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sexta-feira, 2 de julho de 2021

FOTO: Tanquista chinês do PLA com um T-26 soviético

Tanquista chinês do PLA, com uma cicatriz na boca, em frente ao seu carro T-26 soviético durante uma parada militar no final da década de 1940.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 2 de julho de 2021.

O líder comunista chinês, Mao Tsé-tung, estabeleceu a República Popular da China (RPC) na China continental em 1949, com Chiang Kai-shek e os nacionalistas fugindo para a Ilha de Formosa, agora República da China (ROC) ou Taiwan. Em 1º de outubro de 1949, o Exército de Libertação do Povo (PLA) do Partido Comunista Chinês (PCC) realizou um grande desfile na capital Pequim, com desfiles menores em outras cidades importantes, com os tanques sendo uma mistura de tanques japoneses capturados pelo Exército Revolucionário Nacional (NRA, nacionalistas) e depois capturados pelo PLA, tanques americanos fornecidos ao NRA através do Empréstimo-e-Arrendamento (Lend-Lease Act, LLA) e capturados pelo PLA, e T-26 e T-34 soviéticos fornecidos pela União Soviética ao PLA.

No espaço de um ano, essas tropas seriam lançadas em combate novamente. Em outubro de 1950, Mao tomou a decisão de enviar o "Exército Voluntário do Povo" à Coréia contra as forças das Nações Unidas lideradas pelos EUA na Guerra da Coréia. Os exércitos chineses que lutaram ali estavam equipados com armas pesadas de fabricação soviética, incluindo tanques T-34.

Tanques T-34/85 do Exército de Libertação do Povo desfilam na Praça Tiananmen no desfile do Dia Nacional Chinês de 1950, 1º de outubro de 1950.

Bibliografia recomendada:

China's Wars: Rousing the Dragon 1894-1949,
Philip Jowett.


Leitura recomendada:

LIVRO: Forças Terrestres Chinesas, 29 de março de 2020.





terça-feira, 22 de junho de 2021

A adoção do tanque T-72A "Dolly Parton" do Exército Soviético


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 22 de junho de 2021.

No dia de hoje, em 22 de junho de 1979, por ordem nº 9103 do Ministro da Defesa da URSS, o tanque T-72A foi adotado pelo Exército Soviético. O tanque T-72A era um tanque T-72 com uma arma melhorada, motor e um telêmetro a laser, além de blindagem composta no chassis e na parte superior da torre apelidada pelos americanos de Dolly Parton.

Um total de 5.264 tanques T-72A foram entregues ao Exército Vermelho Soviético.


Vista superior do T-72A. Este modelo ostenta uma blindagem composta "Dolly Parton" espessa na frente da torre.

O T-72A apresentava uma nova torre com blindagem frontal mais espessa, quase vertical. Devido à sua aparência, a blindagem foi apelidada não-oficialmente de "Dolly Parton" pelo Exército dos EUA. Essa blindagem usou o novo enchimento de torre de haste de cerâmica, incorporou blindagem laminada aprimorada no glacis e montou novas saias laterais anti-carga oca. O apelido deriva da cantora country Dolly Party ser famosa pelos seios grandes.

Dolly Parton vestida de coelhinha da Playboy na capa de outubro de 1978.

O T-72 é uma família de tanques de batalha soviéticos/russos que entrou em produção pela primeira vez em 1971. Cerca de 20.000 tanques T-72 foram construídos, e reformas permitiram que muitos permanecessem em serviço por décadas. A versão T-72A introduzida em 1979 é considerada um tanque de guerra principal de segunda geração. Foi amplamente exportado e prestado serviço em 40 países e em vários conflitos. A versão T-72B3 introduzida em 2010 é considerada um tanque de batalha principal de terceira geração.

O desenvolvimento do T-72 foi um resultado direto da introdução do tanque T-64. O T-64 (Objeto 432) era um projeto muito ambicioso para construir um tanque bem blindado competitivo com um peso não superior a 36 toneladas.

A Federação Russa tem mais de 5.000 tanques T-72 em uso, incluindo cerca de 2.000 em serviço ativo e 3.000 em reserva. O T-72 foi usado pelo Exército Russo em combate durante a Primeira e Segunda Guerras da Chechênia, e pelos dois lados na Guerra Russo-Georgiana de 2008. Na recente guerra entra a Armênia e o Azerbaijão, ambos os lados também usaram o T-72, que ficaram infames por serem destruídos por ataques de drones.

A Suécia comprou alguns T-72 que foram do National Volksarmee (NVA) da Alemanha então recentemente unificada. O T-72 também é o tanque padrão no Biatlo de Tanques dos Jogos do Exército da Rússia, e atualmente a Rússia está padronizando seus aliados com os padrões T-72B. Entre os novos operadores do T-72 estão o Laos e a Sérvia. As forças pró-russas na Ucrânia também operam o T-72, apesar das sanções, e o Exército Indiano usou carros T-72 no seu stand-off com os chineses no ano passado.

A equipe do Exército da Nicarágua com um T-72 nos Jogos Internacionais do Exército Russo de 2015, na base de Alabino, nas cercanias de Moscou.

Na América Latina, o T-72 foi suprido para a Nicarágua de Ortega e a Venezuela de Chavez e agora Maduro, bases estratégicas da Rússia no continente.

A Venezuela recebeu 92 T-72B1 da Rússia entre 2009-2012. Houve uma proposta em 2012 de mais uma centena, mas não foi pra frente. Esses T-72 (ou T-72V de Venezuela) costumam participar de desfiles públicos que recebem pesada cobertura midiática, de forma a demonstrar o poder do regime socialista bolivariano.

Tanques T-72B1V do Exército da Venezuela durante desfile em homenagem à morte do ex-presidente Hugo Chávez, março de 2014.

Bibliografia recomendada:

T-72 Main Battle Tank 1974-93,
Steven J. Zaloga e Peter Laurier.

TANKS:
100 Years of Evolution,
Richard Ogorkiewicz.

Leitura recomendada:

PERFIL: Veterana da USAF estampa a capa da Playboy em três países, 28 de setembro de 2020.

GALERIA: O T-72 polonês em direção à Lituânia, 8 de novembro de 2020.

Carros de combate principais T-72B1MS no Laos, 22 de setembro de 2020.

Equipe nº 1 vietnamita no segundo lugar do Grupo 2 no Biatlo de Tanques na Rússia28 de novembro de 2020.

Águia Branca: Novas entregas do T-72B1MS "Águia Branca" na Sérvia, 28 de maio de 2021.


FOTO: T-72 georgiano decapitado, 23 de setembro de 2020.


FOTO: T-72 armênio destruído, 18 de dezembro de 2020.

sábado, 19 de junho de 2021

Desastre na França: A Batalha de Dompaire

Coluna de carros de combate M4 Sherman do 12e Régiment de Chasseurs d'Afrique (12e RCA) da 2e DB próximo a Vesly, na Normandia, em agosto de 1944.
(Colorização de PIECE of JAKE)

Por Peter Samsonov, Tank Archives, 7 de outubro de 2016.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 19 de junho de 2021.

Coronel Paul de Langlade.
No final do verão e início do outono de 1944, a 2ª Divisão Blindada (2e Division Blindée, 2e DB) de Philippe Leclerc liderava com confiança a ofensiva aliada na Lorena. O Coronel Paul de Langlade era o líder entre os líderes. Suas ações decisivas ameaçaram as unidades alemãs ao sul de Nancy de serem cercadas.

Os alemães decidiram realizar um contra-ataque para corrigir as coisas. Agora de Langlade, tendo desprezado seu inimigo, teve que lidar com as consequências de seu sucesso.


Pronto para defesa

Os alemães enviaram elementos da 112ª Brigada Panzer (Panzer-Brigade 112) para a batalha, comandada por Horst von Usedom. A brigada estava bem equipada: 45 de seus 109 tanques e peças de assalto eram os exigentes, porém mortais, Panteras (Panthers). Várias fontes contam 600-800 soldados de infantaria. O departamento de artilharia faltava: von Usedom tinha apenas seis canhões anti-carro e cinco obuseiros à sua disposição.

O grupo do Coronel de Langlade estava em desvantagem decisiva quando se tratava de tanques. Os franceses tinham 48 tanques Sherman, 5 Stuarts leves e 11 caça-tanques M10 Wolverine. Estes não eram Panteras, mas os franceses também tinham quatro vezes mais artilharia e aeronaves aliadas governavam os céus. Seria incorreto tratar as posições do Coronel de Langlade como inerentemente sem esperança.

General Horst von Usedom.
Ele era conhecido por sempre andar com seu cão de estimação, um cocker spaniel.

Mais dois fatores jogaram nas mãos dos tanquistas franceses. Um, graças à inteligência e relatórios de moradores locais, eles foram informados sobre o movimento de uma grande massa de tanques alemães. Em segundo lugar, já fazia muito tempo que a Alemanha podia fornecer unidades de tanques novos de alta qualidade. A 112ª brigada era composta de recrutas mal treinados que ainda não tinham sentido o cheiro de pólvora. Mesmo com um comandante experiente como von Usedom, era difícil esperar um milagre, especialmente porque ele cometeu vários erros críticos durante o planejamento da batalha. Von Usedom dividiu a ponta de lança blindada, esperando em vão que o clima mantivesse no chão as aeronaves Aliadas e deixou de realizar reconhecimento.

Em 12 de setembro de 1944, os alemães pagaram por seus erros.

O pior está por vir

M4 Sherman "Valserine" da 2e DB avançando por Argentan, na Normandia, agosto de 1944.

Esses eventos aconteceram perto da aldeia de Dompaire. Os franceses controlavam todas as colinas ao redor do assentamento, com os alemães nas terras baixas. O primeiro a tirar sangue foi o 4º Esquadrão de Tanques liderado pelo Tenente Jean Bailaud. Em um engajamento rápido, eles "trocaram" um Pantera por um Sherman.

Às 17:30, perto de uma estrada de Dompaire a Épinal, uma coluna de tanques comandada por Jacques Masseux engajou Panteras e canhões antitanque alemães em combate. Desde a marcha, os franceses foram capazes de destruir um canhão alemã. Um M10 francês chamado "Simun" esgueirou-se perto do inimigo entre as árvores e colocou em chamas um Pantera com dois tiros, e não qualquer Pantera, mas um tanque de comando. Um tanque chamado "Corse" também disparou contra os alemães, mas seus projéteis de 75 mm ricochetearam e um tiro de retorno do Pantera o incendiou. A tripulação sofreu queimaduras, mas o fogo foi apagado.

Um Sherman chamado "Languedoc" enfrentou dois Panteras ao mesmo tempo a uma distância de 600-800 metros. O duelo começou bem, e o terceiro tiro nocauteou um Pantera. Sete tiros foram disparados contra o segundo tanque, sem sucesso, enquanto o Pantera foi capaz de nocautear o Languedoc com um tiro. O "Camargue" também sofreu danos pesados. Os franceses decidiram recuar, pois as silhuetas de seus tanques e caça-tanques foram iluminadas pelas explosões. Os tanques alemães continuaram fazendo seu caminho para as colinas a sudoeste de Dompaire.

Pantera G da Panzer-Brigade 112, nocauteado pelas tropas francesas livres na Lorena, no início de setembro de 1944. Parece que pode ter acabamento de Zimmerit com uma versão inicial de Camuflagem de Disco.

A escuridão caiu por volta das 21:00h. Ambos os lados trocaram tiros às cegas. A escaramuça continuou a noite toda. Enquanto isso, a infantaria entrincheirou-se nas colinas arborizadas sob a cobertura de tanques e caça-tanques. De Langlade solicitou apoio aéreo e recebeu a garantia de que os caças-bombardeiros subiriam aos céus assim que o tempo melhorasse. Enquanto isso, os Panteras pararam em Dompaire. A artilharia francesa disparou em todas as entradas da aldeia para desencorajá-los durante toda a noite, e os tanques do Coronel de Langlade bloquearam todos os movimentos possíveis.

Os Panteras caíram em uma armadilha. Os alemães ainda estavam certos de que estavam enfrentando uma força inimiga insignificante. Em vez de tentar fugir da aldeia enquanto os aviões inimigos estavam inativos, as tripulações da 112ª brigada se abrigaram em casas quentes para se proteger da chuva. Nenhum vigia foi postado. Como resultado, os moradores puderam entrar em contato com os franceses e contar a de Langlade sobre a localização e as ações dos alemães.

Inferno na Terra

O M4 Sherman "Corse", veterano da Batalha de Dompaire, preservado no Museu de Blindados de Saumur, na França.

Nas primeiras horas de 13 de setembro, a infantaria francesa com o apoio de cinco Shermans expulsou os alemães de Lavieville, uma vila próxima. Depois disso, as tropas seguiram para Dompaire, que abrigava os Panteras alemães. Quando os aviões americanos atacaram, eles indicaram alvos com sinalizadores.

O Tenente Bailaud lembrou que o ataque aéreo causou um pânico terrível entre o inimigo. Seis caças P-47 aproveitaram-se do fato de que os alemães quase não tinham recursos de artilharia antiaérea (AAe) e descarregaram seus foguetes contra os soldados em pânico, lançaram Napalm e os estrafaram com metralhadoras. Os aviões chegaram a atacar tanques camuflados em pomares ou escondidos em galpões, já que foram avistados pela infantaria.

Infantaria alemã pegando carona em um Panzer V Panther no norte da França, 21 de junho de 1944.

Os Panteras sobreviventes tentaram recuar para sudeste, em direção a Damas, mas seu caminho foi bloqueado por quatro carros M10 comandados pelo Tenente Morris Allong. O M10 "Storm" nocauteou um Pantera com três tiros a um quilômetro de distância. O segundo Pantera notou o destruidor de tanques e aproximou-se a 300 metros para disparar. O M10 "Thunderstorm" resgatou seu amigo, incendiando o Pantera com dois tiros. A tripulação do tanque Sherman "Armagnac II" se destacou nesta batalha, um dos poucos que possuía um canhão de 76mm. Ele sozinho enfrentou quatro tanques Pantera, dirigindo ao sudeste de Dompaire. O fogo de 1.500 metros mostrou-se ineficaz. Protegendo-se atrás dos edifícios, o tanque reduziu a distância pela metade e veio pelo flanco, incendiando dois Panteras. Durante essa batalha, a tripulação do Armagnac disparou cerca de 70 tiros.

Os obuseiros franceses lançaram 250 granadas sobre os Panteras e a infantaria que tentavam escalar a colina. O Sargento Andre Thomas da 2ª bateria, 40º Regimento de Artilharia Norte-Africano (40e Régiment d'artillerie nord-africain, 40e RANA) relembrou: "Notei um Pantera entre as árvores na estrada para Épinal. Nosso canhão deu seu primeiro tiro. Depois outro, depois um terceiro... O tanque alemão lançou uma cortina de fumaça e apontamos para o aterro da ferrovia. Continuamos atirando. Eu vi um flash e o tanque pegou fogo... mas depois descobri que uma das equipes do M10 reivindicou aquele Pantera."

Modelo do M10 "Richelieu" do RBFM com os fuzileiros navais usando a mescla de uniformes americanos e franceses, como a tradicional cobertura naval com o "pompon rouge".

Às 15:30h do dia 13 de setembro, a aeronave atingiu tanques alemães novamente. Quando os aviões partiram, os Panteras restantes tentaram escapar a leste de Dompaire. Uma recepção calorosa foi preparada para eles. Os arredores norte e leste de Dompaire eram controlados por três caça-tanques M10 e dois Shermans, escondidos no cemitério. Os Shermans atiraram primeiro. Um tanque alemão foi atingido na torre e foi engolfado em fumaça, a tripulação de outro perdeu a calma e abandonou um tanque perfeitamente funcional. O M10 "Mistral" juntou-se a eles, adicionando um Pantera nocauteado e um incendiado à sua contagem. Um terceiro tanque tentou se esconder atrás das árvores, mas levou dois tiros e rolou para uma vala.

Logo depois, os Panteras tentaram outra fuga para o leste. Desta vez, outro caça-tanques "famoso", o "Sirocco", se destacou. Com quatro tiros, seu artilheiro nocauteou dois tanques. O terceiro escapou, envolto em uma cortina de fumaça.

Tripulação de fuzileiros navais do M10 Sirocco, 4º esquadrão do RBFM.

O Sirocco hoje é preservado no Museu de Blindados de Saumur e participa do circo de blindados.

Registro indesejável

Panzer IV Ausf D H preservado no Museu de Tanques de Bovington, na Inglaterra.

Como ficaram os tanques restantes da feira de brigadas, os 46 Panzer IV? Acontece que não muito melhor.

Os Pz IV deveriam fazer um ataque através de Ville-sur-Illon. No início da tarde, o QG do Coronel de Langlade recebeu um telefonema de uma mulher que se apresentou como Julietta la Rose. Ela disse a ele que muitos tanques alemães com infantaria estavam se movendo em direção a Ville-sur-Illon. De Langlade entendeu que eles estavam mirando na retaguarda das tropas que cercavam Dompaire e enviou com urgência um grupo de M10 e Shermans para Ville-sur-Illon.

Dois Shermans assumiram posições no pomar a sudoeste da cidade. Um deles foi nocauteado ao mudar de posição. Os aliados ficaram com dois tanques, o mesmo número de caça-tanques e alguns jipes com metralhadoras. "Um tiro, segundo, terceiro. O melhor tiro foi disparado de 3.000 metros. O projétil acertou um Panzer IV bem quando ele estava saindo da floresta. Mais de uma dúzia de tanques alemães avançaram pelo campo. Nossos M10 ocultos abriram fogo. Os alemães atiraram de volta , mas nenhum tiro atingiu o alvo."

Um Gefreiter (cabo) alemão demonstrando o uso do Panzerfaust ("Esmurrador de Blindados") na Ucrânia. O Panzerfaust era um foguete descartável anti-carro extremamente simples de usar.

Tendo perdido sete tanques, os alemães decidiram recuar, embora ainda tivessem a vantagem numérica. Em vez de tanques, eles enviaram granadeiros com foguetes anti-carro. Nesse momento crítico, os jipes cobriram os tanquistas.

Às 16:00, aviões americanos foram vistos no céu. Mesmo que eles tivessem gasto seus foguetes atacando Dompaire, eles ainda tinham balas .50 suficientes para fazer chover sobre os alemães. O inimigo recuou, mas reiniciou o ataque ao anoitecer e entrou em Ville-sur-Illon. Eles não foram mais longe desde que a notícia os alcançou sobre a derrota catastrófica do batalhão de Panteras, sua força principal.

P47 Thunderbolt no Chino Airshow 2014, 4 de maio de 2014.
Caças-bombardeiros P47 americanos fizeram quatro ataques contra os panzers em Dompaire.

Enquanto isso, quando a escuridão desceu sobre Dompaire, a infantaria francesa vasculhou a cidade, explodindo tanques intactos escondidos em galpões e capturando os tanques e soldados de infantaria sobreviventes.

13 de setembro de 1944 foi um desastre completo para a 112ª Brigada Panzer alemã. Cerca de 350 mortos, 1000 feridos e várias armas perdidas, sem falar nos tanques. A situação era um pesadelo até mesmo para os registros alemães: "Em 13 de setembro, ambos os grupos de tanques perderam 34 Panteras e 26 Pz.Kpfw. IV", escreveu o Coronel von Luck. As perdas francesas foram insignificantes em comparação: 44 mortos, 2 Stuarts e 6 Shermans perdidos. A batalha em Dompaire foi um recorde negro para a Wehrmacht. Em 13 de setembro, eles sofreram as maiores perdas de qualquer dia de combate na Frente Ocidental em 1944-45.

Panther Ausf. G capturado em Dompaire e preservado no Museu de Blindados de Saumur, na França.

Bibliografia recomendada:

Battleground: The Greatest Tank Duels in History,
Steven Zaloga.

Leitura recomendada:









FOTO: Sherman japonês, 6 de outubro de 2020.



sexta-feira, 4 de junho de 2021

Os novos veículos blindados da Austrália são muito pesados?

Rheinmetall Boxer.

Por John Coyne e Matthew Page, The Strategist, 4 de junho de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 4 de junho de 2021.

As decisões do Departamento de Defesa australiano sobre a aquisição de tanques e a próxima geração de veículos blindados são controversas e parecem sempre gerar respostas apaixonadas.

Em 2018, o ex-general e agora senador Jim Molan boxeou com Marcus Hellyer da ASPI no The Strategist sobre veículos blindados de combate (armoured fighting vehiclesAFV). Ambos apresentaram alguns argumentos excelentes, e o assunto ficou ali por um tempo.

Em 2019, James Rickard e eu entramos na briga, abordando os rumores de que a Defesa estava planejando que os veículos de combate de infantaria (infantry fighting vehiclesIFV) da 1ª Brigada com base em Darwin fossem localizados em Adelaide para permitir o treinamento durante todo o ano. Argumentamos que, para o valor estratégico e tático dos IFV ser realizado, eles precisariam operar em toda a extensão da Austrália, independentemente da estação ou do clima. O artigo gerou uma tempestade de comentários nas mídias sociais argumentando que as limitações de mobilidade eram resultado de fatores ambientais em tempos de paz, e não do desenho do veículo.

Carros de combate M1A1 Abrams do Exército Australiano.

No início deste mês, falcões de defesa semelhantes e amigos Molan e Greg Sheridan, do The Australian, discutiram sobre a decisão da Defesa de comprar 75 tanques a um custo de mais de US$ 2 bilhões.

Até o momento, todo esse debate se centrou em dois temas: uma alegada obsolescência dos blindados na guerra moderna e a necessidade do exército ter mobilidade, proteção e poder de fogo. Vamos deixar o primeiro argumento de lado por enquanto e discutir as implicações de mobilidade das escolhas de IFV pela Defesa. Argumentamos que se os IFV, AFV e tanques da Austrália operarem na Austrália ou na região próxima, eles precisarão cuidar de seu peso. Caso contrário, as condições da estrada irão restringir severamente a mobilidade blindada da Força de Defesa Australiana.

O veículo blindado de transporte de pessoal M113, em serviço desde os anos 1970, pesa 18 toneladas. Seus substitutos na lista, o Hanwha Redback e o Rheinmetall KF41 Lynx, pesam mais que o dobro, com 42 e 44 toneladas, respectivamente.

O ASLAV do Exército australiano, em serviço desde o início de 1990, pesa 13,5 toneladas. O substituto planejado do ASLAV, o veículo de reconhecimento de combate Rheinmetall Boxer, é quase três vezes mais pesado, pesando cerca de 38 toneladas, dependendo de sua configuração.

Hanwha Redback.

Ben Coleman destacou como o peso extra do Boxer prejudicou a capacidade de desdobramento estratégico e a mobilidade tática em um relatório da ASPI. Coleman focou fora das fronteiras da Austrália e observou o desafio de transportar esses veículos de avião para países em nossa vizinhança. Ele também levantou preocupações sobre o impacto nas estradas e pontes de má qualidade da região.

No entanto, há um problema muito perto de casa. O estado atual da infraestrutura de estradas e pontes no norte da Austrália representa um desafio de mobilidade mais imediato para esses veículos pesados. Usando dados do Escritório de Economia de Transporte e Comunicações, Shojaeddin Jamali aponta que pouco mais da metade das pontes na Austrália são construídas com um padrão de desenho T44, o que significa que podem conter uma carga de semirreboque de 44 toneladas. O restante é amplamente construído de acordo com o padrão MS18 ou inferior, projetado para transportar 33 toneladas ou menos. Isso está muito abaixo dos padrões do SM1600, que estão em vigor desde 2004 e são projetados para um peso de carga de até 144 toneladas.

Rheinmetall KF41 Lynx.

No norte da Austrália, o problema é agravado pelo envelhecimento da infraestrutura de estradas e pontes em muitos lugares e o número limitado de estradas principais vedadas.

No Território do Norte (Northern Territory, NT), 70% da rede rodoviária não está vedada e é vulnerável a inundações durante a estação chuvosa, restringindo o acesso a comunidades regionais e remotas. Embora as rodovias nacionais do território sejam seladas, mais de 40% da superfície rodoviária da rede rodoviária nacional tem mais de 40 anos. A vida útil do pavimento é geralmente de 40 a 50 anos, portanto, muitas rodovias logo precisarão de manutenção ou reconstrução. A idade média das pontes na rede rodoviária do NT é de 35 e mais de um quarto delas estão na Stuart Highway, a única estrada principal que conecta o território e o sul da Austrália.

ASLAV-25 no Afeganistão, 2011.

Com o estado da infraestrutura regional do norte da Austrália em mente, a perspectiva de empregar novos veículos blindados duas a três vezes mais pesados do que seus antecessores em uma rede de estradas e pontes envelhecidas, a maioria não projetada para cargas superiores a 44 toneladas, deve soar o alarme para os pensadores do setor estratégico da Austrália. Não é difícil imaginar o quão pior seria a situação das estradas em grande parte do Indo-Pacífico, incluindo Papua Nova Guiné, as ilhas do Pacífico e partes do Sudeste Asiático.

Existem duas opções amplas se quisermos realizar os benefícios de mobilidade estratégica e tática de AFV, IFV e tanques. Uma é fazer um investimento substancial na atualização de estradas e pontes em todo o norte da Austrália, embora isso não ajude para desdobramentos  offshore. Alternativamente, o exército poderia obter veículos blindados mais leves, trocando alguma proteção por maior mobilidade. (Para evitar reclamações, notamos que a proteção blindada pode salvar a vida dos soldados apenas se os veículos tiverem mobilidade para serem usados em primeiro lugar.) Ambas as opções vêm com etiquetas de preço pesadas.

Australianos desembarcando na Papua Nova Guiné.

A reforma e a melhoria das estradas e pontes do norte proporcionariam à Austrália benefícios econômicos e sociais além da mobilidade tática e capacidade de desdobramento. Essas atualizações gerariam novas oportunidades econômicas em curto e longo prazo. Uma infraestrutura melhorada reduziria os custos operacionais para a indústria. Redes de estradas e pontes bem mantidas ajudariam a apoiar a crescente demanda por frete de novos projetos de mineração e garantir o acesso durante todo o ano aos portos para a indústria pecuária. Eles também conectariam os residentes do NT a serviços essenciais de educação, saúde e emergência.

No orçamento, o governo federal anunciou um adicional de US $ 15,2 bilhões para infraestrutura, dos quais apenas US$ 3,2 bilhões foram alocados para os estados e territórios do norte da Austrália, com apenas US$ 150 milhões comprometidos com a atualização da malha rodoviária do NT nos próximos 10 anos. Parece que não há nenhum plano real para aumentar a mobilidade por meio de investimentos em infraestrutura no norte da Austrália. A defesa pode precisar ser repensada em seus gigantes blindados.

John Coyne é chefe do programa de Segurança do Norte e da Austrália e do programa de Policiamento Estratégico e Aplicação da Lei, e Matthew Page é estagiário de pesquisa na ASPI.

Bibliografia recomendada:

TANKS: 100 years of evolution.

Leitura recomendada:




domingo, 30 de maio de 2021

GALERIA: Tanque T-54M do Exército Popular Vietnamita

Tanque T-54M do Exército Popular Vietnamita.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 30 de maio de 2021.

Tanque T-54M do Exército Popular Vietnamita postado nas redes sociais hoje, dia 30 de maio. O T-54M é o T-54B que foi modernizado na empresa estatal Z153, do Ministério da Defesa da República Socialista do Vietnã. Os países do sudeste asiático têm demonstrado consistente interesse pelo estado de suas frotas blindadas, especialmente seus carros de combate principais, apesar do ambiente de geografia inóspita. As selvas e montanhas da Ásia, ambientes considerados como proibitivos para tanques de guerra, não impedem que os estados-maiores da região invistam pesado na arma blindada.

Os exércitos do ASEAN vêm adquirindo novos carros de combate ou modernizando carros antigos. O Vietnã possui o moderno T-90 como seu carro de combate de primeira linha, com os T-54 sendo modernizados e ainda mantidos em estado operacional. De modo geral, e especificamente na região, estes velhos blindados realizam uma missão importante na defesa dos interesses de Hanói.





O Comando vietnamita não esqueceu a importância dos tanques na sua Ofensiva de Primavera de 1974-1975 que conquistou o Vietnã do Sul. Os norte-vietnamitas destruíram a República do Vietnã montadas em seus cavalos de aço, seguindo a doutrina soviética de ofensiva blindada. Apesar das perdas em homens e tanques, a operação terminou com a famosa cena de um T-54 derrubando o portão do palácio presidencial de Saigon - o Palácio da Independência.

Abril Negro: Um T-54 do Exército Popular Vietnamita, com a bandeira da Frente de Libertação Nacional (Viet Cong) derruba o portão do Palácio da Independência, em 30 de abril de 1975.

O adversário atual previsto é a China comunista, tendo derrotado uma invasão chinesa em 1979. Atualmente o Vietnã participa de uma aliança trilateral com a Rússia e o Laos. Em agosto do ano passado, uma equipe vietnamita foi a vice-campeã no famoso Biatlo de Tanques em Alabino, no Oblast de Moscou. Na ocasião, os vietnamitas usaram o T-72B3, que não é utilizado pelo Exército Popular Vietnamita.

Bibliografia recomendada:

Soviet T-55 Main Battle Tank.
James Kinnear e Stephen L. Sewell.

TANKS:
100 Years of Evolution.
Richard Ogorkiewiez.

North Vietnamese Army Soldier 1958-75.
Gordon L. Rottman e Brian Delf.

Leitura recomendada:




FOTO: Bulldog em Saigon18 de dezembro de 2020.