terça-feira, 27 de julho de 2021

PERFIL: O filho do general

General de Lattre condecorando o Tenente de Lattre, seu filho, com a Croix de Guerre no dia 11 de maio de 1951, por suas ações na Batalha de Dien Mai, na Indochina.
O Tenente de Lattre morreria na Batalha do Rio Day apenas 19 dias depois dessa foto.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 27 de julho de 2021.

Bernard de Lattre de Tassigny (11 de fevereiro de 1928 - 30 de maio de 1951) foi um oficial do exército francês que lutou na Segunda Guerra Mundial e na Guerra da Indochina, recebendo várias medalhas durante sua carreira militar, incluindo a Médaille Militaire e a Croix de Guerre 1939-45 e dos Teatros Exteriores. Ele foi morto em ação aos 23 anos, lutando perto de Ninh Binh. Na época de sua morte, seu pai, o General Jean de Lattre de Tassigny, era o comandante geral das forças da União Francesa na Indochina.

Ainda com apenas 16 anos, Bernard recebeu permissão especial do General Charles de Gaulle para se juntar ao exército que estava sendo montado para invadir a França e, posteriormente, lutou na libertação do sul da França após a Operação Dragoon e também na Alemanha. Ele foi gravemente ferido em 8 de setembro de 1944, em Autun, retornando mais tarde para lutar novamente na Alemanha. Foi por suas ações nessas campanhas que ele recebeu a sua primeira Croix de Guerra e a Médaille Militaire - o mais jovem a receber essa medalha.

O jovem Cabo Bernard com seu pai, o General d'Armée Jean de Lattre de Tassigny, em 1945.
Bernard usa o distintivo do 2º Regimento de Dragões no peito.

O Pós-Guerra e a Indochina

Bernard entrou na Escola Militar Interarmas em 1º de agosto de 1945 (promoção "Victoire" - Vitória), escolhendo a arma blindada e de cavalaria (arme blindée et cavalerie, ABC). Em 26 de novembro de 1945, ele era um aspirante. Estagiário na Escola de Cavalaria de Saumur, foi nomeado segundo tenente em 26 de novembro de 1946. Depois foi designado para o 4º Regimento de Couraçados, em Mourmelon-le-Grand. Foi promovido a tenente em 26 de novembro de 1947.

Ele deixou a metrópole para a Indochina em 1º de julho de 1949. Chefe de um pelotão blindado do 1º regimento de caçadores, era comandante do posto de Yen My, que controlava quinze vilarejos e uma população de cerca de 20.000 habitantes. Ele foi citado pela ordem da brigada em 21 de abril de 1950.

Em 6 de dezembro de 1950 o seu pai, o General de Lattre, tornou-se Alto Comissário, Comandante-em-Chefe na Indochina e Comandante-em-Chefe da Força Expedicionária Francesa no Extremo Oriente. Bernard de Lattre assumiu o comando de um esquadrão formado em grande parte por voluntários vietnamitas em 1º de março de 1951.

Após os combates em Maï Dien, ele foi citado na ordem do corpo de exército em 11 de maio e recebeu sua segunda Croix de Guerre das mãos do pai em 11 de maio de 1951.


Ele foi morto em ação 19 dias depois, perto de Ninh Binh, durante a Batalha do Rio Day. Ele morrera obedecendo às ordens de seu pai de manter a cidade a todo custo, enfrentando três divisões regulares do Viet Minh; essa batalha travada teimosamente é creditada com a interrupção do avanço do Viet Minh na ofensiva do General Giap no Delta do Rio Vermelho. A ofensiva, que visava tomar Hanói, duraria ainda três semanas até perder força e ser repelida completamente. A citação das ações de Bernard na batalha concluiu:

"Ele tombou heroicamente, dando um exemplo das melhores virtudes militares".

Após a morte de seu filho, o General de Lattre organizou uma missa católica na catedral Saint-Joseph de Hanói, a catedral dos Mártires de Hanói. Dois dias após a batalha, o corpo de Bernard de Lattre foi transladado de volta para a França, acompanhado por seu pai, e o jovem soldado foi enterrado com honras militares. Os túmulos de todos os três de Lattre estão agora localizados lado a lado no cemitério de Mouilleron-en-Pareds, o local de nascimento de Jean de Lattre. A morte de Bernard de Lattre recebeu ampla cobertura da imprensa na época, incluindo artigos nos jornais Le Figaro, Le Monde, The New York Times e na revista Time. Seu funeral foi apresentado na revista Life como "Picture of the Week" (Imagem da Semana).

"Beijo para um filho soldado".
Imagem da Semana da LIFE Magazine.

Bernard Fall, em seu clássico Street Without Joy, faz um ode aos vários soldados - do general ao soldado raso - combatendo na Indochina, lutando e morrendo ao lado de seus camaradas nas selvas sufocantes do Sudeste Asiático.

"Em uma tal guerra sem frentes, ninguém estava seguro e ninguém era poupado. Tenentes morriam pelas centenas, e era calculado que para manter linhas de comunicação principais ao longo do Viet-Nã do Norte custa em média três ou quatro homens por dia para cada centena de quilômetro de estrada. Oficiais superiores morriam também. O General Chanson foi assassinado por um terrorista no Viet-Nã do Sul. O General da Força Aérea Hartman foi derrubado sobre Langson; os Coronéis Blankaert, Edon e Érulin foram mortos por minas enquanto lideravam seus grupos móveis através dos pântanos e arrozais. E a guerra não poupou os filhos dos generais, também. O Tenente Bernard de Lattre de Tassigny foi morto na defesa do ponto rochoso que era a chave para o forte de Ninh-Binh. Ele era o único filho do Marechal de Lattre e a sua morte partiu o coração do homem. O Tenente Leclerc, filho do Marechal Leclerc, morreu em um campo de PG comunista; e o Tenente Gambiez, filho do chefe de estado-maior do General Navarre, foi morto em Dien Bien Phu.

Estes homens, e milhares de outros, da Martinica ao Taiti e de Dunquerque ao Congo, de todas as partes da península indochinesa, e legionários estrangeiros de Kiev na Ucrânia a Rochester, Nova Iorque, compuseram as Forces de l'Union Française - sem dúvida o maior, e último, exército francês a lutar na Ásia."

- Bernard Fall, Street Without Joy, pg. 252.

A Batalha de Ninh Binh

Durante a noite de 28 a 29 de maio de 1951, o General Von Ngyuen Giap lançou sua terceira ofensiva contra o Delta do Rio Vermelho desde o início do ano, iniciando a Batalha do Rio Day, pela posse do delta do rio de mesmo nome que flui a sudoeste de Hanói.

A batalha foi a primeira campanha convencional de Giap, e viu suas forças do Exército Popular do Vietnã (Armée Populaire Vietnamienne, APVN) de Viet Minh atacarem a região dominada pelos católicos do Delta para quebrar sua resistência à infiltração de Viet Minh. Depois de duas derrotas em empreendimentos semelhantes durante março e abril daquele ano, Giap liderou três divisões em um padrão de ataques de guerrilha e dissimulação em Ninh Bình, Nam Dịnh, Phu Ly e Phat Diem começando em 28 de maio, que viu a destruição do Comando François, um comando naval, enquanto atrasavam os regulares Viet Minh.

Comandos navais do Comando François, aniquilado na igreja de Ninh Binh.

As rochas de Ninh-Binh (hoje Cuc Phûong), que se projetam sobre o rio, constituem um bloqueio estratégico. Para o General Giap, é uma questão de destruir a linha de defesa protegendo o delta criada pelo General de Lattre de Tassigny (comandante em chefe da Indochina) e, assim, alcançar o celeiro de arroz que representa a planície fértil do baixo rio Vermelho.

A área é mantida pelo Comando François sob as ordens do Tenente Labbens. As tropas francesas não têm outro refúgio que uma igreja e a formação rochosa com vista para o rio. O ataque de milhares de Bô Doï da Daï Doan (divisão) é particularmente violento e os pitons de Ninh Binh são tomados pelos combatentes Viet Minh. Os soldados resistiram a noite toda até o fim de munição. A unidade foi aniquilada, com relatos de prisioneiros franceses sendo mortos a tiros pelos captores Viet Minh. Entre os reforços está um esquadrão do 1er Chasseur, composto por tropas indochinesas comandadas pelo Tenente Bernard de Lattre de Tassigny.

A situação foi assim descrita por Bernard Fall:

"O ataque inicial Viet-Minh, que começou em 29 de maio, se beneficiou, como quase sempre acontecia, de uma surpresa completa. Ao amanhecer, a maior parte da 308ª Divisão de Infantaria tomou de assalto as posições francesas em e ao redor de Ninh-Binh, penetrando na cidade e prendendo os sobreviventes franceses restantes na igreja. Durante aquela primeira noite caótica da batalha, um batalhão de reforços vietnamitas reunidos às pressas da vizinha Nam-Dinh foi lançado na batalha. Uma de suas companhias, chefiada pelo único filho do comandante-em-chefe francês, o Tenente Bernard de Lattre, foi obrigado a manter a todo custo um forte francês situado em um penhasco com vista para Ninh-Binh. Apesar do intenso bombardeio de morteiros, a companhia de de Lattre resistiu, mas quando amanheceu , o jovem de Lattre e dois de seus mais graduados suboficiais jaziam mortos na falésia. (Antes do fim da guerra da Indochina, mais vinte filhos de marechais e generais franceses morreriam como oficiais; outros vinte e dois morreram na Argélia mais tarde.)"

 - Bernard Fall, Street Without Joy, pg. 45.

Tomado de surpresa, o Comando francês rapidamente reagiu e em 48 horas mobilizou três grupos móveis (grupamentos mecanizados de armas combinadas semelhantes a equipes de combate regimentais), quatro grupos de artilharia, um grupamento blindado e o 7º Batalhão de Paraquedistas Coloniais (7e Bataillon de Parachutistes Coloniaux, 7e BPC), bem como uma dinassaut. O fluxo e refluxo de posições capturadas e retomadas continuaria até que as linhas de suprimento de Giap foram cortadas por volta de 6 de junho. O ponto culminante da batalha ocorreu na noite de 4 para 5 de junho com o posto-chave de Yen Cu Ha mudando de mãos várias vezes. Giap com suas forças, movendo-se em grandes números e durante o dia, eram vulneráveis ao poder de fogo francês e às forças terrestres francesas apoiadas por uma milícia católica local amigável. Com a artilharia, embarcações ribeirinhas e aviões que massacravam as centenas de pequenos juncos e sampanas que constituíam a linha de suprimentos Viet Minh cruzando o rio Day, as unidades do exército Viet Minh foram forçadas a se retirar entre 10 e 18 de junho, deixando 1.000 prisioneiros nas mãos dos franceses e 9.000 baixas para trás.

Os últimos defensores Viêt-Minh no rochedo de Ninh-Binh são capturados pelos tirailleurs do 2e BM/1er RTA.

O corpo do Tenente de Lattre foi recuperado por um golpe-de-mão do Comando 24 "Tigres Negros".

La Noblesse Oblige

O Major Médico Grauwin em seu livro J’étais médecin à Dien Bien Phu (Eu fui médico em Dien Bien Phu) faz um ode aos filhos de oficiais-generais que, ao invés de aceitarem postos confortáveis em unidades administrativas, decidiram que la noblesse oblige (a nobreza tem obrigações) e voluntariam-se para lutar e morrer na defesa do império francês na Ásia.

No sistema francês, o comandante da unidade é chamado pela tropa como "Le Patron", o patrão ou patrono. O culto aos patronos tão enraizado no Exército Brasileiro deriva desse costume por influência direta da Missão Militar Francesa vinda em 1920. Grauwin menciona os comentários de "Ó, o filho do patrão...", quando estes jovens oficiais de "dinastias" militares eram avistados nos quartéis.
 
"O que todos esses tenentes tinham?

Conheço dezenas e dezenas de todas as armas e todas as unidades. Em uma primeira estadia na Indochina é chefe de pelotão, em uma segunda estadia, comandante de companhia, mas a terceira estadia geralmente terminava com um membro a menos ou em um cemitério militar perdido no mato.

Da antiga equipe de tenentes do terceiro estrangeiro, quantos ainda restam até hoje? Onde estão enterrados Benoistel, Hamacek, Guillemin, Palissère, Fontaine?...

Na primavera de 1947, ainda em Nam Dinh; havia três oficiais de cavalaria que mantinham a comida, eu os via todas as noites, eles se chamavam: de Lassus, Mercier e Monroe. Eles foram enterrados todos os três em intervalos de um ano não muito distantes um do outro.

Os filhos dos generais pagam a grande honra de ostentarem um nome glorioso: o Tenente Leclerc, o Tenente de Lattre ou o Tenente Preau...

Por que eles recusam um cargo tranqüilo depois de terem cumprido grandemente seu tempo como chefe de pelotão ou comandante de companhia? O medo que se diz: "Ó, o filho do patrão..." Não! O amor simplesmente, como os camaradas de nomes desconhecidos; o amor de sua profissão de soldado e pelo país."

- Major Médico Grauwin, J’étais médecin à Dien Bien Phu.

J’étais médecin à Dien Bien Phu.
Major Médico Grauwin.

A morte de Bernard de Lattre teve um grande impacto em seu pai e sua mãe. Seu pai, em particular, fora profundamente afetado e ele morreu de câncer menos de oito meses depois. Sua mãe, agora com o direito de se chamar Madame la Maréchale após a promoção póstuma de seu marido, foi descrita em um obituário publicado em 2003 como tendo "se dedicado à memória de seu filho e à história de seu marido e dos exércitos que ele havia comandado".

Em 1952, foi publicado um livro de 308 páginas intitulado Un destin héroïque: Bernard de Lattre (Um destino heróico: Bernard de Lattre). O livro é uma coleção de histórias da vida de Bernard, junto com cartas que ele escreveu. O livro foi escrito e editado pelo professor francês de filosofia Robert Garric. Outra resposta escrita à morte de Bernard de Lattre foi fornecida por sua mãe em sua obra em dois volumes sobre o marido: Jean de Lattre: mon mari (Jean de Lattre: meu marido, Paris, 1972). Nesta obra, Madame de Lattre escreve sobre a reação de seu marido à morte de seu filho, mas também escreve sobre seus próprios sentimentos e o idealismo de uma geração de soldados franceses morrendo tal como seu filho.

Um dos memoriais duradouros a Bernard de Lattre é uma pequena capela ao ar livre na comuna de Wildenstein, no departamento do Haut-Rhin, na Alsácia, no nordeste da França. Hoje conhecida como Capela de São Bernardo, essa estrutura foi inaugurada em 1955. É constituída por um altar e um pequeno abrigo ao lado de uma trilha de caminhada. A construção do local começou em 1954, usando plantas aprovadas por Madame de Lattre. O material de construção usado foi arenito rosa da vizinha Rouffach. O site é dedicado à memória de Bernard de Lattre, de seu pai Jean de Lattre e das forças francesas que lutaram na área em 1944 para libertar a Alsácia dos alemães na Segunda Guerra Mundial. Posteriormente, a capela ficou em mau estado, mas foi renovada e reinaugurada durante uma missa de 20 de agosto de 2004, dia dedicado a São Bernardo de Claraval. Há um serviço anual realizado lá em homenagem a Bernard de Lattre de Tassigny, com a presença de associações de veteranos, dignitários locais e parentes dos de Lattre.

Também localizado em Wildenstein está o Centre Bernard de Lattre, que inclui um memorial a Jean de Lattre. Este memorial estava originalmente localizado na Argélia, mas foi transferido para Wildenstein em 1962 após a Argélia se tornar independente da França. Uma comemoração adicional do nome de Bernard de Lattre veio quando a turma de 1984-1985 da École Militaire Interarmes, a escola militar em que ele estudou, foi nomeada "Promoção Tenente Bernard de Lattre de Tassigny" em sua homenagem. Um serviço anual também ocorre nos túmulos dos de Lattre em Mouilleron-en-Pareds.

Historiadores e outros autores que escreveram sobre a Primeira Guerra da Indochina comentaram sobre o simbolismo da morte de Bernard de Lattre. Em Soldats perdus: de l'Indochine à l'Algérie, dans la tourmente des guerres (Soldados perdidos: da Indochina à Argélia, 2007), a jornalista e autora francesa Hélène Erlingsen diz que a morte de Bernard de Lattre foi um símbolo "do mundo moderno devastado pela guerra" e que sua vida foi “representativa do nosso tempo”. A morte de Bernard de Lattre foi contextualizada em relação a outras mortes nesta guerra, com Brian Moynahan, na sua obra The French century: an illustrated history of modern France (O século francês: uma história ilustrada da França moderna, 2007), observando que "ao todo 21 filhos de marechais e generais franceses morreram na Indochina", conforme registrado por Bernard Fall em 1961.

Post-script: Suspense militar

O título deste artigo é uma paráfrase do filme A Filha do General (The General's Daughter, 1999), um filme de investigação militar onde o investigador Paul Brenner (John Travolta) ao lado de sua parceira Sara Sunhill (Madeleine Stowe) investigam a misteriosa morte da oficial de guerra psicológica Capitã Elisabeth Campbell (Leslie Stefanson), filha do comandante da base: o General Joe Campbell (James Cromwell).

Outros personagens marcantes sendo o Coronel Bob Moore (James Woods), o oficial comandante e mentor da Capitã Elisabeth Campbell, e o Coronel George Fowler (Clarence Williams III), o leal segundo em comando do General Campbell. Além da investigação e da discussão sobre mulheres no exército em uma época onde este era um conceito novo, o filme ainda apresenta a estética esverdeada dos antigos uniformes BDU americanos.

Recomendação do Warfare.


A Filha do General ainda gerou um filme de suspense e investigações militares, Violação de Conduta (Basic, 2003), dessa vez com John Travolta contracenando com a futura rainha Hipólita, Connie Nielsen, como a investigadora Capitão Júlia Osborne e com o titã Samuel L. Jackson interpretando o implacável Sargento Nathan West.

Bibliografia recomendada:

Street Without Joy:
The French Debacle in Indochina.
Bernard Fall.

Leitura recomendada:












Armas vietnamitas para a Argélia, 14 de dezembro de 2020.

FOTO: T-62 iraquiano atolado

Um T-62 iraquiano atolado num pântano durante a guerra contra o Irã, anos 1980.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 27 de julho de 2021.

A Guerra Irã-Iraque, que durou de 1980 a 1988, viu incontáveis batalhas em terreno pantanoso nas regiões de Abadan, próxima à península de al-Faw, de Bostan, nos pântanos de Hawizeh e nas ilhas Majnoon.

O T-62, já ultrapassado pelo T-72, enfrentou carros de combate ocidentais iranianos comprados na época do Xá. Em algumas ocasiões até conseguiram alguns disparos de sorte, mas ambos os lados operavam seus equipamentos com baixíssima capacidade por falta de treinamento.

Chieftain Mk3/5 iraniano nocauteado por um disparo de 115mm de um tanque T-62 iraquiano (munição 3UBM5 ou 3UBM9 APFSDS/Flecha).
Disparo de sorte, atravessou o mantelet, o ponto menos blindado possível.

Cena de combate entre iranianos e carros T-72 iraquianos


Bibliografia recomendada:

TANKS:
100 Years of Evolution.
Richard Ogorkiewicz.

Leitura recomendada:




FOTO: T-62M no Passo de Salang, 28 de janeiro de 2020.


segunda-feira, 26 de julho de 2021

GALERIA: Snipers do 35º Regimento de Infantaria de Belfort


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 26 de julho de 2021.

Demonstração de snipers (tireurs d'élite) do 35e RI de Belfort, armados com o fuzil FR F2, 5 de maio de 2021. O fuzil de precisão FR F2 (Fusil à Répétition modèle F2 / Fuzil de Repetição modelo F2) é uma evolução do FR F1 com novo cano, nova luneta e novo bipé. Uma das principais melhorias do FR F2 é que o cano do fuzil é protegido termicamente por uma cobertura de polímero. Seu cano é de flutuação livre (para evitar vibrações) e está equipado com um quebra-chama.

O sistema do FR F1 e F2 foi projetado em torno de um grupo de ferrolho e ação aprimorados do venerável MAS Modelo 1936, reforçados e redesenhados para garantirem melhor precisão. O FR F2 (assim como o predecessor FR F1) é um fuzil sniper muito preciso, devido à sua qualidade, alças helicoidais de trancamento traseiro que movem o ferrolho para frente durante o fechamento para obter um assento ideal do cartucho, cano flutuante e freio de boca/estabilizador eficiente combinado que amortece as vibrações do cano.


O 35º Regimento de Infantaria (35e régiment d'Infanterie, 35e RI) é um regimento de infantaria do Exército francês. Suas origens remontam à formação do régiment de Némond em 1604 por um membro da pequena nobreza da Lorena cujo sobrenome era Némond. Durante a Primeira Guerra Mundial, foi apelidado de As de Trèfle (Ás de Paus). Estabelecido em Belfort desde 1873, é o regimento com guarnição mais antigo da França.

Figuras notáveis que serviram com o regimento ou seus antecessores incluem os irmãos Louis e Auguste de Keralio (de 1734 a 1749), o guerrilheiro franco-alemão Jean Chrétien Fischer líder dos Chasseurs de Fischer (criados em 1743), Étienne-Charles de Damas-Crux (segundo no comando do régiment d'Aquitaine em 3 de outubro de 1779), o cantor Maurice Chevalier (em 1913) e o General René Imbot, veterano de Bir Hakeim e da Indochina, e comandante do 35e RI de 1969 a 1971.
















História dos fuzis de precisão FR-F1 e FR-F2:
Entrevista com Henri Canaple


Bibliografia recomendada:

Out of Nowhere:
A History of the Military Sniper.
Martin Pegler.

Leitura recomendada:





A experiência australiana de contra-insurgência no Vietnã 1966-1971

Soldados do 7 RAR, armados de SLR/FAL, aguardam transporte para Phuoc Hai, em 26 de agosto de 1967.

Por Frédéric Jordan, L'Écho du Champ de Bataille, 17 de outubro de 2011.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 26 de julho de 2021.

Alguns historiadores e soldados referem-se cada vez mais à experiência pouco conhecida das tropas australianas durante a Guerra do Vietnã e, em particular, sua capacidade de adaptação a esse tipo de combate, bem como seus modos específicos de ação. Os últimos são, portanto, descritos como tendo sido eficazes, pelo menos mais eficazes do que a maioria das operações realizadas pelo Exército Americano. Da mesma forma, é interessante notar que o formato da força expedicionária australiana, bem como as missões e a zona de engajamento confiadas, têm fortes semelhanças com aqueles, por exemplo, da TF La Fayette atualmente destacada no Afeganistão.

Será, portanto, uma questão de determinar, em poucas linhas, se essa experiência histórica pode fornecer lições táticas em termos de engajamentos franceses contra um adversário do tipo insurgente.

Distintivo da Força-Tarefa Lafayette durante uma parada militar no Palácio do Governador Militar de Estrasburgo em 31 de janeiro de 2013, por ocasião do retorno da Força-Tarefa Lafayette à França.
A missão francesa no Afeganistão terminou em 25 de novembro de 2012.

A Zona de Operações

Engajado desde 1961 no Vietnã com conselheiros militares, o exército australiano desdobrou, em junho de 1966, dois e depois três batalhões de infantaria e seus apoios, bem como meios aéreos no Vietnã do Sul. A área confiada é então a província de Phuoc Tuy com uma área de 390.000km². Ela é constituída por uma planície central limitada a oeste pela zona especial impenetrável de Rung Sat, a norte e a leste por colinas dominadas pelo Viet Cong e a sul pelo mar. Eles devem manter abertos e em segurança um eixo logístico principal, a Rodovia 15. As unidades de infantaria são apoiadas por uma bateria australiana, uma companhia de engenharia e um esquadrão blindado (Centurion) e por um batalhão de artilharia americano. Algumas forças especiais e uma unidade de reconhecimento completam a Força-Tarefa.

Os Engajamentos

Assim que chegou, o corpo expedicionária procurou tomar o controle da planície central e teve que travar uma batalha campal em 18 de agosto de 1966, em Long Tran, contra o 275º regimento vietcongue. Nesta ocasião, os soldados australianos infligiram pesadas baixas entre o inimigo e demonstraram uma verdadeira teimosia no combate, bem como um sentido aguçado de manobra. O adversário deve abandonar a cena e recuar de volta para as colinas ou dentro da selva.

Uma nova fase então começa para os australianos que devem executar uma luta anti-guerrilha. Para isso, buscam colocar em prática as habilidades adquiridas na Malásia entre 1948 e 1960, principalmente sob a influência de um experiente oficial australiano, o coronel Ted Serong. Eles, portanto, lideram missões de transferência de aldeões, ações cívico-militares e treinam tropas locais, apesar da relutância do exército sul-vietnamita. Durante a ofensiva do Tet, eles serão enviados a vários setores para restaurar a situação, mas nunca estão engajados em áreas altamente urbanizadas.

A partir de 1971, apenas conselheiros permaneceriam no local para treinar o exército do regime de Saigon.

M113 australiano com civis vietnamitas.

O Retorno da Experiência

Apesar dos bons resultados, os australianos descobrem que a fraqueza de suas tropas (7.672 homens no pico) não lhes dá a possibilidade de controlar toda a sua zona de ação. Eles também cometem erros, como as bandas minadas colocadas ao sul de Dat Do para evitar infiltrações e cujos artefatos explosivos serão recuperados pelo Viet Cong para reutilização. Apesar de tudo, os insurgentes desconfiam dos modos de ação australianos, resumidos claramente por um jornalista, Gerald Stone:

"As patrulhas australianas evitaram cuidadosamente pistas e clareiras (...) abrindo caminho cuidadosamente em silêncio por entre bambuzais e folhagens emaranhadas, (...) conseguiram perseguir os guerrilheiros sem se expor a emboscadas mortais que custaram tantas mortes aos americanos."

Operadores SAS australianos desembarcando de um Huey da Real Força Aérea Australiana.

Esses modos de operação flexíveis, como "Cordon and Search" (Cordão e Busca) despertar críticas veementes do estado-maior americano e do general Westmoreland, comandante das forças americanas no Vietnã, que vêem isso como uma falta de agressividade e combatividade de seus aliados. Da mesma forma, os australianos se oporão ao programa estratégico das aldeias (strategic hamlets), aldeias rurais fortificadas para isolar os camponeses da insurreição comunista, liderado pelos Estados Unidos e pelo Vietnã do Sul.

No entanto, este recorde australiano permanece misto porque os vietconques, ciente do potencial de seu adversário, evitará o contato e recuperará o controle da província de Phuoc Tuy após a partida da força expedicionária em novembro de 1971. Se 46.852 soldados australianos permanecerem neste teatro em rotações de 6 meses, quase 496 deles serão mortos e 2.398 outros feridos.

Centurion do 1st Battalion, Royal Australian Regiment no Vietnã.

É certo que o método australiano oferece algumas soluções táticas (flexibilidade de emprego, utilização do terreno, emboscadas, varreduras, etc.), porém, o controle do ambiente manteve-se precário e as ações junto à população não possibilitaram cortar a população permanentemente da influência do Viet Cong. Consequentemente, as lições permanecem limitadas para os engajamentos atuais, como aqueles conduzidos no Afeganistão, por exemplo.

Bibliografia recomendada:

Vietnam ANZACs:
Australian & New Zealand Troops in Vietnam 1962-72.
Kevin Lyles.

Leitura recomendado:


domingo, 25 de julho de 2021

PINTURA: A Batalha de Aboukir

"Batalha de Aboukir, 25 de julho de 1799", de Antoine-Jean Gros em 1806.
O cavaleiro em evidência é o futuro marechal Murat.

Hoje na história militar: vitória napoleônica de Aboukir, no Egito, em 25 de julho de 1799.

Relembrada pelo canal Theatrum Belli com a legenda:

25 de julho de 1799: vitória de Aboukir (Egito). Desaix, tendo levado o Paxá Mustafá prisioneiro após um duelo de sabre durante o qual ele cortou três dedos, disse-lhe: "Se você fizer isso com meus soldados novamente, eu juro a você, por Alá, que eu o cortarei outras coisas mais importantes".
Bibliografia recomendada:

Armies of the Napoleonic Wars: An illustrated history.
Chris McNab.

Leitura recomendada: 

No bicentenário de Napoleão, relembrando suas batalhas em Israel, 21 de maio de 2021.

VÍDEO: A Rússia acaba de lançar a primeira filmagem do S-500 SAM em ação


As imagens foram publicadas pelo Ministério da Defesa russo hoje, depois de 10 anos de especulação midiática russa, e publicadas pelo canal Binkov's Battlegrounds (o mesmo da invasão da Guiana Francesa), um canal de análises militares.

No vídeo é mostrada a primeira filmagem do sistema S-500 SAM em ação, acompanhada dos comentários do personagem Camarada Binkov, além de uma breve análise e comparação com outros mísseis terra-ar (SAM) russos.

O Camarada Binkov.

Leitura recomendada: