terça-feira, 29 de setembro de 2020

BOEING B-52H STRATOFORTRESS. O vovô ainda está em forma!

B-52H
FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,69 (850 km/h)
Velocidade máxima: Mach 0,86 (1061 km/h)
Alcance: 14190 km.
Teto de serviço: 15150 m.
Propulsão: 8 motores turbofan Pratt & Whitney TF33-P-3/103 com 7711 kg de empuxo cada
DIMENSÕES
Comprimento: 48,5 m
Envergadura: 56,4 m
Altura: 12,4 m
Peso: 83250 kg (vazio) e 219600 kg (com máxima carga)
ARMAMENTO
31500 kg em armamento podendo ser as bombas guiadas por GPS GBU-30/31/32/37 JDAM, Bomba nuclear B-61, Bomba AGM-158 JASSM, Bomba de fragmentação CBU 87/89/97/103/104/105 e todas as bombas convencionais da família MK, mísseis de cruzeiro estratégicos AGM-86B  (nuclear), Mísseis anti navio AGM-84 Harpoon, e mísseis AGM-142A Have Nap.

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
O tenso período da história humana conhecido como “Guerra Fria”, teve alguns protagonistas que acabaram dando um “rosto” para esta fase. Caças F-4 Phanton, MIGs-21, cruzadores da classe Kirov e os bombardeiros Tupolev Tu-95 Bear. Porém, do lado norte americano, nenhum outro sistema de armas leva tão bem a “cara” da guerra fria como o poderoso e imponente bombardeiro estratégico Boeing B-52 Stratofortress. Com suas asas enflechadas com uma envergadura gigantesca (56,4 metros), a maior em um avião de combate do mundo; seus 8 motores fumacentos e seu jeito desengonçado de decolar, o B-52 representou o poderio nuclear dos Estados Unidos durante toda a guerra fria. Mas o que mais chama a atenção é que, com seus 59 anos, ele continua em plena forma.
Mesmo tendo sido projetado para lançar bombas atômicas e mísseis de cruzeiro com ogivas nucleares sobre a União Soviética, a missão que o B-52 mais executou foi o de arrasar alvos sobre o Vietnam, Iraque e Afeganistão com bombas convencionais de queda livre e lançamento de mísseis de cruzeiro com ogivas convencionais.
Muitos modelos de aeronaves que objetivaram substituir o velho “Buff” (Big Ugly Fat Fellow) ou “cara feio grande e gordo” como o B-52 foi, carinhosamente, apelidado pela sua tripulação, foram entrando e saindo de operação, simplesmente por não serem capazes de cumprir, do mesmo jeito, as missões do velho B-52. A atual previsão sobre o futuro deste avião é a de que ele continue em operação até 2045, quando o projeto fará 90 anos. Se isto ocorrer, ele será o mais longevo avião de combate da história.
O protótipo XB-52 fez o primeiro voo em abril de 1952 e o B-52 é, ainda , uma peça fundamental para a capacidade de dissuasão norte americana! 
O modelo do B-52 em uso é a versão “H”, que entrou em serviço em outubro de 1962 e recebeu inúmeras melhorias no decorrer destes anos para adapta-lo aos novos desafios do moderno campo de batalha. Uma destas melhorias em relação aos modelos iniciais foi a troca dos motores fumacentos da família Pratt & Whitney J-57 pelos mais eficientes motores Pratt & Whitney TF-33 que proporcionaram maior autonomia por causa de seu menor consumo de combustível e maior potência, além de produzirem menos fumaça, que dava uma visibilidade indesejada para os B-52. Cada um destes motores (são 8) entrega uma potência de 7600 kgf ao B-52 e seu alcance de translado chega a incríveis 14190 km, ou seja, este bombardeiro pode voar até um alvo a qualquer lugar do planeta.
A versão atual do B-52H recebeu inúmeros aperfeiçoamentos e essas melhorias seguem em uma constante implantação.
A suíte de sensores e de guerra eletrônica instalada no B-52H é uma das mais completas dentre todos os aviões de combate da USAF (Força Aérea dos Estados Unidos). Logo a frente da aeronave, sob a fuselagem na altura da cabine, existe duas protuberâncias abriga o sistema AN/ASQ-151 EVS. O sistema possui um sensor infravermelho (FLIR) AN/ AAQ-6 desenvolvido pela Raytheon e por uma câmera de TV fabricada pela Northrop Grumman AN/ AVQ-22 que é usada para apoio em vôos de baixa altitude, um regime de voo que os B-52 precisaram se adaptar para poderem sobreviver a evolução dos sistemas de defesa antiaérea de alta altitude que os soviéticos haviam desenvolvido nos anos 60. O radar usado pelo B-52 é o Northrop Grumman APQ-166 que deverá ser substituído a partir de 2022 por um novo modelo que está sendo desenvolvido pela Raytheon e que terá varredura eletrônica ativa (AESA), mais capaz. O radar APQ-166 permite o seguimento de terreno para apoiar a navegação em vôos de baixa altitude, capacidade esta que será ampliada com a chegada do novo radar.
No campo da guerra eletrônica, o B-52H está equipado com um sofisticado sistema AN/ALQ-172(V)2 que faz a identificação dos sinais de radar inimigos e executa a interferência ativa para anular a efetividade destes sensores. Outros sistemas de guerra eletrônica instalados no B-52H são os detectores de radar AN/ALR-46 e o gerenciador de interferência (jammer) AN/ALQ-155 multibanda que presta uma cobertura de proteção eletrônica em volta de toda a aeronave. 
Existe um sistema que, eu, particularmente, acho interessante na suíte de guerra eletrônica do B-52H que é um gerador de alvos falsos AN/ALQ-122, desenvolvido pela Motorola, muito conhecido fabricante de celulares e rádios, com o objetivo de criar alerta falsos para os radares inimigos com o fim de ludibria-los. Para completar esta sofisticada capacidade de guerra eletrônica, um sistema de interferência AN/ALT-32 e um sistema de alerta de radar de cauda AN/ALQ-153 foram instalados.
Nesta foto, as setas amarelas apontam para as duas protuberâncias abaixo da parte da frente da fuselagem onde são posicionados os sensores do sistema AN/ASQ-151 EVS.
Durante meu trabalho de pesquisas para a produção das informações contidas no WARFARE, eu nunca tinha visto uma aeronave que não fosse dedicada para a especifica função de guerra eletrônica, ter um sistema de guerra eletrônica tão completo quando o do B-52H. Esta capacidade permitiu, inclusive, que o modelo fosse usado com o objetivo de atrapalhar as redes de radares inimigas em apoio a um ataque de outras aeronaves táticas, embora esta missão não seja sua especialidade.
O B-52 Stratofortress já é uma lenda vina na história da aviação militar mundial.
A capacidade de transporte de armamento do B-52H compreende 31500 kg de bombas e mísseis. As bombas podem ser de queda livre como a MK-82, MK-83 e MK-84, bombas guiadas por satélite como as da família JDAM, WCMD (bombas de fragmentação guiadas) e SDB, que permitem serem lançadas de maiores distancias e com muito melhor precisão que as bombas burras. Os mísseis de cruzeiro correspondem a outra parte do armamento deste poderoso bombardeiro. O míssil de cruzeiro Boeing AGM-86B, com alcance de até 2400 km etem guiagem feita por sistema TERCON que é um computador com dados sobre o relevo do caminho a ser percorrido até o alvo que permite um voo em baixa altitude seguindo o contorno deste relevo e dificultando ao máximo a detecção do míssil pelos radares de defesa aérea. Esta versão é armada com uma ogiva nuclear W-80-1 com cerca de 200 Kt de potencia. Para se ter um parâmetro do que representa esses “200 Kt”, basta observar que a bomba que explodiu a cidade de Hiroshima tinha cerca de 18 Kt de potência.
O míssil ar superfície israelense Popeye, chamado AGM-142 Have Nap, segundo a nomenclatura da USAF, é outra poderosa arma stand off (lançada longe do alcance das defesa inimigas) que o B-52H está qualificado a empregar. O AGM-142 é um grande míssil projetado para destruir alvos reforçados de grande porte. Para conseguir este efeito, o AGM-142 transporta uma pesada ogiva de 340 Kg fragmentada ou uma ogiva penetradora de 360 kg, para destruir bunkers. Seu sistema de guiagem é inercial e com o uso de um sensor infravermelho ou TV, dependendo da versão, na fase terminal do ataque. Seu alcance é de 80 km.
A modernização dos sistemas de armas do B-52H permitindo o emprego de bombas convencionais guiadas por GPS, como a GBU-31 JDAM de 907 sendo lançada nesta foto.
O B-52H pode, ainda, ser armado com bomba a nuclear de queda livre B-61 que, dependendo da versão, pode ter uma potência que varia de 0,3 a 350 Kt. Outra bomba nuclear que ele transporta é a B-83 cuja potência pode chegar até 1,2 megatons.Por ultimo, o B-52H pode ser muito bem usado em missões de interdição naval armado com minas navais ou até 8 mísseis antinavio AGM-84 Harpoon, guiados por radar ativo e com alcance de 130 km.
No segunde semestre de 2020, alguns bombardeiros B-52H estveram se exercitando em voos de longa duração pela Europa e Asia, onde eram escoltados por caças de forças aliadas. Aqui, um B-52H escoltado por dois caças F-15J Eagle da força aérea japonesa.
O dado a respeito dos muitos modelos de aeronaves foram projetadas visando substituir o velho BUFF, e acabaram sendo aposentadas antes dele, e isto, aparentemente, ocorrerá novamente, uma vez que quando o B-52 estiver chegando ao final de sua vida operacional, em 2045, o B-1B Lancer já deverá estar aposentado há mais de 10 anos. O uso de bombardeiros pesados está fadado à extinção graças ao incrível aumento da capacidade dos sistemas de defesa antiaérea, da capacidade dos aviões de interceptação e dos custos altíssimos de se desenvolver um avião desse tipo. O B-52 devera ser um dos últimos aviões convencionais de bombardeiro a estar em serviço.
Com a capacidade de reabastecimento em voo, o B-52H pode permanecer em voo por mais tempo do que as capacidades fisiológicas de sua tripulação.

Uma foto interessantíssima por mostrar um B-52H ao lado de dois bombardeiros estratégicos russos Tupolev Tu-95H Bear.




Um comentário:

  1. O B52 necessita de uma pista de pouso mais larga, e tão resistente quanto, as usadas pelos Boings 747 devido as rodinhas nas extremidades das asas?

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