quarta-feira, 25 de novembro de 2020

VÍDEO: Helicóptero Blackhawk americano resgatando famílias hondurenhas

Tripulação do helicóptero HH-60 Black Hawk do Exército Americano do 1-228º Regimento de Aviação, Força Tarefa Conjunta-Bravo (1-228th Aviation Regiment, Joint Task Force-Bravo), salva uma menina e duas famílias hondurenhas perdidas em uma ilha após uma enchente, 23 de novembro de 2020.

Leitura recomendada:

FOTO: CLAnf filipino durante uma enchente13 de novembro de 2020.

Helicópteros de ataque australianos resgatam náufragos em uma ilha deserta no Pacífico, 4 de agosto de 2020.


terça-feira, 24 de novembro de 2020

SHENYANG FC-31 GYRFALCON. A China segue com seu segundo caça de 5º geração.

FC-31 protótipo 2.

FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: ~ Mach 1,8 (2205 km/h em alta altitude).
Velocidade de cruzeiro: ~ Mach 0,90. (1111 km/h)
Razão de subida: ~19800 m/min.
Potência: ~0,97 (só com combustível interno e desarmado).
Carga de asa: ~ 74,15 lb/ft².
Fator de carga: ~ 9 Gs.
Taxa de giro instantânea: ~ 19º/s (estimado).
Razão de rolamento: ~ 200º/s.
Teto de serviço: ~ 12000 m.
Alcance: ~ 4000 km.
Radar: KLJ-7A de varredura eletrônica ativa AESA com alcance look up de 170 km (alvo de 5 m2 de RCS).
Empuxo: 2 motores Guizhou Aircraft Corporation WS-13E que produz 10183 kgf de empuxo usando o pós combustor.
DIMENSÕES
Comprimento: 16,9 m.
Envergadura: 11,5 m.
Altura: 4,8 m
Peso vazio: 17600 kg.
Combustível interno: 7500 kg.
ARMAMENTO
Capacidade total: 8000 kg.
Ar Ar: Mísseis PL10E e PL-12.
Ar Superfície: Bomba guiada LT-2 guiada a laser, bombas de queda livre e de fragmentação.

O símbolo ~ significa que o dado é estimado.

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
A China não é conhecida pela sua transparência em relação a informações governamentais, principalmente quando o interesse é buscar dados de sistemas militares deste país. É comum haver muitos dados de seus sistemas de armas que são discrepantes dependendo da fonte que se pesquisa.
Por isso, quando se vai pesquisar a respeito de uma aeronave, por exemplo, é necessário ter paciência e buscar dados de outras aeronaves que já entraram em operação e cujos dados são mais claros para se poder fazer um "filtro" e avaliar melhor as informações que se encontram a respeito de determinado projeto ainda com dados obscuros.
Uma vez exposto esta peculiaridade que cerca os sistemas de armas chineses, vou apresentar o projeto do segundo avião de combate chinês de 5º geração, o Shenyang FC-1 Gyrfalcon, uma aeronave que possui seu desenho relativamente similar ao encontrado no F-22 Raptor, guardando, é claro, as devidas proporções. Afinal de contas o Raptor é um caça pesado e o FC-1 é um caça médio para leve.
O primeiro protótipo do FC-31 levanta voo para uma demonstração publica. O segundo protótipo recebeu modificação aerodinâmicas bastante importantes.
Preciso esclarecer um equívoco que há em muitas mídias, seja na internet, seja impressa, chamando o FC-31 de J-31, sendo, porém, que a aeronave nunca recebeu essa designação oficialmente. A designação correta é FC-31. Outro ponto a esclarecer é que a Força Aérea do Exército Popular de Libertação da China, (Força Aérea Chinesa) não encomendou e nem pretende adquirir essa aeronave. O foco da Shenyang é a marinha chinesa que precisará de uma nova aeronave e combate para seus porta aviões uma vez que há um certo descontentamento com o desempenho do seu caça J-15, uma aeronave baseada no Su-33 Sea Flanker.
O modelo de cima é o atual desenho do FC-31 e que está em testes. O modele negro, abaixo, é a primeira versão que esteve em testes inicialmente, mas que deixou de voar posteriormente depois que o projeto foi aperfeiçoado.
Com um comprimento de quase 17 metros, o FC-31 se enquadra na categoria de um caça médio bimotor, como um MIG-29 ou um caça F/A-18C Hornet (versão anterior ao do Super Hornet), com a diferença de que ele é um caça de 5º geração e com desenho projetado para reduzir a reflexão do radar. Por isso, o armamento do FC-31 pode ser transportado em um compartimento interno abaixo da fuselagem. Com as poucas informações disponíveis, dá para se avaliar que esse compartimento deva ser capaz de abrigar de 4 mísseis ar ar de médio alcance PL-12. Há, no entanto, pontos fixos externos para transporte de cargas que serão usados sempre que a furtividade não for importante para o cumprimento da missão. É interessante observar que mesmo sendo um projeto de um caça com baixa reflexão de radar, os bocais de escape dos motores não tem nenhum recurso para redução do reflexo radar, e nem tão pouco algum recurso para minimizar o calor da saída de gases. Por isso é provável que o FC-31 possa ser rastreado pelo quadrante traseiro com alguma facilidade tornando ele vulnerável a contra ataques.
O primeiro protótipo do FC-31 decola para sua primeira apresentação de voo pública.
Existe contradição sobre qual motor está equipando o protótipo 2 do FC-31, mas o dado mais provável dá conta que seja o motor Guizhou Aircraft Corporation WS-13E que produz 10183 kgf de empuxo usando o pós combustor. Esse motor foi projetado visando fornecer uma solução chinesa para substituir o motor russo RD-93, usado no caça JF-17, já apresentado aqui no WARFARE. O motor WS-13E entrega 20 % a mais de empuxo, e garante um desempenho bastante bom conseguindo uma velocidade máxima de mach 1.8 (pouco maior que a do caça americano F-35). Porém, mesmo com esses motores, a relação empuxo peso ainda não chega a atingir a unidade, estando em 0,97. As entradas de ar do motor possuem a configuração divertless que além de contribuir para a redução da reflexão ao radar no quadrante frontal, também reduzem a velocidade do fluxo de ar que adentra o duto de ar do motor, evitando instabilidade no funcionamento das pás dos motores e possíveis danos.
O FC-31, diferentemente do F-35, usa uma configuração bimotor. Os chineses instalaram motores de fabricação nacional Guizhou Aircraft Corporation WS-13E.
O primeiro protótipo do FC-31 fez algumas demonstrações de voo que foram filmadas e pode-se perceber que o envelope de voo da aeronave não estava plenamente liberado, considerando as curvas  relativamente abertas que foram demonstradas, porém, há de se considerar que devido ao desenho do modelo, associado ao bom desenvolvimento da engenharia chinesa em seus últimos caças, esse envelope de voo deverá ser bem melhor do que foi demonstrado. inicialmente. Minha expectativa é de que o FC-31 consiga um desempenho de voo similar ao de um F/A-18C Hornet, com o recurso de ser bem menos reflexivo ao radar, o que já lhe garante uma vantagem importante num ambiente aéreo hostil.
O FC-31, ainda está em uma fase inicial de voo, onde seu envelope de voo ainda se encontra restrito para efeito de estudos e de segurança. No entanto, a estimativa de desempenho manobrado do modelo é bastante positiva, estando no mesmo patamar do F/A-18C Hornet.
No que diz respeito a sua aviônica, o FC-31 foi equipado com um painel com uma tela de LCD panorâmica com recurso de toque na tela (touch screen) como o seu aparelho de telefonia celular. Isso o coloca no mesmo nível dos painéis encontrados em caças como o F-35 norte americano e no JAS-39E Gripen da Força Aérea Brasileira. Essa configuração já demonstrou ser o padrão dos aviões de caça que estão sendo colocado no mercado, incluindo as modernizações do F/A-18E Super Hornet e o F-15EX.
O radar empregado no FC-31, no entanto, já não é uma informação pública, ainda. nas fontes pesquisadas há menções sobre alguns modelos, porém, o que me pareceu o mais provável de ser o correto é o novo radar  KLJ-7A, e varredura eletrônica ativa AESA desenvolvido para a segunda geração do caça JF-17. Este radar possui um alcance de detecção de 170 km contra uma aeronave com RCS de 5m² (um MIG-29, por exemplo) e pode rastrear 6 alvos simultaneamente. 
Nas fotos disponíveis do protótipo não se vê um sensor de detecção passiva IRST como encontrado na maioria dos novos caças, incluindo o também chinês J-20, também já descrito aqui no WARFARE, porém, uma mockup apresentada em 2016 na feira aérea de Zhuhai, o modelo estava com um sistema A-Star’s EOTS-89 Electro-óptico.
O mockup do painel do FC-31 apresentado em uma feira aérea na China mostra que os chineses possuem o mesmo patamar tecnológico dos países ocidentais em seus cokpits.
O FC-31, conforme já mencionado no começo deste artigo, possui um compartimento de armas interno que se estima ser capaz de transportar 4 mísseis ar ar de médio alcance guiado por radar ativo PL-12 MRAM que é um míssil da mesma categoria do AIM-120 AMRAAM norte americano, tendo um alcance aproximado de até 90 km. Para combate de curta distancia, o FC-31 será armado com o modelo míssil PL-10 guiado por um sensor infravermelho, que opera integrado ao visor no capacete do piloto (HMD) com capacidade de engajamento de alvos fora do angulo de visada (off boresight) elevado chegando a 90º graus para cada lado. Traduzindo em miúdos; O míssil pode ser lançado contra um avião inimigo que esteja, exatamente, ao lado do avião lançador. Muitos mísseis ocidentais e russos tem essa capacidade ou próximo dessa capacidade, mas é interessante ver como o armamento chinês evoluiu.
Para missões contra alvos de superfície, o FC-31 será armado com mísseis anti navio YJ-83K, guiado por sistema infravermelho na fase terminal, tendo alcance de até 250 km. Essa classe de armamento devido a suas dimensões "consideráveis", não pode ser transportado dentro do compartimento interno de armas, tendo, assim, que ser transportado em cabides externos, deixando o FC-31 mais vulnerável e sujeito a ser detectado pelos radares inimigos.
Para missões anti radar, o míssil Kh-31 pode ser transportado externamente. Este míssil, de fabricação russa, tem alcance de até 110 km e seu sistema de guiagem se dá por radar passivo, onde o sensor detecta o ponto de origem da emissão do radar inimigo e se dirige diretamente para  a antena dele causando sua destruição e cegando o sistema de defesa anti aérea.
Armas de queda livre como bombas "burras" e bombas guiadas a laser LT-2 de fabricação chinesa não poderiam ficar de fora do arsenal disponível para o FC-31. Ao todo o FC 31 pode transportar cerca de 8 toneladas de armamento divididos em 6 pontos fixos externos e 4 dentro do compartimento interno de armas.6
O radar mais provável de equipar o FC-31 é o novo KLJ-7A de varredura eletrÇonica e com pequenas antenas laterais dando cobertura para cada lado da aeronave, como no novo caça russo Su-57 Felon.
O FC-31, embora não seja uma aeronave com uma tecnologia nos mesmos padrões ocidentais, não deixa de ser uma prova incontestável do crescimento tecnológico da industria aeroespacial chinesa. O modelo, se adotado pela marinha chinesa, permitirá um acréscimo importante na capacidade de projeção aeronaval desta potencia militar e certamente irá se tornar uma fonte a mais de preocupação para toda a região Asia - Pacífico. 
Outro ponto importante é que o FC-31 deve estar disponível para exportação dando uma opção de boa capacidade e custos relativos menores que seus adversários ocidentais para nações que pretendam modernizar suas capacidades e combate aéreo.

Esse aspecto amarelado do FC-31 desta foto se deve pelo fato da aeronave não ter recebido pintura, tendo ido para a linha de voo para testes logo que ficou pronto a sua montagem.




Centenas de mortos em massacre ocorrido em Tigré, na Etiópia, afirma um órgão de direitos humanos

Um tanque danificado abandonado em uma estrada enquanto um caminhão das Forças Especiais de Amhara passa perto de Humera, na Etiópia, em 22 de novembro de 2020.
(Eduardo Soteras / AFP)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 24 de novembro de 2020.

Um grupo local de jovens, auxiliado pela polícia e milícias, matou pelo menos 600 pessoas em uma onda de violência em 9 de novembro de 2020 na região de Tigré, no norte da Etiópia, disse terça-feira o órgão nacional de direitos humanos.

O massacre na cidade de Mai-Kadra é o pior ataque contra civis durante o conflito interno em curso na Etiópia, que opõe as forças federais aos líderes do partido governante tigré, a Frente de Libertação do Povo Tigré (Tigray People's Liberation Front, TPLF). A Anistia Internacional relatou anteriormente que "dezenas, provavelmente centenas, de pessoas foram esfaqueadas ou desmembradas até a morte" no ataque de 9 de novembro em Mai-Kadra.

Mas o relatório de terça-feira da Comissão Etíope de Direitos Humanos (EHRC) fornece um relato mais detalhado, acusando o grupo de jovens tigrés conhecido como "Samri" de ter como alvo trabalhadores sazonais de fora de Tigré que trabalham em fazendas de gergelim e sorgo na área. O EHRC é um órgão afiliado ao governo, mas independente, cujo principal comissário, Daniel Bekele, foi nomeado pelo primeiro-ministro Abiy Ahmed. Os perpetradores "mataram centenas de pessoas, espancando-as com cassetetes/paus, esfaqueando-as com facas, facões e machados e estrangulando-as com cordas. Eles também saquearam e destruíram propriedades", disse o relatório.

O ataque "pode resultar em crimes contra a humanidade e crimes de guerra", disse o jornal. Fontes, incluindo testemunhas oculares e membros de um comitê formado para enterrar os mortos "estimam que um mínimo de 600 foram mortos e dizem que o número deve ser ainda maior", disse o relatório, embora tenha notado que o número de mortos continua impreciso. "Uma incompatibilidade entre o grande número de corpos e a capacidade limitada de sepultamento fez com que o sepultamento demorasse três dias", disse o relatório. Abiy anunciou operações militares em Tigré em 4 de novembro, dizendo que eram em resposta a ataques a campos militares federais orquestrados pela liderança da TPLF.

A região de Tigré na Etiópia.

Seu escritório aproveitou reportagens da mídia culpando as forças pró-TPLF pelo massacre de Mai-Kadra, dizendo que tais "atrocidades" demonstram por que seus líderes devem ser destituídos de todo o poder. Mesmo assim, refugiados tigrés de Mai-Kadra que fugiram pela fronteira com o Sudão culpam as forças do governo pelas mortes no país.

As Nações Unidas e grupos de direitos humanos pediram uma investigação imparcial para determinar exatamente o que aconteceu. O Tigré permanece em um blecaute de comunicações e o acesso da mídia à região foi restrito. A área oeste da região, onde Mai-Kadra está localizada, viu fortes combates nos primeiros dias do conflito, mas agora está sob controle federal. O conflito empurrou mais de 40.000 pessoas ao Sudão e, segundo consta, matou centenas.

Bibliografia recomendada:

Guerra Irregular:
Terrorismo, guerrilha e movimentos de resistência ao longo da história.
Alessandro Visacro.

Leitura recomendada:

Islâmicos ligados ao Estado Islâmico decapitaram mais de 50 pessoas em campo de futebol em Moçambique11 de novembro de 2020.



Ataque com faca na Suíça - não se descarta motivações terroristas

 

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 24 de novembro de 2020.

Uma mulher atacou nesta terça-feira, 24 de novembro, duas outras mulheres, atacando uma delas com uma faca, num supermercado de Lugano, no cantão do Ticino (sul da Suíça), anunciou a polícia regional suíça, que não descarta "motivações terroristas". Conforme noticiado pelos jornais Le Figaro e AFP, a perpetradora foi descrita apenas como "uma suíça", o que já levanta questionamentos sobre a sua origem verdadeira e é bem provável que ela seja filha de imigrantes.

Uma das vítimas da agressão ficou gravemente ferida, mas sem risco de vida, enquanto a segunda está com ferimentos leves por conta da tentativa de estrangulamento, disse a polícia que afirmou ter sido alertada pouco antes das 14:00h. De acordo com os primeiros elementos da investigação, o agressor de 28 anos tentou estrangular uma das duas mulheres com as mãos e feriu a segunda no pescoço com uma faca.

Outros clientes do supermercado conseguiram controlar o perpetrador da violência, que foi preso, acrescentou a polícia. A polícia regional sublinhou que “não excluiu motivações terroristas”, especificando que estava trabalhando com a polícia da Confederação Suíça e a polícia local de Lugano neste caso.

Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:

Guerras e terrorismo: não se deve errar o alvo22 de novembro de 2020.


PINTURA: Assalto anfíbio soviético nas Ilhas Curilas

"Desembarque nas Ilhas Curilas", pintura do artista russo A.I. Plotnov, 1948.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 24 de novembro de 2020.

Pintura mostrando os fuzileiros navais soviéticos, em seus tradicionais uniformes escuros, assaltando as praias de Shimushu e avançando morro acima contra a resistência japonesa.

Um batalhão de fuzileiros navais russos, com cerca de mil homens, desembarcou na Ilha Shimushu em 18 de agosto de 1945 (três dias depois do anúncio de rendição pelos japoneses) como ponta-de-lança de uma força de 8 mil homens de duas divisões de infantaria reforçadas do Exército Vermelho, como parte dos desembarques nas Ilhas Curilas. Os soviéticos sofreram pesadas baixas diante de um contra-ataque blindado do 11º Regimento de Carros de Combate japonês do Coronel Sueo Ikeda, munido inicialmente de 30 blindados de vários tipos (o regimento possuía 20 carros médios Tipo 97 Shinhoto Chi-Ha (modernizados), 19 carros médios Tipo 97 Chi-Ha e 25 carros leves Tipo 95 Ha-Go), enquanto eles ainda tinham apenas uma companhia desembarcada.

Os soviéticos sofreram baixas iniciais na praia porque ainda não haviam desembarcado os canhões anti-carro; um erro na organização da Força-Tarefa Anfíbia (ForTarAnf) por parte dos soviéticos, que baseavam suas manobras ofensivas no poder de fogo da artilharia. Esse procedimento funcionava perfeitamente nas grandes ofensivas terrestres contra os alemães e depois contra o exército Kwantung na Manchúria, mas não foi adaptado propriamente no desembarque anfíbio, onde a força inicial de desembarque é desprovida desse apoio de fogo - tendo de criar sua força de combate já no desembarque do mar-para-a-terra, que constitui-se da sua linha de partida.

Eventualmente os fuzileiros soviéticos derrotaram o contra-ataque e assaltaram as elevações observando a cabeça-de-praia. O suboficial de primeira classe da infantaria naval soviética Nikolai Aleksandrovich Vilkov e o marinheiro de primeira classe Piotr Ivanovich Ilyichev foram mortos enquanto silenciavam ninhos de metralhadora japoneses em Shumshu em 18 de agosto de 1945, eles foram condecorado postumamente como Heróis da União Soviética.

"A façanha de N.A. Vilkov e P.I. Ilyichev", óleo sobre tela. Heróis póstumos da União Soviética, existem estátuas e bustos de ambos espalhados por cidades russas.

Os demais 8.500 da 91ª Divisão de Infantaria japonesa, com 77 tanques, se engajou em um combate encarniçado de duas horas contra os 8.821 soviéticos. Foi a única batalha da operação onde as baixas soviéticas ultrapassaram as japonesas. Um cessar-fogo foi acordado em 20 de agosto e a ilha Shimushu (ou Shumshu) foi entregue aos soviéticos, mas o choque da resistência japonesa convenceu o alto-comando soviético que Moscou não possuía grandes capacidades anfíbias, e isso cancelou os planos de outros desembarques contra o Japão. Essa foi a última batalha da Segunda Guerra Mundial.

As ilhas foram tomadas, mas os japoneses deram um "soco no nariz" dos soviéticos e o plano de assalto anfíbio contra Hokkaido foi abandonado, pois o almirantado soviético concluiu que suas capacidades anfíbias eram insuficientes. O Japão até hoje reclama a devolução das Ilhas Curilas, e mesmo o tratado nipo-soviético de 1956 não mencionou a soberania soviética sobre as Curilas.

Vídeo recomendado:


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Leitura recomendada:

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Caça F-35A faz o primeiro lançamento de uma bomba nuclear de teste B-61-12

Por Carlos Junior
Em 25 de agosto de 2020, um caça de 5º geração F-35A Lightining II da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) fez o primeiro lançamento da nova bomba nuclear B-61-12 durante uma demonstração de lançamento em voo supersônico. A arma foi lançada de dentro do compartimento interno do avião em um local de testes no Estado de Nevada e demonstrando a capacidade de ataque nuclear em configuração stealth e em velocidade supersônica do F-35A. A bomba B-61-12 possui uma ogiva de 50 quilotons (a bomba que explodiu em Hiroshima tinha 15 quilotons) e uma margem de erro de 30 metros, o que representa uma melhoria muito importante sobre as bombas de queda livre anteriores cuja margem de erro circular estava em trono de 150 metros.

FOTO: Chineses do Kuomintang na Birmânia

Tropas do KMT pertencentes às Forças X ou Y, equipadas pelos americanos e britânicos para lutarem na Birmânia, 1944. As tarjetas brancas contém o nome, data de engajamento e a unidade dos soldados, conforme a prática chinesa do período.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 23 de novembro de 2020.

Soldados chineses do Exército Nacional Revolucionário (NRA), do Kuomintang (KMT) de Chigan Kai-shek, dirigem-se ao Cerco de Bhamo em tanques leves M3A3 Stuart de fabricação americana, perto de Bhamo, Estado de Kachin, na Birmânia (Mianmar), em novembro de 1944.

Os dois tanquistas guardando a passagem com submetralhadoras Thompson estão vestindo o macacão de mecânico HBT e o capacete de fibra americanos, típico das tropas blindadas. É provável que eles estejam usando sandálias de palha, como era comum aos chineses - e confortável no calor tropical da Birmânia.


Os soldados são de uma das forças criadas para lutarem na Birmânia, Força X e Força Y (de Yunnan), e treinadas na Índia e Yunnan (uma província ocidental chinesa), e eram as melhores unidades de elite chinesas na guerra. Quando retornaram à China, as unidades das Forças X e Y eram melhor vestidas e melhor disciplinadas, sendo frequentemente confundidas pelos civis chineses por forças estrangeiras e não chinesas. O 1º Novo Exército do KMT era conhecido como "O Primeiro/Melhor Exército sob o Céu", e era considerado a melhor unidade em todo o KMT.

A força blindada chinesa lutando na Birmânia foi equipada com carros de combate leves M3A3 Stuart, carros de combate médios M4A4 Sherman, carros blindados sobre roda de reconhecimento White e transportes sobre lagartas Universal Carrier (Bren Carrier). Seu equipamento e uniforme era um misto de material britânico e americano. As unidades blindadas chinesas da força expedicionária na Birmânia recrutaram em províncias diferentes e foram um dos poucos exemplos de soldados chineses de regiões diferentes lutando juntos.

Bibliografia recomendada:

China's Wars: Rousing the Dragon 1894-1949,
Philip Jowett.

Leitura recomendada:

domingo, 22 de novembro de 2020

Guerras e terrorismo: não se deve errar o alvo

Um soldado francês da Operação Barkhane, em 2016. (Pascal Guyot/ AFP)

Escrito em conjunto, BibliObs, 21 de novembro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 22 de novembro de 2020.

EM RESPOSTA À TRIBUNA: A França está sob ataque pelo que é, não pelo que faz, explica aqui um coletivo de sete pesquisadores, em resposta à coluna que publicamos na semana passada.

Por afetar a vida e a morte de nossos concidadãos, o terrorismo exige um debate que diga respeito à toda a comunidade nacional. É para esse debate que o fórum coletivo que surgiu no site "L’Obs" em 14 de novembro tenta contribuir, intitulado "Guerras e terrorismo: sair da negação". Os autores [da Tribuna] defendem uma tese no mínimo simplista: franceses, europeus, ocidentais, seriam os grandes responsáveis pelo que lhes acontece, pois são suas intervenções militares que provocariam, no Oriente Médio, reações violentas, radicalização e enfim atos de terrorismo.

É surpreendente que os autores, em sua maioria não-especialistas no assunto, afirmem certezas tão rústicas em um campo tão contestado cientificamente. Porque, se o debate é plenamente legítimo, também exige ser informado, racional e ansioso por restaurar a complexidade das situações políticas.

Controle de planejamento de ataques

Vamos primeiro acabar com a falsa equivalência moral proposta pelos autores entre assassinatos deliberados de civis de um lado, erros ou "danos colaterais" dos bombardeios, do outro: é tão difundida quanto falsa. Esses danos às vezes são significativos, e só podemos lamentar que qualquer guerra seja acompanhada por vítimas civis.

Em alguns casos, como a Rússia está fazendo na Síria com o apoio do regime de Bashar al-Assad, as populações são alvejadas deliberadamente e cidades inteiras são esmagadas sob tapetes de bombas, na vã esperança de quebrar sua resistência. Se existe "terrorismo aéreo", como parecem pensar os autores da tribuna, é desse lado.

 Mas não é isso que a França está fazendo. Apenas os combatentes e aqueles que participam diretamente das hostilidades são visados. Como tal, o processo de planejamento de ataques é monitorado e sujeito a uma avaliação precisa do risco de danos às populações, hospitais, edifícios religiosos, etc. Nesse sentido, a vantagem militar esperada de um bombardeio é estritamente pesada em relação às perdas civis potenciais que resultariam, conforme prescrito pelo Direito Internacional Humanitário. Se, apesar dessas precauções, crimes de guerra fossem cometidos, a França não deixaria de processar os perpetradores. Caso contrário, a responsabilidade criminal de soldados e oficiais franceses poderia ser levada ao Tribunal Penal Internacional - uma jurisdição que a França, ao contrário de outros, aceitou. Portanto, seremos perdoados se lembrarmos o óbvio: usar a força em um conflito armado, que é complexo por definição, não é ser bombeiro nem incendiário piromaníaco, muito menos os dois.

Vamos então à tese principal da tribuna.

Atingido, mesmo sem intervenção nos países em questão

Historicamente, quando a França foi atingida pelo terrorismo de origem do Oriente Médio, geralmente não houve intervenção nos países em questão: pensamos no terrorismo palestino nos anos 1970, iraniano nos anos 1980, argelino nos anos 1990... O mesmo vale para vários projetos frustrados, como o que visava o mercado de Natal em Estrasburgo em 2000. Para Mohamed Merah, foi a ocupação israelense que "justificou" o assassinato de crianças judias (2012). Quanto aos ataques a "Charlie Hebdo" e o Hyper Cacher (2015), eles nada tiveram a ver com nossos engajamentos militares. O padre Hamel (2016), Xavier Jugelé (2017), as vítimas da estação ferroviária Saint-Charles (2017), ou Samuel Paty (2020), também não foram mortos em nome de uma suposta vingança por Operações exteriores francesas.

O mesmo vale para nossos vizinhos. Os atentados cometidos na Alemanha (2016, 2020) e nos Países Baixos [Holanda] (2018, 2019) seriam devido ao intervencionismo em todos os azimutes de Berlim e de Haia? Os de Estocolmo (2017), Helsinque (2017) e Viena (2020) teriam sido causados pelos bombardeios maciços dos exércitos sueco, finlandês e austríaco? É difícil reconhecer em nossos pacíficos vizinhos os “países cruzados” estigmatizados pelos jihadistas... São, por outro lado, democracias liberais, às vezes atacadas exatamente por isso, por seus valores, conforme ilustrado em particular pelo assassinato de Theo van Gogh em Haia em 2004, depois de dirigir um curta-metragem denunciando a submissão das mulheres no Islã. Além disso, muitas tentativas - em outras palavras, ataques fracassados - têm como alvo Estados que raramente intervêm fora de suas fronteiras, exceto para operações de manutenção da paz; pensamos na Irlanda, Suíça, Finlândia...

Finalmente, devemos novamente e sempre lembrar que mais de 80% das vítimas do jihadismo são muçulmanos porque a grande maioria dos ataques ocorre em países onde o Islã é majoritário. Estas populações ficariam tranquilas ao saber que o risco de terrorismo está ligado ao intervencionismo militar do seu governo... Infelizmente para elas, não é o caso, como compreenderam às suas custas as famílias dos 50 civis moçambicanos, principalmente adolescentes, que foram decapitados e esquartejados no início deste mês (artigo).

Na outra direção, a equação é igualmente duvidosa.

Reversão de causalidade

É claro que podemos discutir a eficácia das intervenções militares nas quais a França participa, mas no estado atual do nosso conhecimento científico, não há evidências tangíveis de que o uso da força armada em um teatro externo gere ou exacerbe o terrorismo jihadista, que recordamos é um fenômeno globalizado, do qual a França, infelizmente, não é a única vítima. Em geral, esses processos de entrada na violência terrorista são por definição complexos: torná-los uma reação apaixonada à dominação das potências ocidentais constitui, na melhor das hipóteses, uma forma de ingenuidade, na pior, uma forma de condescendência. Esses movimentos não esperaram que as intervenções francesas se organizassem e agissem determinando sua própria agenda.

Fazer dessas intervenções uma das principais causas do terrorismo é reverter a causalidade.

Não teria havido nenhuma intervenção significativa do Ocidente no Afeganistão ou na Síria sem a ascensão da Al-Qaeda e do Daesh. A principal operação estrangeira atualmente liderada pela França, apoiada por vários outros países, incluindo muitos atores regionais, está ajudando a proteger uma população 90% sunita dos abusos de grupos terroristas armados. A intervenção no Mali, Estado-membro da Organização da Conferência Islâmica, foi iniciada a pedido do seu governo, em plena conformidade com o direito internacional. Não apenas é duvidoso que as intervenções militares irão gerar um "novo" terrorismo, mas, neste caso, elas pretendem acabar com as franquias islâmicas cujos crimes atingem principalmente as comunidades muçulmanas locais.

Também é errar sobre as condições para o desenvolvimento de redes jihadistas.

O nascimento dos principais movimentos jihadistas como Al-Qaeda e Daesh foi principalmente devido à dinâmica regional e conflitos dentro do Islã político. Assim, a Al-Qaeda não é o produto inevitável das intervenções ocidentais: é a presença americana na Arábia Saudita que era intolerável para Osama bin Laden, muito mais do que as intervenções militares dos Estados Unidos. O mesmo vale para o Daesh. É claro que existe um nexo causal entre a invasão do Iraque - que, convém lembrar, a França se opôs - e seu surgimento, mas sua afirmação no cenário internacional não foi escrita. Porque sem a dissolução do exército iraquiano e do Partido Baath, e sem os dez anos de governo sectário do primeiro-ministro xiita Nouri Al-Maliki, o crescimento surpreendente desta organização não teria ocorrido. E uma das principais fontes de terroristas na Síria foi Bashar al-Assad, que não hesitou em libertar milhares de jihadistas das prisões de Damasco para atiçar a guerra civil. Lembremos, além disso, que os regimes autoritários da região não estão alheios ao surgimento do terrorismo dentro deles: na ausência de qualquer fôlego democrático, favorecem o surgimento das formas mais radicais de protesto e facilitam a passagem à violência.

Reivindicação de oportunidade

As ligações causais diretas entre as intervenções militares e as ações terroristas são raras, frequentemente indiretas e tênues e, na maioria das vezes, oportunistas.

Os ataques justificados por campanhas militares ocidentais - como as de Londres em 2004 ou Madrid em 2005 - são mais a exceção do que a regra. Acima de tudo, essa "justificativa" pode ser uma exigência de expediente, com a função de aumentar a divergência sobre a legitimidade de uma operação militar. Na demanda por um ataque, o discurso de "vingança" contra os "descrentes" pode de fato constituir um elemento de propaganda de grupos jihadistas com o objetivo de alimentar divisões nas sociedades democráticas.

No comunicado de imprensa reivindicando o ataque do Bataclan, tratava-se, portanto, de uma ligação com nossas ações no Iraque e na Síria, o Daesh alegando ter agido porque a França teria "se gabado (...) de atingir os muçulmanos na terra do Califado com seus aviões”. No entanto, esta foi apenas uma justificativa entre muitas. Sobretudo, ao insistir no fato de que Paris é "a capital das abominações e da perversão", que os espectadores do Bataclan estiveram em "uma festa de perversidade", que a França foi golpeada porque "ousou insultar nossos Profeta”, o comunicado de imprensa mostrou que a França foi antes de mais nada visada por seus valores, os de uma democracia liberal protegendo a liberdade de expressãoFinalmente, o Daesh estava tentando nos aprisionar em uma escolha diabólica: a de nos submeter à sua lei mortal ou, ao contrário, de provocar uma intervenção no terreno para fechar sobre nós uma "armadilha afegã".

Em outras palavras, esse discurso de "vingança" pode ser um elemento de propaganda de grupos jihadistas com o objetivo de alimentar divisões nas sociedades democráticas. É importante não cair na armadilha.

Supervisão parlamentar insuficiente, mas não inexistente

Por fim, dizer que na França, o Parlamento "só precisa ficar em silêncio" é um exagero grosseiro. A França certamente não tem a mesma tradição parlamentar de alguns de seus vizinhos e aliados, e é isso que lhe permite agir rapidamente quando necessário, em resposta ao pedido das autoridades do Mali em 2013, por exemplo. No entanto, desde a reforma constitucional de 2008, existe um procedimento de informação e acompanhamento do Parlamento sobre estas intervenções militares: o governo tem a obrigação de informar o mais tardar três dias após o início da operação e deve especificar os objetivos perseguidos. Além disso, a autorização parlamentar é necessária se a intervenção exceder quatro meses. Nos últimos doze anos, a Assembléia Nacional falou sete vezes - para não falar dos muitos relatórios parlamentares publicados sobre questões de defesa. Pode-se considerar que esse controle parlamentar é insuficiente, mas também não é inexistente.

Nosso país é um objetivo prioritário para os movimentos jihadistas porque é o lar da maior população muçulmana da Europa e porque incorpora valores republicanos e democráticos que eles odeiam. Os jihadistas são, em primeiro lugar, os inimigos do modelo liberal. A França é bem atacada pelo que é, não pelo que faz. A cessação das operações militares estrangeiras não mudaria este desejo de destruir regimes que permitiram a emancipação social, política e econômica, embora imperfeita, das sociedades ocidentais. Se o terrorismo jihadista reage a alguma coisa, é muito mais ao legado do Iluminismo do que a intervenções militares que constituem uma forma - imperfeita e insuficiente - de reduzir a ameaça.

É necessária introspecção sobre a relevância de nossas escolhas estratégicas. Todos podem fazer sua parte. Mas é importante fazer isso sem ignorar os fatos mais básicos, com lucidez e sem preconceitos motivados por vieses ideológicos.

Autores:

  • Delphine Deschaux-Dutard (mestre de conferências da Universidade de Grenoble Alpes),
  • Julian Fernandez (professor da Universidade de Paris 2),
  • Beatrice Heuser (professora da Universidade de Glasgow),
  • Jean-Vincent Holeindre (professor da universidade Paris 2),
  • Jean-Baptiste Jeangène Vilmer (diretor do Instituto de Pesquisa Estratégica da Escola Militar),
  • Jenny Raflik Grenouilleau (professora da Universidade de Nantes),
  • Bruno Tertrais (vice-diretor da Fundação para a Pesquisa Estratégica).

Bibliografia recomendada:

Estado Islâmico:
Desvendando o Exército do Terror.
Michael Weiss e Hassan Hassan.

Submissão.
Michel Houellebecq.

O Mundo Muçulmano.
Peter Demant.

Leitura recomendada: