Forças especiais franceses do 13e RDP em manobras de inverno, 2015. |
Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 21 de setembro de 2020.
O 13º Regimento de Dragões Paraquedistas (13e Régiment de Dragons Parachutistes, 13e RDP) é um dos regimentos da Brigada de Forças Especiais do Exército (Brigade des Forces Spéciales Terre, BFST), e sua especialização é o reconhecimento de longa distância. Trabalhando em grande profundidade atrás das linhas inimigas e isolados das forças amigas, os dragões especiais são conhecidos por robustez física e, como dito pelo autor e boina verde Gordon L. Rottman no livro "World Special Forces Insignia", eles "carregam as maiores mochilas que eu já vi".
Ontem (20/09) a imprensa britânica incorretamente circulou a foto como sendo operadores do Serviço Aéreo Especial (Special Air Service, SAS) testando um novo camuflado de montanha.
O 13e RDP é um regimento tradicional do exército francês, traçando linhagem desde o Ancien Régime quando foi criado em 4 de outubro de 1676 no Languedoc, pelo Marquês de Barbezières. Servindo notáveis comandante reais como o Grande Condé (o regimento foi renomeado Dragons de Condé em 12 de dezembro de 1724), e até mesmo participando da expedição em apoio à independência dos Estados Unidos (tratado pelo blog aqui e aqui). Com a Revolução Francesa, o regimento serviu a Napoleão até a sua dissolução em 1815.
Em 20 de dezembro de 1855, durante o Segundo Império, um “regimento de dragões da Imperatriz” (em referência à Imperatriz Eugênia e aos dragões da Guarda de Napoleão I) foi formado dentro da Guarda Imperial pelo Imperador Napoleão III, e ativado em Fontainebleau em 1º de julho de 1856 com 6 esquadrões usando elementos escolhidos de todos os regimentos de cavalaria.e permanece até hoje como "o Regimento da Imperatriz".
Oficiais do "Regimento da Imperatriz" com a Imperatriz Alix Napoleon na Argélia, 1960. |
O regimento lutou na Guerra Franco-Prussiana (1870-71) e foi capturado em Metz. Lutando na Primeira Guerra Mundial na Frente Ocidental, participa da ofensiva de Verdun de outubro a novembro de 1917.
Participa da Batalha da França (1940) operando carros de combate Hotchkiss H35 e Somua S35 na 2ª Divisão Leve Mecânica (2ème Division Légère Mécanique, 2e DLM) do Corpo de Cavalaria do General René Prioux, parte do 1º Exército - de elite - que avançou na Bélgica, participando da operação do rio Dyle e da Batalha de Hannut. Evacuado em Dunquerque sem os veículos, é incorporado a um regimento misto de dragões e colocado em uma divisão improvisado que tenta uma resistência fútil em combates de cobertura à retirada geral do exército até o armistício. Como os carros de combate são proibidos pelas cláusulas do armistício, o regimento é dissolvido.
Durante a libertação da França a unidade foi recriada em 16 de outubro de 1944 e servindo na eliminação dos bolsões de resistência alemã no Atlântico, o que durou até maio de 1945 depois da rendição oficial alemã. No mesmo mês o regimento foi enviado para a Alemanha, e em setembro de 1945 participou da ocupação do Palatinado Renano.
Dragões paraquedistas aguardando o embarque nos Nord 2501 nas cercanias da Maison Blanche de Argel, verão de 1956. |
O regimento tornou-se pára-quedista em 1952 e foi enviado à Argélia em 1954, sendo integrado à 25ª Divisão Paraquedista (25e DP) formada em 1º de junho de 1956. Em 1º de julho de 1957, foi transferido à 10e DP. Inicialmente, os dragões paraquedistas lutaram com a boina azul dos paraquedistas metropolitanos, trocando para a boina vermelha em 1957 segundo a padronização que encerrou o modelo anterior de boinas paraquedistas (vermelho para os coloniais, azuis para os metropolitanos e verdes para os legionários). A tropa saltava de pára-quedas, executava assaltos helitransportados e também "cavalgava" em batalha com blindados M8 Greyhound, Ferret Mk I e Mk II, e M24 Chaffee.
Com a reformulação do exército francês em 1962, o 13e RDP foi transformado em regimento de forças especiais para vigilância em profundidade sendo baseado na Alemanha Ocidental, e recebendo o brevê paraquedista alemão. Entre as muitas honras de batalha do regimento pós-1962, existem numerosas campanhas na África francófona, a Guerra do Golfo, Bálcãs, Afeganistão e, atualmente, o Mali, a Síria e o Iraque.
Bibliografia recomendada:
Leitura recomendada:
FOTO: Embarque para salto de treinamento na Argélia, 24 de fevereiro de 2020.
GALERIA: Bawouans em combate no Laos, 28 de março de 2020.
O que um romance de 1963 nos diz sobre o Exército Francês, Comando da Missão, e o romance da Guerra da Indochina, 12 de janeiro de 2020.
FOTO: Um M24 Chaffee no Tonquim, 9 de julho de 2020.
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