sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Fechamento da base de fuzileiros navais em El Toro seguindo o novo formato do USMC

O Marine Wing Support Group 37, que foi desativado pelo Corpo de Fuzileiros Navais na sexta-feira, deu apoio terrestre a esquadrões de helicópteros. (Cortesia de Lance Cpl. Rebecca Eller)

Por Erika I. Ritchie, The Orange County Register, 17 de julho de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 14 de agosto de 2020.  

A unidade dos fuzileiros navais antes baseada em El Toro foi desativada seguindo os planos para um Corpo de Fuzileiros Navais "leaner and meaner" (mais enxuto e malvado).

Uma terceira unidade de apoio da Ala Aérea dos Fuzileiros Navais - uma vez baseada na agora fechada Estação Aérea do Corpo de Fuzileiros Navais de El Toro (Marine Corps Air Station El Toro) - foi desativada na sexta-feira, 17 de julho, na Estação Aérea do Corpo de Fuzileiros Navais de Miramar (Marine Corps Air Station Miramar).

A unidade, o Marine Wing Support Group 37 (Grupo de Apoio 37 da Ala de Fuzileiros Navais), foi responsável por sincronizar os esforços de quatro esquadrões e como eles forneceram apoio terrestre.

A desativação da unidade libera tempo e recursos para um redesenho do Corpo de Fuzileiros Navais, conforme ordenado pelo Comandante, General David Berger, que enfatizou em seu plano de 2019 a importância do corpo militar se tornar “mais leve e rápido” no Pacífico.

Somos a força de resposta à crise do país, o que requer plataformas anfíbias de combate capazes e prontas e uma família de conectores modernos”, disse Berger em seu guia de planejamento para a revisão dos fuzileiros navais. “Nosso sistema de guerra expedicionária deve ser em rede, letal, resiliente e deve permitir um movimento mais rápido para novas tecnologias e capacidades mais rápido daquelas dos nossos adversários”.

Os fuzileiros navais estão despejando alguns de seus equipamentos e unidades legados, como companhias que entram e constroem pontes ou que operam tanques. Existem planos para os próximos cinco anos para cortar mais da ala aérea baseada em San Diego, incluindo um esquadrão Osprey e dois esquadrões de helicópteros.

O Corpo de Fuzileiros Navais reduzirá seu pessoal em 12.000 na próxima década. Vai investir recursos em novas tecnologias de combate, como drones, mísseis de precisão de longo alcance, robôs de reconhecimento e sistemas não-tripulados.

Normalmente, a desativação de sexta-feira teria incluído uma cerimônia de "pôr do sol" para aproximadamente 50 fuzileiros navais que serão enviados para servir em outras unidades. Mas, por causa das precauções contra o coronavírus, os oficiais da base decidiram não reunir um grande grupo, disse o tenente Zach Bodner, porta-voz da ala aérea.

A unidade foi ativada em 1º de julho de 1953, em Miami. A unidade de fuzileiros navais se mudou para El Toro em 1955 e então Miramar em 1998, onde permaneceu até agora.

O redesenho da força garante que o apoio terrestre da aviação será fornecido por cada um dos quatro esquadrões de apoio da ala de fuzileiros navais (Marine Wing Support Squadrons) que se enquadrarão nos Grupos de Aeronaves de Fuzileiros Navais (Marine Aircraft Groups) 11, 13, 16 e 39, respectivamente. A ala aérea continuará a se integrar à Marinha. Ao fazer isso, a 3rd MAW (3ª Ala de Aeronaves de Fuzileiros Navais) ultrapassará as ameaças emergentes e apoiará a I Força Expedicionária de Fuzileiros Navais, disseram oficiais fuzileiros navais.

Bibliografia recomendada:

Epic Amphibious Battles in the Central Pacific.
Coronel Joseph H. Alexander, USMC (Ref.).

Leitura recomendada:

Os EUA precisam de uma estratégia melhor para competir com a China - caso contrário o conflito militar será inevitável5 de fevereiro de 2020.

Fuzileiros navais americanos fecharão todas as unidades de tanques e cortarão batalhões de infantaria em grande reforma25 de março de 2020.

O Corpo de Fuzileiros Navais cortará ainda mais pessoal nos próximos anos, diz o Comandante27 de fevereiro de 2020.

Primeira oficial de infantaria feminina dos Fuzileiros Navais deixa o Corpo no momento que o Comandante clama por mais mulheres no Curso de Oficial de Infantaria27 de fevereiro de 2020.

Comandante dos Fuzileiros Navais americanos bane símbolos confederados de todas as instalações do Corpo de Fuzileiros27 de fevereiro de 2020.

Modernização do exército chinês: progresso, retórica e realidade27 de dezembro de 2019.

FOTO: Reais Fuzileiros Navais de Tonga no exercício RIMPAC 201223 de abril de 2020.

FOTO: Fuzileiros navais americanos em combate urbano12 de agosto de 2020.

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Operação Haboob: E se a França tivesse engajado-se no Iraque em 2003?

Fuzileiros navais americanos posando com um retrato do ditador Saddam Hussein, 2003.

Pelo Tenente-Coronel Michel Goya, La Voie de l'Épée, 23 décembre 2011.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 13 de agosto de 2020.

A Operação Haboob ("Tempestade de Areia" em árabe) é o nome do engajamento das forças francesas no sul do Iraque de 2003 a 2009 como parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos. A operação é obviamente imaginária e o nome é inventado. Porém, se acreditarmos, entre outros, nos documentos revelados pelo Wikileaks, com outro Presidente da República que não Jacques Chirac e até o atual poder, esta operação poderia ter ocorrido. Portanto, não é totalmente inútil torná-la ucrônica.* 

Soldados franceses do 3e RIMa diante de um retrato do ditador Saddam Hussein doze anos antes, em 1991.

*Nota do Tradutor: Ucronia, história de eventos fictícios a partir de um ponto de partida histórico; "counter-factual".

Áreas de responsabilidade da Coalização no Iraque em 30 de abril de 2004.

É provável que o volume do contingente francês engajado fosse bastante próximo ao do britânico, sem dúvida um pouco menor por causa de nossos meios um pouco mais limitados e de nossos compromissos em outros lugares. Como os outros contingentes aliados, uma vez derrubado o regime de Saddam Hussein, teríamos nos estabelecido no Sul, mas provavelmente não em Basra reservada aos britânicos, aliados privilegiados e ex-ocupantes da cidade. Tendo em conta o nosso volume de forças e a qualidade dos nossos quadros, poderíamos ter pego a chefia da divisão multinacional Centro-Sul no lugar dos polacos, entre Bagdá e as zonas petrolíferas. Além do núcleo duro do estado-maior da divisão, que teria levado em consideração cerca de vinte contingentes com regras de engajamento mais complexas e restritivas entre si, também teríamos fornecido dois ou três grupos de armas combinadas* para proteger os lugares sagrados de Najaf e Karbala, e os eixos logísticos na região do Kuwait.

Exemplo da ordem de batalha de um SGTIA.

*NT: Um Groupement Tactique Interarmes (GTIA) é uma força de armas combinadas de valor regimento que incorpora elementos de infantaria, cavalaria, artilharia e engenharia em uma força de combate auto-suficiente, para objetivos táticos definidos. O GTIA é geralmente uma unidade temporária, formada para cumprir uma missão - ou várias missões - durante um período fixo. 
Cada uma das unidades de combate de um GTIA (companhia ou esquadrão) provavelmente constituirá um subconjunto de armas combinadas denominado SGTIA (sous-groupement tactique interarmes/ subgrupo tático de armas combinadas). Um exemplo de uma configuração possível seria uma companhia de infantaria reforçada por um pelotão de carros de combate, mais elementos de engenharia.

Derrubada de uma estátua do ditador Saddam Hussein em Badgá, 2003.

Dado o fraco apoio da opinião pública francesa a esta operação, ela teria sido "encoberta" pelo apelo a todas as virtudes da ação humanitária. As forças teriam recebido instruções estritas de prudência, bem como de meios "tão justos" e especialmente não "agressivos". Como os outros, teríamos, portanto, tomado toda a força da revolta Mahdista de 2004. Lembre-se de que, na época, os contingentes aliados não lutaram e apelaram aos americanos para reduzirem as forças do exército Mahdi. Admitindo que fôssemos mais combativos, o que creio, teríamos nos envolvido, sozinhos ou mais provavelmente ao lado dos americanos, por vários meses de luta (a crise durou de abril a outubro de 2004). Teríamos perdido entre 100 e 200 mortos e feridos nessas batalhas.

Combatentes xiitas do Exército Mahdi, 2004.

Posteriormente, teríamos, como os britânicos em Basra, sem dúvida testemunhado impotentemente a tomada das províncias xiitas pelas várias milícias e, na segunda linha, a guerra civil de 2006. Com a aproximação das eleições presidenciais francesas de 2007 , as forças teriam sido solicitadas a deixar as bases o mínimo possível e a se manterem discretas. Uma parte delas seria até repatriada, para fins eleitorais. As últimas unidades francesas teriam deixado o país discretamente em 2008, aproveitando o sucesso inesperado do Surge (Surto) americano.

O General David Petraeus, um dos principais arquitetos do Surge.

Em resumo, comparando com outros aliados, principalmente os britânicos, teríamos cerca de 150 soldados mortos e 1.000 feridos, além de custos humanos indiretos (suicídios, distúrbios psicológicos graves, não-renovação de contratos, etc.) da mesma ordem, ou seja, o equivalente a dois regimentos completos perdidos. Financeiramente, ao acumular custos militares e civis, esta operação teria custado ao Estado entre 5 e 10 milhões de euros, já para não falar dos custos indiretos (pensões de feridos, recondicionamento de equipamentos, etc) dificilmente calculáveis, mas provavelmente superiores.

Elementos do GTIA de Kapisa no Vale do Alasei, em 2009.
Em primeiro plano um AMX-10RC e ao fundo alguns VAB.

Por esse preço, o número de armas de destruição em massa nas mãos dos malfeitores não teria diminuído no mundo, nem o número de terroristas. A França teria contribuído para a eliminação de uma tirania, o que está longe de ser desprezível, e para o estabelecimento de uma democracia imperfeita, corrupta e muito frágil. Sua imagem com os americanos teria sido preservada, mas talvez não no resto do mundo.

Mas é claro que tudo isso não passa de imaginação.

Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:





DOCUMENTÁRIO: O massacre da Praça da Paz Celestial (Praça de Tiananmen), 1989

 

Um líder de movimento estudantil falando na Praça da Paz Celestial (Tiananmen), durante as manifestações lideradas por estudantes em 1989.



Tipo 59-II-A da 1ª Divisão de Carros de Combate durante as manifestações, 1989.


Blindados chineses passam por cadáveres de estudantes mortos durante o massacre, 1989.


Bibliografia recomendada:




Leitura recomendada:

Os amantes cruéis da humanidade, 5 de agosto de 2020.



LIVRO: Forças Terrestres Chinesas
29 de março de 2020.

FOTO: Tipo 59-II-A na repressão da Praça da Paz Celestial1º de fevereiro de 2020.

O fim da visão de longo prazo da China6 de janeiro de 2020.

O Dragão nos Trópicos: A expansão militar da China no hemisfério ocidental3 de agosto de 2019.

China lança lições de patriotismo para jovens rebeldes de Hong Kong21 de julho de 2020.

ENTREVISTA: A biógrafa Jung Chang diz que a Imperatriz-Viúva "Não é um modelo a ser seguido"1º de julho de 2020.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

FOTO: Fuzileiros navais americanos em combate urbano

Fuzileiros navais cruzando uma rua nos arredores de Bagdá em 16 de abril de 2003. Kilo & India Co. 3/4 Marines. No dia seguinte, esses fuzileiros navais cruzariam a ponte do rio Diyala e seriam a primeira unidade dos fuzileiros navais a entrar em Bagdá.

Bibliografia recomendada:

Concrete Hell:
Urban warfare from Stalingrad to Iraq,
Louis A. DiMarco.

Leitura recomendada:


Tanked Up: Carros de combate principais na Ásia

O emprego em serviço do Leopard 2RI modernizado pela Indonésia (mostrado disparando) dá a ela uma força de MBT avançada que é complementada pela aquisição de IFVs Rheinmetall Marder excedentes. (Rheinmetall)

Por Stephen W. Miller, Asian Military Review, 26 de abril de 2017.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 10 de agosto de 2020.

É um ditado frequentemente repetido que os tanques de batalha principais (MBT) são inadequados para operação nas selvas, montanhas e arrozais comuns em ambientes da Ásia-Pacífico. Mesmo assim, muitos exércitos da região estão investindo na atualização de suas frotas de MBT.

Uma razão para este investimento regional é que o MBT continua a ser a plataforma principal para a aplicação do poder de combate no solo. A ideia de que os MBT são inúteis na vegetação tropical e em terrenos acidentados ou montanhosos ignora a história. Durante a Segunda Guerra Mundial, os tanques do Exército Imperial Japonês surpreenderam seus contrapartes britânicos ao atacar com sucesso através da selva supostamente impenetrável da Malásia. O papel dos tanques durante as recentes intervenções lideradas pelos EUA no Afeganistão e no Iraque reforçou ainda mais o reconhecimento de sua relevância contínua para as operações contemporâneas.

Hoje, os MBT estão sendo adquiridos por atores na Ásia-Pacífico com armamento, proteção e mobilidade modernos. Alguns exércitos personalizaram seus MBT para seus ambientes locais com ar-condicionado, blindagem aprimorada e pacotes especializados de combate urbano. Enquanto isso, os MBT desenvolvidos localmente são frequentemente desenvolvidos em cooperação com empresas de defesa terceirizadas, resultando em projetos avançados que estão sendo oferecidos para exportação. Por exemplo, a tecnologia do MBT K2 Black Panther (Pantera Negra) da Agência para o Desenvolvimento da Defesa da República da Coréia/ Hyundai Rotem, notavelmente o canhão principal do tanque, foi selecionada para equipar o MBT Otokar Altay do Exército Turco. Portanto, no domínio dos MBT, o que os exércitos da Ásia-Pacífico estão buscando e quais são seus planos?

O desenvolvimento nativo do K2 Black Panther não só forneceu à ROK um dos MBT mais avançados, mas também gerou oportunidades de exportação em potencial. (Exército ROK)

Austrália

O Royal Australian Army Armor Corps (Corpo Blindado do Exército Real Australiano) atualmente possui 59 M1A1 Abrams, da General Dynamics, adquiridos para o 1º Regimento Blindado. Os modelos australianos incluem o Tank Urban Survivability Kit (Kit de Sobrevivência Urbana do Tanque) desenvolvido como resultado das lições aprendidas nas operações urbanas do Exército Americano no Iraque. Desde 2013, um programa de atualização e remediação técnica de tanques de US$ 59 milhões está em andamento para estender a vida útil do veículo até 2035. No que diz respeito à operação dos MBT australianos com infantaria, durante a manobra, atualmente esta última conta com o transportador blindado de pessoal sobre lagartas M113AS, da United Defense/ BAE Systems, que não tem velocidade ou proteção para operar próximo ao M1A1. No entanto, o exército lançou uma licitação para adquirir 450 novos Veículos de Combate de Infantaria (Infantry Fighting Vehicles, IFV) com maior mobilidade, maior proteção e maior armamento do que o M-113AS. De acordo com um analista de defesa australiano, esta aquisição: “transformará o exército australiano de essencialmente (uma força de infantaria leve) em uma das forças mais potentes do mundo”. Dito isso, uma frota de IFV desse tamanho seria difícil de apoiar adequadamente com uma força existencial de MBT tão pequena. Portanto, não seria uma surpresa ver essa força expandida no futuro.

Cingapura

O Leopard 2SG é uma atualização dos MBT Leopard 2A4 que o Exército de Cingapura adquiriu de suas contrapartes alemãs. Essa atualização forneceu ao Exército de Cingapura veículos equipados com proteção e letalidade de última geração. (Rheinmetall)

Embora a Austrália use MBT fornecidos pelos Estados Unidos, o Exército de Cingapura optou por uma solução européia por meio da aquisição de 96 MBT Leopard 2A4, da Krauss-Maffei Wegmann, em 2006. Vários desses MBTs foram especialmente modificados pela IBD Deisenroth Engineering e ST Kinetics com blindagem adicional. Referido como Leopard 2SG, este MBT atualizado também possui o canhão Rheinmetall L55 de 120mm de cano mais longo. Enquanto isso, a vizinha Malásia adquiriu sua atual frota de MBT da Polônia, levando a entrega de 46 PT-91M, da Bumar-Labedy. Os testes de protótipos começaram em 2000 com um contrato de aquisição assinado em 2003, e o MBT entrando em serviço completo com o Tentera Darat Malaysia (TDM/ Exército da Malásia) em 2010. O PT-91M é derivado do MBT da família T-72, da Uralvagonzavod, mas possui um motor polonês PZL-Wola S-1000R e blindagem reativa explosiva ERAWA projetada na Polônia. O comandante e o artilheiro têm o sistema de controle de fogo Safran VIGY-15 giro-estabilizado que, junto com a nova estabilização do canhão, aumenta a precisão do armamento em 23 por cento em comparação com a família T-72. Em 2015, o General Raja Mohamed Affandi Raja Mohamed Noor, comandante do TDM, apareceu para confirmar a intenção de formar um segundo regimento blindado. Apesar de estar em serviço, o PT-61M pode não ser o único candidato para esta nova unidade. Fontes locais sugerem: “houve críticas à confiabilidade mecânica e preocupações sobre a capacidade de sobrevivência do PT-61M (o último em parte devido à vulnerabilidade do T-72 mostrado durante conflitos recentes no Iraque e na Chechênia).” Até o momento, os fundos ainda não foram orçados para nenhum novo MBT.* 

*Nota do Tradutor: Em 2019, foi relatado que Cingapura havia recebido um segundo lote, elevando o número para 170 carros Leopard 2A4. A mídia alemã também anunciou que a Krauss-Maffei Wegmann estaria fabricando carros Leopard 2A7 para Cingapura e o Qatar.

Tailândia

Tanques T-84 Oplot-M tailandeses manobrando com blindados anfíbios.

Longe da Malásia, o Exército Real da Tailândia iniciou um esforço ambicioso para substituir seus tanques leves M41A3, da Cadillac, com a aquisição de 40 MBT T-84 Oplot, da Kharkiv-Morozov, no entanto, as entregas foram atrasadas devido à guerra civil na Ucrânia. Esta primeira entrega de 40 veículos foi vista como a primeira parte de uma eventual de entrega de até 200 exemplares. No entanto, os primeiros T-84 não foram recebidos até 2014, depois do prometido, embora em maio de 2016 um total de 20 tanques tenham sido entregues. Os atrasos e alguns problemas técnicos sofridos em relação aos MBT fizeram com que o comando do exército tailandês em dezembro de 2015 considerasse alternativas russas e chinesas (este limite foi ditado pela necessidade de munição comum ao canhão de 125mm do T-84). Em maio de 2016, o exército anunciou que havia assinado formalmente um acordo com a Corporação de Indústrias do Norte da China (China North Industries Corporation, NORINCO) para comprar seu MBT-3000. Alegadamente, o primeiro lote de 28 veículos encomendados por US$ 150 milhões seria entregue no final de 2016*. Esta é a primeira exportação do MBT-3000, em si uma versão de exportação do T-99G do Exército de Libertação do Povo (PLA), o qual estreou em 2012 na exposição Eurosatory em Paris.

M41 Walker Bulldog tailandês no golpe militar de 22 de maio de 2014.

*NT: O Exército Real Tailandês tem 38 carros VT-4/MBT-3000 em serviço, com os primeiros 28 entregues em outubro de 2017. O negócio, estimado em cerca de US$ 150 milhões, incluía a opção de compra de mais 153 veículos. Em abril de 2017, o exército real encomendou mais 10 MBT VT-4 da NORINCO no valor de US$ 58 milhões, que foram entregues no início de 2019.

Indonésia

Coluna blindada indonésia com carros Leopard 2A4, Leopard 2RI e um Marder 1A3 durante um exercício conjunto em nível de brigada em Baturaja, Indonésia, 15 de novembro de 2018.

Mais ao sul, o Tentara Nasional Indonesia Angkatan Darat (TMI-AD/ Exército Indonésio) aceitou seus primeiros oito MBTs Leopard 2A4 atualizados em maio de 2016, de um total de 61. Estes são além dos 46 carros da versão Leopard 2RI já fornecidos. Um porta-voz da Rheinmetall compartilhou que a empresa: “está atualmente realizando uma atualização de desempenho do Leopard 2A4 em nome das forças armadas indonésias... Duas versões diferentes, o Leopard 2A4 e o Leopard 2RI, estão sendo modernizadas. O programa inclui um sistema de controle de temperatura (para ambos os MBT), proteção balística aprimorada, conversão para uma transmissão de torre elétrica, uma unidade de alimentação auxiliar e a instalação de uma câmera traseira (para o Leopard 2RI)." A Rheinmetall também está convertendo o canhão de alma lisa de 120mm no Leopard 2RI para disparar a nova munição polivalente DM11 programável da Rheinmetall.

Coluna de carros Leopard 2RI (de República da Indonésia) camuflados para a selva.

República da Coréia

Coluna de carros K2 Black Panther na Coréia do Sul.

Conforme observado acima, alguns fabricantes de MBT na Ásia-Pacífico estão entrando no mercado internacional. O Centro de Desenvolvimento de Defesa da Coréia e a Hyundai Rotem projetaram alguns MBT de última geração. Por exemplo, o MBT da família K1 foi projetado em 2007 com a assistência da General Dynamics e compartilha muito do design do M1A1 (veja acima); uma grande exceção sendo o motor MTU MB-871-Ka-501 construído sob licença pela Ssangyong Heavy Industries da ROK. O comandante tem a mira panorâmica Safran SFIM de dois eixos, independentemente estabilizada, fabricada pela Samsung sob licença. Os K1 também têm uma suspensão ajustável que permite ao tanque "agachar" reduzindo seu perfil visual, ou "ajoelhar" para aumentar a elevação ou a depressão do canhão para disparar em terreno ondulado. A partir de 2014, os MBT K1A1 foram atualizados para o K1A2 com um sistema de gerenciamento de batalha digital, capacidade IFF (Identification Friend or Foe, Identificação Amigo ou Inimigo) e câmeras de vigilância frontal e traseira.

O K2 (veja acima) não é tanto um sucessor do K1, mas um complemento. Depois de mais de 15 anos em desenvolvimento, o primeiro K2 entrou em serviço em junho de 2014. Seu armamento principal, embora com um calibre de 120 mm, tem uma maior velocidade inicial de 1400 metros-por-segundo (4600 pés por segundo) devido ao seu maior cano de 2,6 metros (24 pés). O Sistema de Controle de Incêndio (Fire Control System, FCS) do tanque inclui não apenas a visão panorâmica e capacidade de imagem térmica, mas um radar de onda milimétrica para detectar mísseis de longo alcance para alvos/ alcance e aquisição de alvos e detecção de ameaças em sua direção. Usado em conjunto com as miras de imagens térmicas, o sistema seguirá um alvo de manobra designado, até mesmo um helicóptero voando baixo a um alcance de nove quilômetros (5,5 milhas). O FCS está vinculado à estabilização do canhão / torre, o que garante que o tiro seja iniciado no exato instante em que o canhão esteja precisamente alinhado com o alvo, compensando assim o erro induzido pelo movimento do veículo. A nova arma dispara a exclusiva munição coreana Smart Top-Attack (KSTAM-1/2). O KSTAM é uma munição anti-carro atire-e-esqueça, de ataque vindo por cima, disparada em alta elevação e desdobrada por pára-quedas para usar seus próprios sensores para buscar e atacar alvos a nove quilômetros de alcance. Assim, o K2 pode atacar alvos enquanto coberto ou abrigado. Os primeiros 100 K2 usarão o motor 890 da MTU, mas pretende-se que ele seja substituído pelo motor Doosan DST 1500cv e uma transmissão automática da S&T Dynamics; substituição iniciada no final de 2016.

Japão

O tanque de batalha principal Tipo 90 por um período de tempo foi o MBT de produção mais cara no mundo.

Ao contrário do ROK, o Japão tem desenvolvido seus próprios MBT para a Força de Autodefesa Terrestre Japonesa (Japanese Ground Self Defence Force, JGSDF) há algum tempo, por exemplo, o MBT Tipo 90 das Indústrias Pesadas Mitsubishi (Mitsubishi Heavy Industries, MHI), equipado com o canhão Rheinmetall L44 de 120 mm (produzido sob licença pela Japan Steel Works) é o MBT padrão atual da JGSDF. Cerca de 340 carros T-90 estão em serviço, embora o Japão esteja atualmente desenvolvendo um novo MBT conhecido como MHI Tipo 10. Os objetivos do programa Tipo 10 eram fornecer proteção confiável e sobrevivência, e um MBT mais compatível com a rede rodoviária e ferroviária local, visto que o Tipo 90, inclinando a balança para 54 toneladas, era limitado onde poderia operar. O Tipo 10 com peso básico de 44 toneladas tem maior flexibilidade de emprego nesse aspecto. O peso mais baixo do Tipo 10 é parcialmente obtido através do uso de um sistema de blindagem modular que permite que os módulos sejam removidos para diminuir o peso e adicionados para aumentar a proteção.

O Tipo 10 do Japão é projetado para permitir seu uso não apenas em mais ilhas continentais do país, mas também para ser desdobrado com forças de reação por transporte naval ou aéreo, o que sua compactação e peso base de 44 toneladas fornecem. (JGSDF)

O Tipo 10 tem um carregador automático (portanto, uma tripulação de três pessoas) e um canhão principal de alma lisa de 120mm mais uma estação de armamento remota montada na torre. No entanto, são os eletrônicos e optrônicos do tanque que aumentam sua letalidade e capacidade operacional. O local panorâmico do comandante tem vistas de 360 graus desobstruídas e permite papéis de tiro de caçador-matador, entrega ou "da minha posição". O Tipo 10 é inteiramente um projeto japonês com muitos recursos não vistos em outros MBT comparáveis, como sua suspensão totalmente semi-ativa hidropneumática e motor a diesel de 1200cv ligado a uma transmissão continuamente variável permitindo as mesmas velocidades de avanço e ré. O tanque também foi visto com uma lâmina auto-entrincheirável montada na proa. Colocado em serviço pela primeira vez em 2012, cerca de 66 estão agora em serviço e espera-se que o Tipo 10 substitua o MBT MHI Tipo 74 de 1975, o que pode exigir cerca de 300 tanques.

Um tanque Tipo 74 em exibição na Escola de Material Bélico da JGSDF em Tsuchiura, Kanto, no Japão, em outubro de 2007. (JGSDF)

Filipinas

Ao contrário da JGSDF, o Hukbong Katihan ng Pilipinas (HKP / Exército das Filipinas) não tem carros MBT. Os requisitos atuais do HKP exigem a aquisição de carros MBT, mas a disponibilidade de fundos para tal aquisição permanece em dúvida. As plataformas candidatas anteriores que foram mencionadas em fontes abertas incluem as plataformas K1 e Tipo 74 (veja acima), que devem ser aposentados pelo Exército ROK e pela JGSDF. É possível, no entanto, que a melhoria do relacionamento do novo presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte com a RPC, possa, no curto prazo, remover o imperativo estratégico de uma aquisição de MBT, se Manila achar que o aquecimento das relações permite ao governo diminuir a velocidade de modernização da defesa?

Tipo 74 executando a depressão das lagartas.

Vietnã

T-54/55M e T-90S do Exército Vietnamita.(VietDefense)

Embora as Filipinas não possuam nenhum MBT, o Exército Popular do Vietnã possui atualmente carros MBT da família T-55 e T-62, da Uralvagonzavod, em serviço. Em junho de 2106, foi relatado que o Vietnã estava buscando os MBT T-90MS, da Uralvagonzavod da Rússia, uma versão de exportação modernizada do T-90S colocada em serviço pelo Exército Russo em 1993, que continua sendo o MBT principal da força. O Vietnã tem uma exigência inicial de 28 veículos, embora os detalhes finais sobre qualquer pedido ainda não tenham sido anunciados.

T-54/55M e T-90S do Exército Vietnamita.(VietDefense)

República Popular da China (RPC)

A NORINCO desenvolveu o MBT mais avançado da RPC na forma do Tipo 99. Este MBT foi colocado em serviço em um número limitado, com apenas 200 supostamente produzidos. (NORINCO)

A maioria da força MBT do Exército de Libertação do Povo continua a usar o Tipo 96, da família da Primeira Fábrica de Máquinas da Mongólia Interior, que foi colocado em serviço pela primeira vez em 1997. O Tipo 96 é semelhante ao T-72, mas com um sistema de controle de tiro mais avançado e um motor diesel de 1000cv. O Tipo 96 foi aprimorado através do Tipo 96G com blindagem reativa explosiva e imagens térmicas substituindo as miras de intensificação de imagem. Mais de 1500 carros Tipo 96 foram produzidos com algumas fontes sugerindo mais de 2000.

No entanto, a NORINCO vem perseguindo um programa agressivo de desenvolvimento de veículos blindados, que inclui veículos MBT, nos últimos quinze anos. Em 1998, desenvolveu e testou o Tipo 98, um MBT baseado no Tipo 96 com melhorias na torre e no armamento. Embora não tenha sido colocado em serviço, ele levou ao Tipo 99, que foi colocado em serviço em 2011. Este MBT possui blindagem ERA modular e um sistema de proteção de laser ativo destinado a interromper mísseis guiados por laser e cegar a optrônica inimiga. O canhão de alma lisa de 125 mm ZPT98 totalmente estabilizado usa cartuchos convencionais e ATGM lançados por canhão. Um novo sistema de controle de fogo computadorizado incorpora um telêmetro laser, rastreador automático de alvos e imagens térmicas tanto na visão panorâmica do caçador-matador do comandante quanto na mira do artilheiro. O motor diesel de 1500cv do MBT é baseado no 871 da MTU. O preço do Tipo 99 parece ter limitado sua implementação em serviço a apenas 200 tanques. No entanto, foram desenvolvidas versões de exportação conhecidas como M3000/ VT-1A, que estão em serviço no Marrocos e no Peru*.

Coluna de tanques Tipo 96 do exército chinês.

*NT: O Exército Peruano contratou a compra de 80-100 MBT2000 da China. No entanto, o negócio fracassou em parte devido à exportação não-autorizada do motor ucraniano.

Próximos passos

Uma companhia indonésia de Leopard 2RI e um Marder 1A3 cobertos na vegetação, norte da Sumatra, 2019.

Preocupações de vários países da Ásia-Pacífico sobre sua segurança e ameaças percebidas aos seus interesses nacionais, talvez melhor destacadas pela presença marítima e territorial cada vez mais vigorosa da RPC nos mares do Leste e do Sul da China e a disponibilidade de veículos blindados de combate avançados a um preço razoável se combinaram para criar o mercado atual de MBT na região. Para alguns, como o Vietnã e a Tailândia, sua frota de MBT envelhecida está fazendo com que se modernizem simplesmente para manter uma capacidade de combate terrestre confiável. Para outros, como ROK e Japão, seus esforços são simplesmente uma continuação dos esforços para manter sua vantagem de combate. Dados os programas em andamento e as iniciativas que estão sendo consideradas, os MBT estão destinados a desempenhar um papel ainda maior dentro dos exércitos da Ásia-Pacífico nas próximas décadas.

Stephen W. Miller é um ex-oficial fuzileiro naval de combate terrestre e de aviação dos EUA, fundamental na adoção de veículos blindados sobre rodas e na guerra de manobra. Ele tem ampla experiência prática em desenvolvimento, aquisição, uso em serviço, apoio e emprego, liderando programas terrestres, navais e aéreos nos Estados Unidos e em vinte e quatro outros países.

Bibliografia recomendada:





Leitura recomendada:

PROTEÇÃO BLINDADA. O que faz de um tanque, um tanque19 de novembro de 2017.




Rússia restaura tanques T-34 soviéticos recuperados no Laos1º de março de 2020.

Bem vindo à selva11 de julho de 2020.

terça-feira, 11 de agosto de 2020

FOTO: Páscoa judaica no escritório de Joseph Goebbels

Soldados judeus-americanos celebram o Pessach, a páscoa judaica, no escritório do ministro da propaganda nazista Joseph Goebbels, no castelo de Schloss Rheydt, em Mönchengladbach, 12 de abril de 1945.
(Yank: The Army Weekly)

Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:

PINTURA: O Ninho da Águia, 16 de fevereiro de 2020.