quarta-feira, 23 de setembro de 2020

VÍDEO: Crítica do filme Falcão Negro em Perigo (2001) pelo Sala de Guerra

 

O canal Sala de Guerra fez uma resenha crítica do filme Falcão Negro em Perigo que está simplesmente excelente.

Comentário do colaborador Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog

Ótima resenha, raramente temos filmes tão bons e realistas quanto esse. Você só esqueceu de lembrar que o DVD tem o documentário com os veteranos da operação! 

Outra coisa do rappel é que o ranger acidentado simplesmente caiu, não foi o helicóptero esquivando de um RPG que derrubou o cara. Colocaram a cena dramática pra omitir o erro.

A maioria dos filmes que temos hoje é uma bobajada de "tema acima da substância", que precisa abaixar a cabeça pro politicamente correto e ficar repetindo cartilha igual zumbi (justamente por isso o blá-blá-blá de "ain não é anti-guerra", como se isso fosse uma obrigação).

O livro que originou o filme. Leitura obrigatória.

Uma coisa que é importante lembrar é que Mogadíscio foi uma operação feita ainda na euforia da vitória na Guerra do Golfo (1991), onde o presidente americano declarou o fim da "Síndrome do Vietnã" - com os americanos se sentindo invencíveis novamente. Por conta disso, cometeram erros grosseiros na Somália e que foram notadas com ironia pelos aliados europeus na mesma missão (especialmente os italianos), porque os arrogantes americanos desprezavam os sábios conselhos dos europeus com décadas de experiência em pacificação na África.

Em uma das burradas dos americanos, eles sequestraram um general somaliano achando que ele era da facção do Farah Aidid, mas ele era mesmo um aliado dos italianos (e, portanto, do esforço da pacificação da ONU). Outra burrada foi uma operação com o C-130 Spectre atacando um alvo incorretamente (isso é omitido no filme, mencionando apenas que não haveria tal apoio aéreo durante a operação) e, por fim, a falta de desdobramento de blindados sobre lagartas, tanto transportes quanto carros de combate (tanques mesmo), que poderiam facilmente sobrepujar os obstáculos colocados pelas milícias somalianas (tal qual foi feito pelos Fuzileiros Navais do Brasil na Vila Cruzeiro em 2010).

Fuzileiros navais e operadores do BOPE durante o assalto blindado na Vila Cruzeiro, 25 de novembro de 2010.

Contém mapas e esquemas de movimento em 3D.

O livro Gothic Serpent: Black Hawk Down, Mogadishu 1993, da série Raid da Osprey Publishing, que explica o planejamento e condução da operação pelos dois lados. É importante lembrar que o general da facção do Aidid que comandou a batalha era formado em escolas militares na Itália e na União Soviética, entendendo profundamente os princípios da estratégia e da tática. As lições do fiasco foram um tapa na cara das forças de operações especiais dos EUA, derrubando noções teóricas idiotas que décadas de auto-congratulação haviam criado. Por exemplo, os Deltas se achavam tão rápidos que julgavam não precisar de capacetes balísticos. Isso é tratado pelo especialista australiano Leigh Neville (traduzido para o Warfare Blog aqui):

“Até mesmo a Delta modificou seus equipamentos a esse respeito após a batalha. Até outubro de 1993, a unidade tipicamente usava capacetes de skate que eram leves, mas com zero proteção balística. Seu pensamento era tradicionalmente de que eles eram muito mais propensos a sofrer uma lesão enquanto subiam por uma janela ou realizavam fast-roping do que sendo baleados - isso era provavelmente uma extensão de sua principal missão de contraterrorismo. Apenas um operador do Esquadrão C (C-Squadron) usava o capacete K-pot ou PASGT em vez de um ProTec de plástico na Somália. Ele foi o destinatário de muita provocação durante as missões anteriores, mas depois de 3 e 4 de outubro, ele foi considerado um dos caras mais inteligentes da Unidade!

Claro, a Delta tragicamente perdeu Earl Fillmore, o médico da Equipe A (A-Team), durante o movimento à pé até o local da primeira queda por um tiro na cabeça que penetrou seu ProTec e o matou instantaneamente. Isso estimulou o teste e a compra de capacetes balísticos que eram mais leves do que o PASGT de uso padrão. Este teste e consulta com os fabricantes contribuíram diretamente para o tipo de capacetes balísticos leves modernos produzidos pela Ops Core ou Crye."

Capa da tradução brasileira.

Contra-capa mostrando uma cena de entrosamento entre os soldados.

Muito oportuno seu comentário sobre o Sebastian Junger. O seu primeiro livro, Guerra, foi traduzido e eu recomendo. O livro é dividido em:

Livro 1: Medo
Livro 2: Matança
Livro 3: Amor

A tradução foi feita por Berilo Vargas, com revisão técnica de Joubert Brízida.

Mapa do Vale do Korengal.
Área de atuação da Companhia Battle (B), 173ª Brigada Aeroterrestre, que havia substituído elementos da 10ª Divisão de Montanha na região.


Espero que algum dia traduzam o "Tribe", o outro livro do mesmo autor.

Eu também recomendo o livro "Estudos sobre o combate", do Coronel Ardant du Picq, e o "Homens ou Fogo?"; tradução incorreta do "Homens contra fogo", do SLA Marshall. Todos excelentes estudos do comportamento dos soldados em combate. 

Estudo de 1868 que ainda permanece atual.
Realmente impressionante.


Homens contra fogo.
Traduzido incorretamente pela Bibliex como "Homens ou Fogo?"

Tribe.
Um ótimo livro aguardando tradução para o português.

Um grande abraço e ótimo vídeo, Sala de Guerra!

Vídeo recomendado:


Bibliografia recomendada:




Leitura recomendada:

Nenhum comentário:

Postar um comentário