sexta-feira, 30 de abril de 2021

Exercícios militares conjuntos do Japão, EUA e França estão marcados para Kyushu em maio

Tropas da Força de Autodefesa Terrestre treinam em Kyushu em 2018: as Forças de Autodefesa do Japão visam aumentar sua capacidade de defender ilhas remotas, como as Ilhas Senkaku.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 30 de abril de 2021.

TÓQUIO - O ministro da Defesa do Japão, Nobuo Kishi, anunciou em uma entrevista coletiva na sexta-feira que o Japão, os EUA e a França conduzirão exercícios militares conjuntos na ilha japonesa de Kyushu, no sul do país, em maio; conforme noticiado pelo jornal japonês Nikkei.

Tropas da Força de Autodefesa Terrestre do Japão, fuzileiros navais dos EUA e tropas do Exército francês participarão. Os exercícios visam reforçar sua capacidade de conduzir operações conjuntas para defender ilhas remotas. Com as incursões marítimas cada vez mais frequentes da China no Mar da China Oriental em mente, particularmente em torno das Ilhas Senkaku, que são administradas por Tóquio, mas reivindicadas por Pequim, o Japão espera melhorar sua capacidade de trabalhar com aliados na defesa.

Homens da recém-criada Brigada Anfíbia de Desdobramento Rápido das JGSDF com a bandeira do "Sol Nascente".

Os exercícios serão realizados de 11 a 17 de maio no Campo Ainoura, na Prefeitura de Nagasaki, onde está instalada a Brigada Anfíbia de Desdobramento Rápido da GSDF, unidade especializada na defesa de ilhas remotas. Os exercícios também serão realizados no Campo de Treinamento de Kirishima, nas prefeituras de Miyazaki e Kagoshima, e no mar e espaço aéreo a oeste de Kyushu. De acordo com a GSDF, esta será a primeira vez que tropas japonesas, americanas e francesas realizarão exercícios de campanha conjuntos no Japão.

A França, que tem territórios no Oceano Pacífico, vem intensificando seu treinamento no Indo-Pacífico neste ano, fortalecendo sua cooperação com o Japão e os Estados Unidos. Neste mês, a Índia participou pela primeira vez do "La Perouse", um exercício marítimo conjunto liderado pela França com a Força de Autodefesa Marítima, os EUA e a Austrália na Baía de Bengala.

"A França é um camarada em nossa visão Indo-Pacífico. Queremos melhorar nossas habilidades táticas na defesa da ilha", enfatizou Kishi na entrevista coletiva.


As SDF têm fortalecido seus laços com nações europeias. A Marinha Real Britânica enviará o porta-aviões HMS Queen Elizabeth para a Ásia no final desta primavera. E a Alemanha está enviando uma fragata para a Ásia; e também está coordenando exercícios para aproveitar escalas portuárias.

Atualmente, as divisões e brigadas das JGSDF são unidades de armas combinadas com unidades de infantaria, blindados e de artilharia, unidades de apoio ao combate e unidades de apoio logístico. Elas são entidades regionais independentes e permanentes. A força das divisões varia de 6.000 a 9.000 militares em 9 divisões ativas (1 blindada, 8 de infantaria). As brigadas giram em torno de 3.000 a 4.000 em 8 brigadas de combate e 9 brigadas de apoio.

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Bibliografia recomendada:

Japan Rearmed:
The politics of military power.
Sheila A. Smith.

Leitura recomendada:

Por que a Rússia está apostando na junta militar de Mianmar


Por Artyom LukinAndrey Gubin, East Asia Forum, 27 de abril de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 30 de abril de 2021.

Em 1º de fevereiro de 2021, a junta militar do Mianmar declarou estado de emergência e tomou o poder do governo civil liderado por Aung San Suu Kyi. O golpe criou imediatamente uma crise política e resultou em derramamento de sangue em massa, mas a resposta internacional foi dividida.

Enquanto o Ocidente liderado pelos EUA e seus principais aliados asiáticos, como Japão e Coréia do Sul, condenam o golpe e impõem sanções à junta, outras potências importantes são mais ambivalentes. No Conselho de Segurança da ONU, China, Índia e Rússia fizeram esforços para proteger os perpetradores de censuras mais duras e possíveis sanções da ONU.

Desde o início, a Rússia se recusou a condenar o golpe, com o Ministério dos Negócios Estrangeiros apenas expressando esperança de "uma solução pacífica para a situação por meio da retomada do diálogo político". Na mesma declaração, Moscou observou como um sinal encorajador que os militares pretendiam realizar uma nova eleição parlamentar. A agência de notícias estatal russa RIA Novosti justificou o golpe argumentando que o exército de Mianmar, o Tatmadaw, é o único fiador viável da unidade e paz do país multiétnico.

A manifestação mais visível de apoio russo à junta veio no final de março, quando o vice-ministro da Defesa Alexander Fomin se tornou o oficial estrangeiro de mais alta patente a participar do desfile do Dia das Forças Armadas de Mianmar na capital Naypyidaw. Enquanto os militares reprimiam violentamente os manifestantes, Fomin manteve conversas com o líder da junta, General Min Aung Hlaing. Ele chamou Mianmar de "aliado confiável e parceiro estratégico da Rússia no Sudeste Asiático e na Ásia-Pacífico" e enfatizou que Moscou "adere ao curso estratégico de melhorar as relações entre os dois países".


Existem vários motivos pelos quais a Rússia está emergindo como o apoiador mais destacado do governo militar do Mianmar.

Os laços estreitos de Moscou com Mianmar datam da década de 1950. Visto que durante a maior parte de sua história moderna o país do sudeste asiático foi governado por militares, a Rússia desenvolveu uma relação de trabalho com seus governantes uniformizados. O general incumbente Min Aung Hlaing visitou a Rússia em várias ocasiões, mais recentemente em junho de 2020 para participar do desfile do Dia da Vitória em Moscou, e é conhecido como campeão dos laços entre Mianmar e Rússia.

Sob Min Aung Hlaing, a cooperação militar entre Mianmar e Rússia recebeu um impulso. Depois da China, a Rússia é o segundo maior fornecedor de armas do país, sendo a fonte de pelo menos 16 por cento do armamento adquirido por Mianmar de 2014-2019. As forças armadas do Mianmar estão aguardando a entrega de seis caças Su-30 encomendados em 2019 e, em janeiro de 2021, os dois lados assinaram contratos para um sistema de defesa aérea russo e um conjunto de drones de vigilância.

O general Min Aung Hlaing preside o desfile do exército no Dia das Forças Armadas em Naypyitaw, Mianmar, em 27 de março de 2021.

Milhares de oficiais militares do Mianmar também receberam treinamento nas academias militares da Rússia. Notavelmente, o comandante-em-chefe do Mianmar mantém uma conta oficial na rede social russa VK enquanto é banido do Facebook e do Twitter. Não é por acaso que o principal interlocutor do Kremlin com Mianmar é o ministro da Defesa, Sergey Shoigu, que visitou o país poucos dias antes do golpe de 1º de fevereiro.

Dada essa relação lucrativa e de longa data com os militares do Mianmar, é lógico que a Rússia não vai condenar o golpe, muito menos sancionar a junta. O presidente russo, Vladimir Putin, nunca foi conhecido por sua simpatia pelos movimentos pró-democracia apoiados pelo Ocidente, e o Kremlin dificilmente vê Aung Sang Suu Kyi, que estudou na Inglaterra e tem dois filhos de nacionalidade britânica, como uma alternativa desejável aos governantes uniformizados.

O apoio de Moscou a uma ditadura militar poderia prejudicar sua reputação internacional, mas com o que já aconteceu entre Putin e o Ocidente, o Kremlin dificilmente poderia se importar menos com as consequências de sua reputação por conta do Mianmar. Em defesa de sua posição sobre Mianmar, a Rússia também poderia apontar para a hipocrisia ocidental - a vizinha Tailândia é governada por generais com credenciais democráticas duvidosas, mas o país permanece nas boas graças do Ocidente por ser um "aliado de tratado" dos Estados Unidos.


Não está claro até que ponto Moscou coordenará suas políticas de Mianmar com Pequim, o principal parceiro estratégico da Rússia e um companheiro autocrático. O governo chinês se absteve de condenar o golpe militar, mas, em comparação com a Rússia, tem sido visivelmente menos favorável - a relação da China com o Tatmadaw sempre foi complicada e Pequim não está nada feliz com o golpe.

Enquanto a relação de Moscou com Mianmar se limita principalmente a laços militares para militares, com poucas interações sociais e econômicas, as relações da China com seu vizinho do sul são mais multidimensionais. Pequim não pode se dar ao luxo de antagonizar segmentos pró-democracia da população do Mianmar, por isso precisa adotar uma abordagem mais complexa.

Moscou e Pequim provavelmente estão discutindo a situação em Mianmar, mas suas estratégias são diferentes. A Rússia é movida pelo desejo de manter contratos militares lucrativos e, possivelmente, ganhar uma posição no Oceano Índico. Por outro lado, Pequim é guiada por interesses estratégicos de longo prazo ditados pela proximidade imediata do Mianmar com a província chinesa de Yunnan.

Vendo-se como uma grande potência global, a Rússia tem interesse em manter uma presença estratégica em Mianmar, um país geopoliticamente importante no Indo-Pacífico. Para manter e expandir os laços da Rússia com Mianmar, o Kremlin apostou nos generais. Resta saber se o cálculo de Moscou será o correto.


Sobre os autores:

Artyom Lukin é Professor Associado do Instituto Oriental, Escola de Estudos Regionais e Internacionais, Universidade Federal do Extremo Oriente, Vladivostok.

Andrey Gubin é Pesquisador Sênior do Instituto Russo de Estudos Estratégicos, Moscou.

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quarta-feira, 28 de abril de 2021

As forças armadas da China têm uma fraqueza oculta


Por Steve Sacks, The Diplomat, 20 de abril de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 28 de abril de 2021.

Novas armas de alta tecnologia são úteis, mas as atuais deficiências da reforma militar impedem a capacidade do PLA de empregar tal hardware.

Em 3 de março, Ryan Haas publicou um artigo no Foreign Affairs advertindo analistas e legisladores contra a adoção de uma atitude exclusivamente alarmista em relação à China. Essa atitude alarmista aumenta a ansiedade entre analistas e legisladores, mas não se baseia na totalidade das evidências. Haas fala diretamente sobre como regimes autoritários bem-sucedidos projetam força enquanto escondem fraquezas ao controlar as informações que saem de suas fronteiras. Ele argumenta que “os legisladores em Washington devem ser capazes de distinguir entre a imagem que Pequim apresenta e as realidades que ela enfrenta”.

Ao desenvolver uma imagem clara e abrangente dos pontos fortes e fracos da China, os formuladores de políticas podem informar melhor os tomadores de decisão sobre as principais questões de concorrência. As análises que se concentram exclusivamente nas imagens de força projetadas estão incorporando apenas metade das evidências. Para evitar a criação da ansiedade que Haas descreve, analistas e legisladores devem garantir que as avaliações do poder militar chinês sejam igualmente informadas por seus pontos fortes projetados e deficiências atuais. Neste artigo, destacarei os desequilíbrios que existem nas análises atuais das forças armadas da China e apresentarei avaliações complementares das fraquezas existentes que os analistas devem incorporar nas avaliações do poder militar.

As duas metades da avaliação do poder militar e dos avanços do PLA


A análise alarmista que carece de equilíbrio entre os pontos fortes e fracos do Exército de Libertação do Povo (PLA) é exemplificada no depoimento do comandante do Comando Indo-Pacífico dos EUA (U.S. Indo-Pacific CommandINDOPACOM) em março de 2021 diante do Comitê de Serviços Armados do Senado sobre como seu comando planeja acompanhar a modernização tecnológica chinesa. Isso inclui o foco nos avanços da tecnologia americana que aumentam a letalidade da força conjunta, bem como a expansão das capacidades de fogo de precisão de longo alcance. Como evidência da crescente ameaça do PLA, o almirante Philip Davidson destacou em seu depoimento escrito o comissionamento de novas e avançadas plataformas aéreas e navais, como o "primeiro bombardeiro reabastecível no ar, o H-6N" e "o míssil guiado LUYANG III MOD contratorpedeiro [que] fornece à Marinha do PLA maior capacidade de manobra e flexibilidade.” Ele continuou sua avaliação da crescente ameaça do PLA, enfatizando sua "busca de uma variedade de armamentos avançados, incluindo canhões eletromagnéticos, veículos planadores hipersônicos e mísseis de cruzeiro supersônicos de ataque terrestre e anti-navio".

Novos mísseis e plataformas avançadas representam apenas uma pequena parte do esforço do PLA para alcançar a paridade com seus adversários. Eu classifico esse avanço tecnológico como “modernização militar”, definida pelo desenvolvimento de sistemas de armas requintados e melhorias no material de guerra para atender aos requisitos militares. Há, no entanto, uma segunda categoria de avanços que rotulo de “reforma militar”, que é definida menos pelo hardware e mais por evoluções institucionais, como uma reestruturação da hierarquia do PLA e uma re-priorização do treinamento realista em operações combinadas integradas. Enquanto a caixa de modernização militar representa a imagem de força do PLA e tende a atrair a maior parte da atenção em reportagens da imprensa, a pasta de reforma militar recebe menos alarde, mas destaca as fraquezas atuais do PLA. Novas armas de alta tecnologia são úteis para permitir a letalidade de uma força militar, mas as atuais deficiências da reforma militar impedem a capacidade do PLA de empregar tal hardware para atingir os objetivos políticos estratégicos da China. Para melhor fornecer uma análise equilibrada dos pontos fortes e fracos do PLA, analistas e formuladores de políticas devem se concentrar em avaliar não apenas os pontos fortes da modernização militar, mas também os pontos fracos da reforma militar.


O foco atual na modernização militar do PLA

O exemplo mais recente de modernização e reforma do PLA decorre de uma série de esforços realizados pelo presidente da Comissão Militar Central, Xi Jinping, visando o que ele chamou de "Os Cinco Incapazes". Esses incapazes destacam as atuais fraquezas do PLA que o impediriam de alcançar a modernização militar até 2035 e se tornar um militar de classe mundial em 2049. Um componente-chave desses esforços é o desenvolvimento e implantação de sistemas de armas de combate com credibilidade, capazes de manter em risco os principais recursos do adversário, e permitindo que o PLA expanda suas áreas de influência fora da China continental. A modernização militar busca armar o PLA com os sistemas de armas necessários para executar com eficácia a estratégia chinesa de “defesa ativa” dos interesses nacionais centrais.

Esses esforços incluem novos mísseis balísticos de alcance intermediário capazes de atingir as bases americanas em Guam, bem como novas capacidades espaciais que aumentam a inteligência, vigilância e reconhecimento do PLA em distâncias mais longas. A modernização militar também busca construir um PLA capaz de conduzir atividades militares globais que projetem o poder chinês para proteger seus interesses estrangeiros e cidadãos residentes no exterior. Como os estudiosos chineses veem o crescente poder econômico internacional como um capacitador fundamental do poder nacional, a capacidade de defender esses interesses internacionais tornou-se uma tarefa crítica para o PLA.


Mas a reforma militar é a outra metade da campanha para transformar o PLA

Mesmo com o novo hardware, Xi reconheceu a necessidade de executar reformas abrangentes para apoiar uma força competente e capaz. No final de 2015, Xi codificou pela primeira vez sua campanha de reforma militar, após identificar um exército que lutava para atender aos requisitos de conduzir uma guerra local em condições informatizadas. Este conceito de guerra em rede é baseado em vigilância e reconhecimento persistentes, juntamente com munições guiadas de precisão que mitigam tanto os danos colaterais quanto o risco de escalada militar inadvertida.

Xi também observou um PLA criticamente prejudicado por estruturas de comando desatualizadas e corrupção desenfreada, deixando de conduzir com eficácia as operações combinadas que integraram vários ramos de serviço em um esforço militar. O país foi dividido em regiões militares que muitas vezes agiam como seus próprios feudos, praticando poucos exercícios conjuntos inter-regionais. Além disso, essas regiões careciam de recursos logísticos suficientes para sustentar uma grande campanha. Finalmente, o PLA sofreu com um sistema de mão de obra repleto de suborno e trabalhou para desenvolver uma força educada em grande escala.


Foi sob essas condições que Xi anunciou reformas abrangentes destinadas a profissionalizar o PLA nos cinco anos subsequentes. Essas reformas foram projetadas para trazer a força mais perto de alcançar o status de força armada de classe mundial. Uma das primeiras mudanças importantes foi a transição das regiões militares para "comandos de teatro" estruturados de forma semelhante aos comandos combatentes geográficos dos EUA. Nessa estrutura, cada ramo militar (Exército, Marinha e Força Aérea do PLA) fornece uma organização componente subordinada ao comandante do teatro, promovendo assim operações militares combinadas do PLA melhor integradas. Essas mudanças forneceram às forças armadas chinesas as habilidades adicionais necessárias para executar missões e campanhas mais complexas, como um hipotético desembarque anfíbio em Taiwan.

As reformas de Xi também visaram às deficiências do PLA na realização de treinamento de combate realista em condições informatizadas. O PLA carece de experiência de combate moderna, já que sua guerra mais recente ocorreu contra o Vietnã em 1979. O PLA, portanto, confiou em exercícios militares como seu principal meio para testar e avaliar a prontidão de combate em toda a força. Os esforços para melhorar o realismo nos exercícios vermelho-azul incluem um adversário mais dinâmico e improvisado, bem como cenários mais complexos, como operações noturnas e a integração de objetivos simultâneos de múltiplos serviços.


As reformas também criaram três novos serviços dentro do PLA: a Força de Foguetes (PLARF) nascida do antigo Segundo Corpo de Artilharia, que gerencia disparos de precisão de longo alcance e o arsenal nuclear de foguetes do país; a Força de Apoio Estratégico (SSF), que gerencia as operações de informação, operações espaciais e operações cibernéticas; e a Força Conjunta de Apoio Logístico (JLSF), que gere a movimentação de materiais em todo o país, bem como assegura a integração civil-militar de apoio logístico ao PLA. Por meio dessas três novas organizações, Pequim centralizou o comando de seu arsenal cinético e não-cinético estratégico. Essa centralização garante o controle efetivo e a lealdade política dessas forças, ao mesmo tempo em que aborda a fraqueza crítica do PLA em torno das operações combinadas integradas em todas as funções de combate.

No entanto, essas novas organizações tiveram sua cota de dores de crescimento desde seu estabelecimento. O SSF tem lutado com a questão da coesão desde que foi compilado de uma maneira “tijolos e não argila” por organizações anteriormente díspares. O JLSF permanece nos estágios mais iniciais de desenvolvimento de uma capacidade logística de apoio às operações expedicionárias. A PLARF foi forçada a reconciliar o controle centralizado de Pequim com a exigência de integração em operações conjuntas comandadas pelo teatro.

A missão inacabada da reforma do PLA


Embora a campanha de reforma militar de 2015 de Xi tenha sido concluída em 2020, seus esforços continuam para melhorar as deficiências identificadas do PLA, como o cultivo de pessoal de qualidade, a promoção de operações combinadas integradas e a ênfase no treinamento de combate realista. No Quinto Plenário do 19º Congresso do Partido da China em outubro de 2020, o Partido Comunista Chinês estabeleceu uma nova data histórica de 2027 para a Estratégia de Desenvolvimento de Três Etapas para a Modernização da Defesa de Xi. Até o novo marco, o PLA tem a tarefa de atingir metas de avanço militar, como a aceleração da doutrina e reformas organizacionais.

O PLA manteve 2035 como o segundo marco histórico em que o PLA terá incorporado sistemas de guerra mecanizada (capaz de se mobilizar rapidamente em grandes distâncias), informatizada (operações conduzidas por reconhecimento abrangente e armamento de ataque de precisão) e inteligente (campanhas executadas por meio de sistemas de combate habilitados por inteligência artificial para comprimir laços de decisão). O marco final do plano de três etapas de Xi é 2049, quando o PLA é definido para atingir o status de militar de classe mundial. Para atingir esses objetivos, Xi provavelmente continuará com suas campanhas anticorrupção, aprimorará os programas de gestão e retenção de talentos e exigirá operações conjuntas integradas complexas tanto em treinamento quanto em exercícios.

Conforme o PLA se aproxima de seus marcos de 2027 e 2035, provavelmente sentirá uma pressão crescente da liderança do PCCh para demonstrar progresso nessas áreas. O PLA também provavelmente continuará a prestar muita atenção à modernização militar dos EUA, especificamente na área de operações do INDOPACOM, para garantir que os próprios esforços de avanço e campanhas de reforma de Pequim continuem a colocar o PLA no caminho da paridade com, e eventual superioridade, as capacidades militares dos EUA.

Por que não podemos esquecer a outra metade do desenvolvimento do PLA


Xi Jinping e a Comissão Militar Central reconhecem que a introdução de armamento avançado para uma força militar mal-treinada e mal-administrada não resultará em um PLA que possa atingir os objetivos estratégicos do partido. No entanto, o novo hardware permite que Pequim perpetue suas imagens projetadas de força militar, enquanto oculta as deficiências contínuas relacionadas à reforma militar.

Os analistas de defesa e formuladores de políticas dos EUA devem estar atentos a indicações de melhorias nas áreas de deficiência de PLA críticas identificadas de Xi para gerar avaliações claras e abrangentes do progresso tanto na modernização do PLA quanto nas campanhas de reforma As indicações de progresso contínuo podem fornecer uma visão crítica sobre a confiança dos líderes do partido na capacidade do PLA de competir, lutar e vencer guerras, ao mesmo tempo em que destacam áreas de déficit contínuo em toda a força. Se analistas militares e legisladores se concentrarem exclusivamente na aquisição de novo hardware, mísseis de maior alcance, navios mais capazes e aeronaves mais furtivas, eles arriscam ver apenas metade da imagem e arriscam fazer o PLA ter 3 metros de altura.

Steve Sacks é um oficial de inteligência estacionado no Quartel-General do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, servindo como analista militar no Grupo de Pesquisa do Serviço da China.

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LIVRO: Forças Terrestres Chinesas, 29 de março de 2020.







COMENTÁRIO: A guerra civil de Mianmar já começou


Por Philipp Annawitt, The Diplomat, 19 de abril de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 28 de abril de 2021.

Aqui está o que a comunidade internacional pode e deve fazer a respeito.

Min Ko Naing, um ativista político veterano e uma figura importante por trás do Comitê de Mianmar que representa o Pyidaungsu Hluttaw (CRPH), o governo provisório legítimo que se opõe à junta, deixou claro: os ativistas que se opõem à junta devem ir para territórios mantidos por organizações armadas de grupos étnicos aliados no sudeste. “Esses territórios se tornarão 'zonas francas' onde poderão continuar a luta contra os militares junto com as minorias étnicas. Aqueles que permanecerem nas cidades continuarão a luta com guerrilha de protestos”, disse ele à Rádio Free Asia.

Mianmar está diante de uma guerra civil - ou, na verdade, uma grande escalada das guerras civis que o país viveu desde a independência - entre a junta que assumiu o poder no golpe de 1º de fevereiro e o amplo guarda-chuva do CRPH e organizações de minorias étnicas que acabaram de formar um Governo de Unidade Nacional (National Unity Government, NUG). Poucas pessoas agora acreditam em um acordo negociado. A razão é simples: nenhum dos dois tem incentivos para se comprometer.

A junta, depois de matar mais de 700 manifestantes e civis, sabe que não há como escapar desse golpe. Por enquanto, os líderes do golpe permanecem firmemente no controle das forças armadas, conhecidas como Tatmadaw, desde que não se comprometam. Depois que começarem a perder, há pouco para impedir que a segunda camada de generais os jogue fora e busque um acordo melhor para si.


O CRPH também está travado em confronto. Seus novos aliados étnicos suspeitam que a Liga Nacional para a Democracia, o partido no poder destituído em 1º de fevereiro, os venderá se tiver uma chance de acordo, então o CRPH precisa demonstrar firmeza. Sua base política está mobilizada e exaltada e não busca um retorno ao status quo ante. “O povo da Birmânia não aceitaria [um acordo negociado]”, disse-me Phyo Zeya Thaw, membro do comitê executivo do NLD, em fevereiro.

Quais são, então, as perspectivas da guerra civil que se aproxima?


Os principais fatores são: primeiro, a força e a amplitude da coalizão que apóia o NUG por meio do Conselho Consultivo da Unidade Nacional (National Unity Consultative CouncilNUCC), que incluirá exércitos étnicos e organizações políticas étnicas que apoiam o NUG, mas cuja constituição ainda não foi finalizada; e segundo, o relativo apoio internacional do CRPH contra a junta. A coalizão de organizações armadas étnicas operando através do NUCC não derrotará o Tatmadaw militarmente. A junta, em vez disso, será desfeita por seu fracasso abrangente em governar o país e fornecer serviços ao povo, o que está sendo negado pela contínua desobediência civil. A chave para a vitória do NUG será manter a desobediência civil em face da repressão e do colapso econômico que já começou.

E é aqui que entra a comunidade internacional. Os governos estrangeiros precisam reconhecer o NUG e liberar para ele os fundos congelados em contas bancárias nos Estados Unidos, Cingapura e outros lugares. Eles também precisam garantir que a telco baseada em satélite esteja disponível para o NUG para direcionar a ação de desobediência civil no coração de Mianmar a partir de sua base na fronteira com a Tailândia. Mais importante ainda, a comunidade internacional precisa ajudar o NUG a colocar seus fundos em uso. Isso requer acesso aos mercados de bens e sistemas financeiros dos vizinhos e suas fronteiras abertas, especialmente da Tailândia e da Índia. Estabelecer esses canais é vital tanto para a sobrevivência do NUG quanto para as operações humanitárias em grande escala que logo serão necessárias. A iniciativa da ASEAN para fornecer ajuda humanitária é bem-vinda. Qualquer apoio humanitário prestado pela junta será rejeitado pelo movimento de desobediência civil. A ajuda entregue através da Tailândia, por outro lado, poderia abastecer tanto as populações de refugiados no território do NUG quanto no interior e, portanto, ser mais aceitável politicamente. Essas tarefas são onde a energia diplomática internacional está melhor focada agora.

Dependendo do acima exposto, existem dois resultados possíveis. Uma vitória militar rápida para a junta, se a Tailândia e a Índia negarem apoio ao NUG, ou se a coalizão que apóia o NUG for muito fraca para resistir ao ataque devastador que o Tatmadaw irá desencadear. Com relutância, então, a China apoiará a junta, fazendo com que Índia e Japão corram para normalizar as relações. As potências ocidentais manterão as sanções, excluindo a junta da economia dolarizada e deixando-a muito mais pobre do que antes.


O resultado não será um retorno à década de 1990, onde Mianmar, confortavelmente para as potências regionais envolvidas, se desvanece na obscuridade opressora, estável e profundamente pobre. Em vez disso, uma vitória da junta significaria instabilidade de longo prazo para Mianmar, à medida que o conflito continua a arder, desestabilizando um país parcialmente isolado até e além de suas fronteiras até que, finalmente, após anos, a junta é arrastada para baixo por sua própria administração desastrosa do país.

A alternativa também não é fácil: uma longa e árdua competição veria o NUG ter sucesso enquanto o Tatmadaw se desintegra lentamente em face de suas contradições flagrantes - uma força de combate que se define como o protetor de uma Mianmar Bamar, matando manifestantes inflexíveis no coração da etnia bamar de Mianmar e sendo amarrado na luta contra teimosos exércitos de guerrilha em várias frentes nas fronteiras de Mianmar.

Assim que o Tatmadaw começar a balançar, os soldados mudarão de lado ou desertarão em massa, e a junta perderá rápida e decisivamente. Mianmar não é a Síria; a junta não tem uma base política ou territorial segura para se apoiar. Então, o Tatmadaw exaurido sacrificará a liderança da junta para fazer um acordo e assegurar sua influência dentro de um novo Mianmar federal. Uma transição tensa - uma assembleia constitucional e novas eleições - seguirá à medida que as difíceis questões sobre o futuro de Mianmar precisam de respostas: Qual será o papel do Tatmadaw em um novo Mianmar? Os militares serão integrados aos exércitos étnicos vitoriosos? O que exatamente significa autonomia para os estados étnicos de Mianmar? O que acontecerá com essas zonas autônomas de sub-estado, como o poderoso Estado Wa?

A unidade entre a coalizão vencedora díspar vai vacilar rapidamente, a violência pode explodir e isso exigirá esforços intensos das potências regionais para manter a transição federal unida. Nesse ponto, então, potências regionais, incluindo EUA, Japão, Índia, Tailândia e China, se encontrariam do mesmo lado, persuadindo seus respectivos clientes a cederem terreno para chegarem a um acordo. Será uma bagunça, mas ainda é uma oportunidade de ouro: finalmente um Mianmar pacífico, 75 anos após sua independência.

Philipp Annawitt é ex-conselheiro do parlamento e do governo de Mianmar.

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DOCUMENTÁRIO: Geopolítica do Sudeste Asiático


Análise geopolítica do grupo Caspian Report


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 28 de abril de 2021.

O território do sudeste asiático é composto principalmente pela região continental da ex-Indochina, contendo o Vietnã, Laos, Camboja, o reino da Tailândia e a Birmânia. Estes países formaram corações densos em áreas irrigadas por rios e deltas, formando cidades em terreno agrário fértil, o que permitiu o florescimento de civilizações populosas.

Porém, o terreno torna a região distinta do resto do continente asiático, com uma topografia e vegetação inóspitas para a habitação humana. A paisagem impenetrável não permite que cartógrafos delineiem fronteiras na selva, o que traz problemas para o controle de fronteiras, com a contestação de fronteiras entre países sendo uma causa de tensões.

Curso fluvial passando pelo Laos, Tailândia e Camboja.

A natureza acidentada do terreno acaba formando bolsões de coletividades humanas espalhados pelas fronteiras dos território, e separados dos corações populacionais, formando vários grupos étnicos e sociais que não necessariamente respondem às autoridades dos grandes centros. Esses bolsões não-governados criam forças separatistas e espaços de atividades ilegais. Essas áreas sem governo, com multiculturalismo, formam uma barreira geopolítica à unidade nacional e abrem a porta dos fundos à intervenção estrangeira, criando uma tradição de exploração por potências externas - atualmente, Pequim.

O rios do subcontinente afluem da China, e Pequim usa o controle ou bloqueio (como represamento) do Mekong para forçar a mão desses países, que dependem da irrigação. Essa forma de diplomacia acaba sempre colocando a China em uma posição de força diante dos demais.

Rios afluindo da China no subcontinente.

Esses problemas geográficos atrapalham o desenvolvimento da área continental, impedindo a integração física dos territórios. Todos esses países precisam destinar um mínimo de 5% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) para projetos de infraestrutura, com o objetivo de atingir a integração territorial. A Tailândia, sendo abençoada com terras baixas perto da costa na bacio do rio Chao Phraya, pôde formar um "heartland" próspero e etnicamente homogêneo que formou um poderoso reino unificado na região. Sua capital, Bangcoc, é uma das capitais mais centralizadas da região. O terreno com montanhas e rios também ajudou a impedir invasões da Birmânia e do Vietnã. A Tailândia também jamais foi colonizada, um ponto de enorme orgulho para o povo tailandês até hoje.

PIB per capita dos países do subcontinente.

A Indonésia, um país formado por múltiplas ilhas (mais de 17.000 ilhas), é a encarnação dos potenciais e deficiências do sudestes asiático. O país está no nexus do comércio global, com a 4ª maior população do mundo e uma abundância de recursos naturais (além de uma grande capacidade de produção). Jacarta, no entanto, é enorme e tem um problema geográfico de integração basicamente insolúvel: a distância total dos territórios indonésios é igual àquela entre Paris, na França, até Cabul, no Afeganistão.

O arquipélago malaio.

O tipo de terreno e distâncias marítimas força os países da região a possuírem marinhas fortes, o que nenhum deles é capaz de manter. Os investimentos de infraestrutura disputam recursos com os investimentos militares; e a falta de integração territorial força os investimentos militares a se dividirem entre as marinhas e os exércitos, pois grandes forças terrestres são necessárias para subjugar as minorias sob controle do Estado governante. Essas fraquezas mantém os países da região em eterna situação de intervenção e vassalagem estrangeiras; sendo a China o novo entrante.

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terça-feira, 27 de abril de 2021

Ataque a posto militar no leste de Mianmar perto da fronteira com a Tailândia

Fumaça e explosões em um acampamento militar birmanês visto do lado tailandês da fronteira entre Mianmar e Tailândia, 27 de abril de 2021. (AP)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 27 de abril de 2021.

Os confrontos são os mais ferozes combates entre o Tatmadaw, as forças governamentais birmanesas, e um grupo étnico armado desde o golpe de 1º de fevereiro.

Alguns dos combates mais intensos em Mianmar (Birmânia) desde que os militares do país tomaram o poder em um golpe em 1º de fevereiro eclodiram no leste de Mianmar, perto da fronteira com a Tailândia, na manhã de terça-feira, quando insurgentes da minoria étnica Karen atacaram um posto avançado do exército.

O confronto aconteceu quando os generais disseram que considerariam "positivamente" as sugestões da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Association of Southeast Asian Nations, ASEAN), que se reuniu em uma cúpula especial no sábado, dia 24. Os líderes pediram o fim da violência e exortaram ao diálogo com o governo eleito que foi derrubado.


Manifestantes contra o golpe militar juntam-se às forças karen para participar de um treinamento liderado pela União Nacional Karen (KNU), no estado de Karen. (Reuters)

A União Nacional Karen disse que suas forças capturaram um posto avançado do exército de Mianmar perto da fronteira com a Tailândia, após lançar um ataque pouco antes do amanhecer. O campo foi ocupado e incendiado, disse o chefe de relações exteriores do grupo armado, Saw Taw Nee, à agência de notícias Reuters. Ele disse que houve combates em outros lugares também, mas não deu detalhes.

Mapa da região com destaque para Mae Hong Son, onde ocorreu o ataque. (Al-Jazeera)

Pessoas do outro lado do rio Salween, que segue a fronteira entre os dois países, relataram anteriormente terem ouvido tiros, enquanto um vídeo postado nas redes sociais mostrava incêndios e fumaça subindo das colinas arborizadas.

“Houve combates intensos no posto avançado do exército de Mianmar em frente a Mae Sam Laep”, disse à Reuters uma autoridade provincial da cidade de Mae Hong Son, no noroeste da Tailândia. “Nossos funcionários de segurança estão avaliando a situação, mas até agora não houve nenhum relato de impacto do lado tailandês.”

Uma pessoa do lado tailandês ficou levemente ferida, disse a autoridade. Os militares de Mianmar, conhecidos como Tatmadaw, não fizeram comentários imediatos. Os combates na área aumentaram desde que os generais tomaram o poder em um golpe de 1º de fevereiro, com o General Min Aung Hlaing à frente, e mergulharam Mianmar em turbulência. Os militares se vêem como os guardiões da nação e como a única instituição que pode unir o país etnicamente diverso de 53 milhões de habitantes.

“Isso é muito preocupante”, disse Scott Heidler, da Al Jazeera, que está em Bangcoc, sobre a escalada mais recente. “Isso é algo que temos visto acontecendo desde o golpe de fevereiro.”

 Em raros comentários na segunda-feira (26), o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, disse que estava "chocado com a violência dolorosa" que as forças armadas usaram contra civis que se opunham ao golpe militar. Obama, que defendeu o envolvimento com os militares como parte da democratização de Mianmar durante seus dois mandatos, disse que apoiou os esforços dos Estados Unidos e de outros países para sancionar os generais e deixar claro o custo de suas ações.

“O esforço ilegítimo e brutal das forças armadas para impor sua vontade após uma década de maiores liberdades claramente nunca será aceito pelo povo e não deve ser aceito pelo mundo em geral”, disse ele nos comentários, que compartilhou no Twitter. “Os vizinhos de Mianmar devem reconhecer que um regime assassino rejeitado pelo povo só trará maior instabilidade, crise humanitária e o risco de um estado falido.”

O país estava relativamente calmo desde a reunião da ASEAN em Jacarta, que contou com a presença do chefe do exército Min Aung Hlaing, líder de fato do país. Os militares, em seu primeiro comentário oficial sobre a reunião, disseram que “considerariam cuidadosamente as sugestões construtivas”.

“As sugestões seriam consideradas positivamente se servissem aos interesses do país e fossem baseadas em propósitos e princípios consagrados na” ASEAN, disse em um comunicado publicado nesta terça-feira (27).

Mianmar juntou-se à organização de 10 membros durante um regime militar anterior em 1997. Após anos de relativa quietude, houve novos confrontos entre o exército e alguns dos grupos armados étnicos, principalmente nas áreas de fronteira do país.

Alguns dos grupos armados expressaram apoio aos oponentes dos militares, cujas forças mataram cerca de 753 civis para tentar impedir os protestos contínuos, de acordo com a Associação de Assistência a Presos Políticos, que rastreia prisões e mortes.

Chamas vistas da Tailândia.

Em sua última atualização humanitária sobre a situação em Mianmar, o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários disse que os combates aumentaram no estado de Kachin, no estado de Shan do norte, no estado de Kayin e na região de Bago nos meses após o golpe.

Cerca de 3.000 pessoas cruzaram a fronteira com a Tailândia no final do mês passado, depois que o Tatmadaw bombardeou áreas da fronteira oriental. Estima-se que 40.000 pessoas foram forçadas a deixar suas casas como resultado da escalada dos combates, disse a ONU. A maioria é do estado de Kayin.

Resumo sobre o golpe no Mianmar


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