sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

FOTO: Manobra Conjunta entre Rússia e China, 2019

19º Destacamento Spetsnaz "Ermak" da Guarda Nacional russa com seus colegas chineses da unidade "Lieying" da Polícia Militar chinesa, 2019. (Foto de Alexandr Kryazhev)

O exercício foi parte dos treinamentos conjuntos sino-russos da manobra "Cooperação 2019", ocorrida no Distrito de Toguchinsky, Oblast de Novosiribirsk, na Rússia.

A Guarda Nacional da Federação Russa (seu nome oficial) foi formada em 2016 por ordem direta do Presidente Vladmir Putin, para evitar o eterno problema de duplicidade de funções no aparato de segurança russo. A Guarda Nacional consolidou as tropas do Ministério do Interior (MVD), Unidade Especial de Resposta Rápida (SOBR), Unidade Móvel de Propósito Especial (OMON) e outras unidades paramilitares internas; somando 340 mil homens em 84 unidades espalhadas pela Rússia. A Guarda Nacional é independente das forças armadas e responde diretamente para o Presidente Putin.

A Força Policial Popular Armada chinesa (Polícia Armada Popular, PAP) é uma força paramilitar criada em 19 de junho de 1982, contando hoje 32 contingentes no Corpo de Guarda Interna PAP, 2 contingentes no Corpo Móvel PAP e 1 contingente no Corpo de Guarda Costeira PAP. Com 1,5 milhão de homens, a PAP é parte das forças armadas e mobilizável como reforço em caso de guerra.


A força Barkhane exterminou um "grupo de combate completo" da Katiba Macina


Por Laurent Lagneau, Zone Militaire Opex360, 23 de janeiro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 23 de janeiro de 2020.

Em 21 de dezembro, a força francesa Barkhane havia conduzido uma operação de oportunidade no setor florestal de Ouagadou, 150 km ao norte de Mopti [centro do Mali] contra um grupo terrorista armado [GAT] provavelmente pertencente à Katiba Macina , liderada pelo pregador jihadista Amadou Kouffa.

E em intensos combates que duraram até o amanhecer, a Barkhane colocou fora de combate 33 jihadistas. Mas as coisas não pararam por aí, uma vez que os comandos franceses foram novamente colocados em ação algumas horas depois. O apoio aéreo de uma patrulha Mirage 2000D e um drone MQ-9 Reaper armado neutralizaram outros 7 jihadistas.

No entanto, o resultado dessas lutas não desencorajou a Katiba Macina. Em 9 de janeiro, na mesma região, durante uma nova operação de comandos da Barkhane, apoiada por helicópteros de ataque Tigre e Gazelle, 9 outros terroristas foram "neutralizados", incluindo três por um ataque de um MQ-9 Reaper.

No dia seguinte, e o Estado-Maior das Forças Armadas [EMA] anunciou apenas em 23 de janeiro, uma nova operação de comandos da Barkhane tornou possível colocar três outros terroristas fora de combate, incluindo um "quadro logístico".

Mas mesmo que a região dita das "três fronteiras" [ou seja, Liptako Gourma] deve ser objeto de uma intensificação das operações militares, a de Mopti, "sujeita a atos de predação pela Katiba Macina", não escapa à vigilância da Barkhane.

Dessa forma, entre 14 e 15 de janeiro, a Barkhane mais uma vez interveio, através de uma operação helitransportada realizada ao sul de Mopti, com comandos e helicópteros de ataque. Segundo o EMA, a luta foi "amarga", a ponto de ser necessário um ataque aéreo [realizado pelo Mirage 2000D ou por um drone Reaper].

E os resultados são claros: um grupo de combate da Katiba Macina foi exterminado, ou seja, cerca de trinta jihadistas foram colocados fora de combate. "Uma vintena de motocicletas foram destruídas e uma grande quantidade de equipamentos telefônicos foi apreendida", acrescentou o EMA.

"A prioridade de Barkhane consiste em reduzir o EIGS na zona das três fronteiras [Mali-Burkina-Níger], sem excluir ações em outras partes do território", comentou o Coronel Frédéric Barbry, o porta-voz do EMA, durante a coletiva de imprensa semanal deste  23 de janeiro.

Além disso, e alinhando-se às observações que o General Lecointre, o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas [CEMA], ainda se lembrava recentemente, não há dúvida para o EMA sobre dar o total dos terroristas " neutralizados” pela Barkhane. "O indicador de sucesso não é o número de jihadistas mortos, mas a quantidade de população que não está ou não está mais sob o controle desses grupos", explicou o Coronel Barbry. Mas isso é provavelmente esquecer que, na "guerra de percepções", esse tipo de informação é algo a ser levado em consideração na opinião pública local.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Comandos Navais franceses com fuzis CETME

Wolfgang Riess, um dos Comandos que usou estes CETMEs – mais tarde ele foi trabalhar como técnico de armas da H&K. Esta história vem de suas anotações.

Por Ian McCollum, Forgotten Weapons, 1º de junho de 2016.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 2017.

Eu estava lendo sobre os primeiros fuzis com retardo do recuo por roletes (no livro requintadamente técnico e detalhado de Blake Stevens (Full Circle: A Treatise on Roller Locking/ Círculo Completo: Um Tratado sobre Trancamento por Roletes) e me deparei com essa história muito legal, que eu queria compartilhar…

A Espanha adotou formalmente o CETME Modelo B em 1958. Era mecanicamente praticamente a mesma arma que conhecemos hoje como o CETME-C ou G3, mas que ainda calibrado para o cartucho 7,62 NATO-CETME. Esta foi uma resposta espanhola aos requisitos de cartuchos da OTAN – era dimensionalmente idêntica 7,62 mm OTAN, mas disparou um projétil de 125 grãos a 2300 fps, em vez dos 143gr a 2790fps do padrão da OTAN. Os espanhóis viram que o cartucho padrão era muito potente para ser eficaz em um fuzil de tiro seletivo, e a carga reduzida foi desenvolvida para reduzir o recuo a um nível manejável. Isso foi feito apenas por alguns anos, até que eles se renderam e adotaram o Modelo C em 1964 usando munição padrão. O CETME-B ainda usaria a munição da OTAN, mas ela foi dura com as armas.

De qualquer forma, os franceses estavam ocupados lutando contra os rebeldes argelinos neste momento, e em março de 1961 um cargueiro dinamarquês chamado Margot Hansen foi visto por um avião de patrulha marítima francesa e parou na costa da Argélia. Durante a abordagem e inspeção, descobriu-se que o navio carregava 200 novos fuzis CETME-B e munição para eles, destinados (ilegalmente) aos grupos rebeldes da ANL e da FLN. As armas foram confiscadas, é claro, e colocadas em depósito no depósito naval francês em Mers El Kebir. Este depósito também possuía outras armas apreendidas, principalmente de origem alemã da Segunda Guerra Mundial – Kar 98k Mausers e fuzis de assalto StG-44. Quando os 200 CETMEs chegaram, rapidamente chamaram a atenção dos Comandos Navais Franceses que estavam estacionados no porto.

Os franceses na época usavam fuzis MAS 49/56, apenas semiautomáticos e com carregadores de 10 tiros. O poder de fogo automático suplementar era fornecido pelos fuzis-metralhadores Châtellerault 24/29, que possuíam carregadores tipo cofre de 20 tiros (que ocasionalmente eram adaptadas a fuzis 49/56, mas essa é uma história diferente). Os Comandos Navais estavam muito interessados nesse novo fuzil, que parecia oferecer as capacidades de seus fuzis e FMs em um único pacote leve. Como eram uma unidade da Marinha Francesa e as armas foram apreendidas pela Marinha e armazenadas em um depósito da Marinha, os Comandos puderam requisitar as armas e munição apreendidas para seu próprio uso sem muita dificuldade.

Comandos Navais franceses testam seus fuzis CETME-B no Djibuti.

O único obstáculo que surgiu foi quando alguém notou que todos os fuzis estavam faltando os percussores. Por quê? Ninguém sabe ao certo, mas muito provavelmente porque os contrabandistas estavam planejando retê-los por segurança ou por um pagamento adicional. Também é possível que toda a configuração do contrabando fosse na verdade uma operação falsa que estava sendo executada pelo SDECE (Inteligência do Exército Francês), mas quaisquer registros que pudessem confirmar isso há muito tempo foram destruídos. De qualquer forma, os Navais não permitiram que uma questão menor, como percussores, os detivesse, e os operadores de máquinas dos depósitos fabricaram por engenharia reversa o projeto e fabricaram um grande número de substitutos. Eles nunca conseguiram acertar o material e o tratamento de calor, e seus percussores aparentemente tinham uma tendência de quebrar com frequência – então os Navais carregavam um monte de peças sobressalentes sempre que usavam as armas.

Outro obstáculo que surgiu foi que a munição apreendida acabou por ser um lixo. Ela foi feita apressadamente a partir de componentes enviados para serem sucateados, e dimensões como o comprimento total variaram substancialmente. Alguns cartuchos não tinham os furos das espoletas. As bases das espoletas variaram significativamente, e foram misturadas dentro de caixas. Os homens conseguiram obter munição de 7,62 mm fabricada na França e acabaram usando os fuzis CETME-B em operações de combate até fins de 1978. Um histórico bem-sucedido para um lote de fuzis espanhóis, por fim usado por décadas contra os próprios grupos que se destinava a ajudar!

Um grupo de comandos franceses relaxantdo durante sua campanha na Argélia. Dois estão armados com submetralhadoras MAT-49 e dois com fuzis CETME-B apreendidos.

Como as armas conseguiram sair do controle espanhol? Esta é uma boa pergunta. Elas teriam sido os armas de uso militar de primeira linha na época, não sendo as armas excedentes ou deixadas sem vigilância. No entanto, a CETME estava trabalhando ativamente com empresas holandesas e alemãs e organizações militares na época, e os carregamentos de fuzis poderiam ter sido legitimamente destinados a qualquer um desses países. Blake Stevens sugere que uma possibilidade para a fonte é que tal carregamento tenha sido desviado por um homem como o notório contrabandista de armas alemão Otto the Strange (Otto, o Estranho) – embora isso possa ser apenas especulação.

FOTO: Tiro de raspão em um T-55 do ISIS

T-55 com telêmetro laser usado pelo ISIS é quase atingido por um ATGM em Idlib, na Síria, em 2013.

O Estado Islâmico se apoderou de vários veículos blindados do exército iraquiano e faz uso deliberado deles em sua busca pela criação de um Califado Islâmico.

Bibliografia recomendada:



Leitura recomendada:


Mísseis TOW americanos foram cruciais para destruir blindados russos na Síria
21 de setembro de 2020.

FOTO: Sniper da FORAD no CENZUB

Sniper francês da FORAD (Force Adverse).

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 23 de janeiro de 2020.

Sniper francês da FORAD com equipamento de detecção laser no Centro de Treinamento de Combate em Zona Urbana (Centre d'entraînement au combat en zone urbaineCENZUB), em Sissonne, na França.

A FORAD (Force Adverse / Força Adversa) é o figurativo inimigo no Exército Francês, conhecido no Brasil como FINGIM (na Marinha) ou Força Oponente (FOROP). O padrão de camuflagem da FORAD é próprio e diferente do padrão das forças francesas para facilitar a identificação durante os exercícios.

Bibliografia recomendada:

Out of Nowhere:
A history of the Military Sniper.
Martin Pegler.

Sniper Rifles:
From the 19th to the 21st century.
Martin Pegler.

Leitura recomendada:


FOTO: Snipers na Costa do Marfim12 de maio de 2021.


FOTO: Sniper na chuva, 16 de setembro de 2020.


FOTO: Sniper com baioneta calada, 9 de dezembro de 2020.

FOTO: Posto sniper na Chechênia15 de outubro de 2020.

FOTO: Sniper italiano em Sarajevo19 de fevereiro de 2021.

FOTO: 195ª Brigada Pesada de Armas Combinadas do Exército de Libertação Popular Chinês

Lobos de Zhurihe: Soldados e veículos da 195ª Brigada Pesada de Armas Combinadas do PLA, a OPFOR chinesa.

Diferente das outras formações chinesas, a 195ª é treinada e opera com doutrina e equipamentos ocidentais, servindo de OPFOR (Opposing Force, Figurativo Inimigo) em combates simulados no Centro de Treinamento de Zhurihe, em Yutian, na província de Hebei. Essa força é inspirada no "exército soviético" americano no Deserto de Mojave, na Califórnia, criado na Guerra Fria. Seu comandante atual é o Coronel-Superior Man Guangzhi.

De maio de 2014 a setembro de 2015, a brigada travou 33 batalhas simuladas com outras brigadas e divisões da força terrestre do PLA no Centro de Treinamento de Táticas de Armas Combinadas Zhurihe, com 32 vitórias e 1 derrota.

Bibliografia recomendada:



Leitura recomendada:



LIVRO: Forças Terrestres Chinesas29 de março de 2020.

FOTO: Mirage 2000D na Jordânia

Dois Mirages 2000D franceses decolando para um ataque de precisão contra o ISIS usando o GBU-24 Paveway III, na Jordânia, 2016.

ANIMAÇÃO: O cerco da embaixada do Irã em Londres, 1980


terça-feira, 21 de janeiro de 2020

VÍDEO: Exercício de ataque, Polenar Tactical

Termina a manifestação contra o desarmamento forçado na Virgínia

Manifestantes armados e equipados.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 21 de janeiro de 2020.

Mais de 22.000 ativistas pelos direitos do porte de armas tomaram as ruas do Capitólio do Estado da Virgínia, na segunda-feira 20 de janeiro, para protestar pacificamente pelas novas leis sobre a posse de armas que atravessam a legislatura controlada pelos democratas. Acredita-se que mais de 70% dos manifestantes estavam armados.


"Cidadãos armados são livres, cidadãos desarmados são escravos. 

A manifestação, organizada pela Liga de Defesa dos Cidadãos da Virgínia, focou legislação sobre armas sugerida pelo governador democrata Ralph Northam. O pacote de novas leis sobre armas inclui verificações universais de antecedentes para a venda de armas e ampliou a autoridade dos governos locais para proibir armas de fogo em locais públicos. O Legislativo da Virgínia também está considerando leis de “bandeira vermelha” (red flag laws) que permitiriam ao governo o confisco de armas de fogo de cidadãos.

"Armas são direitos, não um privilégio."
O dia 20 de janeiro é relevante porque é o dia de Martin Luther King, que celebra os direitos civis. Dentre estes direitos, o posse de armas.

“[Martin]Luther King mesmo sendo um pacifista e adepto da não violência, não abria mão de armas para sua defesa, estas que estavam (faziam) presentes mesmo em sua igreja”, diz Bene Barbosa, presidente do movimento Viva Brasil e especialista sobre cidadania armada e segurança pública.



Os manifestantes vieram de todas as vertentes da sociedade, incluindo milícias armadas (algo previsto na Constituição americana), atiradores, homens, mulheres, gays, negros e outros grupos; contrariando as acusações de veículos da mídia de "supremacismo branco de extrema direita". Nenhum tipo de distúrbio ou violência ocorreu durante a manifestação.

"Eu pareço uma supremacista branca pra você?"

Notar a bandeira GLS com a cobra libertária "Don't tread on me" (Não pise em mim).

Um dos principais pontos da reação enérgica à postura do governo democrata é a arbitrariedade do confisco, algo inconstitucional, que seria feito por meio das leis de bandeira vermelha. Por meio destas, unidades policiais poderiam arrombar casas e confiscarem armas de cidadãos e levá-los presos à força. 

Essa foto tinha a legenda "O casal perfeito para o boogaloo".

Os americanos possuem uma gíria chamada "boogaloo", que é o hipotético conflito entre o cidadão e o governo autoritário querendo tomar os direitos desse mesmo cidadão. A ideia não é tão absurda quanto parece, pois a retórica democrata é abertamente combativa com vários porta-vozes alardeando que tomarão todas as armas dos cidadãos. O próprio Senado da Virgínia já afirmou que, apesar das manifestações, levará para votação a SB-240 (Senate Bill 240, Lei Senatorial 240) de confisco através das leis de bandeira vermelha. Xerifes já se manifestaram dizendo que não cumprirão tais leis, pois elas são inconstitucionais.



Este cidadão atravessou três estados desarmamentistas para apoiar a manifestação.


"Vem pegá-las!", frase de Leônidas nas Termópilas.










Charge com o governador democrata Ralph Northam.



"Meu direito de me proteger não deve ser violado", paráfrase da 2ª Emenda.


FOTO: Soldados do Exército Brasileiro na Guerra do Contestado, 1916


"A deficiência de nosso aparelhamento militar exaltou-se ao primeiro momento da necessidade de seu emprego. Testemunhando o que se passou quando foi preciso levar forças ao campo, é-se impelido ao brado patriótico – armemos a Nação! É doloroso confessar: - estaríamos de sobra derrotados se estivéssemos presentes a uma guerra de verdade... e triste de nós se, no momento em que venha porventura tornar-se mister mobilizar o exército, repetir-se semelhante cena de desorganização de seus elementos e de seu conjunto.
A despeito do ardente desejo pelo seu engrandecimento, por parte de grande número de seus oficiais, o exército é, em quase tudo, o mesmo ou pior que o de vinte e cinco anos atrás. Apesar das alterações consecutivas de seus uniformes, das mudanças de nomes das repartições e das permutações de aquartelamentos, o que se tem dado, periodicamente, satisfazendo a intermitência febril de papeleiros desorganizadores, o exército é o mesmo de outrora".

- 2º Tenente Dermeval Peixoto, A Campanha do Contestado: episódios e impressões, publicado em 1917, edição de 1995, pg. 28.