quarta-feira, 16 de setembro de 2020

A oposição no Mali rejeita carta da junta pós-golpe

Do jornal Deutsche Welle, 13 de setembro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 16 de setembro de 2020.

A coalizão disse que a carta não refletia os resultados das negociações com os militares, que tomaram o poder no mês passado. O plano final reverteu a promessa de ter um presidente civil ou militar por 18 meses.

O movimento de oposição popular do Mali disse no domingo que rejeitou uma carta política para um governo de transição de 18 meses, apoiado pela junta governante. "O M5-RFP se distancia do documento resultante que não reflete as opiniões e decisões do povo malinense", disse a coalizão em um comunicado.

A junta militar, que depôs o presidente Ibrahim Boubacar Keita em um golpe-de-estado em 18 de agosto, havia apoiado uma carta que delineava um governo de transição de 18 meses no sábado. O apoio dos militares ocorreu após três dias de negociações com partidos políticos e representantes da sociedade.

Os delegados participaram de uma conferência em Bamako na semana passada para discutir uma transição para um governo civil.

Disputa sobre o presidente interino

Uma das discrepâncias entre as negociações e o estatuto era a pressão da maioria por um presidente civil interino. As negociações concordaram que o candidato seria um civil, mas quando publicada, a carta dizia que poderia ser um civil ou um soldado. “O desejo de agarrar e confiscar o poder em benefício do CNSP não justifica os meios”, disse o comunicado da coalizão, referindo-se ao que a junta se autodenomina como o Comitê Nacional de Salvação do Povo (Comité national pour le salut du peuple, CNSP).

O Movimento 5 de junho (M5) que participou das conversas disse que as discussões ocorreram em um ambiente de "intimidação, práticas antidemocráticas e injustas dignas de outra época". A coalizão inclui grupos de oposição, líderes religiosos e figuras civis que organizaram meses de protestos contra o ex-presidente.

O bloco regional de 15 nações da África Ocidental, conhecido como CEDEAO, alertou que até terça-feira a junta deve designar um líder civil para chefiar um período de transição de um ano ou o país poderá enfrentar mais sanções. A CEDEAO já interrompeu as transferências financeiras para o país e fechou as suas fronteiras com o Mali.

O líder da Junta, Coronel Assimi Goita, disse esperar o apoio de nações estrangeiras depois que os líderes militares concordaram em reduzir a duração do período de transição para 18 meses, após inicialmente sugerir um período de três anos. Potências internacionais temem que a instabilidade contínua possa prejudicar a luta contra militantes islâmicos na região do Sahel, na África Ocidental.

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