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sexta-feira, 2 de outubro de 2020

GALERIA: Largagem paraquedista em Quang-Tri durante a Operação Camargue

Um corneteiro paraquedista do 1er RCP, recém-lançado, na região costeira de Quang-Tri, toca o "reunir" com a corneta.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 2 de outubro de 2020.

A Operação "Camargue", realizada de 28 a 30 de julho de 1953 em Anam (Vietnã Central), na região costeira entre Hue e Quang-Tri, pretendia retomar o controle dessa região para conter uma ofensiva preparada pelos Viet-Minh. Esta operação foi realizada com a participação de tropas aerotransportadas entre as quais o II/1er RCP (2e Bataillon du 1er Régiment de Chasseurs Parachutistes/ 2º Batalhão do 1º Regimento de Caçadores Paraquedistas), blindados do 1er REC (1er Régiment Étranger de Cavalerie/ 1º Regimento de Cavalaria Estrangeira) entre os quais os blindados especializados do 7e GEA (7e Groupe d’Escadrons Amphibies/ 7º Grupo de Esquadrões Anfíbios) bem como o Grupamento D do GM 7 (7e Groupe Mobile/ 7º Grupo Móvel) e com o auxílio de embarcações da Marinha. Fotos de Corcuff Paul para o ECPAD.

Paras do II/1er RCP do Major de Bréchignac.

A operação contou com dez regimentos de infantaria, dois batalhões aerotransportados, a maior parte de três regimentos blindados, um esquadrão de blindados anfíbios e um trem blindado, quatro batalhões de artilharia, trinta e quatro aeronaves de transporte, seis aeronaves de reconhecimento e vinte e dois bombardeiros de caça e cerca de doze navios da Marinha, incluindo três EDVP - essa força não era inferior em tamanho a algumas das usadas em operações de desembarque na Segunda Guerra Mundial no Pacífico.

Os franceses dividiram suas forças em quatro "groupes mobiles" (grupos móveis, unidades mecanizadas de armas combinadas): de A a D, comandados pelo General Leblanc. A Operação Camargue seria um dos campos de testes finais para o uso de blindados pelos franceses durante a guerra. Devendo desembarcar na praia alinhados com o centro da Rota Colonial 1A. Enquanto isso, o Grupo B avançaria sobre a terra do oeste da praia voltada para o nordeste.

Paras avançando na areia, um rádio-operador está em evidência.

O Grupo A
Enquanto isso, o Grupo B avançaria por terra do oeste da praia voltada para o nordeste. Este grupo consistia do 6º Spahis marroquinos do Grupo Móvel Anamita, 2º Grupo Anfíbio, um pelotão de tanques do 1er REC e duas companhias de infantaria da base militar de Quang-Tri.

O Grupo C avançaria do sudoeste para a parte de trás de Van Trinh através dos pântanos e consistia no 9º Tabor Marroquino, 27º Batalhão de Infantaria Vietnamita, 2º Batalhão do 4º Regimento de Atiradores Marroquinos, 1 Comando, um pelotão de tanques M24 Chaffe dos Spahis marroquinos, um pelotão de barcos-patrulha blindados e um pelotão de EDVP.

Atraídos por estampidos de tiros, os paras se posicionam próximos a uma vila.

Os paraquedistas foram lançados às 14:00h do dia 28 para selar o bolsão mantido pelos marroquinos que já haviam entrado em contato com o Regimento 95 do Viet-Minh. Este regimento sofreu perdas mas conseguiu se evadir e se reconstituir. Em 1954 foi ordenado para o Norte e, em 1962, iniciou emboscadas contra o governo sul-vietnamita.

Paras marchando seguindo um canal. O terreno difícil facilitou a evasão do regimento Viet-Minh.

Bibliografia recomendada:

Street Without Joy:
The French Debacle in Indochina.
Bernard B. Fall.

Leitura recomendada:

FOTO: General paraquedista

O general de duas estrelas, Dan McNeill, armado e equipado, e pronto para o salto, abril de 2000.

O Major-General Dan Kelly McNeill, comandante da 82ª Divisão Paraquedista "All American", pronto para saltar à testa dos seus homens durante um exercício de largagem em Fort Polk, na Louisiana, Estados Unidos, em abril de 2000.

Bibliografia recomendada:

82nd Airborne.
Fred Pushies.

AIRBORNE:
A Guided Tour of an Airborne Task Force.
Tom Clancy.

Leitura recomendada:

sábado, 26 de setembro de 2020

FOTO: Salto noturno na chuva

Paraquedistas franceses aguardando a luz verde para saltar na região de Tessalit, no Mali, em 24 de setembro de 2020.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 26 de setembro de 2020.

Dadas as restrições de alongamento das distâncias e mobilidade impostas pela estação das chuvas, 80 paraquedistas do GTD Bruno foram lançados em operação por meio de um salto paraquedista noturno.

Os franceses vêm lançando pequenos saltos desde a invasão em 2013, geralmente bloqueando passos e ravinas para envelopar jihadistas com grande sucesso. A própria intervenção no Mali abriu com o salto de 200 homens do 2e REP (Legião Estrangeira) sobre o aeroporto de Timbuctu em janeiro de 2013. Saltando à frente o chefe da unidade então o Coronel Benoît Desmeulles, como é tradição.


O último salto realizado por forças convencionais antes de 2013 havia sido realizado em 2007 em Birao, na República Centro-Africana, embora tenha se limitado a uma equipe do GCP do 3ª RPIMa, que foram lançados como precursores antes do salto do Comando de Operações Especiais (COS). Em 2004, o 8º RPIMa também foi lançado no Kosovo, numa demonstração de força.

Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:

FOTO: Salto de Quarentena, 25 de maio de 2020.

FOTO: Salto de amizade na Polônia30 de agosto de 2020.

FOTO: Paraquedista soviético em salto livre8 de abril de 2020.

FOTO: Salto livre da Companhia Esclarecedora 17 do Exército Suíço9 de fevereiro de 2020.

O primeiro salto da América do Sul, 13 de janeiro de 2020.

101st Airborne, a "Nossa" Divisão, 29 de janeiro de 2020.




domingo, 13 de setembro de 2020

A China lançou peças de artilharia e paraquedistas perto da fronteira indiana usando avião Y-20

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 13 de setembro de 2020.

No dia 8 de setembro, conforme noticiado pela mídia chinesa, as forças armadas chinesas concluíram seu primeiro lançamento aéreo de equipamento pesado do avião de transporte Y-20 durante um exercício de treinamento de combate na área do planalto tibetano, perto da sua fronteira com a Índia. A ação chinesa ocorre em um momento em que as tensões com a Índia aumentaram drasticamente. Na noite de 7 de setembro, soldados indianos e chineses trocaram tiros perto do Lago Pangong Tso, na seção oeste da fronteira entre a China e a Índia, em meio a acusações de transgressão da fronteira de ambos os lados.

Durante este treinamento de fogo real, a aeronave Y-20, com peso máximo de decolagem de 200 toneladas, lançou continuamente várias peças de equipamento pesado, incluindo lançadores de foguetes de múltiplos tubos (Multi-Barrel Rocket LauncherMBRL) de 107mm, veículos paraquedistas Tipo 03 (ZBD-03) e veículos blindados. Quando o equipamento pousou no solo, centenas de pára-quedistas saltaram da aeronave, conforme informado pelo China Military, o site oficial do Exército de Libertação do Povo Chinês (PLA).

O avião chinês Y-20 se prepara para seu primeiro lançamento aéreo pesado na região do planalto tibetano. (Ministério da Defesa chinês)

O MBRL é caracterizado por um poder de fogo leve e forte, tem um alcance máximo de cerca de 8km e é uma das principais armas de apoio para forças de resposta rápida, como tropas aerotransportadas, afirmou o PLA.

Segundo o especialista da Força Aérea do PLA, Fu Qianshao: 

"Para entregar materiais e equipamentos com precisão a um destino de uma altitude de centenas de metros ou até mais, a aeronave e o pessoal envolvido devem estar totalmente equipados e altamente qualificados. O lançamento paraquedista é um sistema técnico altamente sofisticado de uma quantidade intensiva de tecnologias, incluindo sistemas de carga e descarga a bordo, sistemas de pára-quedas, sistemas de frenagem, etc; bem como o próprio equipamento de lançamento aéreo”.

Mapa do planalto tibetano.

Bibliografia recomendada:



Leitura recomendada:

GALERIA: Salto paraquedista dos fuzileiros navais chineses9 de julho de 2020.

A Índia pode vencer a China em uma guerra de fronteira? Estudos desacreditam alegações de "superioridade" da China21 de junho de 2020.

GALERIA: Manobra blindada nas Montanhas Celestiais11 de abril de 2020.

FOTO: Puxando hora no topo do mundo12 de fevereiro de 2020.

GALERIA: O Steyr AUG e os fuzis bullpup na Índia28 de julho de 2020.

As Forças Armadas chinesas têm uma fraqueza que não podem consertar: nenhuma experiência de combate26 de janeiro de 2020.

O primeiro salto da América do Sul13 de janeiro de 2020.

domingo, 30 de agosto de 2020

FOTO: Salto de amizade na Polônia

Sargento americano ajustando o arnês de um paraquedista polonês.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 30 de agosto de 2020.

O Sargento de 1ª classe Robert Baker, 10º Grupo de Forças Especiais, completa a checagem de mestre de salto do paraquedista polonês Rafal Nenlcin em preparação para o salto conjunto durante o exercício Double Eagle '95, na base de Wedryzn, na Polônia, em 10 de setembro de 1995.

O 10th Special Forces Group (Airborne) foi criado em 19 de junho de 1952 e tem como sua área de atuação a Europa. Inicialmente foi planejado que metade do 10th SFG(A) fosse composto de voluntários estrangeiros europeus através do Lodge Act, mas esse número jamais foi atingido. Um dos mais célebres boinas verdes do 10th SFG(A) foi o Major Larry Thorne, o veterano de 3 exércitos.

O 10th SFG(A) também chegou a atuar no Oriente Médio durante a Guerra Fria, incluindo o Líbano, a Jordânia, o Iêmen, o Irã e auxiliando forças tribais curdas. Elementos do 10th SFG(A) também participaram de missões humanitárias no Congo, Somália e Ruanda.

Áreas de atuação dos Grupos de Forças Especiais.
(Special Forces / Tom Clancy)

Bibliografia recomendada:

Special Forces:
A Guided Tour of U.S. Army Special Forces,
Tom Clancy.

A histórica secreta das Forças Especiais,
Éric Denécé.

SPEC OPS
Case Studies in Special Operations Warfare: Theory and Practice,
William H. McRaven.

World Special Forces Insignia,
Gordon L. Rottman e Simon McCouaig.

Leitura recomendada:

Os Boinas Verdes do Lodge Act18 de agosto de 2020.

É por isso que as Forças Especiais do Irã ainda usam boinas verdes4 de janeiro de 2020.

Barry Sadler e a história por trás da Balada dos Boinas Verdes7 de fevereiro de 2020.

PERFIL: Ivica Jerak, o croata que morreu como um herói americano4 de junho de 2020.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Repensando a estrutura e o papel das forças aeroterrestres da Rússia


Por Michael KofmanRussia Military Analysis, 30 de janeiro de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 13 de julho de 2020.

As Forças Aeroterrestres Russas (VDV) compõem um dos instrumentos mais importantes do kit de ferramentas do Estado-Maior Geral, servindo como uma força de reação rápida para conflitos locais, apoiando operações especiais ou atacando atrás das linhas inimigas em uma guerra convencional. A VDV provou ser a vanguarda do poder militar russo (e soviético) em operações desde a intervenção de 1956 na Hungria até a tomada e anexação da Criméia em 2014. Uma arma de combate distinta das Forças Terrestres, a VDV pode ser usada taticamente, operacionalmente ou desempenhar um papel estratégico, dependendo de como é empregada. Seja respondendo a uma crise ou escolhendo visitar o território do seu vizinho sem aviso prévio, é provável que a Rússia se incline nas unidades de maior prontidão com treinamento de elite e boa mobilidade, o que em muitos casos significa a VDV.


Hoje, a VDV consiste em duas divisões paraquedistas, duas divisões de assalto aeromóvel, quatro brigadas independentes, juntamente com uma brigada de comunicações e outra de reconhecimento independente. As divisões paraquedistas podem ser aero-lançadas para capturar campos de pouso inimigos e pontos-chave, tornando-os um ativo estratégico, enquanto as unidades de assalto aeromóvel são transportadas para zonas de desembarque seguras. As brigadas representam uma mistura, geralmente com um batalhão paraquedista e dois batalhões de assalto aeromóvel. A operação russa na Criméia, juntamente com outras ações militares, demonstrou que, se a VDV puder tomar um aeroporto, então poderão trazer pelo ar batalhões de apoio, e essas unidades subsequentes poderão consolidar terreno para as forças terrestres da Rússia entrarem no espaço de batalha. Em teoria, é uma força aeroterrestre soviética, simplesmente reduzida ao tamanho russo (as divisões VDV costumavam ter três regimentos cada, mas há muito tempo foram reduzidas a dois).

O Estado-Maior Geral russo tem experimentado essa força desde 2016 e, de acordo com anúncios recentes de seu comandante, Coronel-General Andrey Serdyukov, a VDV está repensando seu paradigma. Serdyukov é uma figura bem conhecida nos círculos militares russos. Oficial aeroterrestre por treinamento, ele experimentara combate nas guerras da Chechênia. Como segundo em comando e chefe de estado-maior do Distrito Militar do Sul em 2013, ele ajudou a organizar a operação para capturar a Criméia. Serdyukov também foi sancionado pela Ucrânia, supostamente por comandar forças nas Donbas 2014-2015. Posteriormente promovido para comandar a VDV em 2016, Serdyukov foi gravemente ferido fora de Murmansk em um acidente de automóvel. Ele estava a caminho pessoalmente para observar operações aerotransportadas, juntamente com vários membros do estado-maior, como parte do exercício mais amplo de comando estratégico do estado-maior, Zapad 2017. Tendo se recuperado, o comandante da VDV anunciou sua intenção de remodelar a força, afirmando em outubro de 2018 que as Forças Aeroterrestres estão oficialmente em uma "busca, testando novas formas e métodos de emprego da força para responder aos desafios da guerra moderna".

VDV no Afeganistão.

VDV desembarcando de um helicóptero no Afeganistão.


E, de fato, nem tudo está bem com as forças aeroterrestres da Rússia. Dois problemas se destacam. O primeiro reflete um certo grau de confusão conceitual. A URSS tinha dois conceitos para a VDV: uma força era estratégica, composta por divisões paraquedistas, enquanto a outra era de assalto aeromóvel. Em teoria, as unidades paraquedistas respondiam ao Estado-Maior Geral, enquanto as unidades de assalto aeromóvel estavam subordinadas aos distritos militares e apoiavam seu avanço no campo de batalha. As unidades de assalto aeromóvel tomariam terreno-chave ou atacariam reservas inimigas não muito longe da linha de contato com as forças terrestres. Mas, na prática, a VDV sempre teve um terceiro papel. No início da década de 1960, e subsequentemente durante a guerra no Afeganistão em 1979-1989, as unidades aeroterrestres estavam armadas com equipamentos pesados no papel de unidades de fuzileiros motorizados, recebendo tanques e artilharia. Basicamente, eles eram usados como infantaria embarcada de elite. Essas mudanças ad hoc são semelhantes aos processos que moldam a VDV atual, embora, após algumas improvisações, pareça cada vez mais que o Estado-Maior Geral da Rússia esteja começando a impor uma visão real (mesmo que - em advertência - as visões do Estado-Maior Geral tendam a mudar a cada poucos anos, juntamente com as estruturas das forças russas).

VDV em um veículo blindado aero-lançável no Afeganistão.

Segundo, apesar do registro de serviço e do espírito de corpo, a VDV pode ser vista como um anacronismo: mais um pedaço de herança soviética que os russos podem qualificar como uma "mala sem alça". Em vez de saltar de pára-quedas em batalha, na prática, a VDV passou a maior parte do tempo no papel de unidades de fuzileiros motorizados em veículos levemente blindados. Alegadamente, em um momento durante as reformas de Nova Aparência, o ministro da Defesa Anatoly Serdyukov e o chefe do estado-maior Nikolai Makarov chegaram a pensar em cortar a arma de combate inteiramente e entregá-lo às forças terrestres. As razões não são difíceis de entender. As tropas aeroterrestres e a logística da Rússia estão terrivelmente desalinhadas - manter um parque alternativo de veículos de combate de infantaria aerotransportados e uma série de equipamentos especializados para a VDV não é barato - enquanto a força passa a maior parte do tempo lutando como outra forma de infantaria de fuzileiros motorizados. Portanto, não é surpresa que seu comandante pense que a VDV passará por novos conceitos operacionais e reestruturação de força.

Existem outros problemas. Otimisticamente, a aviação de transporte militar da Rússia (VTA) é capaz de lançar entre um e dois regimentos de uma só vez. O parque de aviação dos transportes pesados Il-76 simplesmente não é grande o suficiente para operações aerotransportadas sérias e, certamente, não em um ambiente contestado. Dado que a VDV da Rússia treina para gerar uma força como grupos táticos de batalhão, é mais do que provável que a capacidade máxima de transporte aéreo seja para duas ou três dessas formações. Na prática, isso significa que a Rússia possui uma das maiores forças aeroterrestres do mundo (aproximadamente 45.000 militares), mas sem a capacidade de transporte aéreo para usá-las em seu papel designado. De fato, de acordo com a jornalista russa de defesa Ilya Kramnik, se a Rússia quisesse lançar suas forças aeroterrestres no período inicial da guerra, teria que aumentar o parque de transporte aéreo em quatro vezes. Isso é simplesmente impossível, dada a taxa atual de modernização e produção de aeronaves Il-76MD-90. Na melhor das hipóteses, a VTA provavelmente se arrastará no número de aeronaves atualmente disponíveis no papel de transporte aéreo estratégico.

VDV praticando embarque de viaturas.

Portanto, o Estado-Maior Geral parece ter escolhido uma direção totalmente diferente: as divisões de assalto aeromóvel da VDV devem ficar mais pesadas, com uma estrutura de força expandida, tanques e defesas aéreas, enquanto brigadas independentes realizarão operações helitransportadas. As divisões paraquedistas ainda treinarão para executar a missão de assalto aéreo mais estratégica. No Vostok-2018, 700 soldados e 50 veículos foram aero-lançados na faixa de Tsugol, empregando aproximadamente 25 transportes Il-76MD. Enquanto as divisões aeroterrestres ainda treinam para o assalto aerotransportado via Il-76, a mobilidade tática e operacional pode vir cada vez mais de operações baseadas em helicópteros e incursões atrás das linhas inimigas em apoio às forças terrestres.

Serdyukov anunciou que experimentos durante as manobras estratégicas Vostok 2018 (11 a 18 de setembro) determinaram as táticas futuras e o desenvolvimento geral da força. Essas experiências empregaram um grupo tático de batalhão especial, baseado na 31ª brigada, sugerindo que o tamanho e o escopo do conceito são consideravelmente diferentes da formulação soviética da década de 1980. No segundo dia do exercício, as unidades VDV a bordo de 45 helicópteros Mi-8 e dois helicópteros Mi-26 praticaram três tipos de assalto aeromóvel: pára-quedas em baixa altitude, repulsão e desembarque. O apoio de helicópteros de ataque incluiu oito Ka-52 e quatorze helicópteros Mi-24. Os helicópteros Mi-26, muito maiores, entregaram veículos utilitários leves Tigr e ATVs de reconhecimento, servindo como reserva móvel aérea para a operação. Trata-se de uma formação de assalto de helicóptero distintamente grande, destinada a desdobrar um batalhão reforçado VDV, com apoio de helicópteros de ataque e reservas leves.




Reportagens recentes de jornalistas, como Aleksei Ramm, sugerem que a 31ª brigada se tornou uma unidade experimental, com seu próprio apoio de aviação do exército, composto por dois esquadrões de helicópteros Mi-8 e Mi-26. Isso daria à 31ª mobilidade aérea nativa, dando ao comandante liberdade para projetar e executar uma operação. Caso contrário, a VDV precisa negociar o acesso à aviação do exército, a qual não é necessariamente designada para apoiá-la, e pode ter outros requisitos concorrentes impostos pelas operações da força terrestre. Isso não apenas reduziria drasticamente o tempo necessário para a VDV executar uma manobra, mas acrescentaria considerável flexibilidade à força, embora as operações helitransportadas limitariam a força aeroterrestre a veículos utilitários leves. Esse redesenho da estrutura de força permitiria à VDV se desdobrar muito mais rapidamente em resposta a um conflito local ou executar seus próprios ataques atrás das linhas inimigas em uma guerra convencional. A VDV também se tornaria muito mais adequada para operações expedicionárias, onde há uma baixa barreira de entrada e boas perspectivas para a infantaria de elite fazer a diferença.

A disponibilidade pode ser a força motriz por trás desse redesenho da estrutura de força. Enquanto a VTA está em estagnação, a Rússia é muito mais rica em helicópteros. As forças armadas russas aumentaram substancialmente seu parque de helicópteros durante o primeiro Programa de Armamento Estatal (2011-2020), estabelecendo três brigadas e seis regimentos. Especialistas russos como Anton Lavrov sugerem que mais de 600 helicópteros (estavam comprando cerca de 130/ano desde 2011) podem ter sido comprados para as forças armadas e vários ministérios durante 2017. Cada exército de armas combinadas vem recebendo um regimento de helicópteros de apoio, enquanto cada distrito militar abrigará uma brigada de helicópteros independente. Embora o parque de asas rotativas também não esteja isento de problemas, dado que não há opções intermediárias entre as veneráveis variantes do Mi-8 e o gigante Mi-26. No entanto, a Rússia comprou muito mais helicópteros do que aeronaves de quarta geração e está constantemente preenchendo novos regimentos e brigadas de aviação do exército.


Essas alterações são principalmente, mas não exclusivamente, destinadas à VDV. As brigadas e divisões da força terrestre também desenvolverão destacamentos de tamanho de companhia ou pelotão certificados para operações aeromóveis - pelo menos no Distrito Militar do Sul, se o Coronel-General Aleksandr Dvornikov conseguir o que deseja (Serdyukov não é o único com uma visão para os recursos de helicópteros). Algumas dessas mudanças podem trazer nostalgia pela década de 1980, quando unidades helitransportadas da VDV foram designadas para apoiar grupos de manobra operacionais, e alguns destacamentos do exército soviético eram aeromóveis. Em 2002, o exército entregou seus helicópteros à força aérea, a qual então foi incorporada às forças aeroespaciais em 2015. Da mesma forma, eles entregaram brigadas de assalto aeromóvel à VDV, tornando essa área exclusivamente da VDV. Agora, o exército procura recuperar a mobilidade aérea e parece competir pelos mesmos recursos de helicópteros que a VDV precisará para realizar esse novo conceito de operações. A implicação para a OTAN, acostumada às forças russas chegando a lugares por trem ou rodovia, é que as forças ocidentais terão cada vez mais de pensar no nível tático e operacional sobre um segmento de forças russas que se tornarão aeromóveis no período inicial da guerra.

A introdução de tanques nas unidades russas de assalto aeromóvel representa uma tendência compensatória, sacrificando a mobilidade pelo poder de fogo. Em 2016, as 7ª e 76ª Divisões de Assalto Aeromóvel, juntamente com quatro brigadas, foram programadas para receberem companhias de tanques. Desde então, as 7ª e o 76ª estão sendo ampliadas com batalhões de tanques, enquanto um regimento (331º) receberá o novo caça-tanques aerotransportado Sprut-SD da Rússia como parte de um experimento de estrutura de força. A VDV deve adicionar três batalhões de tanques T-72B3 no total. Os tanques foram introduzidos e retirados da VDV durante todo o período soviético, assim como na Infantaria Naval (a qual também está recebendo tanques de novo). Parece quase uma questão de tradição que a VDV receba tanques após a experiência de combate demonstrar a necessidade de empregar maior poder de fogo em um papel de "fuzileiro motorizado", sendo posteriormente removidos, apenas para serem reintroduzidos posteriormente.

VDV com tanques no Afeganistão.

Geralmente, a VDV continua se saindo bem em termos de equipamento. Ele se saiu bem nos dois Programas de Armamento Estatais (2011-2020 e 2018-2027), talvez como um prêmio de consolação por não receber uma estrutura de força expandida. A primeira tendência continua, enquanto a última parece finalmente mudar. Em 2015, o chefe da VDV na época, o Coronel-General Vladimir Shamanov, procurou restaurar as quatro divisões para o seu tamanho anterior de três regimentos. Isso não aconteceu, uma vez que o dinheiro foi priorizado na aquisição de capacidades e na criação de novas formações do exército. No entanto, no final de 2018, a 76ª Divisão de Assalto Aeromóvel em Pskov está programada para receber um terceiro regimento*. Enquanto isso, já foi estabelecido na Criméia um batalhão de assalto aeromóvel independente, o 171º, parte estrutural da 7ª Divisão de Assalto Aeromóvel. A VDV também recebeu um batalhão de serviço de apoio de combate em Orehovo. Portanto, as forças aeroterrestres da Rússia não apenas ganharam melhorias no poder de fogo, mas também estão crescendo em tamanho e trabalhando em novos conceitos operacionais para tornar a arma de combate relevante nos conflitos modernos.

*Nota do Tradutor: A 76ª atualmente conta com os 104º, 234º e 237º regimentos de assalto aeromóvel.

Mas se tamanho e material são uma medida, e a qualidade? Segundo Andrey Serdyukov, a VDV agora possui 30.000 militares e sargentos sob contrato de serviço, o que representa 70% da força. Seu objetivo é focar a VDV em ser capaz de gerar grupos táticos de batalhão com pessoal totalmente contratado, com um nível de contrato geral para a força de 80%. Durante o tumulto das reformas militares, de 2008 a 2012, a VDV foi de fato a única força razoavelmente bem dotada de pessoal disponível para lidar com conflitos locais. Isso não é mais o caso, e as forças aeroterrestres da Rússia devem competir por um papel futuro ao lado de forças terrestres cada vez mais bem equipadas e maiores. Embora esteja mais uma vez sendo encarado com um papel de "fuzileiro motorizado leve", o Estado-Maior Geral ainda está posicionando a VDV como uma força de reação de alta prontidão e um componente aeromóvel que oferece às forças armadas russas novas opções em profundidades operacionais.

Michael Kofman é pesquisador sênior da CNA e membro do Wilson Center pesquisando e escrevendo sobre as forças armadas russas. Este é um blog não oficial sobre o exército russo.

Post Scriptum: Comentários

Newthinkingtron, 15 de março de 2019:

Obrigado por seus artigos. Passei algumas horas desfrutando do seu material sobre o Vostok 2018 e a VDV. Sua análise é equilibrada, bem informada e livre de histeria pró e anti-Rússia comum na maior parte da comunidade de observadores russos de fonte aberta.

Denis Mokrushin (twower blog) acompanhou anúncios do Ministério da Defesa russo sobre números de kontraktnik (contratados) nos últimos anos. Ele observa que parece que eles atingiram um muro com pouco menos de 400.000 soldados contratados. Ao mesmo tempo, o número de recrutados parece estar diminuindo um pouco, embora a Rússia tenha passado pelo pior do seu buraco negro demográfico. Como eles estão preenchendo essas novas unidades? Além disso, você pode comentar sobre o recente anúncio de que as forças terrestres estão recrutando 1 de 3 BTGs (grupos táticos de batalhão) com recrutados e mantendo-os afastados do combate na linha de frente?

Michael Kofman, 16 de março de 2019:

Não há um problema demográfico, mas uma escolha sobre onde gastar dinheiro. Os contratados são simplesmente uma questão de dinheiro, se eles quisessem mais contratados, eles poderiam tê-los. No entanto, com sequestradores de gastos de 3-5%, eles precisam fazer escolhas entre tamanho da força, prontidão e capacidade.

Os recrutados estão declinando de acordo com o plano, uma vez que desejam chegar a um número sustentável em torno de 220-230 mil. A resposta curta é que eles criarão formações diferenciadas preenchidas de 100-90-80% do pessoal e terão que consumir a mão-de-obra dessa maneira. Golts está errado nisso, prevendo algum retorno às formações de quadros. As grandes divisões não precisam de 100% de pessoal e podem ser configuradas no modelo de mobilização para receber pessoas durante o período de ameaça. Então, acho que a resposta curta para essa pergunta é mobilização.

A URSS tinha um ótimo sistema de mobilização, e um sistema de comando e controle não tão bom. As forças armadas russas agora têm um ótimo sistema de comando e controle, mas em grande parte destruíram o modelo de mobilização soviético - nenhuma reserva operacional, etc. Essa sempre foi uma das peças inacabadas das reformas militares.

Pelo que entendi, uma brigada deve gerar forças de 2 BTGs de qualquer maneira, e o resto é sua reserva. Este anúncio não nos diz muita coisa e sou cético em relação às estatísticas oficiais, embora seja útil ver que eles pensam na força em contagens de BTG e a estão estruturando menos no número de brigadas/divisões, mas principalmente na geração de força potencial (ao contrário da OTAN, que se concentra nos gastos com defesa e planilhas do Excel que não combaterão).

Newthinkingtron, 16 de março de 2019:

Obrigado por isso. Quantos soldados um BTG tem? Cerca de 1.000? Nesse caso, 2 BTGs gerados a partir de cada brigada não são muito maiores que um regimento soviético. Embora, um BTG provavelmente seja muito melhor treinado e equipado que um regimento. Como eles tiveram a idéia de um BTG em primeiro lugar?

Michael Kofman, 19 de março de 2019:

800-1200 dependendo, alguns podem ir até 1500. Uma brigada é realisticamente um regimento de tamanho extra-grande, já que possui 3 batalhões de manobra em seu núcleo. Um BTG é exatamente tão bom quanto seus componentes, é uma formação organizada por tarefas ou kampfgruppen. A maior parte da discussão sobre contratados e recrutas é bastante tensa por algumas noções estranhas sobre organização militar básica e funções de combate.

Bibliografia recomendada:

A History of Soviet Airborne Forces.

Inside the Blue Berets: A combat history of Soviet & Russian Airborne Forces, 1930-1995.

The Soviet Airborne Experience.

Soviet Airborne Forces 1930-91.

Leitura recomendada:





GALERIA: Bawouans em combate no Laos28 de março de 2020.

O primeiro salto da América do Sul13 de janeiro de 2020.


quinta-feira, 9 de julho de 2020

GALERIA: Salto paraquedista dos fuzileiros navais chineses


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 9 de julho de 2020.

Exercício de paraquedismo de uma brigada de fuzileiros navais do PLA, ocorrido em 8 de dezembro de 2015. Composto por duas brigadas e vários batalhões independentes com uma força total de aproximadamente 12.000 militares, os fuzileiros navais chineses são uma arma de combate da marinha chinesa. 

Militares do reconhecimento anfíbio e operações especiais dos fuzileiros navais treinam em várias formas de paraquedismo, saltando de aviões ou helicópteros. Este é um conhecimento relativamente novo no PLA, com a doutrina chinesa ainda tateando os procedimentos adequados.










Bibliografia recomendada:

China's Incomplete Military Transformation:
Assessing the Weaknesses of the People's Liberation Army (PLA).

Leitura recomendada: