Por Stavros Atlamazoglou, SOFREP Magazine, 4 de março de 2020.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 18 de setembro de 2020.
Atualização: O SOFREP descobriu que o 1º Comando de Forças Especiais reterá alguma capacidade de Ação Direta semelhante às CRF, embora significativamente menor do que o atual. O raciocínio por trás da decisão de reduzir o tamanho, entretanto, permanece o mesmo: as CRF são muito caras para sua utilidade.
Em uma decisão histórica para a comunidade das Forças Especiais, as companhias da Força de Resposta à Crise (Crisis Response Force, CRF) serão dissolvidas e seus operadores e equipamentos redistribuídos pela força.
As companhias CRF* são um quadro de elite de Boinas Verdes que se especializam em missões de Ação Direta (DA), Contraterrorismo (CT) e Resgate de Reféns (HR). Cada Grupo de Forças Especiais (1º, 3º, 5º, 7º e 10º) possui uma companhia CRF, e são consideradas reservas estratégicas de cada comando combatente em caso de emergência em todo o mundo. A CRF costumava ser chamada de companhias In-Extremis do Comandante (Commander’s-in-extremis Company, CIF).
*Nota do Tradutor: Os boinas verdes do fiasco na Venezuela vinham de uma CRF. O blog tratou deste assunto aqui.
A SOFREP apurou que o Comando de Operações Especiais do Exército dos Estados Unidos (United States Army Special Operations Command, USASOC) em conjunto com o 1º Comando de Forças Especiais (1st Special Forces Command, 1st SFC) decidiram desmantelar as CRF por serem subutilizados e por falta de operadores.
A decisão, no entanto, se alinha com o pivô em andamento de operações de contraterrorismo (CT) e ação direta (DA) para guerra não-convencional (UW) e defesa interna estrangeira (FID), já que o Departamento de Defesa (DoD) está se afastando de contra-insurgências e se redirecionando para a um conflito entre-iguais com adversários como a Rússia e a China.
Operadores do CRF no Iraque. |
Um movimento que prenunciou a decisão de dissolver as CRF ocorreu no início deste ano. Em janeiro, a embaixada americana em Bagdá foi sitiada por manifestantes iraquianos e milícias iranianas antes e depois do assassinato seletivo do major-general iraniano Qassem Soleimani. No entanto, o Comando Central (Central Command, CENTCOM), o comando combatente responsável por essa Área de Operações (Area of Responsibility, AOR), e o Comando Central de Operações Especiais (Special Operations Command Central, SOCCENT), um comando subunificado responsável pelas Operações Especiais no mesmo AOR, decidiram desdobrar um elemento dos Fuzileiros Navais em vez da Companhia A, 1º Batalhão, 5º Grupo de Forças Especiais (A/1/5), unidade CRF responsável pelo Oriente Médio. A mensagem foi clara - não precisamos de vocês.
Um operador sênior das CRF disse à SOFREP que “a CRF não tem sido empregada de forma proveitosa desde o final de 2011 e, além disso, a Força de Missão Nacional [Comando Conjunto de Operações Especiais] pode chegar lá com a mesma rapidez. É por isso que todos os outros estão no bloco a ser cortado”.
E aí está o problema. Quando você tem Unidades de Missão Especial de Nível 1, como a Delta Force e a SEAL Team 6, cuja função principal é responder a cenários de CT e HR em todo o mundo, as CRF parecem um tanto redundantes e um luxo. E administrar e manter companhias CRF está longe de ser barato.
Além das escolas de Operações Especiais padrão, todos os operadores das CRF devem passar pelo Curso de Reconhecimento Avançado das Forças Especiais, Análise de Alvos e Técnicas de Exploração (Special Forces Advanced Reconnaissance, Target Analysis, and Exploitation Techniques Course, SFARTAETC) e alguns pelo Curso de Atirador de Elite das Forças Especiais (Special Forces Sniper Course, SFSC), ambos os quais duram nove semanas. Muito tempo e dinheiro, portanto, é investido em uma capacidade que não está sendo utilizada.
Até o momento desta publicação, o USASOC não fez comentários.
Bibliografia recomendada:
Leitura recomendada:
COMENTÁRIO: As Forças Especiais ainda são especiais?, 6 de setembro de 2020.
FOTO: Salto de amizade na Polônia, 30 de agosto de 2020.
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