domingo, 2 de maio de 2021

ARTE MILITAR: Cenas da Guerra da Indochina por Filip Štorch

Arte da capa.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 1º de maio de 2021.

Exemplos de cenas da Guerra da Indochina (1946-54) desenhados pelo artista tcheco Filip Štorch. O talentoso desenhista é artista conceitual de filmes e tem uma página no site ArtStation, e no site DeviantArt como Skvor.

Essas ilustrações são parte do projeto VIETMINH, de 2018, que é um livro de arte conceitual para um futuro jogo, inspirado em Vietcongum jogo de tiro em primeira pessoa de 2003.

Lançamento de paraquedistas, cena comum na Indochina.

Cenas de patrulha

Patrulha nos arrozais.

Montanhas e espaços abertos.

Uma vila em chamas.

Fortificações

Assalto aproximado do Viet-Minh.

Pequena guarnição na imensidão do arrozal.

Tropas passando por uma torre de vigia. Visão comum no Tonquim. Elas serviam tanto para barrar guerrilheiros Viet Minh quanto pelo medo de uma intervenção convencional chinesa..

Desenho incrivelmente preciso e detalhado das torres de guarda francesas no Tonquim, especialmente no delta do Rio Vermelho. Um arco de 378km de fortificações, à prova de obuses de 155mm, foi construído em grupos de três a seis em torno do perímetro do Delta; um cinturão interno de 56km de comprimento protegia as áreas da base de Haiphong. O programa exigia cerca de 2.950 toneladas métricas de concreto sendo entregue por dia.

Mapa topográfico.

Mais cenas de patrulha

Cachoeira.

Mapa topográfico com o lançamento de pára-quedas.

Templo abandonado.

Equipe de rádio observando o re-suprimento.

Vila vietnamita.

Desenho de armazéns da vila.

Legionários em posição na cachoeira observando os Viet-Minh que abateram.

Personagens

Os personagens principais da arte conceitual pertencem a um grupo de combate (GC) da Legião Estrangeira Francesa.

Sargento François Sauveterre.

Médico Pierre Lachance.

Helmut Dietrich, veterano alemão da Frente Russa.

Sniper Andrzej Jacek, veterano polonês da África do Norte com a Legião.

Atirador do GC Nguyen Manh Thinh, supletivo e guia.

Rádio-operador Daniel Picard, holandês.

Homem-ponto Quang Ngo Vinh, supletivo e guia.

Capitão Guillaume Lavoie, responsável pelas táticas e estratégia.

A unidade é diversa de acordo com a precisão histórica. O grupo tem um alemão veterano da Wehrmacht, que lutou na Frente Russa, enquanto o polonês é veterano da África do Norte pela Legião contra o Afrikakorps. Era e ainda é comum que ex-inimigos acabassem lutando do mesmo lado na Legião. Além dos ex-combatentes alemães afluindo na Legião durante os primeiros anos da Guerra da Indochina, os ex-inimigos alemães lutaram ao lado de soviéticos e até mesmo de espanhóis republicanos que lutaram na Guerra Civil Espanhola; um padrão que continuou na Argélia. Curiosamente, o grupo não tem nenhum tcheco, com o polonês sendo o único eslavo. A arte conceitual, no entanto, lembrou-se de adicionar dois vietnamitas, lembrando que o conflito foi uma mistura de guerra ideológica, guerra colonial e guerra civil, com indígenas apoiando os franceses e lutando contra os nativos comunistas também.

Os protagonistas da Legião interagiriam com locais e com inimigos.

Civis vietnamitas.

Combatentes Viet-Minh.

Exemplos de armamentos usados pelo Viet-Minh e pelos franceses.

Búfalos d'água, onipresentes na Indochina.

Por que a Indochina?

Paraquedistas franceses e vietnamitas do 6e BPC em marcha forçada de Tu Lê ao Rio Negro, no Tonquim, em outubro de 1952.
A arte conceitual representa bem o terreno do Tonquim.

Cena do filme "Dien Bien Phu", um dos filmes mais bem ambientados na história do cinema:


É interessante que um grupo tcheco tenha se interessado pela Indochina, um conflito que teria sido esquecido não fosse a participação da famosa Legião Estrangeira Francesa. Essa mesma Legião contava muitos tchecos e eslovacos combatendo na Indochina, então há uma lembrança no imaginário coletivo nacional sobre a guerra, e especificamente do lado francês - do lado da Legião.

Em 1958, a então Tchecoslováquia produziu o filme Cerný prapor (O Batalhão Negro, IMDb), um drama de 1:30h sobre um legionário tcheco lutando na Indochina. Ele é o jovem tcheco Václav Maly (Jaroslav Mares) que sobreviveu aos campos de concentração alemães da Segunda Guerra Mundial e agora busca por vingança. Tendo sobrevivido ao campo de concentração que viu as mortes de seu pai e irmã, o jovem procura o líder da guarda da SS, Wolf (Hannjo Hasse), que escapou dos Aliados. Ele descobre que o guarda se juntou à Legião Estrangeira Francesa e está lutando na Indochina Francesa. Assim, o jovem se junta à Legião Estrangeira e se voluntaria para a Indochina e, de alguma forma, é designado para a mesma unidade do guarda. Wolf é agora um tenente e líder de pelotão de uma unidade da Legião Estrangeira e os dois pretendem acertar suas diferenças em meio à guerra. O enredo segue uma história real semelhante que ocorreu entre um judeu-romeno e um ex-guarda de ferro (mas isso é história para outro dia!).

O legionário Václav Malý (interpretado por Jaroslav Mareš) com uma carabina americana M1A1 na selva indochinesa.

Um legionário levanta uma mulher apressadamente durante um recuo. Os legionários são representados no filme como soldados profissionais.

Outra questão interessante é o filme representar o lado francês enquanto a Tchecoslováquia era parte do bloco soviético e, portanto, aliado ao Viet-Minh. E não apenas isso, mas representa os legionários como soldados profissionais, sem inclinações ideológicas, lutando porque devem lutar - "pois é isto que soldados fazem". Trata-se de mais um caso onde a Legião Estrangeira serve como embaixador cultural da França.

Além disso, o diretor Vladimír Cech sabia bem o que são lealdades em constante mudança: nascido em 1914, no Império Austro-Húngaro, vivenciou todas as mudanças até o fim da República Socialista da Tchecoslováquia, e morreu em dezembro de 1992 nos primeiros meses da nova República Tchecoslovaca. Um mês depois da sua morte, em janeiro de 1993, ocorreu a dissolução da Tchecoslováquia, com tchecos e eslovacos criando uma nova mudança política na região.

7554: Glorious Memories Revived: dessa vez os franceses são os inimigos.

Atualmente, o único jogo ambientado na Guerra da Indochina (1946-54) é o jogo de tiro em primeira pessoa (FPS) vietnamita 7554: Glorious Memories Revived, o primeiro jogo de FPS do Vietnã. Apesar da história ser uma peça de propaganda seguindo a linha oficial do partido comunista vietnamita - ainda no poder -, as traduções ruins das legendas e das capacidades técnicas limitadas do jogo, 7554 pode ser elogiado pela apresentação correta dos uniformes e das armas da época.

O título do jogo é uma alusão à vitória Viet-Minh em Dien Bien Phu: 7554 = 7 - 5 - 1954. Desenvolvido pela Emobi Games, o jogo pode ser baixado de graça no site oficial da desenvolvedora, link.

Tela de menu mostrando os protagonistas Hoàng Đăng Bình, Nguyễn Thế Vinh, Lưu Trọng Hà e Hoàng Đăng An.

Bibliografia recomendada:

Street Without Joy:
The French Debacle in Indochina.
Bernard B. Fall.

Hell in a Very Small Place:
The Siege of Dien Bien Phu.
Bernard B. Fall.

The Last Valley:
Dien Bien Phu and the French Defeat in Vietnam.
Martin Windrow.

Manual de Estratégia Subversiva.
Vo Nguyen Giap.

Leitura recomendada:




Um comentário:

  1. Waffen-55, que serviram ao Terceiro Reich durante a Segunda Guerra Mundial, entre a Europa no final da guerra e a Indochina Francesa em curso de emancipação. Desde a criação da Legião Estrangeira em 1631, os alemães sempre estiveram presentes em grande número neste corpo de exército único do mundo, ou as mais diversas nacionalidades se juntam. Apesar da opinião pública francesa extremamente hostil aos alemães e à Alemanha após quatro anos de ocupação nazista, o exército francês continua a recrutar um grande número de alemães - e isso desde 1943! Alemanha em ruínas e os campos de prisioneiros de guerra, todas as condições de vida são frequentemente atrozes, são uma terra privilegiada para os recrutadores da Legião, que balançam aos veteranos alemães a ideia de uma vida de aventuras em paisagens exóticas. Na realidade, o exército francês, em processo de reconstrução, procura homens com experiência de combate e que conheçam a tática para empregador contra os Insurgentes. De quase 73.000 legionários que lutaram na Indochina. quase 30.000 são alemães ou austríacos. A germanização galopante da Legião deu origem na França e na Alemanha aos rumores mais loucos. Na Assembleia Nacional, os deputados comunistas logo denunciaram o uso de criminosos de guerra nazistas pelo exército francês na Indochina. Fruto de vários anos de investigação nos arquivos alemão e francês, esta obra propor uma consideração cruzada sobre a história destes legionários alemães ao serviço da França. Numerosos testemunhos não publicados de ex-legionários e soldados franceses da força expedicionária francesa que serviram na Indochina permitem uma perspectiva aprofundada da documentação oficial. Pela primeira vez, um livro examina de perto essas relações franco-alemãs improvisadas no campo militar, que surgiram pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial.

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