que provavelmente superaqueceria e derreteria mais rapidamente) sem previsão de montar baionetas. Os soldados fornecidos com o ARM costumavam remover a alça de transporte para reduzir o peso e o ruído geral, e também ocasionalmente removiam o conjunto do bipé quando em patrulhas. Os modelos posteriores do ARM removeram completamente a alça de transporte e atualizaram o bipé para um modelo de desmontagem rápida para essa finalidade. Embora inicialmente pretendesse usar os carregadores de aço de 50 tiros para funções de supressão de combate, o ARM costumava usar os carregadores de aço de 35 tiros padrão, pois nunca foi totalmente empregado como metralhadora leve no serviço israelense.

Soldado israelense com o Galil ARM.

Embora o ARM não tenha encontrado um afeto generalizado dos israelenses, ele se tornaria popular entre países como Guatemala e Colômbia que compraram muitos deles juntamente com os modelos AR e SAR, e a África do Sul que compraria e mais tarde produziria um Galil ARM modificado chamado R4. O uso do ARM tanto como metralhadora leve (com carregadores de 50 tiros) quanto como DMR era mais comum no exterior, na América Latina e na África. A Estônia também empregaria o ARM em várias funções de infantaria ao lado do AR e SAR, enquanto Portugal compraria um pequeno número de ARM para uso com seus paraquedistas.

Soldado sul-africano com o R4.

Bibliografia recomendada:

A Guerra do Sinai.
Moshe Dayan.

Seis Dias de Guerra: Junho de 1967 e a Formação do Moderno Oriente Médio.
Michael B. Oren.

A Guerra do Yom Kippur.
General Chaim Herzog.

Leitura recomendada:


U-209. Da Alemanha para o mundo!


FICHA TÉCNICA (U-209/1400 Classe Tupi da marinha brasileira)
Tipo: Submarino diesel elétrico.
Data de comissionamento: 1989.
Comprimento: 61,2 m.
Boca: 6,2 m.
Calado: 5,5 m.
Deslocamento: 1440 tons.
Velocidade máxima: 22,5 nós (41,6 km/h) submerso
Profundidade: 500 metros.
Armamento: 8 tubos de torpedos de 533 mm MK 48 MOD 6AT ADCAP (14 torpedos), Ou minas navais. Os submarinos U-209 estrangeiros receberam torpedos Mk 24 Tigerfish e o DM2A4 Seehecht também, como alternativa ao MK-48.
Tripulação: 36 homens.
Propulsão: 4 motores a diesel MTU 12V 493 totalizando 5000 shp e um motor elétrico Siemens com 3,38 MW.

DESCRIÇÃO
Por Anderson Barros e Carlos Junior.
No início dos anos 1960, muitas marinhas começaram a sentir necessidade de substituir suas frotas de submarinos, a maioria oriundos da Segunda Guerra Mundial, como os submarinos americanos GUPPY convertidos em 1947-1951 (GUPPY é um nome criado pela USN para designar uma série de submarinos que foram modernizados após a II Guerra Mundial. GUPPY significa “Greater Underwater Propulsion Power Program” dentre os navios designados para a modernização estavam submarinos das classes Gato, Balão e Tench.). Durante este tempo, poucos projetos de submarinos ocidentais estavam disponíveis para a exportação, pois a maioria era grande, caro e projetados, sobretudo para a Guerra Fria. A maioria desses projetos era construído especificamente para as nações que os projetaram não sendo liberados para exportação, como era o caso dos franceses classe Daphne, ingleses classe Oberon, e os soviéticos classe Foxtrot. 
Posteriormente esses modelos foram liberados para exportação como o classe Oberon que chegou a ser adquirido pela Marinha do Brasil (S-20 Humaitá, S-21 Tonelero e S-22 Riachuelo). Porém esses modelos começavam a ficar defasados necessitando de  modernizações para melhorar suas capacidades de combate. No final da década de 60 a  Alemanha começava a encerrar a produção dos submarinos U- 205, 206 e 207 . Nesse mesmo período a Alemanha foi autorizada a elevar o limite de tonelagem permitida para seus submarinos para 1000 toneladas abriu a possibilidade de um mercado maior de exportações. Os estaleiros alemães, baseados em sua excepcional experiência na construção de submarinos, iniciaram um projeto para uma nova geração de submarinos visando principalmente o mercado de exportação,  pois muitas marinhas de diversos países estavam à procura de submarinos de propulsão convencional, com equipamentos eletrônicos modernos e que exigissem um mínimo de tripulantes altamente qualificados e com preço de aquisição e operação razoáveis. Nasceu então o U-209, que possuía exatamente essas qualidades.  Projetados para patrulhas de até 50 dias, armados com 8 tubos de torpedos de 533 mm, e equipados com sistemas eletrônicos modernos, o U-209  são baseados nos U- 206, porém possui maiores dimensões sendo projetado para operar em oceanos com capacidade de navegar por grandes distancias.
Os antigos submarinos GUPPY, como o USS Trumpetfish, rebatizado de Goias na marinha do Brasil em 1973, foram um dos exemplos de submarinos pós segunda guerra que foram substituídos pela nova classe de submarinos U-209.

CASCO
O casco é totalmente liso, com hidroplanos retráteis montados na parte baixa da proa, controles de profundidade em cruz na popa.
Visando sua operação em ambientes como América do Sul, Caribe e Sudeste Asiático, tornou-se necessário o desenvolvimento de sistemas de ar condicionado adequados para a tripulação e equipamentos eletrônicos, vulneráveis a ambientes úmidos e quentes. Dependendo dos requisitos específicos do cliente, o tamanho dos submarinos aumentou a partir do deslocamento original de 1000 t, e em alguns casos, em mais de 50%. O aumento das dimensões foram necessários para acomodar alojamento da tripulação, mais equipamentos eletrônicos assim como o aumento na profundidade e no alcance operacional. A capacidade das baterias foi melhorada em baixo e alto consumo, resultando em velocidade máxima maior, apesar do aumento das dimensões e deslocamento, o que demonstra a eficiência hidrodinâmica do casco. O cuidadoso desenho do casco e o poderoso motor elétrico permitem uma arrancada de 23 nós sob a água (43 km/h), bem maior que os submarinos convencionais em serviço na época.
O primeiro submarino da classe U-209 a entrar em serviço foi o S-31 ARA Salta na marinha argentina em 1973. 

ARMAMENTO
Os U-209 são armados com  8 tubos de torpedos pesados de 533 mm  habilitados a lançar torpedos Ingleses Mk 24 Tigerfish,  Alemão DM2A4 Seehecht, e os  americanos MK 48. Os U-209 utilizados pela Grécia, Coréia do Sul e Turquia possuem os tubos compatíveis com mísseis anti-navio  Sub-Harpoon. Ao todo são transportados 14 torpedos, ou um mix entre torpedos e mísseis ou até 30 minas, em caso de missão de minagem.
Deste angulo, podemos ver com facilidade 6 dos 8 tubos de torpedos de 533 mm posicionados na proa do submarino. 

PROPULSÃO
Cada variante do U-209 possui uma configuração diferente de motores. Vamos a elas::
U-209/1100: A propulsão do 1100 é composta por quatro motores MTU 12V 493 AZ80 de 2.400 HP, um motor elétrico Siemens com potencia de 3.38 MW com possuiu quatro alternadores Siemens de 1.7 MW. Esse sistema de propulsão pode levar o U-209/1100 a uma velocidade de 21.5 nós (38 km/h) quando submerso, tendo uma autonomia de 11.000 km a 11 nós.
U-209/1200: A propulsão do 1200 é composta por quatro motores MTU 12V  992 TB90 de 2.400 HP, um motor elétrico Siemens com potencia de 3.38 MW e possuiu quatro alternadores Siemens de 405 KW. Esse sistema de propulsão pode levar o U-209/1200 a uma velocidade de 22.5 nós (40 km/h) quando submerso. Tendo uma autonomia de 11.000 km a 8 nós.
U-209/1300: A propulsão do 1300 é composta por quatro motores MTU 12V 493 AZ80 GA 31L de 2.400 HP, um motor elétrico Siemens com potencia de 3.38 MW e possuiu quatro alternadores Siemens de 1.7 MW. Esse sistema de propulsão pode levar o U-209/1200 a uma velocidade de 22.5 nós (40 km/h) quando submerso. Tendo uma autonomia de 15.000 km a 8 nós.
U-209/1400: A propulsão do 1400 é composta por quatro motores MTU 12 v 493 AZ80 GA 31L de 2.400 HP, um motor elétrico Siemens com potencia de 3.38 MW e possuiu quatro alternadores Siemens de 1.7 MW. Esse sistema de propulsão pode levar o U-209/1200 a uma velocidade de 22.5 nós (40 km/h) quando submerso. Tendo uma autonomia de 15.000 km a 8 nós.
U-209/1500: A propulsão do 1500 é composta por quatro motores MTU 12 v 493 TY 60 de 2.400 HP, um motor elétrico Siemens com potencia de 3.38 MW e possuiu quatro alternadores AEG de 1.7 MW. Esse sistema de propulsão pode levar o U-209/1200 a uma velocidade de 22.5 nós (40 km/h) quando submerso. Tendo uma autonomia de 20.000 km a 11 nós.
O motor MTU 12V 493 alimentado com diesel carrega as baterias do U-209.

EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS
U-209/1100: São equipados com um sonar CSU 83/1 de busca ativa/passiva fornecido pela empresa Atlas Elektronik GmbH, montado em forma de um arco no casco do submarino; Sonar passivo de telemetria  Atlas Elektronik GmbH DSQS-21 montado no casco do navio. Além dos sonares, há um radar Thomson-CSF / Thales Calypso-II de busca de alvos de superfície e um sistema de gerenciamento de combate Unisys Kanaris (UYK-44).
U-209/1200: São equipados com um sonar Atlas Elektronik GmbH CSU-3 de busca ativa/passiva montado em forma de um arco no casco do submarino, um sonar passivo de telemetria Thomson-CSF / Thales DUUX-2 montado no casco do navio, e um radar Thomson-CSF / Thales Calypso-II de busca de alvos de superfície. O sistema de identificação de alvos Thales Nederland M8-Digital foi instalado nessa versão.
U-209/1300: São equipados com um sonar CSU 3 de busca ativa/passiva fornecido pela empresa Atlas Elektronik GmbH, montado em forma de um arco no casco do submarino, sonar passivo de telemetria Atlas Elektronik GmbH PRS-3 montado no casco do navio. Além do sonar, há um radar Thomson-CSF / Thales Calypso-II de busca de alvos de superfície. O sistema de gerenciamento de combate Unisys Kanaris (UYK-44).
U-209/1400: São equipados com um sonar Atlas Elektronik GmbH CSU 83/1 de busca ativa/passiva montado em forma de um arco no casco do submarino, sonar Thomson-CSF / Thales DUUX-2 sonar passivo de telemetria montado no casco do navio. Além do sonar, há um radar TERMA Scanter de busca de alvos de superfície. O sistema de gerenciamento de combate é o Unisys Kanaris (UYK-44).
U-209/1500: São equipados com um sonar CSU 83/1 de busca ativa/passiva fornecido pela empresa Atlas Elektronik GmbH, montado em forma de um arco no casco do submarino, sonar passivo de telemetria Thomson-CSF / Thales DUUX-5 montado no casco do navio. Além do sonar, há um radar Thomson-CSF / Thales Calypso-III de busca de alvos de superfície. O sistema de gerenciamento de combate instalado é o mesmo Unisys Kanaris (UYK-44) da versão anterior.
Submarino U-209

EXPORTAÇÕES
O submarino U-209 é um dos mais bem sucedidos projetos deste tipo de todos os tempos. Ao todo 62 submarinos foram adquiridos por 13 países sendo eles:
ÁFRICA DO SUL: A Marinha Sul Africana opera três submarinos U-209/1400 construídos pela Howaldtswerke-Deutche Werft (HDW) e Thyssen Nordseewerke (agrupados agora como ThyssenKrupp Marine Systems AG). Os submarinos substituíram os três submarinos da classe “Daphné”, de construção francesa. São os mais novos submarinos U-209 em operação no mundo e são muito semelhantes ao Tikuna brasileiro. O primeiro submarino, SAS Manthatisi (S101), foi construído pela HDW em Kiel, sendo comissionado em 2005. O segundo e terceiro submarinos foram construídos pela Thyssen Nordseewerke, em Emden. O SAS Charlotte Maxeke (S102) foi comissionado em 2007. O terceiro submarino, SAS Queen Modjadji (S103), foi comissionado em 2008. Os submarinos foram batizados com nomes de poderosas mulheres sul-africanas. O SAS Manthatisi é em homenagem a uma guerreira da tribo Batlokwa. O SAS Charlotte Maxeke, a uma ativista política que fez campanha pela igualdade no início do século 20. E o SAS Modjadji Queen, homenageia uma rainha.
ARGENTINA: Adquiriu dois exemplares do U-209/1100 denominado na Argentina como classe Salta (S-31 SALTA, S-32 SAN LUIS) construídos nos estaleiros da HDW - Howaldtswerke Deutsche Werft comissionados em 1974. O S-31 SALTA foi submetido à modernização de meia-vida nos períodos 1988-95 e 2004-2005. S-32 San Luis foi retirado de serviço em 1997. Recentemente a Armada Argentina, confirmou que existem estudos para recuperar o submarino ARA San Luis (S-32) e colocá-lo novamente em atividade. Atualmente os estudos estão sendo realizados pela própria armada, na qual esta selecionando os componentes a serem reparados e que serão eventualmente atualizados. O casco em especial receberá uma inspeção detalhada, pois o mesmo foi afetado por um acidente que resultou em um derrame de ácido proveniente das baterias. Todo o processo está a cargo do Astillero Ministro Domeq García.
BRASIL: A Marinha do Brasil vem utilizando, desde o fim da segunda guerra mundial, submarinos de origem americana da classe Guppy. Nos anos 70, incorporou três submarinos britânicos da classe Oberon, deslocando 2400 toneladas. Após trinta anos de dependência de embarcações usadas, o Brasil lançou seu projeto para a construção nacional de submarinos no Plano de Reaparelhamento da Marinha (PRM) de 1979. Foi selecionada, entre as diversas propostas, a do submarino alemão U-209, sucesso de exportações. O primeiro submarino S-30 Tupi foi construído na Alemanha no estaleiro HDW, acompanhado por técnicos brasileiros. O Arsenal de Marinha recebeu uma série de adaptações entre elas a construção de um novo pavilhão construído especificamente para este fim, o de montar os novos submarinos, reestruturação de outras oficinas e a construção de um dique flutuante para montagem final. O casco resistente foi fabricado pela Nuclebrás Equipamentos Pesados (NUCLEP) e transportado por via marítima para o Arsenal. As três unidades restantes da Classe Tupi, o S-31 Tamoio, S-32 Timbira, S-33 Tapajó   foram construídas no Rio de Janeiro pelo Arsenal de Marinha. Também foi construído no Arsenal de Marinha uma quinta unidade do U-209 o S-34 Tikuna embora baseado na classe Tupi, o Tikuna é aqui considerado um submarino diferente do seu antecessor. Entre as principais características estão os motores muito mais potentes, baterias de alta capacidade, capacidade para disparar mísseis anti-navio (embora a marinha de Brasil não utilize, no momento, este tipo de armamento lançado de submarinos), a autonomia foi aumentada, e toda a parte eletrônica foi modificada com novos sensores muito mais sofisticados que no modelo anterior. Existia planos para a construção de um segundo submarino da Classe Tikuna o S-35 Tapuia, porém foi cancelado por falta de recursos.
CHILE: Em 1980, a Marinha Chilena encomendou dois submarinos U-209/1300 ao estaleiro alemão HDW - Howaldtswerke Deutsche Werft. No Chile o Tipo-209 foi rebatizado como Classe Thomson recebendo os nomes Thomson (20) e Simpson (21) entrando em serviço em 1984. Em 1991 foram submetidos a uma extensiva modernização num programa destinado a melhorar as qualidades de navegação do navio. Recentemente os U-209 Chilenos passaram por uma modernização com o objetivo de colocá-los em igualdade tecnológica com os novos submarinos franceses do tipo Scorpéne, adquiridos pela marinha chilena. Entre as alterações efetuadas estão à modificação dos tubos de torpedos para possibilitar a utilização de torpedos italianos do tipo Blackshark e permitir que os submarinos chilenos utilizem mísseis anti-navio. Essa modernização também englobou a troca do sonar CSU-3 pelo CSU-90 fabricado pela Atlas Elektronik GmbH e a integração de SUBTICS e sistema de gestão de combate. Porém em Fevereiro de 2010 um violento terremoto abalou boa parte do país, seguido de um Tsunami, que afetou seriamente as instalações da Base Naval de Talcahuano, a principal base daquele país, e o estaleiro ASMAR, onde duas unidades do U-209 estavam em reparos. Dois submarinos que estavam no dique seco o Simpson (21) da Armada Chilena e o S-11 Shyri (U-209/1300) da Marinha do Equador estavam recebendo modernizações foram avariados e ambos podem ter recebido sérios danos.
COLÔMBIA: Os dois submarinos U-209/1100 denominados na Colômbia como classe Pijao, foram os primeiros submarinos operados pela marinha colombiana, na qual não tinha qualquer tradição na operação de submarinos. Os dois submarinos SS-28 Pijao e SS-29 Tayrona foram construídos na Alemanha pelos estaleiros HDW - Howaldtswerke Deutsche Werft sendoIncorporados em 1975. No final de década de 1980 sofreram modificações na Alemanha e em 2000 voltaram a efetuar modernizações pontuais, levadas a cabo pela própria marinha da Colômbia. Embora se trate de unidades relativamente antigas, existem planos para continuar a utiliza-los e para isso a empresa alemã Howaldtswerke-Deutsche Werft GmbH (HDW), do grupo ThyssenKrupp Marine Systems AG, e a empresa britânica Marine Force International LLP (MFI) foram contratadas pela Colômbia para a modernização desses dois submarinos. Os trabalhos ocorrerão nos estaleiros públicos de COTEMAR (Corporación de Ciencia y Tecnología para el Desarrollo de la Industria Naval, Marítima y Fluvial).
CORÉIA DO SUL: A Marinha  Sul coreana é o segundo maior usuário do U-209 no mundo e conta com uma força de nove submarinos U-209/1200 além de ter adquirido a licença pra produzir o submarino localmente e exportá-lo. O primeiro submarino foi construído em Junho de 1992 pela HDW - Howaldtswerke Deutsche Werft em Kiel, na Alemanha. Os outros exemplares foram construídos pelo estaleiro sul-coreano Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering (DSME) a partir da transferência de tecnologia com material vindo da Alemanha. Na Coréia do Sul os submarinos são designados como classe Chang Bogo  nos quais entraram em serviço a partir de 1993. O segundo exemplar, o SS-062 Lee Chun, foi comissionado em 1994, os SS-063 Choi Museon, SS-065 Parque Wi, SS-066 Lee Jongmu comissionados em 1996, o SS-067 Jeong foi comissionado em 1998, os SS-068 Lee Sunsin, SS-069 Na Daeyong foram comissionados em 2000 e o SS-071 Lee Eokgi comissionado em 2001. Recentemente a Coreia do Sul desbancou a TKMS alemã e a DCNS francesa e foi selecionada  como uma das finalista ao lado da Rússia (que está oferecendo o classe “Kilo”). Para o fornecimento de submarinos para a Indonésia, num negócio de US$ 1 bilhão, para duas unidades.
EQUADOR: A Marinha do Equador possui dois exemplares do U-209/1300 conhecidos como classe Shyri, sendo o S-101 Shyri e S-102 Huancavilca todos construídos pelos estaleiros alemães HDW - Howaldtswerke Deutsche Werft em Kiel e comissionado entre novembro de 1977 e março de 1978, respectivamente. Os submarinos passaram por uma importante atualização na Alemanha  em 1983 o  primeiro foi o S-101 Shyri  sendo seguido pelo S-102 Huancavilca no ano seguinte. No período de 1994-1996 passaram por uma nova modernização feita pela própria Marinha do Equador. Em 2003 o S-101 Shyri  ficou seriamente avariado após sofrer um incêndio enquanto estava atracado em sua  base naval em Guayaquil sendo posteriormente reparado e voltando ao serviço em 2005. Em 2008 o Chile venceu uma licitação internacional, avaliada em 120 milhões de dólares para modernizar os submarinos da Marinha do Equador. O estaleiro Asmar localizado na Base Naval chilena de Talcahuano iniciou os trabalhos para a modernização do submarino Shyri (SS-101) da Marinha do Equador. A modernização também se estenderá para o Huancavilca (SS-102). O Shyri ficou danificado após ser atingido por um Tsunami que afetou seriamente as instalações do estaleiro Asmar. Recentemente os trabalhos foram reiniciados devendo ser entregue em maio de 2011 e o término dos trabalhos no Huancavilca está previsto para 2012.
GRÉCIA: A Grécia foi o primeiro usuário dos submarinos U-209 adquirindo quatro unidades do modelo U-209/1100, os quais foram entregues no inicio dos anos 70 todos fabricados pela HDW - Howaldtswerke Deutsche Werft em Kiel na Alemanha. Na Grécia o U-209 é conhecidos como classe Glavkos e o exemplar inicial foi batizado de S-110 Glavkos comissionado em 1971. Os outros 3 exemplares são os S-111 Nireus, S-112 Tritão, S-113 Proteu. Todos comissionados em 1972. Embora relativamente pequenos os Tipo-209 gregos eram extremamente versáteis e capazes para a época, além de muito silenciosos. Em Maio de 1989, a marinha grega assinou um contrato de modernização para os seus quatro submarinos U-209-1100. O contrato permitiu a modernização dos navios para um padrão mais elevado. A modernização incluiu um sonar lateral, capacidade para lançar mísseis Sub-Harpoon, novo sistema de navegação Sperry Mk.29 e novo sistema de controle de tiro da Unisys.  Posteriormente a Marinha grega adquiriu mais quatro exemplares do modelo Tipo-209/1200 denominados classe Poseidon S-116, Amfitriti S-117, Okeanos S-118, Pontos S-119, todos construídos também pela HDW - e comissionados em 1979. Assim como os submarinos  da classe Glavkos, os Poseidon também foram submetido a um programa de modernização chamado de Netuno II. Essa modernização foi mais abrangente que a dos Glavkos. A principal diferença consiste na incorporação do sistema de produção de oxigênio independente, (AIP), que permite ai submarino permanecer por muito mais tempo submerso. Esse oxigênio é usado para permitir a combustão nos motores a diesel dos submarinos convencionais. Com o sistema AIP, o submarino pode navegar submerso, e gerar o seu oxigênio independentemente da superfície, tornando o mais furtivo e eficaz. Para acomodar o novo sistema de propulsão os Poseidon tiveram uma secção de 6,5 metros, acrescentada o que fez com que os submarinos fiquem com as dimensões idênticas aos U-209-1400 (61,4 metros). Além do sistema AIP, os Poseidon receberam  um novo sistema de combate e equipamentos eletrônicos mais modernos, o que os transformaram em navios compatíveis eletronicamente com os submarinos U-214 (classe Papanikolis) também adquiridos pela marinha grega.
ÍNDIA: A marinha Indiana possui quatro exemplares da versão U-209/1500. Resultado das negociações entre as autoridades alemãs e indianas, que permitiram a construção de dois submarinos nos estaleiros alemães da HDW e de mais dois nos estaleiros de Mazagon em Bombaim com transferência de tecnologia. Os dois primeiros exemplares S-44 Shishumare S-45 Shankush foram construídos na Alemanha pelos estaleiros HDW e foram comissionados em 1986. As outras duas unidades foram construídas pelo Mazagon Dock Limited (MDL) a partir de transferência de tecnologia. A construção das duas últimas unidades sofreu atrasos por causa de problemas relacionados com a transferência de tecnologia e por causa das dificuldades na instalação da célula de escape. Os submarinos S-46 Shalki e S-47 Shankul foram comissionado em 1992 e 1994 respectivamente. Um acordo para a construção de mais  dois submarinos foi cancelada após testes nucleares realizados pela Índia em 1998.
INDONÉSIA: Adquiridos pela Indonésia em 1985, os dois submarinos alemães do U-209/1400 denominados localmente como classe Cakra 401 e 402 Nanggala substituíram os dois submarinos da classe Pasopati (classe Whiskey) ao serviço desde os anos 70, os quais estiveram inoperantes durante quase toda a sua vida útil. Depois da aquisição de dois submarinos que foram entregues em 1981, a Indonésia mostrou-se interessada na aquisição de mais unidades deste tipo, porém a crise da economia Indonésia levou ao cancelamento do projeto. O U-209 da Indonésia foram submetidos a um programa de revisão na Coreia do Sul pelo estaleiro Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering (DSME) em 2004. A manutenção incluiu modernização e revisão de sistemas eletrônicos e manutenção do casco que se encontrava em péssimo estado. A Marinha da Indonésia esta estudando a compra de mais dois submarinos que eventualmente podem ser novas unidades do U-209 fabricados na Coréia do Sul que disputa ao lado da Rússia que está oferecendo o classe “Kilo” num negócio de US$ 1 bilhão, para duas unidades.
PERU: A Marinha Peruana possui uma frota de seis submarinos da Classe U-209, sendo duas unidades do modelo U-209/1100 e quatro do modelo U-209/1200. Os primeiros modelos encomendados foram o 209/1100 classe Islay  SS-35 Islay, SS-36 Arica construídos pela HDW e comissionados em 1975. Após quase uma década em serviço, essa classe foi enviada para Kiel na Alemanha, para um período de modernização/manutenção entre os anos de 1983 e 1984. Em 2008 os submarinos Classe Islay sofreram modificações realizadas pela própria marinha Peruana. Os modelos U-209/1200 foram todos construídos pelos estaleiros HDW, sendo denominada classe Angamos SS-31 (ex-Casma), SS-32 Antofagasta comissionados em 1980 e SS-33 Pisagua (ex Blume) comissionado em 1982. Durantes os testes realizados no Mar do Norte o SS-33 Pisagua colidiu com um navio da Marinha Soviética sofrendo danos que atrasou a sua entrega. SS-34 Chipana (ex-Pisagua) comissionado em 1983. Após as modernizações efetuadas em 1998 pelo Servicio Industrial de la Marina em Callao, os submarinos  tiverem seus nomes modificados para o padrão atual. Atualmente o governo do Peru está analisando a viabilidade de realizar serviços de manutenção e modernização de meia-vida dos seus submarinos classe 209 na Argentina.  Entendimentos entre o Peru e a Argentina oficializaram o estabelecimento de negociações e a formação de uma comissão técnica bi-nacional. Caso a proposta argentina seja aceita, os serviços ocorrerão no estaleiro estatal argentino CINAR (Complexo Industrial Naval Argentino).
TURQUIA: A Marinha da Turquia é o  maior operador do U-209 opera 14 submarinos U-209, sendo 6 U-209/1200 classe Atilay S-347 comissionado em 1976, S-348 Saldiray comissionado em 1977, S-349 Batiray comissionado em 1978, S-350 Yildiray comissionado em 1981, S-351 Doganay comissionado em 1984, S-352 Dolunay comissionado em 1989 estava previsto para essa classe a modernização de meia vida que entre outras modificações incluiria propulsão AIP e a troca dos sistemas eletrônicos porem essa modernização foi cancelada. Também foram adquiridos oito exemplares do U-209/1400 denominados classe Preveze S-353 comissionado em 1994, S-354 Sakarya comissionado em 1995, S-355 18 Mart comissionado em 1998, S-356 Anafartalar comissionado em 1999, Porém os submarinos recebidos a partir de 2003 foram denominados classe Gür S-357 comissionado em 2003, S-358 Canakkale  comissionado em 2005, S-359 Burakreis comissionado em 2006, e S-360 Birinci Inönü comissionado em 2007.
VENEZUELA: Adquiridos em meados dos anos 70, os dois submarinos do U-209 da Venezuela são do tipo 1200 e veio complementar a frota existente de três submarinos classe Guppy norte-americanos, permitindo à frota Venezuelana operar cinco submarinos. Os três submarinos de origem norte-americana foram sendo retirados de serviço, tendo ficado em serviço ativo apenas os dois submarinos alemães desta classe que na Venezuela receberam o nome de classe Sábalo S-31 e S-32 Caribe todos construídos pela HDW - Howaldtswerke Deutsche Werft e comissionados em  1976-1977 respectivamente. Na década de 1990 os submarinos passaram por uma modernização na Alemanha efetuada pela própria HDW no qual  sofreu um aumento no comprimento do casco devido à adição de um novo domo para sonar similar ao modelo encontrado no modelo U-206. Existe a possibilidade que os submarinos da Classe Sábalo sejam substituídos por submarinos de procedência Russa provavelmente os Classe Kilo 636 porém também existe estudos para a compra de submarinos de outros procedências pelas autoridades da Venezuela. Com a substituição destes submarinos é provável que a Venezuela volte a ter uma frota de cinco submarinos.
Nessa foto vemos o submarino S-33 Tapajó, da classe Tupi, empregado na marinha Brasileira.

BATISMO DE FOGO
Durante a Guerra das Malvinas entre a Argentina e a Grã-Bretanha em 1982, o submarino U-209 San Luis da Armada Argentina, permaneceu 36 dias na área do conflito. A ameaça do submarino argentino obrigou os britânicos a montarem um enorme esforço anti-submarino para tentar neutralizá-lo, incluindo uma ponte-aérea com aviões anti-submarino Nimrod partindo da Ilha de Ascensão. Numerosos ataques foram feitos contra contatos falsos, com o lançamento por parte dos britânicos de um grande número de armas, o que levou ao esgotamento de seus estoques de torpedos anti-submarino. Mesmo assim, o San Luis sobreviveu e ainda conseguiu lançar ataques contra navios britânicos, sem, contudo obter êxito, devido a falhas nos torpedos.
A classe Type 209 ainda é, e certamente continuará a ser extremamente importante nos arsenais das marinhas que o adotaram devido ao bom desempenho geral desta classe e seu relativo baixo custo. Embora sejam embarcações simples, os Type 209 representam um poderoso fator de dissuasão devido a dificuldade em se detectar sua baixa assinatura acústica, e ainda, sua capacidade de infringir ataques com torpedos pesados ou, em alguns casos, de marinhas mais bem armadas, lançar mísseis anti navio. 


Para mais informações, visitem o site da Thyssenkrupp : www.thyssenkrupp-homesolutions.co.uk


quinta-feira, 11 de junho de 2020

Fuzis sniper chineses têm uma história conturbada


Por Charlie Gao, War is Boring, 4 de junho de 2018.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 11 de junho de 2020.

Começos difíceis estimularam melhorias.

Enquanto o Exército dos EUA se preocupa com a próxima geração de fuzis de precisão e táticas russas, a China também vem fazendo avanços significativos neste campo.


Na década de 1980, os chineses usavam praticamente o mesmo equipamento que a União Soviética. Atualmente, eles usam conjuntos de equipamentos bastante diferentes, incluindo alguns fuzis calibrados nos calibres da OTAN. O desenvolvimento divergente de fuzis de precisão chineses da mesma base é uma parábola interessante do desenvolvimento de armas portáteis sendo conduzido pela doutrina.

SVD capturado.

A União Soviética usou o SVD, um fuzil em 7,62x54R, operado a gás e de percussão curta, alimentado por um carregador de tipo cofre de 10 tiros, e com um alcance efetivo de cerca de 800 metros. A China fez seu próprio clone do SVD depois de capturar um exemplar durante a guerra sino-vietnamita chamado Tipo 79, mais tarde refinado no Tipo 85. Estes foram produzidos junto de cópias da mira soviética PSO-1 de 4x.

Aparentemente, a China tem problemas em copiar o SVD, pois suas indústrias de armas não eram muito maduras. O PSO-1 clonado não foi capaz de lidar com o recuo do cartucho 7,62x54R nas versões anteriores, e foram encontrados problemas com a metalurgia do percussor, o qual quebrava facilmente no Tipo 79. Segundo fontes da CPAF, isso foi consertado quando do Tipo 85.

Um oficial chinês com um fuzil Tipo 89.

O principal problema do Tipo 79 e do Tipo 85 era a falta de munição adequada para eles. A Rússia forneceu munição especial 7,62x54R juntamente com o SVD, com os cartuchos 7N1 e posterior 7N14. A China não desenvolveu uma tal versão e simplesmente forneceu munição de metralhadora com o Tipo 79 e o Tipo 85. Isso resultou em uma precisão inferior.

Por que a China não produziu uma munição de atirador de elite é incerto, mas talvez o uso limitado de 7,62x54R nas forças armadas chinesas, combinado com a movimentação do PLA em direção a um novo cartucho intermediário nos anos 80, tornasse o desenvolvimento de uma munição de atirador de elite adicional um fardo desnecessário.

A falta de integração de fuzis de atirador comum e de precisão também atrasou a necessidade de uma munição desse tipo. Os fuzis Tipo 79 e Tipo 85 não eram fornecidos amplamente entre as tropas regulares, apenas encontrando uso com tropas de operações especiais, unidades policiais e guardas de fronteira.

QBU-88 em configuração sniper.

Enquanto a Rússia continua a usar o SVD como o seu principal fuzil "sniper", a China desenvolveu uma substituição no QBU-88 na década de 1990, com o fuzil completando testes em 1996 e primeiro entrando em serviço com a guarnição de Hong Kong do PLA em 1997.

A verdadeira raiz do projeto estava no desenvolvimento do cartucho de 5,8 milímetros para metralhadoras. Foi desenvolvida uma munição de 5,8 milímetros que apresentava um desempenho melhor ou igual às munições de 7,62x54R existentes no inventário chinês; portanto, um fuzil especializado foi desenvolvido nesse calibre para fins de sniping.

Fuzil QBU-88/Tipo 88.

O QBU-88 ou Tipo 88 é um projeto relativamente moderno, utilizando o desenho bullpup para obter comprimento adicional do cano. Fontes chinesas afirmam que a penetração e a precisão são superiores ao Tipo 85. Técnicas modernas foram usadas para fabricar o Tipo 88, incluindo fresagem CNC e uso extensivo de polímero. Um novo processo de fosfatação foi usado para aplicar o acabamento preto ao metal.

O projeto em si tem alguns aspectos questionáveis.


O bipé é conectado diretamente ao cano, o que causa um deslocamento do ponto de impacto quando o bipé é usado. O registro de segurança também está em um local difícil de alcançar atrás do depósito do carregador, exigindo que o atirador mova sua mão de apoio sob o mesmo para ativar e desativar o registro de segurança - com um giro de 180 graus.

A maioria dos fuzis de precisão e de atirador comum ocidentais usam um gatilho de segurança de polegar ou de segurança de gatilho de alguma variedade, permitindo uma atuação mais rápida sem mover a mão da posição de tiro. Em uma atualização do aumento fixo de 4x do SVD, o QBU-88 utiliza uma luneta de aumento variável de 3-9x com um compensador de queda da bala integrado no retículo.


Embora o Tipo 88 e o Tipo 85 sejam os fuzis mais comuns em uso, também existem vários outros fuzis para tiro de precisão e propósitos especiais. Para fins anti-materiais, existem o AMR-2 e o QBU-10, sendo o AMR-2 um fuzil alimentado por um carregador de ação de ferrolho, e o QBU-10 sendo semi-automático. Também dignas de nota são as séries de fuzis CS/LR, os verdadeiros equivalentes chineses aos fuzis de precisão ocidentais, como o Remington 700 e o Steyr SSG69.

CS/LR4.

O CS/LR4 é o concorrente direto, sendo calibrado no mesmo cartucho de 7,62×51 milímetros OTAN. Ele foi desenvolvido a partir de modelos anteriores e parece ter muita influência dos fuzis ocidentais, desde a ação Mauser de trancamento frontal até à coronha com furo para o polegar. Eles não estão no mesmo padrão ou precisão dos fuzis ocidentais, com uma precisão declarada de 2,9 centímetros a 100 metros. Ele também possui um trilho Picatinny à frente da luneta, para que os usuários possam montar um dispositivo de visão noturna na frente da mira óptica.

O CS/LR3 é a mesma arma, calibrada no cartucho padrão de 5,8 milímetros usado pelas forças armadas. No entanto, os fuzis CS/LR têm sido mais utilizados em unidades policiais especiais, as quais precisam de maior precisão.

Charlie Gao estudou ciência política e da computação no Grinnell College e é um comentarista frequente em questões de defesa e segurança nacional.

Bibliografia recomendada:

Out of Nowhere:
A History of the Military Sniper,
Martin Pegler.

Leitura recomendada:




FOTO: Sniper do FORAD no CENZUB23 de janeiro de 2020.



Tiro em Cobertura Rodesiano15 de abril de 2020.


Leclerc operacional com mais blindagem no Exército dos Emirados Árabes Unidos

Leclerc com o kit AZUR operado pelas forças armadas dos Emirados Árabes Unidos.

Do blog Below de Turret, 16 de dezembro de 2017.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 11 de junho de 2020.

Os Emirados Árabes Unidos estão operando uma variante do tanque de batalha principal (main battle tankMBT) Leclerc equipado com blindagem de apliques. Essa blindagem é entendida como uma blindagem reativa explosiva (explosive reactive armorERA) fabricada pela Dynamit Nobel Defense (DND) da Alemanha. Em 2016, a empresa foi contratada pelas forças armadas dos Emirados Árabes Unidos (EAU) para fornecer kits de blindagem reativa para mais de 200 MBT Leclerc. Segundo o relatório oficial sobre a exportação de armas da Alemanha, o contrato tem um valor total de 125,84 milhões de euros, sugerindo que cada kit ERA custa cerca de 500.000 euros.

Extrato do relatório de exportação de armas.

As imagens mostrando um MBT Leclerc com mais blindagem foram divulgadas pela Agência de Notícias emirática em 9 de dezembro de 2017. De acordo com a notícia correspondente, o vídeo mostra forças dos Emirados Árabes Unidos juntamente com aliados que avançam na costa oeste do Iêmen, onde veículos são usados para combater rebeldes houthis.

A Dynamit Nobel Defense costumava comercializar sua blindagem reativa explosiva sob o acrônimo CLARA, que significa "blindagem reativa leve e adaptável composta" (composite lightweight adaptable reactive armour, CLARA), mas nos últimos anos o nome HL-Schutz Rad/Kette ("proteção contra carga oca para veículos de sobre rodas e lagartas" abreviado em alemão) foi utilizado pelo menos no mercado interno. A principal diferença entre outras soluções ERA e a CLARA/HL-Schutz Rad/Kette da DND está na construção. Enquanto a blindagem reativa convencional utiliza metal (geralmente aço) para as chapas, que é bastante pesada e põe em perigo a infantaria próxima, a blindagem da DND não tem metais. Testes mostraram que fragmentos das placas do ERA podem atingir vários metros de distância do ponto de impacto, formando projéteis perigosos para soldados e civis desembarcados nas proximidades do veículo.


Para lidar com esse problema, a solução ERA da DND é totalmente livre de metal (exceto os parafusos para segurar os ladrilhos). De acordo com as descrições das patentes, a armadura pode fazer uso de fibras de vidro, fibra de carbono, fibra de aramida, fibra de cerâmica e/ou fibra de PBO (fenileno-benzobisoxazol). As fibras também podem ser combinadas entre si ou com partículas feitas dos materiais mencionados anteriormente. Uma placa secundária feita de um tecido balístico (tal como o kevlar) também pode ser incorporada à blindagem. Foi sugerido envolver os explosivos em papel alumínio para facilitar o manuseio.

Para um desempenho ideal, o ERA pode consistir em várias placas espaçadas; o espaço vazio pode ser preenchido com borracha, cerâmica ou plástico para maximizar a proteção.

Leclerc equipado com ERA da Dynamit Nobel Defense.

Alega-se que CLARA/HL-Schutz Rad/Kette fornece mais de dez vezes mais proteção do que a "blindagem convencional" contra ogivas de carga oca, como as encontradas em granadas de propulsão a foguete (rocket-propelled grenades, RPGs) e mísseis guiados anti-tanque (anti-tank guided missilesATGMs). Não é mencionado se isso significa uma blindagem simples de aço ou algum tipo de blindagem composta passiva. Ao incluir uma placa anti-KE, o ERA da DND também pode fornecer proteção suficiente contra penetradores de energia cinética (kinetic energy penetratorsKEPs) para interromper a munição de médio calibre e penetradores formados explosivamente (explosively formed penetratorsEFPs).

A CLARA foi testada no veículo de combate de infantaria (infantry fighting vehicle, IFV) Marder e no veículo blindado de transporte de pessoal (armored personnel carrierAPC) Boxer, enquanto foi proposta como atualização de blindagem para o carro de reconhecimento Fennek. O HL-Schutz Rad/Kette foi adotado no IFV Puma, onde é usado para proteger a seção superior dos flancos do chassis; as seções inferiores são equipadas com módulos de blindagem composta.


No caso do Leclerc Tropicalisé dos Emirados Árabes Unidos, o kit de blindagem utiliza módulos ERA muito grandes. No lado direito do veículo há 17 módulos que cobrem o lado do chassis e o lado da torre, mas deixando o compartimento do motor exposto. Presumivelmente, a mesma quantidade de módulos de blindagem é usada para proteger o lado esquerdo do tanque. A parte traseira da torre é protegida por seis ladrilhos menores.

O tamanho grande dos módulos ERA sugere que, dentro de cada módulo, várias placas ERA menores estejam localizadas; caso contrário, seria um projeto bastante ruim, uma vez que o ERA tem uma capacidade baixa de vários acertos e, portanto, um único acerto deixaria uma lacuna desnecessariamente grande na matriz de blindagem. No momento, não se sabe se o ERA também cobre a frente do Leclerc.


O Leclerc Tropicalisé básico operado pelo Exército dos Emirados Árabes Unidos já possui proteção aprimorada da blindagem sobre o modelo francês, pelo menos em termos de blindagem lateral: enquanto os MBT franceses têm apenas três elementos pesados de saia balística feitos de blindagem composta em cada lado do chassis, a variante tropicalizada do tanque apresenta um total de oito esquetes de blindagem compostos por lado - uma configuração também oferecida à Grécia no início dos anos 2000. Os EAU também compraram o pacote de combate urbano AZUR (Action en Zone Urbaine, Ação em Zona Urbana), que é comparável ao kit americano TUSK (Tank Urban Survival Kit, Kit de Sobrevivência Urbana de Tanques) para o M1 Abrams e o pacote PSO (Peace Support Operation, Operação de Apoio à Paz) para o Leopard 2. A atualização do AZUR foi encomendada pelos EAU para 15 MBT em 2011. Uma versão do kit AZUR faz parte do Leclerc Rénové atualizado como parte do programa SCORPION francês.

Em alguns dos tanques equipados com AZUR operados pelos Emirados Árabes Unidos, uma seção adicional de blindagem foi adicionada para proteger o chassis frontal inferior. Supostamente, o desempenho de combate do Leclerc (e do Exército dos EAU em geral) tem sido bastante bom, mas há alguns meses foi relatado que um único tanque foi penetrado por um RPG-29 na placa frontal inferior.

Bibliografia recomendada:



Leitura recomendada: