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quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

O tanque principal Black Panther chegou à Noruega

Um tanque principal K2 Black Panther sendo desembarcado na Noruega.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 29 de dezembro de 2021.

O carro de combate principal K2 Black Panther, o MBT sul-coreano, chegou à Noruega para testes visando a sua possível adoção. Ele participará de testes de avaliação nos próximos dias conforme requisição do governo de Oslo.

Em novembro deste ano, o Ministério da Defesa norueguês anunciou um plano para adquirir novos tanques de batalha principais (Main Battle Tank, MBT) para substituir o Leopard 2A4NO atualmente em serviço com o exército nacional. Os atuais candidatos são o Leopard 2A7 alemão e o K2 Black Panther coreano.

Um K2 Black Panther sul-coreano em ação em uma pista de treinamento sendo filmado por drone


O Ministério da Defesa norueguês há muito tempo conduz análises relacionadas com a manutenção e o desenvolvimento das capacidades fornecidas hoje pelos MBT Leopard 2A4NO. No início, foram consideradas até nove variantes, mas na última etapa da avaliação, duas opções permaneceram: a modernização dos tanques existentes no âmbito do chamado projeto 5050 e a aquisição de novas máquinas.

Conforme anunciado em um comunicado oficia, o Ministério da Defesa norueguês avaliou que a modernização dos Leopards existentes, obtidos de segunda-mão do excedente da Holanda, não fornecerá um nível adequado de capacidades quando se trata de proteger o interior dos tanques contra munição de nova geração, e nem possuem capacidade de operar em um sistema de comunicação centrado em rede, que atualmente está sendo introduzido nas forças terrestres do país.

Desta feita, foi decidido que dois tipos de novos tanques poderiam ser considerados como soluções: adquirir o novo modelo do Leopard 2, a versão A7, ou adquirir o coreano K2 Black Panther da Hyundai Rotem.

O inventário norueguês é limitado, com cerca de cerca de 50 Leopard 2A4NO, e um plano de substituição detalhado, incluindo propostas sobre números e custos, será apresentado ao Parlamento no próximo ano. Presume-se que os novos tanques possam entrar em serviço a partir de 2025. Os alemães estão atualmente renovando seus Leopard 2 para o padrão A7V e os noruegueses poderiam se juntar ao programa; no entanto, a opção coreana também é atraente.

Os coreanos são novos entrantes no mercado de blindados, com o K2 sendo um dos mais novos MBT no mundo. Além disso, as forças armadas norueguesas equiparam sua artilharia auto-propulsada com os obuseiros auto-propulsados K9 de 155/52mm sul-coreanos. Estes foram oficialmente transferidos para o Artilleribataljonen da brigada de infantaria motorizada norueguesa "Nord" (“Norte”) em SetermoenNa Noruega, o obuseiro auto-propulsado K9 é chamado de VIDAR.

Obuseiro auto-propulsado K9 VIDAR norueguês, 2019.

A aproximação com material coreano começou em maio de 2015, a Samsung Techwin juntou-se ao programa de atualização da artilharia norueguesa, competindo contra o KMW Panzerhaubitze 2000 alemão, Nexter CAESAR 8x8 francês e M109 KAWEST americano da RUAG suíça para substituir os obsoletos M109A3GNM por 24 novos sistemas. Um único K9 foi enviado à Noruega para participar da competição. Operado pela equipe de vendas, o veículo passou por testes entre novembro de 2015 a janeiro de 2016; vencendo os seus competidores.

Durante o teste de inverno de janeiro de 2016, o K9 foi o único veículo que conseguiu passar por um campo de neve com um metro de espessura e disparar seu canhão sem nenhum problema, enquanto os veículos concorrentes apresentavam problemas no motor ou peças quebradas. Além disso, o motor K9 foi capaz de manter o calor durante a noite simplesmente cobrindo a área com lona, permitindo assim que o motor iniciasse sem falhas no dia seguinte a -40ºC. Além disso, a suspensão hidropneumática se tornou uma grande vantagem para a mobilidade, pois seu mecanismo derreteu a neve nas partes móveis com muito mais rapidez. O resultado do teste também impactou a Finlândia e a Estônia, que foram convidadas a observarem as apresentações para a sua substituição de sua própria artilharia, o que os levou a também adquirir o K9.

De acordo com o acordo firmado em 2017 entre o Ministério da Defesa norueguês e a empresa sul-coreana Hanwha Land Systems, esta última fornecerá ao exército norueguês 24 obuses AP K9 Thunder com um novo calibre 155/52mm; com uma opção de mais 24 sistemas adicionais. Além dos obuses propriamente ditos, o contrato prevê o fornecimento de seis veículos blindados para o transporte de munições K10 no mesmo chassi, munições, simuladores, equipamentos afins, além de treinamento e suporte técnico completo para os canhões AP durante todo o seu serviço.

O K9 Thunder pesa 47 toneladas, com o potente diesel de 1000cv possibilitando velocidades de até 67 km/h e um alcance de cruzeiro 480km, e contendo uma tripulação de 15 militares. Ele é armado com o canhão KNUMX com um cano de calibre 155; sua a cadência de tiro chega a 52 tiros por minuto. O obuseiro pode atingir alvos com alta precisão a uma distância de mais de 5km e, ao usar projéteis inteligentes Excalibur, a uma distância de mais de 40km.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Coréia do Sul lança sistema de artilharia avançado para o Exército Britânico


Por Dylan Malyasov, The Defence Blog, 11 de setembro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 13 de setembro de 2021.

A Hanwha Defense, uma das maiores empresas de defesa da Coréia do Sul, está lançando seu pacote de obuseiro autopropulsado de 155mm para o Exército Britânico.

Na sexta-feira, o comunicado de imprensa da empresa disse que a Hanwha Defense está pronta para exibir sua artilharia avançada e sistemas terrestres não-tripulados, incluindo o moderno obuseiro autopropulsado K9 Thunder, na exposição Defense and Security Equipment International (DSEI) a ser realizada na ExCel London, em Londres, de 14 a 17 de setembro.

Conforme observado pela empresa, o K9 Thunder 155mm/calibre 52 é o obuseiro AP mais vendido do mundo, já que cerca de 1.700 variantes do K9 estão em serviço em sete países, incluindo Coréia do Sul, Turquia, Polônia, Finlândia, Noruega, Índia e Estônia. A Austrália seria o oitavo cliente da solução K9 com negociações em andamento.

A Hanwha Defense planeja oferecer a última variante do K9, batizada de K9A2, para o programa Plataforma de Fogos Móveis (Mobile Fires Platform, MFP) do Exército Britânico.

A versão do K9 no Reino Unido deve apresentar letalidade, proteção e mobilidade aprimoradas. Equipado com um sistema de carregamento de munição totalmente automatizado, o K9A2 deve ter uma cadência de tiro aumentada para nove tiros por minuto. A nova variante K9 também será equipada com kits de proteção contra minas e lagartas de borracha compostas.

“O Reino Unido é o primeiro mercado internacional para o qual a mais nova variante do K9 SPH está sendo oferecida e esperamos que a indústria de defesa do Reino Unido sirva como base da cadeia de suprimentos para a família global de veículos K9”, disse Sun Wi, Diretor do Programa MFP, Hanwha Defense.

Dylan Malyasov é um jornalista e comentarista de defesa dos Estados Unidos. Fotógrafo de aviação, Dylan lidera a cobertura do Defence Blog de notícias militares globais, com foco em engenharia e tecnologia em toda a indústria de defesa dos EUA.

domingo, 12 de setembro de 2021

A Artilharia da FEB na rendição da 148ª Divisão de Infantaria alemã

Soldado Francisco de Paula carregando um obus 105mm com os dizeres
"A cobra está fumando...".
(Colorização de Marina Amaral)

Valmiki Erichsen

Capitão de Artilharia

Ex-comandante da 2ª Bateria do 3º Grupo

Estamos quase no fim da Campanha da Primavera. Os alemães, descontrolados e atacados por todos os lados, procuram fugir para o norte. A Infantaria Brasileira, sem dar tréguas, persegue o inimigo na sua carreira desenfreada.

O III Grupo de Artilharia, com suas três Baterias de Tiro acantonadas em um prédio escolar, acha-se em Bibbiano à espera das suas viaturas que foram requisitadas para o transporte dos nossos infantes. É nessa situação que no dia 27 de abril de 1945, à 1h, o Comandante da 2ª Bateria (Capitão Valmiki) foi acordado pelo Capitão Piza (ST), que fazia-se acompanhar do Major Molina da AD/I, para receber a seguinte ordem: "De ordem do Senhor General Comandante da AD [Artilharia Divisionária], o Comandante do Grupo designou a 2ª Bateria para se deslocar imediatamente a fim de apoiar um ataque que iria ser feito em Fornovo di Taro, por um Batalhão do 6º RI; os canhões seriam tracionados pelos tratores do IV Grupo, que para isso seriam requisitados, enquanto a Bateria se preparava para partir."

Às 3h, tudo pronto, partimos tendo o jipe do Major Molina como guia. Este deslocamento foi feito com muita cautela, tendo o guia que bater muitas vezes nas casas para saber o caminho, até chegarmos à estrada principal. Nesta, mesmo no escuro, era fácil a caminhada porque estava toda balizada. Ao chegarmos à Cidade de Parma, encontramos algumas ambulâncias que vinham conduzindo cadáveres alemães. Desta cidade em diante a marcha foi mais vagarosa porque era necessário tomar mais precauções, pois nada se sabia da situação. Às 5h chegamos às proximidades de Collecchio e paramos, pois o inimigo havia se retirado desta localidade há 18 horas. Imediatamente depois de tomar todas as providências de segurança, segui com o Major Molina e o Capitão Piza para receber as ordens do Coronel Nelson de Mello, Comandante do Destacamento, que era o Comandante do Batalhão que ia efetuar o ataque. Como a chegada do Batalhão estava prevista só para às 9h e vendo que não havia perigo iminente, fui buscar a Bateria para dentro da cidade, onde, aproveitando a oportunidade, servi a primeira refeição aos pracinhas.

Às 9h chegou o Major Gross a quem me apresentei como Oficial de Ligação e Comandante da Bateria que veio apoiar o ataque. Quero aqui salientar que foi um prazer apoiar pela primeira nesta guerra o Batalhão do meu antigo companheiro de trabalho na EEFE [Escola de Educação Física do Exército]. Ficou então assentado que o ataque só seria desencadeado depois das 12h e que eu tomaria posição antes do início do movimento para estar em condições de atirar a qualquer momento e, mais ainda, que a Companhia de Obuses do 6º RI, comandada pelo Capitão Ventura, iria à retaguarda e só entraria em posição quando fosse necessário. Desta forma procurei logo, na redondeza, um bom lugar para ocupar posição e verifiquei pela carta que podia, se necessário fosse, bater sem mudar de posição até o objetivo final que era Fornovo.

Como toda a cidade estava situada em uma região plana, escolhi uma posição ao lado da estrada por ser de fácil acesso e por ficar abrigada pelas árvores. Abrindo um parêntesis, direi que, ao percorrer esta localidade para a escolha de posição, entrei no castelo que ali existe e fui encontrar, deitado numa cama de campanha, junto à lareira, o cadáver de um tedesco [alemão] com a cabeça enrolada em gaze e com a fisionomia perfeita, parecendo ter falecido àquela madrugada, evidenciando-se que os tedescos, na sua fuga precipitada, não tiveram nem tempo de levar todos os feridos. Ocupada a posição, como não tínhamos dados topográficos, foi a Bateria apontada pela Bússola, ficando os Tenentes Observadores Avançados encarregados de regular o tiro assim que estivessem em condições. A Bateria não havia trazido muitos tiros porque os tratores não comportavam mais do que 35 granadas.

Antes de começar o desenvolvimento do Batalhão, reuni os dois Observadores Avançados, Tenente Sá Earp, que atuaria com a 2ª Cia, e o Tenente Valença, com a 3ª Cia. Estudamos a carta, que aliás quase nada nos indicava pois era na escala de 1/100.000, e tiramos os alcances para os pontos mais fáceis de serem identificados. Tivemos que assim proceder porque era a única carta que tínhamos, tendo portanto os Observadores que seguirem para suas missões verdadeiramente no escuro. A única coisa que fiz foi dar a seguinte ordem: "Agarrem um italiano da região para identificar os pontos." Cada Observador levava a sua equipe e só nos entendíamos pelo rádio.

Às 13h começou a se movimentar pela estrada o Batalhão. Tive a impressão de estar em uma boa poltrona de um dos nossos cinemas, pois foi uma avançada cinematográfica ao encontro do inimigo. Os nossos pracinhas, alegres e cantarolando, apinharam-se em cima dos tanques americanos [M4 Shermans do 760º Batalhão de Tanques] que estavam à disposição do Batalhão. Talvez nenhum dos nossos pracinhas estivessem pensando que a morte poderia surpreendê-los a 2km à frente. Logo atrás vinham os jipes dos Comandantes Avançados. Dos lados das estradas desenvolvia-se a outra Companhia em coluna por um e a Companhia de Obuses ia após os jipes. Assim, ao lado do Comandante do Batalhão, assisti ao desenvolvimento de todos os elementos do Batalhão.

Segui em seguida com o Major Gross para o seu Posto de Comando (PC) Recuado, situado a 1km à frente do ponto de partida, onde almoçamos rapidamente e seguimos logo após para o PC Avançado, a mais 1km. Este PC que era uma casa e serviu também como meu Observatório, pois dali vi o desenrolar dos acontecimentos. Quando os tanques chegaram um pouco além do PC Avançado, começaram a receber tiros dos tedescos, tendo que desbordar para a margem esquerda da estrada. Os Infantes da 2ª Cia começaram a dar combate e progredir em direção a Talignano. A 3ª Cia se deslocou mais para a esquerda, a fim de procurar envolver o inimigo. A Artilharia continuava silenciosa, pois ainda não havia para os Observadores campo de observação. A chuva que desabou repentinamente muito atrapalhou a progressão dos Observadores, porque, com o terreno escorregadio, o transporte do rádio é bastante difícil. Desta forma, só os tanques e a Companhia dos Morteiros auxiliavam os Infantes. Foram os mesmos progredindo até que se apossaram de Talignano e desta forma, pôde o Tenente Sá Earp pedir os primeiros tiros para regular a Bateria.

Eram já 5h e a chuva tinha passado. Ocupada esta localidade, o Tenente seguiu para Gayano juntamente com o Pelotão que para lá se dirigia, não sendo possível chegar tal a intensidade do fogo inimigo. O Tenente Sá Earp presenciou uma triste ocorrência quando o Tenente Monteiro, Comandante do Pelotão de Minas do 6º RI, que ia a seu lado, foi atingido por diversos estilhaços de uma granada que arrebentou em cima deles. Gravemente ferido, foi o Tenente Monteiro logo transportado para a retaguarda. Mais tarde, vim a saber que, ao voltar a si, mandou este recado para sua progenitora: "Diga à mamãe que nunca tive medo." Hoje, o Tenente Monteiro já é Capitão e acha-se completamente restabelecido.

Do meu Observatório, que era o forro da casa, apreciei os tedescos retirando-se de Segalara. Eles corriam para fora da casa, deitavam-se, e logo depois, levantando-se, atiravam com as bazucas [Panzerschreck] contra os nossos pracinhas. Os Generais Cordeiro e Zenóbio, que estiveram lá toda a tarde, observaram também estas cenas.

Certa ocasião, quando os dois Generais acima citados com mais alguns Oficiais se dirigiam para uma casa mais avançada, os tedescos deram uma rajada de metralhadora na direção do PC, que por pouco não os atingia. Em frente ao PC, atrás de uma casa, os nossos morteiros não paravam um instante de atirar.

O Tenente Valença, que estava com a 3ª Cia, continuava desbordando pela esquerda, até que conseguiu, cerca das 20h, chegar a Segalara. Já estava escurecendo e o Tenente Valença pediu tiro fumígeno a fim de poder chegar a Gayano, que era o local de onde partiam os tiros dos tedescos. O Tenente Valença, por ser achar debaixo do fogo inimigo, custou um pouco a regular e, como a insistência dos pedidos para que a Artilharia atirasse era tão contínua, eu, ao lado do Major Gross, sem nada estar vendo, comandei uma rajada para a linha de fogo a fim de mostrar aos tedescos que possuíamos artilharia e acalmar um pouco os nossos. Mais tarde vim a saber que estes tiros foram bastante eficientes, pois o número de soldados inimigos era tão grande que em qualquer lugar que os mesmos caíssem eram sempre eficazes.

Suportaram os nossos Infantes dois contra-ataques dos tedescos e o Tenente Valença, com sua calma peculiar, satisfez todos os pedidos de tiros solicitados. Assim, ajudamos muito a Infantaria a não recuar um palmo sequer.

Cessada um pouco a violência do combate, apareceram na estrada três Oficiais alemães que vinham em nome do General Picô [Otto Fretter-Pico] propor a rendição da já célebre 148ª.

Estava eu no PC Recuado depois de ter ido à Bateria para me alimentar quando estes Oficiais lá chegaram. Daí foram levados ao Coronel Nelson de Mello em Collecchio e começaram então os entendimentos para a rendição. A Bateria atirou até às 5h da manhã do dia 28, hora em que o Comandante do III Grupo deu ordem ao Tenente Rapozo, Comandante da Linha de Fogo, para suspender os tiros.

Tenente-General Otto Fretter-Pico (à esquerda, com binóculos) rendendo-se formalmente ao General Olímpio Falconière da Cunha em nome da divisão expedicionária, 29 de abril de 1945.

Colunas de prisioneiros alemães da 148ª e da 90ª.

Soldado brasileiro, com a cobra fumando no braço, balizando prisioneiros alemães.

Esta noite dormi no PC Avançado juntamente com o Comandante do Batalhão e, à meio-noite, quando conversávamos com o Tenente Americano, que comandava o Pelotão de Tanques, o Major comunicou que talvez não tivéssemos mais que lutar, ocasião em que o Tenente Americano exclamou: "Fine".

Para os artilheiros foi um prazer saber que um dos primeiros pedidos dos Oficiais tedescos era para que os tiros de artilharia cessassem. Na manhã do dia 28 chegaram ao local do PC Avançado o Comandante da Força Expedicionária Brasileira e o Generais Zenóbio Falconière, que vieram receber a rendição.

Às 17h começou o espetáculo que nunca sairá da memória dos que tiveram a felicidade de apreciá-lo:

ERA A RENDIÇÃO DA 148ª

O Coronel Otto von Kleiber em conversações com o Major Altair Franco Ferreira para a rendição da 148ª Divisão de Infantaria, 29 de abril de 1945.
(Colorizada)

- Capitão Valmiki ErichsenA Artilharia na Rendição da 148ª Divisão de Infantaria Alemã, Revista do Exército Brasileiro, Rio de Janeiro, 122 (3): pg. 56-59, julho-setembro de 1985.

A rendição de Fornovo

(Sala de Guerra)

Bibliografia recomendada:

FEB pelo seu Comandante.
Marechal J.B. Mascarenhas.

A FEB por um soldado.
Joaquim Xavier da Silveira.

Leitura recomendada:



A FEB e os jipes12 de março de 2020.



FOTO: Alemães capturados pela 10ª Divisão de Montanha13 de agosto de 2021.

domingo, 25 de julho de 2021

VÍDEO: A Rússia acaba de lançar a primeira filmagem do S-500 SAM em ação


As imagens foram publicadas pelo Ministério da Defesa russo hoje, depois de 10 anos de especulação midiática russa, e publicadas pelo canal Binkov's Battlegrounds (o mesmo da invasão da Guiana Francesa), um canal de análises militares.

No vídeo é mostrada a primeira filmagem do sistema S-500 SAM em ação, acompanhada dos comentários do personagem Camarada Binkov, além de uma breve análise e comparação com outros mísseis terra-ar (SAM) russos.

O Camarada Binkov.

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quarta-feira, 12 de maio de 2021

SCORPION: Primeiro tiro de um míssil médio transportado por um veículo blindado de reconhecimento e combate Jaguar


Por Larent Lagneau, Zone Militaire Opex360, 11 de maio de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 11 de maio de 2021.

Nos últimos meses, o Míssil de Médio Alcance (Missile Moyenne PortéeMMP), desenvolvido pela MBDA, viu várias “primeiras vezes”. Assim, em dezembro de 2020, essa munição foi disparada com sucesso por um veículo Sabre destinado às forças especiais. Em seguida, este teste foi seguido, no mês seguinte, por um novo disparo realizado por uma torre IMPACT operada remotamente, montada em um Sherpa 4x4. Este míssil foi então combinado com um drone Novadem NX-70 para um tiro "além da visão direta" por soldados de infantaria.

A lista não acabou. De fato, no dia 14 de abril, um MMP foi disparado pela primeira vez pelo Blindado de Reconhecimento e Motor de Combate (Engin blindé de reconnaissance et de combat, EBRC) Jaguar, no âmbito de um teste realizado pela Direção-Geral de Armamentos (Direction générale de l’armement, DGA)".

"Disparado do pod desdobrável da torre do Jaguar em uma configuração de dois mísseis, o MMP atingiu seu alvo", anunciou a Nexter Systems em um comunicado à imprensa em 11 de maio. “Nesta demonstração, o sistema de mísseis estava sendo operado em interface com a mira PASEO da Optrolead. O visor de vigilância de bolhas de contato permite a aquisição optrônica em tempo real, dia ou noite, e dá ao Jaguar excelentes capacidades de observação e identificação de longo alcance", precisou o fabricante.

Este tiro foi feito para a qualificação do Jaguar pela DGA. A entrega das primeiras 20 unidades deste novo veículo blindado, fruto do programa SCORPION (Synergie du contact renforcée par la polyvalence et l’infovalorisation / Sinergia do contato reforçado pela versatilidade e info-valorização), terá início em breve.

Tendo que substituir os tanques AMX-10RC e ERC-90 Sagaie, o Jaguar é equipado com uma cúpula operada remotamente que, desenvolvida pela Arquus, está equipada com um canhão telescópico de 40mm (fornecido pela CTAI) e um POD "Missile moyenne portée" ("Míssil de médio alcance"), o que lhe dará a capacidade de destruir alvos terrestres resistentes, sejam fixos ou móveis, tanto à vista quanto além da vista direta.


“Este tiro marca um importante primeiro passo nas atividades realizadas com a Nexter para o desenvolvimento da torre Jaguar e a integração do MMP em um sistema de armas com as mais modernas soluções tecnológicas. Esta configuração com dois mísseis em uma torre permite aumentar significativamente o poder de fogo do veículo", disse Frédéric Michaud, Gerente de Vendas e Desenvolvimento de Negócios do Setor Terrestre da MBDA.

“Acabamos de dar um grande passo à frente, demonstrando as habilidades técnicas de nossas equipes no projeto e desenvolvimento desta capacidade operacional única”, comentou David Marquette, gerente do projeto Jaguar na Nexter.

Como um lembrete, um chamado míssil de 5ª geração, o MMP é equipado com uma carga militar polivalente e um buscador visível/infravermelho de banda dupla não resfriado que permite "tratar" alvos quentes ou frios (abrigos reforçados, veículos blindados, etc). Usando várias tecnologias, incluindo carregamento de múltiplos efeitos, ligação de dados de fibra óptica de alto desempenho, processamento de imagem, interfaces homem-máquina, este míssil tem um alcance máximo de 5.000 metros. Já está em dotação com o Exército, que o utilizou no Sahel, como parte da Operação Barkhane.

Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:

segunda-feira, 10 de maio de 2021

GALERIA: Salto de brevetação da artilharia paraquedista


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 10 de maio de 2021.

Brevetação de reservistas do 35º Regimento de Artilharia Paraquedista (35e Régiment d'Artillerie Parachutiste, 35e RAP) de Tarbes, na Escola de Tropas Aerotransportadas (École des troupes aéroportées, ETAP) no Campo Aspirant Zirnheld em Pau, na França, em 9 de maio de 2021.

O 35e RAP (Coronel Bruno Costanzo) fornece o apoio de fogo pesado à 11ª Brigada Paraquedista francesa (11e BP) na "3ª dimensão", o envelopamento aerotransportado, com honras de batalhas nas duas guerras mundiais, Indochina, Argélia e na Guerra do Golfo (1991). O lema do regimento é "Droit Devant" ("Direto em frente").





O 35e RAP também faz parte da nova 3ª Divisão (3e Division, 3e DIV), uma divisão de armas combinadas contendo três brigadas, fazendo parte da Force Scorpion (50 mil homens) ao lado da 1ª Divisão. O estado-maior da 3e DIV está localizados no distrito de Rendu, em Marselha. Seu atual comandante é o General-de-Divisão Laurent Michon.

35e RAP no Afeganistão.
(Antes da retirada francesa em 2012)

Insígnia regimental do 35e RAP.
"Droit Devant".

A ETAP em Pau


Presidente Bolsonaro

O atual presidente do Brasil, o Capitão Jair Messias Bolsonaro, foi da artilharia paraquedista.

Bibliografia recomendada:

French Airborne Wings and Insignia:
From the origins to the present day.
Jacques Batzer e Éric Micheletti.

Leitura recomendada:





domingo, 10 de janeiro de 2021

Descrição da conversão alemã do canhão 75 francês em função anti-carro

Um Pak 97/38 sendo rebocado por um trator Vickers Utility B belga capturado.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 10 de janeiro de 2021.

O seguinte relatório militar americano sobre a conversão alemã foi publicado em Tactical and Technical Trends, Nº 34, 23 de setembro de 1943. O Tactical and Technical Trends (Tendências Táticas e Técnicas) era um periódico do serviço de inteligência americano (U.S. Military Intelligence Service), inicialmente bi-semanal e depois mensal, que foi publicado de junho de 1942 a junho de 1945.

Os canhões franceses de 75mm, os famosos "soixante-quinze" que lutaram das guerras coloniais da era "Beau Geste" às Guerras Mundiais e além, e que até mesmo foram o pivô do Caso Dreyfus. O 75 era uma arma de tiro tenso, ou seja, fogo direto. Após a Batalha do Marne (1914), as armas de tiro direto foram ultrapassadas pela artilharia de fogo indireto para a guerra de trincheiras, com o 75 sendo usado em funções secundárias (como tiro anti-aéreo) e na Segunda Guerra Mundial como arma anti-carro (Canon de 75 Mle 1897/33).

"Honra ao nosso glorioso 75", cartão postal francês do anos 1910.

Canhões 75 Mle 1897/33 capturados em 1940.

Apesar da obsolescência provocada por novos desenvolvimentos nos projetos da artilharia, um grande número de 75 ainda estava em uso em 1939 em vários países, com 4.500 canhões apenas no exército francês e com 1.374 canhões no exército polonês, tornando-se de longe a peça de artilharia mais numerosa em serviço polonês.

A conversão alemã para a função anti-carro recebeu a designação Pak 97/38 (7.5 cm Panzerabwehrkanone 97/38), combinando o 75 com o reparo e escudo do Pak 38 alemão. Ele pesava 1.190kg em ordem de tiro e 1.246kg em ordem de marcha. Em 1942, a Wehrmacht recebeu 2.854 dessas peças.

Um Pak 97/38 exposto no Museu de Artilharia de Hämeenlinna, na Finlândia.

Retaguarda do mesmo canhão, mostrando a culatra.

Segue abaixo o relatório.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

O embaixador russo diz que não há problema em vender mísseis S-400 ao Irã quando a proibição de armas expirar

Sistemas russos de mísseis de defesa aérea de longo alcance S-400 desdobrados na base aérea de Hemeimeem na Síria, 16 de dezembro de 2015. (Vadim Savitsky / Serviço de Imprensa do Ministério da Defesa Russo via AP)

Da equipe do TOI, The Times of Israel, 4 de outubro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 16 de dezembro de 2020.

O embaixador russo Levan Dzhagaryan ignora a ameaça de sanções dos EUA se a Rússia fornecer à República Islâmica o sistema avançado de defesa aérea.

O embaixador da Rússia no Irã disse que Moscou "não terá problemas" em vender a Teerã um sistema avançado de defesa aérea quando o embargo de armas da ONU à República Islâmica expirar no final [de outubro].

“Dissemos desde o primeiro dia que não haverá problemas para vender armas ao Irã a partir de 19 de outubro”, disse Levan Dzhagaryan ao jornal Resalat em uma entrevista publicada no sábado, segundo a agência de notícias iraniana Fars.

Embaixador da Rússia no Irã, Levan Dzhagaryan.

Em agosto, o Conselho de Segurança da ONU votou contra uma resolução dos EUA para estender o embargo de armas ao Irã, que agora deve expirar em 18 de outubro. O governo Trump, no entanto, afirmou unilateralmente no mês passado que as sanções “instantâneas” da ONU estão agora em vigor e prometeu punir aqueles que as violarem.

Dzhagaryan ignorou a ameaça de sanções dos EUA e disse que Moscou consideraria qualquer pedido de armas do Irã após 18 de outubro. “Como você sabe, fornecemos ao Irã o S-300. A Rússia não teve nenhum problema para entregar o S-400 ao Irã e também não teve nenhum problema antes ”, disse ele.

Dzhagaryan estava se referindo à entrega do S-300 ao Irã após a assinatura do acordo de 2015 entre Teerã e potências mundiais que restringiu o programa nuclear iraniano em troca de sanções. Em 2010, a Rússia congelou um acordo para fornecer o sistema ao Irã, vinculando a decisão às sanções da ONU sobre o programa nuclear de Teerã.

Israel tentou sem sucesso bloquear a venda ao Irã do sistema S-300, que analistas dizem que poderia impedir um possível ataque israelense às instalações nucleares de Teerã, e provavelmente se oporia ao fornecimento do S-400 ao Irã.

Um míssil S-300 iraniano de fabricação russa é exibido durante o desfile militar anual que marca o aniversário da eclosão de sua guerra devastadora de 1980-1988 com o Iraque de Saddam Hussein, em 22 de setembro de 2017, em Teerã. (AFP)

Em 2015, a Rússia desdobrou o S-400 na Síria, onde, junto com o Irã, está lutando em nome do regime de Assad na guerra civil síria.

O desdobramento do sistema, que é poderoso o suficiente para rastrear a grande maioria do espaço aéreo israelense, minou a superioridade aérea de Israel na Síria, onde realizou centenas de ataques a alvos ligados ao Irã e ao grupo terrorista libanês Hezbollah.

Leitura recomendada:

Por que a Rússia realmente interrompeu seu fornecimento de S-400 para a China16 de dezembro de 2020.

Game Changer: A Rússia pode ter o sistema de defesa aérea S-400 na Líbia19 de setembro de 2020.

Por que a Rússia realmente interrompeu seu fornecimento de S-400 para a China

Primeiro-ministro Narendra Modi, presidente da China Xi Jinping, presidente russo Vladimir Putin na Cúpula do G20, 2016.

Por Probal Dasgupta, The Print, 12 de novembro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 15 de dezembro de 2020.

A Rússia quer ter um papel maior no sul da Ásia agora. Mesmo que atrapalhe o relacionamento com a China.

Enquanto a disputa Índia-China grassava no Himalaia ao longo deste ano, ambos os lados correram para estocar sistemas de mísseis e aeronaves. Mas, embora a Rússia tenha confirmado que estava a caminho de entregar cinco esquadrões de sistemas de defesa aérea S-400 Triumpf à Índia, não fez a mesma promessa à China. Moscou decidiu suspender o fornecimento dos S-400 para a China.

O S-400 é um moderno sistema de defesa antimísseis superfície-ar capaz de interceptar e destruir mísseis e aeronaves inimigas com um alcance de até 400km.

Em 2018, apesar da ameaça de sanções dos EUA, a Índia escolheu corretamente o S-400 da Rússia em vez dos mísseis americanos Patriot Advanced Capability (PAC-3) e THAAD (Terminal High Altitude Area Defense). Seguiu-se uma explosão previsivelmente ultrajante do presidente Donald Trump contra a decisão da Índia. Este ano, porém, sob uma série de negócios de armas, foi enterrada uma notícia que levantou algumas sobrancelhas. Os S-400 prometidos pela Rússia à China não chegaram. Correram boatos de que a Covid-19 pode ter sido o motivo do atraso. Mas parece que Moscou tomou uma posição deliberada.

Em fevereiro de 2020, Valery Mitko, um dos principais cientistas árticos da Rússia, foi preso sob a acusação de, alegadamente, passar segredos sobre tecnologia de detecção de submarinos para a China. Mais tarde, em junho, após investigações, um tribunal da Rússia estendeu sua prisão domiciliar. Cientistas russos têm estado sob uma nuvem por causa de ligações com a China nos últimos dois anos e o incidente de Mitko agravou uma crescente suspeita que paira sobre uma colaboração de conveniência entre a China e a Rússia. Um mês após a decisão do tribunal sobre Mitko, a Rússia optou por suspender o fornecimento de mísseis à China.

Manifestação anti-chinesa na Índia.

Rivalidade China-Rússia

Na Ásia, a China se encontra em uma vizinhança hostil de estados litorâneos no Mar da China Meridional, piorada com a entrada dos Estados Unidos no Indo-Pacífico com seus aliados. A conversa sobre o renascimento do Quad envolvendo os EUA, Japão, Índia e Austrália é um exemplo. Dado seu status de isolado, um relacionamento estável com a Rússia assumiu uma importância crítica para a China. Uma China desconfiada, entretanto, sente que sua dependência da tecnologia de armas russa a torna vulnerável. O que pode ter levado à espionagem na Rússia e provavelmente no caso Mitko. Moscou, por outro lado, precisa de investimentos chineses para desenvolver portos e infraestrutura na região ártica, mas teme que Pequim possa reduzir sua influência na indústria de defesa e na Ásia Central.

No início da década de 1990, o colapso da União Soviética coincidiu com a ascensão da China. À medida que os EUA consolidavam seu status de única superpotência, Pequim e Moscou se uniram para desafiar a hegemonia americana. Os interesses russos, porém, estavam restritos à Ásia Central e ao Oriente Médio - visto que a natureza da postura militar na região se adequava ao manual russo tipicamente intrusivo. Seus interesses no Leste Asiático, dominado pela China, permaneceram principalmente marginais. No entanto, a deterioração das relações na vizinhança em torno do Mar da China Meridional e do Sul da Ásia pode fazer com que uma indústria de armamentos russa interessada entre na ponta dos pés. Enquanto uma rivalidade oculta limita sua colaboração com a China, a Rússia discretamente aumenta suas apostas de negociação no Leste Asiático.

Oficiais chineses e indianos na fronteira.

Em vez de seu alcance político-militar arquetípico que poderia perturbar a China, a Rússia usou uma rota de comércio de poder suave para fortalecer seu relacionamento com o Japão e a Coréia do Sul. Em 2017, o Japão e a Coréia do Sul representaram 7 por cento das exportações russas (contra 11 por cento para a China).

De acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Stockholm International Peace Research InstituteSIPRI), a Rússia aumentou substancialmente seu fornecimento de armas para o Sudeste Asiático nesta década. O ex-PM Dmitry Medvedev usou plataformas multilaterais como a ASEAN para se reunir com líderes do Laos, Tailândia e Camboja no ano passado. O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, chamou Vladimir Putin de “meu herói favorito”. E para regimes autoritários como o Camboja, a Rússia é uma presença menos exigente do que o Ocidente.

O único intermediário agora

Uma China ambiciosa, sob o comando de Xi Jinping, afirmou-se em regiões fora da Ásia Oriental. Qualquer impulso para a Ásia Central e Oriente Médio preocupa a Rússia, que gostaria de manter um cartão do Leste Asiático mais forte. Isso explica as relações da Rússia com países do Leste Asiático, onde a China tem novos inimigos. Isso também explica por que a Rússia provavelmente manterá a Índia do seu lado. Na frente dos EUA, o novo governo de Joe Biden poderia reabrir divergências anteriores com a Rússia, incluindo na Ucrânia e Bielo-Rússia. O silêncio de Moscou sobre a vitória de Biden nas eleições é um indicador, assim como o silêncio de Pequim indica a expectativa de uma linha americana firme e obstinada.

Tropas russas durante os exercícios militares Vostok-2018 (Leste-2018) no campo de treinamento de Tsugol, não muito longe das fronteiras com a China e a Mongólia na Sibéria, em 13 de setembro de 2018.

A Rússia e a China evoluíram muito em sua relação histórica e, hoje, compartilham o que Parag Khanna chama de “um eixo de conveniência ao invés de uma aliança real”. Cinquenta anos atrás, patrulhas chinesas engajaram um posto avançado soviético em uma ilha ao largo do rio Ussuri. Os soviéticos retaliaram, obliterando uma brigada militar chinesa inteira. Os beneficiários, então, foram os americanos, que acreditavam que o inimigo de um inimigo era seu amigo, e ficaram do lado dos chineses. Meio século depois, enquanto os russos suspeitam que uma China agora poderosa possa enganá-los novamente, estes precisam deles contra a América e seus aliados. Vasily Kashin, do Instituto de Estudos do Extremo Oriente da Academia Russa de Ciências, afirma: "A China não pode se dar ao luxo de alienar um vizinho que é um importante poder militar e de recursos por si só".

Anunciar-se como um mediador ativo entre a Índia e a China não é exatamente o estilo da Rússia, mas ela nunca se esquivou de hospedar cúpulas de paz (Tashkent em 1965 foi um exemplo). Em setembro deste ano, os chanceleres da Índia e da China se reuniram em Moscou e concordaram que os comandantes militares dos dois países precisavam dar continuidade ao diálogo. A Rússia sabe que pode reivindicar maior relevância na região por ser a intermediária, já que é a única potência aceitável para os dois vizinhos em guerra. Em uma região fragmentada e turbulenta da Ásia, uma mão sagaz russa deve desempenhar um papel fundamental.

Probal Dasgupta é um ex-oficial do Exército e autor do livro Watershed 1967: India’s Forgotten Victory over China (Divisor de Águas 1967: a vitória esquecida da Índia sobre a China).

Bibliografia recomendada:


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