quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

A batalha pela prisão de al-Hassaká se encerrou depois de seis dias


Por Filipe do A. Monteiro, 26 de janeiro de 2022.

A batalha em al-Hassaká encerrou-se no seu sexto dia com a recaptura da prisão pelas forças das SDF.

Na quinta-feira, 20 de janeiro, mais de cem membros do Estado Islâmico (EI) tomaram de assalto com caminhões-bomba e armas pesadas a prisão de Ghwayran em al-Hassaká, uma das maiores prisões contendo jihadistas na Síria. Confrontos violentos se seguiram por vários dias ao redor e dentro desta prisão no nordeste da Síria. A luta feroz entre as forças curdas das SDF e combatentes árabes do EI vem acontecendo há vários dias dentro e ao redor da prisão após o ataque; o maior reivindicado pelo EI desde sua derrota há quase três anos na Síria.

Liderando a luta contra o Estado Islâmico, as Forças Democráticas Sírias (SDF), em sua maioria curdos, e a coalizão liderada pelos EUA "começaram a invadir partes da prisão, que permanece sob controle do Estado Islâmico" depois de libertar vários combatentes curdos e funcionários detidos pelo Estado Islâmico, de acordo com o OSDH.

O ataque aberto às instalações administradas pelos curdos envolveu um duplo atentado à bomba suicida e viu os jihadistas libertarem outros membros do EI, apreenderem armas e assumirem o controle de uma série de pavilhões da prisão.

Objetos capturados de um militante do EI durante a batalha, incluindo uma bandeira do Estado Islâmico.

Civis reclamam que não há comida e não há água


De acordo com um novo relatório estabelecido segunda-feira pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), 181 pessoas foram mortas em cinco dias de combates – 124 jihadistas, 50 combatentes curdos e 7 civis. Quase 45.000 pessoas fugiram de suas casas após o assalto à prisão e os intensos combates que se seguiram, segundo a ONU.

Human Rights Watch, com sede nos Estados Unidos da América (EUA), estimou que as forças curdas sírias detêm cerca de 12.000 homens e meninos afiliados ao Estado Islâmico; incluindo até 4.000 estrangeiros de quase 50 países.

Nas redes sociais, as SDF narraram as operações:
Sniper curdo em posição.

Fuzileiro-metralhador curdo observa destroços dos muros da prisão.

Combates de rua prosseguem nos quarteirões da prisão.

As Forças Democráticas Sírias (Quwwāt Sūriyā al-Dīmuqrāṭīya; em árabe: قوات سوريا الديمقراطية, em curdo: Hêzên Sûriya Demokratîk, em siríaco: Haylawotho d'Suriya Demoqratoyto), são uma aliança de milícias de sírios curdos, árabes, assírios, armênios, turcos e circassianos que lutam na Guerra Civil SíriaEmbora a ofensiva seja amplamente liderada pelas SDF (nesse caso, em sua maioria curdos), militares americanos foram desdobrados para direcionarem apoio de fogo durante a batalha.

As SDF publicaram hoje o progresso das operações na prisão no Twitter pelo perfil Coordination & Military Ops Center - SDF (Centro de Coordenação e Operações Militares - SDF). Um vídeo mostra combatentes curdos do YPJ progredindo dentro de um pavilhão da prisão.

"Durante a noite, as FDS deram ao Daesh a oportunidade de se render. Às 5 da manhã, seguindo o prazo, nossas forças tomaram de assalto um prédio. 300 indivíduos se renderam.

A operação ocorreu conforme o planejado. Executando o plano com exatidão e precisão.[1]

As forças das SDF continuam a varrer a prisão e a área circundante. Localizar aqueles que atacaram e continuaram a tentar apoiar a operação do Daesh dentro da prisão de al-Hassaká.

Durante a batalha, 8 Daesh foram mortos enquanto um membro do SDF perdeu a vida.[2]

As SDF estão garantindo a segurança da população civil. Salvando aqueles que estão detidos pelo Daesh.[3]

#DefeatDaesh"

Por volta das 10:30h da manhã, horário de Brasília, as SDF anunciaram a recaptura total da prisão. As FDS na manhã desta quarta-feira "realizaram operações de busca dentro de blocos prisionais" e em áreas ao redor da instalação, onde confrontos intermitentes ocorreram durante a noite, disse o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

De acordo com o monitor de guerra, um número desconhecido de jihadistas conseguiu escapar, mas seu número exato não ficou imediatamente claro.

Em um comunicado, Farhad Shami, das Forças Democráticas Sírias (SDF), disse que dias de operações "culminaram com todo o nosso controle" sobre a prisão em al-Hassaká depois que todos os combatentes do grupo EI se renderam.

Bibliografia recomendada:

O Mundo Muçulmano.
Peter Demant.

Estado Islâmico:
Desvendando o exército do terror.
Michael Weiss e Hassan Hassan.

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

FOTO: Merkava em treinamento urbano.


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 25 de janeiro de 2022.

Um Merkava israelense realizando treinamento operando seus tanques por entre contêiners simulando edifícios para imitar o combate urbano, onde as linhas de visão, a liberação do cano e o movimento do veículo podem ser fortemente restritos.

A Força de Defesa de Israel (FDI) tem vasta experiência em terrenos densamente urbanizados, e o Merkava é o único tanque principal de batalha (main battle tank, MBT) projetado especificamente para este ambiente; incluindo a capacidade de transportar quatro fuzileiros.


Lições do fracasso da promoção da democracia na Venezuela

Por Elliott Abrams, Council on Foreign Relations, 5 de novembro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 25 de janeiro de 2022.

Por que o esforço dos EUA para promover a democracia na Venezuela falhou? As lições aprendidas devem informar os esforços de promoção da democracia em todo o mundo.

De janeiro de 2019 até o fim do governo Trump, os Estados Unidos impuseram sanções generalizadas à economia venezuelana e conduziram uma vasta campanha diplomática contra o regime de Maduro. Muitos elementos dessa política foram mantidos pelo governo Biden. No entanto, a política não conseguiu desalojar Maduro ou melhorar a situação dos direitos humanos na Venezuela, muito menos devolver o país à democracia.

T-72V do Exército Bolivariano desfilando com uma bandeira de Hugo Chávez.

Por que falhou? As respostas podem esclarecer não apenas a Venezuela, mas também as condições e políticas em outros lugares. Aqui estão dez respostas breves que ajudam a explicar o fracasso da política e que os formuladores de políticas e os defensores dos direitos humanos devem ter em mente ao abordar outros países e regimes.

1) O apoio externo pode permitir que até mesmo um regime fraco ou impopular sobreviva. Os Estados Unidos alcançaram um sucesso considerável ao reforçar os esforços para acabar com o regime militar na América Latina na década de 1980, mas esses regimes tiveram muito pouco apoio externo. O regime de Maduro recebeu assistência de inteligência de Cuba, Rússia, China e Irã, apoio diplomático de outras autocracias, bem como de algumas democracias do Hemisfério Ocidental, e obteve empréstimos maciços da Rússia e da China. Assim, o regime não se sente isolado e o impacto tanto das críticas internacionais quanto das sanções econômicas é enfraquecido.

2) As amplas sanções econômicas que não afetam diretamente as elites dominantes não mudarão sua conduta. Os Estados Unidos impuseram amplas sanções às exportações venezuelanas, mas os governantes venezuelanos ainda podiam circular livremente pela América Latina e Europa – e também movimentar seu dinheiro livremente. Em muitos casos, suas famílias viviam no exterior em esplendor com os ganhos ilícitos. As sanções devem atingir diretamente os oficiais civis e militares que dirigem o regime para ter o máximo impacto.

3) A população em geral deve ver claramente como se beneficiará da mudança política. A oposição venezuelana nunca foi capaz de mostrar aos cidadãos que a remoção do regime levaria a uma maior prosperidade para o país. Pesquisas mostraram que os eleitores culparam o regime muito mais do que as sanções dos EUA pelo colapso econômico do país, mas isso não significa que eles acreditavam que a oposição poderia trazer dias melhores. Aqui os Estados Unidos e outras democracias apoiantes falharam. Os Departamentos de Estado e do Tesouro dos EUA tinham planos econômicos detalhados que dariam dinheiro a todas as famílias venezuelanas e impulsionariam a economia. Os planos nunca foram divulgados – uma oportunidade perdida de reforçar a culpa do regime pela extrema pobreza do país.

4) Os líderes do regime devem encontrar uma saída pela qual possam sobreviver, ou rejeitarão a mudança. Os líderes do regime devem sentir dor agora, por meio de sanções econômicas e proibições de viagens, mas devem encontrar alguma maneira de sobreviver após a mudança de regime. Se eles sentirem que a mudança significa longas penas de prisão e penúria, eles lutarão até a morte para resistir. Na Venezuela, nem os Estados Unidos nem a oposição falaram de maneira suficientemente convincente sobre anistias ou formas de justiça transicional que permitiriam aos funcionários do regime vislumbrar um futuro para si mesmos na Venezuela pós-Maduro.

5) Os líderes militares devem ver um futuro tanto para si mesmos quanto para sua instituição. Apesar de alguns esforços tanto dos Estados Unidos quanto da oposição venezuelana, os militares nunca foram persuadidos de que em um período pós-Maduro teriam um papel importante, protegido e honrado. Por terem as armas, os líderes militares podem prolongar ou encurtar o período de um regime no poder e podem pressionar por linhas duras ou compromissos em qualquer negociação. Na Venezuela, como em muitos outros casos, a nação precisa de militares capazes quando retornar à democracia, e os planos para manter o papel nacional da instituição devem ser muito claros.

Soldados venezuelanos com fuzis russos AK-103.

6) As nações democráticas devem estar unidas em sua abordagem, ou o regime usará as divisões para enfraquecer a oposição. Embora tenha havido uma cooperação considerável entre as democracias que apoiam a oposição venezuelana, em momentos-chave a falta de coesão ajudou o regime. O Alto Representante da UE trabalhou, por vezes, com objetivos opostos aos Estados Unidos, seguindo um caminho diferente e trabalhando com líderes da oposição que não faziam parte do principal grupo da oposição. Todas essas diferenças são uma benção para o regime, permitindo que ele divida ainda mais a oposição e crie confusão.

7) Os Estados Unidos e outras democracias foram incapazes de protegerem os líderes democráticos na Venezuela. Os líderes da oposição enfrentaram espancamentos, exílio e prisão. As nações que apoiam o retorno à democracia não fizeram o suficiente para protegê-los e suas famílias. Em alguns casos, as famílias dos presos políticos precisavam de apoio financeiro enquanto eles estavam presos, e os presos precisavam de uma pressão internacional muito mais concentrada para garantir sua libertação. Em outros casos, ativistas da oposição precisavam de vistos para escapar da prisão e da Venezuela. Esses homens e mulheres estavam na linha de frente, e nenhum movimento democrático pode ter sucesso se eles não conseguirem manter a luta. Muito mais deve ser feito, em dezenas de países autoritários, para ajudá-los.

8) Os Estados Unidos e outras democracias devem apoiar as negociações com o regime se a oposição democrática as desejar. Na Venezuela, em 2019, diferenças internas no governo Trump significaram que ficamos de lado (e criticamos intermitentemente) as negociações lideradas pela Noruega. Isso enfraqueceu a oportunidade da oposição de usar as negociações para seus próprios objetivos, incluindo acordos parciais que poderiam ter libertado presos políticos ou permitido o retorno de alguns exilados. Quando suspender as sanções econômicas dos EUA é um objetivo do regime, uma falha americana em participar ou de alguma forma apoiar as negociações prejudica a oposição – porque reduz o incentivo do regime para negociar compromissos reais.

9) O apoio sério à oposição deve incluir apoio financeiro, mas a oposição fica enfraquecida em caso de se tornar uma burocracia e for menos dependente de obter apoio público. Em um caso como o da Venezuela, o regime domina a economia e a esfera pública, e privar os partidos da oposição, ONGs e grupos da sociedade civil de dinheiro é um objetivo fundamental do regime. Os Estados Unidos e outras democracias devem ajudá-los a sobreviver, por meio de programas de apoio à democracia que muitos países agora mantêm. Mas há o perigo de que se tornem dependentes de apoio externo em vez de construir um maior apoio interno, e o perigo de que as organizações de oposição se burocratizem quando deveriam ser forças políticas ágeis dedicadas a conquistar o apoio do público. Os defensores externos da democracia devem trabalhar duro para manter um equilíbrio adequado.

10) Ameaças de ação militar podem desestabilizar os partidários do regime, mas também podem enfraquecer a oposição. Os Estados Unidos disseram repetidamente que “todas as opções estão na mesa” com relação à ação militar contra o regime de Maduro, e em princípio estavam. A repetição da ameaça pretendia desestabilizar os partidários do regime e fazê-los pensar duas vezes se o regime sobreviveria. As referências às intervenções dos EUA no Panamá e em Granada pretendiam mostrar que a democracia prevaleceria e o regime seria, no final, derrubado de uma forma ou de outra. Mas tais declarações também podem dar falsas esperanças aos cidadãos de que eles não precisam lutar contra o regime porque um final deus ex machina resolverá os problemas do país. Se não houver intenção de usar a força militar, as ameaças nunca devem ser feitas.

Mesmo que os Estados Unidos tivessem se saído melhor em todos esses aspectos, o regime de Maduro poderia ter se agarrado ao poder com sucesso. Em sua essência, o regime não é uma ditadura militar, mas um empreendimento criminoso, cujas elites estão intimamente ligadas ao tráfico de drogas e outras atividades ilícitas. Esses líderes do regime temem que qualquer mudança política signifique que eles terão que pagar por seus crimes e resistirão. Mas as chances de sucesso na restauração da democracia certamente serão maiores em qualquer lugar se essas lições forem mantidas em mente.

Esta publicação faz parte do Projeto Diamonstein-Spielvogel sobre o futuro da democracia.

domingo, 23 de janeiro de 2022

FOTO: Separatista Checheno na Ucrânia

Sniper checheno com o fuzil SVD Dragunov, 2014.
(Maxim Shemetov / Reuters)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 23 de janeiro de 2022.

Um separatista pró-Rússia do "Batalhão da Morte" checheno participa de um exercício de treinamento no território controlado pela autoproclamada República Popular de Donetsk, no leste da Ucrânia. A foto foi tirada em 8 de dezembro de 2014.

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sábado, 22 de janeiro de 2022

 


FOTO: Bashar al-Assad cumprimenta soldados sírios

O presidente sírio, Bashar al-Assad, estende a mão para cumprimentar de um soldado do Exército Árabe Sírio em Ghouta Oriental, Síria, em 18 de março de 2018.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 22 de janeiro de 2022.

Bashar al-Assad, líder da República Árabe Síria governada pelo Partido Socialista Árabe Baath, permanece popular. Em 27 de maio de 2021, Assad venceu uma eleição nas áreas controladas pelo governo de Damasco com com 95,1% dos votos; lhe garantindo um quarto mandato.

O Presidente do Parlamento sírio, Hammoud Sabbagha, anunciou que participaram da votação 14,2 milhões de pessoas, das 18,1 milhões teoricamente convocadas para votar, ou seja, uma taxa de participação de 76,64%. Em Damasco, milhares de apoiadores de Bashar Al-Assad se reuniram na Praça Umayyad, agitando bandeiras sírias e retratos do presidente, entoando slogans à sua glória e dançando.


Na cidade portuária de Tartus (oeste), em meio a bandeiras e retratos, alguns dançavam batendo em tambores, segundo imagens veiculadas pela televisão síria. Milhares de pessoas também se reuniram na cidade costeira de Latakia e na Praça Umayyad em Damasco. Em Soueida, cidade no sul do país, uma multidão também se aglomerou em frente ao prédio da governadoria, enquanto em Aleppo foi armada uma plataforma.

A Rússia, principal aliada de Assad, descreveu a reeleição como uma "vitória convincente" e "um passo importante para fortalecer a estabilidade" do país.

Canção "Vamos elegê-lo, Bashar!"


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sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Paraquedistas do 17º Regimento de Engenheiros de Montauban testam o novo exoesqueleto francês

Exercício de travessia para os testadores do 17e RGP, em Montauban.
(Foto 
DDM - Pierre Challier)

Do La Dépêche, 13 de julho de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 21 de janeiro de 2022.

Uma ossatura de titânio e carbono articulada do pescoço aos pés, com hastes, rótulas e até vértebras... "Voilà, isso pesa 9kg mas deve economizar 25% do cansaço físico", sorri o Cabo-chefe Gaëtan ao colocar em seu exoesqueleto sobre sua treliça. Silhueta atlética agora enfeitada neste auxiliar que talvez, amanhã, seja a imagem do soldado do século XXI: "O objetivo é aumentar o desempenho em campo, principalmente no transporte de cargas pesadas em longas distâncias", resume o Major Francis que lidera a equipe de avaliação deste protótipo no 17º Regimento de Engenharia Paraquedista (17e Régiment du génie parachutiste, 17e RGP) de Montauban.

Os testadores do 17º RGP, em Montauban.
(DDM - Pierre Challier)

Gaëtan para os comandos, Alex para os sapadores e Melvyn para os mergulhadores, são três cabos-chefes atacando a primeira semana de testes a fim de testar o equipamento, cada um em sua especialidade. "Já vamos começar por ver se conseguimos ultrapassar os obstáculos enquanto estivermos equipados", especifica Melvyn dirigindo-se à rota da place d'armes.

Num chocalho inusitado, todos correm para o obstáculo, a "prancha irlandesa", a "girafa", a "parede de assalto" ou a trave e "passou!", apesar de uma flexibilidade e fricção aleatórias. "Mas fica quente rapidamente", aponta Alex. O que também traz à tona o assunto...

Porque o Afeganistão, Barkhane e o Sahel nos lembraram: hoje, um soldado em operação às vezes carrega mais de 50kg a 40°C na sombra, em terrenos extremamente hostis. Água, rações, armas, munições, proteções, capacete com óculos de visão noturna, meios de comunicação e computadores... equipado com o sistema FÉLIN – Fantassin à Équipement et Liaisons Intégrés / Infante com Equipamentos e Conexões Integrados – o combatente agora deve pensar também em suas baterias pesadas, para garantir energia elétrica… a fortiori se, amanhã, adicionarmos a ele um capacete RAFT, para "Realidade aumentada para o infante" que o tornará um soldado ainda mais conectado e coberto de sensores.

Os testadores do 17º RGP, em Montauban.
(DDM - Pierre Challier)

Os testadores do 17º RGP, em Montauban.
(DDM - Pierre Challier)

Neste contexto, "o exoesqueleto permite, portanto, transportar mais coisas, mais longe, sem fadiga e, em última análise, ter um soldado muito mais apto para o combate porque está menos cansado", concordam os estados-maiores, no papel, sem proibir, no entanto, o regresso… à mula, confia à parte um general de quatro estrelas. Chamado UPRISE, a Agência de Inovação de Defesa (AID) adquiriu este exoesqueleto dos canadenses de Mawashi.

"Na Guiana, na luta contra garimpeiros clandestinos, carrego 45kg com desnível de elevação em calor intenso. A primeira expectativa com esse novo tipo de equipamento será que não nos incomode e que possamos continuar praticando nossos gestos profissionais em operação", lembra Melvyn. "A roupa de proteção do sapador pesa 40kg, o capacete 15kg. Portanto, também veremos se é compatível", acrescenta Alex, Gaëtan se encarrega das missões de treinamento comando e todos realizam uma marcha de 15km no programa, com armas e uma mochila de 20kg mas também combate corpo-a-corpo no âmbito desta "campanha exploratória de simulação operacional" que partilham com o 1er RCP de Pamiers, sobre este exoesqueleto "passivo".

Os testadores do 17º RGP, em Montauban.
(DDM - Pierre Challier)

Os testadores do 17º RGP, em Montauban.
(DDM - Pierre Challier)

"Passiva"? Entenda que ele não funciona com motor e energia, mas “transferindo a carga para o solo” através de suas hastes e juntas esféricas, explica o Major Francis. Equipamento que, visualmente, é mais próteses ortopédicas do que futurismo biônico... Mas não impede o disparo em todas as posições, como os três testadores também experimentaram. "Às vezes é desconfortável, mas não interfere", concordam. Quanto a saltar de pára-quedas com ele? Será outra história.

Encontrar o equilíbrio

Entretanto, "além do ganho de resistência com redução da fadiga, o que buscamos é o valor tático que o exoesqueleto pode trazer para uma unidade aerotransportada, aumentando também o desempenho das capacidades do paraquedista em combate, tipicamente com infiltrações de nossos comandos no território inimigo a distâncias muito maiores", resume um oficial. O exoesqueleto, essencial para o soldado do futuro? Pelo menos um dos elementos que vai participar no conceito de "soldado aprimorado", na França, desde que saiba "encontrar o justo equilíbrio entre alta tecnologia e rusticidade", previne-se do lado da brigada paraquedista - 11e BP.

O conceito de soldado aprimorado não é novo. Consiste em usar várias substâncias e tecnologias para aumentar as habilidades físicas e cognitivas do combatente. Na França, a ministra dos Exércitos Florence Parly estabeleceu o marco da pesquisa, em dezembro passado, fechando oficialmente as portas para implantes neurológicos que já estão sendo testados em países menos observantes.

As armas do Ocidente não farão diferença para a Ucrânia


Por Samuel Charap, cientista político sênior da Rand Corporation, e Scott Boston, analista sênior de defesa da Rand Corporation, 21 de janeiro de 2022.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 21 de janeiro de 2022.

Com as forças russas concentradas nas fronteiras da Ucrânia, a discussão política em Washington tem se concentrado cada vez mais no que os Estados Unidos podem fazer para ajudar seus parceiros ucranianos a defender seu país. Apenas nesta semana, o governo Biden aprovou as entregas de mísseis antiaéreos Stinger lançados pelo ombro, fabricados nos EUA, para Kiev, além de aumentar o fornecimento de outros equipamentos militares. Aliados, incluindo o Reino Unido, também estão fornecendo sua própria assistência.

Militares ucranianos que participam do conflito armado com separatistas apoiados pela Rússia na região de Donetsk do país participam da cerimônia de entrega de armas e equipamentos militares pesados em Kiev, em 15 de novembro de 2018.
(SERGEI SUPINSKY/AFP VIA GETTY IMAGES)

A justificação para o auxílio tem variado. Alguns argumentaram que a assistência militar dos EUA à Ucrânia pode mudar o cálculo da Rússia agora, possivelmente impedindo Moscou de lançar um ataque. Outros afirmam que a ajuda aos militares ucranianos pode ter um impacto real em uma possível luta com os russos, tornando significativamente mais desafiador para o Kremlin alcançar a vitória e descartando certas opções militares que a Rússia possa estar considerando. E também há vozes que clamam por capacidades adicionais meramente para aumentar os custos para Moscou – isto é, para matar mais soldados russos – de modo a criar problemas políticos para o presidente Vladimir Putin em casa, embora sem muita expectativa de que a Ucrânia prevaleça.

Nenhum desses argumentos é convincente. Isso não significa que a cooperação de segurança com Kiev deve cessar. Isso significa que a assistência militar não é uma alavanca eficaz para resolver esta crise.


Desde 2014, os Estados Unidos forneceram mais de US$ 2,5 bilhões em ajuda militar à Ucrânia, após a anexação russa da Crimeia e a invasão do Donbass. A assistência dos EUA à Ucrânia incluiu o fornecimento de treinadores, sistemas defensivos selecionados (como radares de contra-morteiro) e, mais recentemente, mísseis antitanque Javelin. Esta assistência visa principalmente melhorar a eficácia ucraniana no conflito relativamente estático contra as forças separatistas apoiadas pela Rússia no Donbass, que estão principalmente armadas com armas portáteis e leves, juntamente com alguma artilharia e blindagem da era soviética.

Crucialmente, no entanto, a Ucrânia não tem lutado principalmente contra as forças armadas da Rússia no Donbass. Sim, a Rússia armou, treinou e liderou as forças separatistas. Mas mesmo pelas próprias estimativas de Kiev, a grande maioria das forças rebeldes consiste de moradores locais – não soldados do exército russo regular. De fato, as forças armadas russas se envolveram diretamente nos combates apenas duas vezes – em agosto-setembro de 2014 e janeiro-fevereiro de 2015 – e com capacidades limitadas, embora ambos os episódios tenham terminado em esmagadoras derrotas ucranianas.

Moscou procurou manter algum véu de negação sobre seu envolvimento no conflito, o que significava que os militares russos nunca usaram mais do que uma pequena fração de suas capacidades contra os ucranianos. Aplicou apenas força suficiente para fazer o trabalho, evitando intervenções prolongadas e evidentes. Uma grande variedade de capacidades russas exclusivas – incluindo sua força aérea e mísseis balísticos e de cruzeiro – não esteve envolvida nos combates, mesmo que tenham sido repetidamente demonstradas em operações de combate na Síria.


A natureza do acúmulo russo relatado sugere que a guerra expandida, se acontecer, será fundamentalmente diferente dos últimos sete anos de impasse latente. A Rússia tem a capacidade de realizar uma operação ofensiva conjunta em larga escala envolvendo dezenas de milhares de pessoas, milhares de veículos blindados e centenas de aeronaves de combate. Provavelmente começaria com ataques aéreos e de mísseis devastadores de forças terrestres, aéreas e navais, atingindo profundamente a Ucrânia para atacar quartéis-generais, aeródromos e pontos de logística. As forças ucranianas começariam o conflito quase cercadas desde o início, com forças russas dispostas ao longo da fronteira leste, forças navais e anfíbias ameaçando do Mar Negro no sul, e o potencial (cada vez mais real) de forças russas adicionais se desdobrando na Bielorrússia e ameaçando pelo norte, onde a fronteira fica a menos de 65 milhas (104,6km) da própria Kiev.

Em suma, esta guerra não se parecerá em nada com o status quo ante do conflito na Ucrânia, e isso mina a primeira justificativa para a ajuda dos EUA: dissuadir a Rússia. As forças armadas ucranianas foram moldadas para combater o conflito no Donbass e, portanto, representam pouca ameaça de dissuasão para a Rússia; o fornecimento de armas americanas não pode fazer nada para mudar isso. Se Moscou está disposta a lançar uma grande guerra, invadindo o segundo maior país da Europa com uma população de mais de 40 milhões, enquanto absorve uma tremenda punição econômica do Ocidente, então é improvável que seja dissuadida por qualquer assistência militar americana que possa ser entregue nas próximas semanas. Os únicos sistemas de armas que poderiam impor custos plausivelmente que poderiam mudar o cálculo da Rússia, como mísseis terra-ar e aeronaves de combate, são aqueles que os Estados Unidos dificilmente forneceriam aos ucranianos. E, independentemente disso, eles não poderiam ser adquiridos, entregues e colocados em operação – para não falar de treinar os operadores ucranianos para usá-los – a tempo de ter um impacto nessa crise. Sistemas grandes e modernos exigem treinamento extensivo e apoio material.



Assim que a dissuasão falhar e uma guerra começar, as forças armadas ucranianas se encontrarão em circunstâncias desesperadoras quase que imediatamente. A Ucrânia não tem forças suficientes para se defender com credibilidade contra todas as possíveis vias de ataque, o que significa que teria que escolher entre defender um conjunto selecionado de pontos fortes fixos – cedendo o controle de outras áreas – ou manobrar para engajar forças russas que os superam em número. A linha de conflito no Donbass será apenas uma das muitas frentes. As fortificações ucranianas ali podem muito bem parecer uma Linha Maginot moderna: preparada para um ataque frontal que pode nunca acontecer e contornada pelas forças móveis de um adversário com aeronaves mais avançadas e forças terrestres mais móveis.

O grande tamanho da Ucrânia significa que as forças terrestres que operam lá serão obrigadas a se deslocarem para cobrir grandes áreas de terreno rural. Os engajamentos móveis beneficiariam as forças russas, que são muito mais bem treinadas e equipadas para conduzir guerras de manobras aéreas e terrestres coordenadas do que seus oponentes ucranianos. Os militares russos praticaram repetidamente o uso de ataques de longo alcance e tiros táticos acionados por drones, bem como outros meios de reconhecimento, tanto em treinamento quanto em operações de combate na Síria. As aeronaves de combate e as defesas aéreas estratégicas da Rússia dão a Moscou muito mais opções para controlar o ar e atacar as forças ucranianas, e a maioria dos pilotos russos tem experiência real recente na Síria. Os militares ucranianos também operam em grande parte armas soviéticas herdadas; as forças russas têm uma profunda familiaridade com as limitações desses sistemas e sabem quais táticas empregar para reduzir ainda mais sua eficácia.


Em suma, o equilíbrio militar entre a Rússia e a Ucrânia está tão desequilibrado a favor de Moscou que qualquer assistência que Washington possa fornecer nas próximas semanas seria amplamente irrelevante para determinar o resultado de um conflito, caso ele comece. As vantagens da Rússia em capacidade e geografia se combinam para representar desafios intransponíveis para as forças ucranianas encarregadas de defender seu país. O segundo argumento a favor da ajuda — mudar o curso da guerra — não se sustenta.

O terceiro argumento para a ajuda é fornecer assistência para permitir que uma insurgência ucraniana imponha custos a uma força de ocupação russa. Muitos têm em mente a analogia histórica aqui da ajuda dos EUA aos mujahideen no Afeganistão após a invasão soviética em 1979. De fato, alguns estão até recomendando fornecer os mesmos mísseis antiaéreos Stinger lançados pelo ombro que atormentavam a força aérea soviética na época.

Se a Rússia tentar uma ocupação de longo prazo de áreas com muitos ucranianos hostis, essas formas de apoio podem, nas margens, complicar as coisas para Moscou. Mas o apoio dos EUA a uma insurgência ucraniana deve ser uma questão de último recurso durante um conflito prolongado, não uma peça central da política antes mesmo de começar. A perspectiva de uma ocupação marginalmente mais cara provavelmente não fará diferença para Moscou se chegar a esse estágio; pois já terá absorvido custos muito mais significativos. Os planejadores russos estão cientes de que muita coisa pode dar errado em uma operação de grande escala, especialmente uma ocupação. Se Putin tomar a decisão de ocupar grandes partes da Ucrânia, não será porque acredita que será fácil ou barato para a Rússia.

Devemos também ter em mente que os custos de uma guerra que dura até o ponto de uma campanha de insurgência na Ucrânia serão arcados desproporcionalmente pelos ucranianos. Nesse estágio do conflito, milhares — ou, mais provavelmente, dezenas de milhares — de ucranianos terão morrido. Por quaisquer sucessos que conseguirem contra os ocupantes russos, os insurgentes ucranianos terão de pagar caro; a experiência da oposição síria ou dos insurgentes chechenos não é algo que os americanos devam desejar a um parceiro próximo como a Ucrânia.

Em tempos normais, há muitas boas razões para os Estados Unidos fornecerem apoio militar à Ucrânia. Mas estes não são tempos normais. A assistência militar agora será, na melhor das hipóteses, marginal para afetar o resultado da crise. Pode ser moralmente justificado ajudar um parceiro dos EUA em risco de agressão. Mas, dada a escala da ameaça potencial à Ucrânia e suas forças, a maneira mais eficaz de Washington ajudar é trabalhar para encontrar uma solução diplomática.

The Heckler & Koch XM8: uma retrospectiva


Por David Schillerbrian C. Sheetz, American Rifleman, 16 de janeiro de 2022.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 20 de janeiro de 2022.

O sistema XM8 surgiu do programa XM29 do Exército dos EUA.

Evolução


Eugene Stoner desenvolveu um fuzil operado a gás em 1955 na Armalite. As primeiras versões, conhecidas como AR-15, entraram no Exército e na Força Aérea dos EUA em 1962, bem a tempo da Guerra do Vietnã. Desde o início, o M16 foi afligido com problemas. Ao longo dos anos, o M16 sofreu inúmeras modificações e melhorias, que, no entanto, nunca conseguiram resolver completamente as deficiências básicas do sistema. Atualmente, a variante mais moderna, a carabina M4, é a quarta geração do projeto de Stoner. No entanto, alguns o consideram ainda muito sensível à sujeira e muito atormentado por interferências, o que, entre outras coisas, se deve ao projeto do carregador. Além disso, a carabina M4 é considerada por alguns muito instável para os muitos acessórios que os GIs e as Forças Especiais gostam de encaixar em suas armas.

O projeto original de pesquisa e desenvolvimento para a próxima geração de armas de infantaria dos EUA, chamado de Arma de Combate Individual Objetiva (Objective Individual Combat WeaponOICW), visualizou um novo tipo de arma combinada, que acoplou uma arma de assalto com tiro seletivo (ou seja, operação totalmente automática e semiautomática) com um lança-granadas 20x28mm semiautomático, com mira a laser e por computador. A Heckler & Koch e a Alliant Techsystems, parceiras no projeto multimilionário, terminaram um modelo de pré-produção, o XM29, em 1999, que então passou por testes de tropas. O “XM” designa um modelo experimental. Mesmo os materiais mais modernos não podiam contornar a física: com cerca de 17,6 libras (7,8kg) de peso de combate, a arma de cano duplo era muito pesada e desconfortável. Tecnologicamente, os desenvolvedores encontraram um obstáculo que, na época, o estado da arte da tecnologia de computadores, baterias e materiais e a ciência ainda não haviam superado.

Transformação e Progresso


O Arsenal Picatinny de Nova Jersey, sede do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia de Armamento (Armament Research, Development & Engineering CenterARDEC), serve como centro de todos esses novos desenvolvimentos. O escritório de desenvolvimento e aquisição é monitorado por uma nova hierarquia, chamada “Team Soldier”, criada em junho de 2002 em Fort Belvoir, Virgínia. Esta é apenas uma parte da nova reorganização abrangente e radical na política de defesa com a qual o governo Bush iria transformar as Forças Armadas dos EUA para as demandas do século XXI. No quadro da nova gestão orientada para os resultados e para a prática, o “Gerente de Projetos de Armas dos Soldados” é responsável pela categoria de produto de armas de equipa e individuais.

Como substituto provisório do OICW, foi considerada a possibilidade de separar os dois sistemas novamente. O lança-granadas do XM29, ampliado para 25mm, deveria ser desenvolvido como um sistema autônomo. Da mesma forma, o componente KE (energia cinética) de 5,56x45mm tornou-se a base de um novo fuzil de assalto. No verão de 2002, a H&K preparou algumas propostas para o novo desenvolvimento do M16/M4, bem como ideias para o desenvolvimento do componente KE. Naquela data, as deficiências das armas americanas durante a campanha afegã já haviam sido analisadas. Todos no establishment de Defesa dos EUA também perceberam que um novo vento estava soprando no Pentágono. Exigiam-se resultados rápidos — não estudos longos e demorados, procedimentos de seleção e comissões. Assim, a Alliant Techsystems (ATK) e a H&K competiram abertamente com outros fabricantes de armas portáteis e venceram a competição. Oficialmente, os dois parceiros receberam o contrato de desenvolvimento de US$ 5 milhões em outubro de 2002; no entanto, a decisão já havia sido tomada um mês antes. O prazo para o projeto é curto porque o Exército dos EUA desejava a produção das novas armas para o segundo semestre do ano fiscal de 2005.

Fim das Vacas Sagradas


Naturalmente, o Exército tinha uma longa lista de desejos para o novo sistema de armas: deveria existir em diferentes variações para a esquadra-de-tiro, de uma arma de combate aproximado a uma metralhadora leve e uma arma de mira telescópica. Era desejado um bloco de construção modular que pudesse, dependendo dos requisitos de cada operação de combate e de cada ambiente operacional, ser reconstruído para munição de 5,56x45 mm, 7,62x39 mm ou 5,45x39 mm e também para o novo cartucho de propósito especial de 6,8 mm (Special Purpose Cartridge, SPC).

Por outro lado, os compradores militares estavam surpreendentemente dispostos a abandonar as diretrizes até agora invioláveis. O perfil frontal desajeitado da carabina M4 - com seus trilhos Picatinny angulares, lanterna e sua unidade de infravermelho na extremidade do cano - agora foram relegados ao passado. Mesmo os trilhos Picatinny universais atuais poderiam ser abandonados. Os projetistas da H&K desenvolveram um perfil futurista e aerodinâmico que atendeu a todos os requisitos do gerente de projeto do Exército. O corpo e a coronha retrátil são compostos de materiais sintéticos que podem ser reforçados com fibra de vidro ou carbono e são coloridos em preto ou em tom de lama semelhante a junco.


Peças de poliuretano macias e semelhantes a borracha foram moldadas na extremidade dianteira e também na coronha, onde o atirador tem contato mais próximo com o corpo. Este fuzil foi desenvolvido de dentro para fora, em um período de tempo recorde para protótipos prontos para atirar e testar no verão de 2003.

As funções dos trilhos Picatinny agora são assumidas pelos Pontos de Fixação Picatinny (Picatinny Attachment PointsPCAP) embutidos, que se encaixam em uma forma de parafuso giratório em forma de prisma. Este sistema de conexão com patente pendente centra-se e pode ser localizado nas posições de três, seis e nove horas na extremidade dianteira e também sob o pedestal da mira óptica atrás da alça de transporte. Uma vez instalado e zerado, o acessório manterá seu alinhamento, mesmo desmontado. O ponteiro de mira IR e o iluminador IR formam uma unidade integral com o osciloscópio.

A peça central do XM8 - a culatra e a haste do tucho de gás - pode parecer familiar para qualquer pessoa que tenha manuseado o G36 ou SL-8 da H&K. O ferrolho giratório se assemelha ao projeto de Stoner, no entanto, ele vem apenas com seis olhais de trancamento em vez dos sete do AR-15/M16. Como a haste do tucho tem um desenho sólido e fechado, o sistema requer menos limpeza do que o impacto direto do AR-15/M16, onde o gás, incluindo resíduos de pó, é retirado do cano e encaminhado de volta à culatra.


A confiabilidade funcional deste sistema de carregamento automático surpreendeu os americanos quando viajaram para Oberndorf em outubro de 2003 para o primeiro teste de tiro dos protótipos: 
Um dos fuzis disparou mais de 15.000 tiros consecutivos sem limpeza e sem interferência, o que o Coronel Michael Smith, diretor administrativo do Gerente de Projetos de Armas dos Soldados, julgou “verdadeiramente notável”. Na revista das Forças Armadas dos EUA, Rich Audette, gerente de projeto interino, relembrou a demonstração em Oberndorf: “Eu estava envolvido no desenvolvimento do M16A2 e do M4, e nunca vi algo sair da caixa tão bem como esta arma de fogo!”

Em outubro de 2003, os primeiros 30 foram enviados para Aberdeen, Maryland, para testes adicionais no Campo de Testes do Exército. Cento e setenta armas de fogo adicionais chegaram em meados de dezembro, vindas de Oberndorf para testes com as tropas americanas.

Variantes


Esta família modular foi construída e testada pela primeira vez em 5,56x45mm, mas também pode ser facilmente adaptada para o novo SPC Remington 6,8x43mm. A configuração padrão do XM8 é a versão carabina, com cano de 121⁄2" (31cm) e, com coronha totalmente estendida, comprimento total de 33,3". Atualmente, o peso descarregado da arma de fogo é de 7,8 quilos, embora esteja programado para passar por um programa de redução de peso.

Uma versão mais longa com um cano de 20" (50cm) e um bipé opcional é concebida como um fuzil com luneta para atiradores designados ou snipers. A mesmo arma também funcionaria como um tipo de metralhadora leve para suporte de fogo, quando equipado com o bipé H&K e o carregador de tambor de 100 tiros. Na demonstração, os testadores da H&K dispararam quatro desses carregadores continuamente em rajadas curtas em um período de cinco minutos sem problemas. O projeto supera a meta dos militares de mais de 210 tiros de fogo contínuo sem nenhum cookoff (explosão prematura dentro da câmara).

Por fim, há uma variante curta, com uma coronha telescópica do tipo trilho chamada Special Compact que serve como uma arma de defesa pessoal aproximada (Personal Defense WeaponPDW) para tripulantes de veículos ou pilotos de helicóptero. Mesmo que esta arma compacta tenha apenas um cano de 9", ele ainda produz uma velocidade inicial de 2425 fps.

6,8x43mm SPC: mais gordo é mais chique


Não é segredo de estado que elementos das Forças Armadas dos EUA não estão muito satisfeitos com as capacidades balísticas terminais do 5,56x45mm. 
Particularmente das Forças Especiais vem a demanda por um cartucho mais poderoso, para o qual as existentes de 5,56mm possam ser adaptadas sem muito mais trabalho e despesas adicionais. Operadores do Quinto Grupo de Forças Especiais se reuniram com Chris Murray e Remington e criaram, ao longo de dois anos, através de vários testes práticos (nos quais participaram as equipes da SWAT de várias grandes agências policiais dos EUA) o cartucho de propósito especial de 6,8mm, que Remington anunciou no início de 2004.

O cartucho foi introduzido no mercado civil com, entre outros, o cartucho de 115 grains (grãos, 0,0648 de grama). Pontas ocas de tronco-cônico Sierra MatchKing e balas de ponta de polímero. Com um cano de 161⁄2" de comprimento (semelhante à carabina M4), a bala tem uma velocidade inicial de 2650 a 2690 fps. A energia excederia a do atual cartucho militar .223 Remington, o M855 62 grãos. M855, em mais de 50 por cento na boca do cano e, a 492 jardas (449m), em 80 por cento. O novo cartucho deve apresentar trajetória e precisão semelhantes ao .223 Remington.

O estojo .30 Remington, que é um pouco mais grosso que o estojo do 5,56mm, mas é exatamente cilíndrica, serve de base para o novo cartucho. O tamanho da bala foi determinado incrementalmente. Foram tentados os 6 e 6,5mm, e houve também uma série de testes de 7mm, mas a trajetória não foi plana o suficiente. A variação de 6,8 mm (.270) finalmente provou ser o melhor compromisso e alcançou o desempenho necessário.

As forças armadas americanas parecem agora estar quase onde John Garand estava na década de 1920 no Arsenal de Springfield, quando projetou seu fuzil de calibre .276 com uma bala de 125 grãos. Os britânicos também experimentaram, depois de 1945, um .280 que exibia capacidades balísticas semelhantes.

DESCRIÇÃO
Tipo: Fuzil automático.
Miras: Mira Óptica de ponto vermelho (red dot); abertas padrão, e trilho PCAP para montagem de miras reflexivas e lunetas.
Peso: 2,65kg (com carregador vazio e versão básica).
Sistema de operação: Tomada de gases e ferrolho rotativo.
Calibre: 5,56x45mm (.223 Remington).
Capacidade: 30 tiros (básico), 100 tiros (carregador Beta para apoio de fogo).
Comprimento Total: 84cm (versão básica).
Comprimento do Cano: Variável de acordo com a versão entre 9 polegadas,12,5 (versão básica) e 20 polegadas (versão de apoio de fogo e de tiro de precisão).
Velocidade na Boca do Cano: 920m/s (versão básica).
Cadencia de tiro: 750 tiros por minuto.

FIM