Mostrando postagens com marcador Foto. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Foto. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 29 de março de 2022

FOTO: Pôster ucraniano com as regras de manuseio de armas

Pôster ucraniano explicando manuseio de armamento com atrizes "à vontade".

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 29 de março de 2022.

Com o objetivo de acelerar a curva de aprendizado dos voluntários ucranianos, um pôster com atrizes pornográficas segurando armas em várias poses foi distribuído pelo exército ucraniano.

"Regras simples
    1. Sempre trate uma arma como se ela estivesse carregada.
    2. Nunca aponte uma arma para onde você não vai atirar.
    3. Não coloque o dedo no gatilho até que esteja pronto para atirar.
    4. Controle o espaço na frente e atrás do alvo.
    5. Certifique-se de atirar no inimigo, ou atirar apenas sob as ordens do comandante.
Regras para abrir fogo."

O pôster mirando "homens de cultura" é uma ideia criativa para captar a atenção dos soldados. É sempre interessante como andam de mãos dadas os homens das armas e estas mulheres "do lar", lembrando do artigo da revista Soldado da Fortuna na Playboy e da vez que uma soldado da Força Aérea americana foi playmate em três Playboys diferentes. Um outro exemplo famoso é calendário da Hot Shots, onde as modelos fazem ensaios com temática militar.

Esta não é a primeira vez que manuais são ilustrados de forma parecida para garantir que sejam lidos pela tropa. Na Segunda Guerra Mundial, o Exército alemão emitiu manuais com desenhos de pin-ups seminuas para tropas da Panzerwaffe em meio às instruções de cuidado com os blindados.

Lições sobre cuidados com o motor do tanque Tigre alemão.
Uma pin-up se refresca em um banho de ducha.

Ainda falando sobre pin-ups, os ucranianos também capitanearam um reavivamento das pin-ups militares após a invasão da Criméia em 2014 e início da "guerra híbrida" contra Moscou.


Homens de cultura, estes ucranianos...

Leitura recomendada:

sexta-feira, 25 de março de 2022

FOTO: A Filha do General

Formandos de um curso de oficiais da Força de Defesa de Israel, 1º de agosto de 1957.
A primeira à direita é Yael Dayan, filha do General Moshe Dayan.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 25 de março de 2022.

Yael Dayan nasceu em Nahalal, atual Israel, durante a era do Mandato Britânico da Palestina em 12 de fevereiro de 1939. Ela era filha do famoso general israelense Moshe Dayan e neta do sionista Shmuel Dayan, ambos pais fundadores do Estado de Israel.

Yael está portando um fuzil Mauser durante a cerimônia, armamento típico da Força de Defesa de Israel de 1948 até a padronização com o FAL nos início dos anos 50, relegando o fuzil a funções cerimoniais. Os israelenses conseguiram muitos fuzis Mauser da FN Herstal, o blog tratou desse assunto aqui.

Na Guerra dos Seis Dias (1967), a Tenente Yael Dayan serviu na unidade de comunicação social do estado-maior da divisão de Arik Sharon e escreveu um diário da sua guerra no Sinai contra os egípcios. Ela publicou cinco romances, bem como uma biografia de seu pai chamada My Father, His Daughter (Meu Pai, Sua Filha). Ela escreveu um livro de memórias da Guerra dos Seis Dias chamado Israel Journal: June 1967 (Diário de Israel: junho de 1967), também intitulado como A Soldier's Diary e traduzido no Brasil como "Diário de um Soldado".

Yael Dayan ao lado do seu pai Moshe Dayan nos dias que antecederam a ofensiva do Sinai, 1967.
O General Moshe Dayan era então o Ministro da Defesa.

Embora ela mesma não tenha entrado em combate, pois esta não era a sua função, ela esteve próxima da ação e observou as operações de perto, ao lado dos militares que comandavam as ações. De particular importância foi a tomada da fortaleza de Umm Qatef em Abu Agheila, a noz dura que ancorava o sistema de defesa egípcio. O exército de Nasser então passou à debandada em pânico em direção ao Canal de Suez, uma catástrofe militar para o Cairo. A tão a
lardeada "Força Shazly", que deveria ter atuado como reserva estratégica, deu as costas e fugiu para o Egito africano ao invés de contra-atacar o rompimento em Umm Qatef-Abu Agheila.

Os egípcios tinham 80 tanques T-34 defendendo a fortificação, e tanques Sherman e Centurion espalhados pelo Sinai. Havia também os pesados tanques IS-3, que eram impermeáveis na blindagem frontal. O Egito ainda possuía os então novíssimos T-55, muito mais modernos que os tanques israelenses. Ainda assim, a manobra e violência da ação dos israelenses nocauteou os árabes. O exército egípcio no Sinai esfacelou-se, com grandes números de soldados zanzando pelo deserto e sendo feitos prisioneiros pelos israelenses. Yael descreve a situação em Nakhl, no centro do deserto do Sinai:

"Nakhl é uma região esquecida por Deus, não obstante possuir abundância de água. Vocês precisavam provar a água! É malcheirosa, enjoativamente adocicada e oleosa. Arik e Dov conheciam Nakhl de trás pra frente pois tinham estado lá na última guerra [1956]. Poucas casas, um acampamento militar, uma colina ou duas em volta, e a estrada para o Passo de Mitla e o Canal que ali faz uma esquina em ângulo reto. Na vez passada, tomáramos a localidade em poucos minutos, antes de avançar para Mitla.

[...]

De súbito, fomos informados pelo rádio de que a Fôrça Aérea ia dar-nos apoio. Paramos o jipe na ladeira e galgamos a parte lateral da colina. Pudemos, então, divisar seis tanques Centuriões egípcios na estrada. Pareciam maciços e bem protegidos, em meio aos demais veículos. Seria tolice expormo-nos, em carros de meia esteira ou jipes, aos canhões dos pesados Centuriões.

[...]

A Fôrça Aérea surgiu no céu azul. Quatro Super Mystères voaram baixo, despejando bombas incendiárias sôbre os tanques [egípcios]. Estávamos todos muito nervosos, com exceção de Dov que, com a maior calma, ficou de pé e filmou tôda a cena, com uma câmera Canon 8 mm. 'Como nas manobras', comentou alguém.

Os aviões mergulharam duas ou três vêzes. Esperei que nos reconhecessem. Seus ataques eram por demais precisos para nos arriscarmos a não ser identificados. Achávamo-nos bem próximos aos alvos. No seu quarto círculo, acenaram Shalon para nós, pendendo as asas. Poucos dias depois, encontrei-me com um dos pilotos - Arik, meu colega de classe em Nahalal. 'Eu sabia que um dia nós dois iríamos trabalhar juntos', disse-me. Quando êles se afastaram pelo nordeste, embarcamos no jipe e dirigimo-nos a tôda velocidade para a estrada abaixo. Aproximamo-nos arriscadamente dos tanques que se incendiavam. Munições explodiam em tôdas as direções.

[...]

De repente, escutamos tiroteio atrás de nós. Alguns dos nossos soldados começaram a trocar disparos de armas de fogo portáteis com soldados egípcios escondidos num arbusto a poucas jardas de distância. Devemos ter tido sorte, pois apenas dez minutos antes passáramos por êsses mesmos arbustos, erguendo uma nuvem protetora de poeira à nossa volta. Arik optou por permitir que seguíssemos a infantaria blindada em sua operação de limpeza até Nakhl. Veículos de meia esteira, jipes russos, tanques incendiavam-se e vomitavam fumaça para onde quer que se olhasse. Viam-se canhões e transportes de tropas blindadas atirados em tôdas as direções e posições. Centenas de soldados egípcios avançavam precipitadamente em direção a Nakhl. Posteriormente, revelaram-nos que imaginavam achar-se em área ainda sob seu domínio. Nossos soldados conclamavam-nos a se renderem. Alguns o fizeram. Outros responderam com um disparo ou uma saraivada - ou fugiram. À minha frente, vi um jovem soldado de um dos nossos veículos de meia esteira matar um egípcio, depois correr para trás do carro blindado e vomitar, logo em seguida refazendo-se e indo juntar-se à sua divisão.

Eu agarrava com firmeza uma metralhadora portátil Uzi. Dov estava ao volante, Katz atrás da metralhadora dianteira e Itzik apontava um canhão automático. Nenhum de nós chegou a disparar. Outros se encarregavam disso, e nos limitamos à observação. Cadáveres estiravam-se pelo caminho, e saltávamos do carro para retirar-lhes as armas. Os adversários de tocaia nos arbustos foram mortos. Grupos de soldados inimigos fugiam nas mais diversas direções. Alguns escaparam. No entanto, não pude afastar o pensamento de que isso era mais uma caçada que um combate. Eu não ia atirar. Os homens nos jipes achavam-se armados e, se fôssemos alvejados diretamente, êles responderiam ao tiroteio. Todavia, minha minha arma permanecia carregada e engatilhada. Meus óculos contra o vento de nada valiam e meus olhos doíam. Além da canícula do meio-dia, havia o calor irradiado pelos veículos em chamas, um inferno em miniatura, odioso e medonho.

Chegamos a Nakhl à tardinha. Ali encontramos mais destruição, destruição total, como sòmente sucede um embate de tanques contra tanques. Era o Vale da Morte do Exército egípcio. Cêrca de cento e cinqüenta tanques foram contados no percursos de Temed a Nakhl. Ninguém contou os veículos, a artilharia pesada, os canhões anti-aéreos leves, os tratores pesados que rebocavam os canhões, os caminhões de munições, todos êles em posições insólitas ou formando pilhas, de modo que muitaas vêzes os destroços assumiam semelhança bizarra com peças de escultura moderna."

- Yael Dayan, Diário de um soldado, pg. 131, 132, 133-135, 1967 (trad. 1970).

Post-script: Suspense militar

O título deste artigo é uma homenagem ao filme A Filha do General (The General's Daughter, 1999), um filme de investigação militar onde o investigador Paul Brenner (John Travolta) ao lado de sua parceira Sara Sunhill (Madeleine Stowe) investigam a misteriosa morte da oficial de guerra psicológica Capitã Elisabeth Campbell (Leslie Stefanson), filha do comandante da base: o General Joe Campbell (James Cromwell).

Outros personagens marcantes sendo o Coronel Bob Moore (James Woods), o oficial comandante e mentor da Capitã Elisabeth Campbell, e o Coronel George Fowler (Clarence Williams III), o leal segundo em comando do General Campbell. Além da investigação e da discussão sobre mulheres no exército em uma época onde este era um conceito novo, o filme ainda apresenta a estética esverdeada dos antigos uniformes BDU americanos.

Recomendação do Warfare.


A Filha do General ainda gerou um filme de suspense e investigações militares, Violação de Conduta (Basic, 2003), dessa vez com John Travolta contracenando com a futura rainha Hipólita, Connie Nielsen, como a investigadora Capitão Júlia Osborne e com o titã Samuel L. Jackson interpretando o implacável Sargento Nathan West.

Leitura recomendada:

domingo, 20 de março de 2022

FOTO: Vickers destruído na China

Um Vickers Mark E Tipo B chinês destruído em Suzhou, perto de Xangai, em maio de 1938.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 20 de março de 2022.

Esse Vickers destruído e abandonado é mais um dos muitos tanques usados pelos nacionalistas chineses durante a invasão japonesa iniciada em 1937. Outros veículos incluíram os Panzer I alemães, T-26 soviéticos, o velho Renault FT-17 francês, os tankettes CV-35 italianos e até mesmo carros anfíbios Vickers Carden Loyd.

Em 1935, o governo chinês comprou 20 tanques de torre única Vickers Mark E Tipo B, de um modelo padrão. No ano seguinte foram comprados mais 4, equipados com rádios Marconi G2A em nicho de torre (ao contrário do que se costuma repetir em publicações, não eram tanques Mark F, nem sequer tinham cascos Mark F, o que fica evidente nas fotos).

Vickers Mark E capturado pelos japoneses em Xangai, 22 de agosto de 1937.
A torre apresenta furos e antena de rádio.

Os tanques chineses Mark E foram distribuídos entre o 1º Batalhão Blindado em Xangai (3 tanques, com 29 tanques anfíbios VCL Modelo 1931) e o 2º Batalhão Blindado em Xangai (17 tanques Mk.E junto com 16 de outros modelos).  No total, essas unidades tinham 30 tanques cada – os outros 40 veículos eram quase certamente os outros tipos vendidos pela Vickers. Ambos os batalhões foram intensamente utilizados na luta contra os japonesas em Xangai, entre 13 de setembro e 9 de novembro de 1937. No entanto, os tanques foram empregados em combates urbanos e as tripulações chinesas eram mal-treinados, o que os levou a sofrer grandes perdas - cerca de metade dos tanques foram perdidos no total. Mesmo com as ruas às vezes estreitas de Xangai, todos os tanques Vickers vendidos para a China eram bastante pequenos e não teriam problemas em trafegar por Xangai. No entanto, ao empregar seus tanques, os chineses deixaram de isolar as ruas adjacentes, o que significava que os japoneses poderiam flanqueá-los e destruí-los.

Evidências fotográficas indicam que os veículos foram destruídos por canhões anti-carro ou tanques japoneses, que poderiam perfurar diretamente a torre do Mark E Tipo B. Com apenas 25,4mm de blindagem rebitada, não é surpresa que eles tenham sido colocados fora de ação com tanta frequência. Peter Harmsen, no livro Shanghai 1937: Stalingrad on the Yangtze, relata um incidente em 20 de agosto de 1937, na frente de Yangshupu. O General Zhang Zhizhong estava inspecionando um número desconhecido de tanques e conversou com um jovem oficial tanquista. O oficial reclamou que o fogo inimigo era muito feroz e que a infantaria não conseguia acompanhar os tanques. Logo após essa discussão, os tanques iniciaram um ataque, mas todos foram destruídos por projéteis disparados principalmente pelos navios japoneses ancorados no rio Huangpu.

Soldados japoneses posando com um Vickers Mark E capturado em Xangai, 1937.

Depois que a força blindada chinesa foi na maior parte destruída nas batalhas de Xangai e Nanquim, novos tanques, carros blindados e caminhões da União Soviética e da Itália tornaram possível criar a única divisão mecanizada do exército, a 200ª Divisão "Divisão de Ferro", aconselhada e organizada pelos soviéticos.

Os tanques Vickers Mark E restantes foram reunidos em um batalhão e incluídos na 200ª Divisão mecanizada, formada em 1938, a qual consistia em um regimento de tanques e um regimento de infantaria motorizado, e equipado com o tanque leve soviético T-26. Esta Divisão sofreu pesadas perdas em uma contra-ofensiva em Nanquim e na passagem de Kunlun em 1940, perdendo a maior parte do seu equipamento. O destino detalhado dos tanques Vickers Mk.E não é conhecido.

Cartão postal japonês mostrando um Vickers Mark E Tipo B capturado em Xangai.

Bibliografia recomendada:

China's Wars: Rousing the Dragon 1894-1949,
Philip Jowett.

Leitura recomendada:

segunda-feira, 14 de março de 2022

FOTO: Paraquedistas russos no salto em massa de 1935

Desembarque de paraquedistas em massa durante o exercício militar de 1935 em Kiev, na Ucrânia soviética.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 14 de março de 2022.

Desembarque de paraquedistas em massa durante o grande exercício militar em Kiev, na República Socialista Soviética da Ucrânia, então parte da URSS, em 1935. Esse lançamento em massa de paraquedistas impressionou os observadores estrangeiros e acelerou o interesse por forças paraquedistas.

Os paraquedistas usavam uniformes e insígnias padrão da força aérea soviética (VVS). Eles estão usando a versão cáqui do macacão M35 azul-escuro e o capacete de vôo de tecido, também cáqui. Em saltos de combate, os paraquedistas costumavam usar distintivos de colarinho em contravenção ao regulamento. O brevê paraquedista M31, usado acima do bolso esquerdo, mostrava uma estrela vermelha acima de um pára-quedas branco em um quadrilátero azul, enquanto o brevê M33 incluía a figura de um paraquedista.

O Marechal da União Soviética Mikhail Nikolayevich Tukhachevsky.

A criação de paraquedistas seguiu a doutrina de Batalha Profunda sendo implementada pelo Marechal Mikhail Tukhachevsky, onde a ideia não era forçar o poder industrial do país a se engalfinhar com o adversário em uma grande campanha de atrição e desgaste. Ao invés disso, o Exército Vermelho dos Operários e Camponeses (RKKA, o nome oficial do exército soviético) procuraria romper a linha inimiga, abrindo e forçando brechas em busca dos pontos nevrálgicos do adversário localizados na sua retaguarda, de modo a nocauteá-lo ao destruir suas linhas de suprimento e postos de comando. Tukhachevsky era um dos líderes mais audaciosos, mais agressivos e mais visionários do exército soviético, e ele foi um dos primeiros entusiastas de novas formas de guerra. Apelidado por jornalistas internacionais como "Napoleão Vermelho", ele se interessou pelo potencial de tanques, paraquedistas e forças especiais para criar perturbações na retaguarda inimiga. Exercícios de teste com paraquedistas começaram em 1928.

Em 2 de agosto de 1930, os soviéticos executaram o primeiro exercício de campo no mundo empregando forças paraquedistas com a inserção de equipes "diversionárias" de 12 homens atrás das linhas inimigas no Distrito Militar de Moscou. Essa experimentação foi considerada um sucesso e uma companhia paraquedista foi formada em março de 1931, seguida em 11 de dezembro de 1932 por uma brigada paraquedista - a 3ª Brigada de Assalto Aéreo de Propósito Especial. Essa brigada já nasceu como uma força especial atuando na retaguarda do adversário, usadas para explorar oportunidades táticas, tomar e destruir objetivos críticos, conduzir assassinatos mirados e sabotagens. Inicialmente chamada 3º Destacamento de Desembarque Aerotransportado Motorizado, ela foi criada no Distrito Militar de Leningrado.

Os observadores internacionais tomaram nota das manobras soviéticas de 1933 e 1935. Os alemães iniciaram testes no exército e força aérea em 1933, e criaram uma força paraquedista alemã em 1935 (Fallschirmjäger, da Luftwaffe) visando saltos em massa para a tomada de pontos críticos. Os franceses até mesmo enviaram militares para a União Soviética que se formaram instrutores, eles retornaram para a França junto com instrutores soviéticos e criaram dois grupos paraquedistas chamados Grupos de Infantaria do Ar (Groupes d'Infanterie de l'Air) designados GIA 601 e GIA 602; mas estas eram apenas guiadas para sabotagens na retaguarda inimiga. Tanto os paraquedistas soviéticos, alemães e franceses pertenciam às suas respectivas forças aéreas.

Paraquedistas soviéticos deslizando pelas asas do bombardeiro usado como transporte Tupolev TB-3


Tukhachevsky subiu os degraus da hierarquia soviética sob o patronato de Trotsky, que precisamente avaliou o potencial do futuro marechal, e, em 1925, Tukhachevsky o comando geral do Exército Vermelho. A paranóia de Stalin atingiu o Marechal Tukhachevsky em 1937, quando ele foi preso e executado como um "espião fascista". Ele foi condenado por um tribunal de 5 marechais, três dos quais também seriam executados sob a mesma acusação poucos meses depois. Mas a execução de Tukhachevsky não parou a evolução paraquedista soviética e, quando da invasão alemã em 1941, as Forças de Assalto Aéreo (Vozdushno-desantnye voiska, VDV) tinham cinco Corpos de Assalto Aéreo operacionais de tamanho divisional (que logo tornariam-se dez), cada um desses corpos contendo pelo menos um Batalhão de Propósito Especial (Spetsnaz) para operar em longa distância na retaguarda inimiga.

A VDV foi usada extensivamente tanto em saltos de combate quanto infantaria no período imediatamente anterior à invasão alemã. A 212ª Brigada lutou em Khalkin-Gol como infantaria contra os japoneses em 1939. As 201ª, 204ª e 214ª brigadas lutaram com o 8º Corpo de Fuzileiros na Finlândia, ao norte do Lago Ladoga à partir de 13 de fevereiro de 1940, e alguns pequenos grupos saltaram atrás das linhas finlandesas para cortarem comunicações. A 201ª Brigada saltou sobre Izmail na ocupação da Bessarábia em 30 de junho de 1940, onde foi reforçada pelas 204ª e 211ª brigadas.


Leitura recomendada:

domingo, 13 de março de 2022

FOTO: Professora iraniana com o M1 Garand na época do Xá


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 13 de março de 2022.

Uma jovem rural iraniana com um M1 Garand, emitido ao Exército Real Iraniano do Xá Mohammad Reza Pahlavi pelos Estados Unidos. A foto pessoal foi postada pelo seu filho sob o nome u/mohajaf no site Reddit com a seguinte informação:

"Minha mãe em um breve treinamento militar antes de obter sua licença como professora, 1970, Shiraz, Irã."

Nos comentários, Mohajaf disse que elas, as recrutas, estavam entre a primeira geração de mulheres modernas e liberadas das pequenas vilas, e tornar-se professora era um sonho que se realiza para elas. Ele continua dizendo que cerca de 9 anos depois, com a mudança de regime para um sistema "teocrático retrógrado com leis Sharia semi-estritas", a sua mãe teve que usar hijab completo enquanto ensinava.

Bibliografia recomendada:

O Mundo Muçulmano.
Peter Demant.

Os Iranianos.
Samy Adghirui.

Leitura recomendada:

Uma opinião persa sobre o M1 Garand, 20 de fevereiro de 2022.

segunda-feira, 7 de março de 2022

FOTO: Sniper australiano na Coréia

Soldado B. Coffman com o seu fuzil Lithgow No. 1 Mk. III* na Coréia, 1951.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 7 de março de 2022.

O soldado B. Coffman, nativo de Nova Gales do Sul, está portando o fuzil Lithgow No. 1 Mk. III*, o Lee Enfield (SMLE) australiano. Seu uniforme e equipamento de lona são americanos, pois os australianos tiveram dificuldades de suprimento na Coréia.

A Coréia passou a ser uma guerra estática de 1953 em diante, o que proliferou os snipers em ambos os lados. Ian Robertson, fotógrafo e franco-atirador, foi o maior sniper australiano na Coréia. Em uma ocasião, ele matou 31 inimigos em um único dia. Posteriormente, ele ensinou dança aos franco-atiradores com o objetivo de treinar coordenação corporal. Ele se casou com sua namorada japonesa, Miki; falecida em 2014.

Robertson usou uma variante especial do Lee-Enfield, com uma luneta padrão 1918 feito pela Australian Optical Co., com melhor impermeabilidade. Esses Lee-Enfields ostentavam canos pesados e vinham com um protetor de bochecha pronto para instalar, mas os atiradores não gostavam dele e na maioria das vezes não o colocavam em seus fuzis. Essa proteção de bochecha era a mesma dos fuzis N°4 Enfield, que não eram muito apreciadas, pois não permitiam o alinhamento ocular adequado com a luneta.

Leitura recomendada:

Out of Nowhere:
A History of the Military Sniper.
Martin Pegler.

Leitura recomendada:

FOTO: Sniper australiano na selva, 1º de outubro de 2021.

quarta-feira, 2 de março de 2022

Aniversário de 48 anos do GIGN


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 2 de março de 2022.

Este mês de março, no dia primeiro, o Grupo de Intervenção da Gendarmaria Nacional francesa (Groupe d'intervention de la Gendarmerie nationale, GIGN) completou 48 anos. Criada após a crise de Munique em 1972, a unidade de intervenção juntou-se com o grupo paraquedista da Gendarmaria para formar o GIGN, uma das forças especiais policiais mais famosas no mundo. O perfil oficial da Gendarmaria Nacional francesa postou uma homenagem com a foto do grupo inicial comandado por Christian Prouteau e o grupo atual.

Março de 1974 - março de 2022: o #GIGN completa 48 anos este ano!

Força de intervenção, força de segurança e proteção, força de observação e pesquisa, grupo de segurança da Presidência da República: obrigado a todos os nossos #gendarmes de elite pelo seu empenho ao serviço dos franceses.

Leitura recomendada:

ENTREVISTA: Christian Prouteau, fundador do GIGN4 de maio de 2021.


segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

FOTO: 80 anos de Odessa sitiada

Odessa em 1942 e em 2022.

As duas fotos foram tiradas há 80 anos e as barricadas são incrivelmente semelhantes. Odessa tem uma história turbulenta.

"Quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem iguais."
Jean-Baptiste Alphonse Karr, 1849.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Torre de Renault R 35 como Tobruk na Muralha do Atlântico


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 25 de fevereiro de 2022.

Uma torre de carro de combate leve Renault R 35 transformada em bunker "Tobruk" no norte da França, como reforço da Muralha do Atlântico, fotografada por Christian Jardin.

Essas torres Tobruk foram um aprendizado da guerra no deserto norte-africano, por isso o nome. Essas guarnições de concrete, pequenas e circulares, foram equipadas com torres de Renault R 35 e do mais antigo Renault FT-17

Exemplar de um Tobruk mais bem conservado protegendo a entrada do bunker que agora abriga o Museu Militar das Ilhas do Canal. Esta torre foi originalmente montada em um Tobruk no Forte de Saint Aubin, Jersey.

O Renault R 35 foi um tanque de infantaria francês de dois homens usado na Campanha da França em 1940, e mais de 800 foram capturados pelos alemães. Alguns foram usados na sua função original, usando a designação Panzerkampfwagen 35R 731(f). Esses beutepanzers R 35 foram usados principalmente em funções de treinamento ou policiamento. Eles também foram usados nos treinamentos anfíbios para a Operação Leão-Marinho (Operation Seelöwe), a planejada invasão anfíbia da Inglaterra. Em ação, esses carros leves foram usados nos combates no Círculo Polar Ártico contra os soviéticos e em operações anti-partisan ao redor da Europa. Os alemães também transferiram carros Renault R 35 para seus aliados, com os italianos executando uma carga contra a cabeça-de-praia dos Rangers americanos durante a invasão da Sicília.

A Romênia comprara um número de tanques Renault R 35 quando era aliada da França. Esses veículos acabaram participando da invasão da União Soviética pelo Eixo em 1941. O Blog tratou desse assunto aqui.

Renault R 3 desembarcando de uma balsa na costa francesa durante treinamentos alemães, 1940.

A torre está bem danificada, com um rombo na lateral, além de vários buracos causados por calibres pesados. A torre também perdeu o canhão Puteaux SA 18 de 37mm.



Entrada protegida da guarnição.

A escritora especializada em blindados  Camille Harlé Vargas publicou as imagens no Twitter dizendo "Torre de R35 reutilizado para as fortificações alemãs do Atlântico, aqui próximo ao porto de Merrien no Finistère", com a posição da torre no Google Maps.

Na sequência da postagem, o leitor com o apelido Dr Agos (History Geek) postou um extrato bibliográfico e comentou: "Os regimentos canadenses tiveram muitos problemas com esse tipo de torre na Itália - a famosa linha de fortificações 'Hitler'. Não era nada óbvio." O canhão nessa vinheta é um 75mm, muito mais pesado e poderoso que o pequeno 37mm do R 35, mas demonstra a eficiência dessas fortificações Tobruk.

O extrato lê:

"No flanco esquerdo da brigada, os Seaforths haviam entrado no emaranhado de posições de metralhadoras interligadas. Quando os tanques britânicos Churchill do Regimento de Cavalaria da Irlanda do Norte entraram em seu setor, pelo menos cinco dessas bestas de 40 toneladas foram perfurados por um único canhão de torre de 75 mm montada. Os Highlanders serpentearam por seus camaradas britânicos, estremecendo com as piras funerárias em chamas, e após a batalha os canadenses pediram ao [regimento] Iron Horse que carregasse uma pequena folha de bordo em seus tanques restantes como um sinal de gratidão dos canadenses."

A folha de bordo é um símbolo do Canadá desde o início do século XVIII; ela é representada em bandeiras atuais e anteriores do Canadá, na moeda de um centavo, e no Brasão de Armas. Ela também é uma visão comum em adornos pessoais.

A Sargento Gal Gadot com uma submetralhadora Uzi

Sargento Gal Gadot posando com uma submetralhadora Uzi, a icônica arma israelense.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 25 de fevereiro de 2022.

A estrela israelense Gal Gadot serviu dois anos nas Forças de Defesa de Israel, como instrutora de combate do exército, saindo com o posto de Samal (sargento). Em Israel, o serviço é compulsório para ambos os sexos, com os homens servindo 3 anos e as mulheres dois.

Geralmente, as mulheres servem em funções de secretaria e recursos humanos, chamadas pejorativamente de Jobnicks. Mas Gal, que já era famosa por ter vencido o concurso de Miss Israel em 2004, tornou-se instrutora de combate e atuou assim na preparação física dos soldados.

Disparo automático da Uzi


Gal descreveu seu tempo no exército como parte de ser israelense:

"Você dá dois ou três anos de sua vida a eles e não é sobre você. Você aprende disciplina e respeito."

Aos 18 anos, ela conquistou o título de Miss Israel e representou o país no concurso de beleza Miss Universo no mesmo ano de 2004. Em 2007, Gal  participou de uma sessão de fotos para a revista Maxim intitulada "Mulheres do Exército Israelense", que apresentou modelos de Israel que eram militares das FDI. A foto de Gal apareceu no convite para a festa de lançamento do ensaio, e na capa do jornal New York Post.

Foto do ensaio da Maxim.

A chamada da Maxim dizia "Elas são lindas de morrer e podem desmontar uma Uzi em segundos. As mulheres das Forças de Defesa de Israel são os soldados mais sexy do mundo?" e contou com a entrevista de quatro modelos militares.

Gal
Expertise: Condicionamento físico
"Ensinei ginástica e calistenia", diz esta impecável ex-Miss Israel. "Os soldados me amavam porque eu os fazia ficarem em forma."

Yarden
Expertise: Inteligência Militar
Estacionada no norte de Israel para seu período de dois anos nas FDI, Yarden diz que a prática de tiro ao alvo era sua atividade favorita. “Adorei disparar o M-16”, diz ela. “E eu era boa em acertar os alvos. Mas não atirei com nada desde que deixei o exército.” Ou em alguém, esperamos.

Nivit
Expertise: Inteligência Militar
“Meu trabalho era ultrassecreto”, diz essa nativa de Tel Aviv, que ainda mora com os pais. “Não posso falar sobre isso além de dizer que estudei um pouco de árabe!”

Natalie
Expertise: Telecomunicações navais
Essa loira sedutora se lembra claramente de sua parte favorita de servir seu país: “Conheci meu marido. Seu comandante continuou tentando nos arrumar." Para sua sorte, Natalie seguiu as ordens.

Gal Gadot deixou o exército e começou a trabalhar como atriz, interpretando o papel principal no drama israelense Bubot ("Bonecas") em 2008, como Miriam "Merry" Elkayam; além de ser escolhida para ser a modelo principal da Castro, a maior marca de roupa israelense. Seu caminho para o estrelato começou quando ela foi notada pelo diretor taiwanês Justin Lin para a franquia Velozes e FuriososSegundo Gal, uma das benesses do seu serviço militar foi desbancar a modelo brasileira Gisele Bündchen para o papel da agente Gisele Yashar no filme Velozes e Furiosos 4 (Fast & Furious, 2009):

"Eu acho que a principal razão do diretor Justin Lin realmente ter gostado foi de eu ter servido no exército e ele queria usar meu conhecimento sobre armas."


A carreira de Gal Gadot continuou subindo e ela alcançou fama internacional ao ser escolhida como a Mulher Maravilha em 4 de dezembro de 2013, estrelando no filme de Zack Snyder Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, 2016). Em seguida, ela protagonizou dois filmes próprios como a Mulher Maravilha em 2017 e 2020; com um terceiro filme previsto, ainda sem data, que encerrará sua atuação com o personagem.

Seu último grande sucesso foi como uma contrabandista no filme Alerta Vermelho (Red Notice, 2021), contracenando ao lado de Dwayne "The Rock" Johnson e Ryan Reynolds. Alerta Vermelho tornou-se o filme mais assistido em seu fim de semana de estreia na Netflix, bem como o filme mais assistido em 28 dias após o lançamento na plataforma. Ele também se tornou o 5º título de filme mais assistido em streaming de 2021. Com tamanho sucesso, não é surpresa que já foram fechadas duas sequências.

Sua atuação mais recente foi estrelando como Linnet Ridgeway-Doyle na adaptação de suspense de mistério Morte no Nilo (Death on the Nile, 2022), de Agatha Christie; lançado no Brasil em 10 de fevereiro de 2022.

Trailer de Morte no Nilo

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

FOTO: "Músicos" da Orquestra russa em Palmira

Mercenários Wagner em Palmira, 2017.
"Músicos" da orquestra russa.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 17 de fevereiro de 2022.

Mercenários russos do Grupo Wagner na cidade síria de Palmira, entre janeiro e março de 2017. O Grupo Wagner forneceu mercenários como tropas de assalto em apoio ao esforço militar sírio visando recapturar a cidade histórica. Os militantes do Estado Islâmico chocaram o mundo quando começaram a destruir relíquias arqueológicas valiosíssimas em Palmira. O Grupo Wagner deve seu nome ao músico Wagner, autor da música Cavalgada das Valquírias.

A ofensiva de Palmira foi lançada pelo Exército Árabe Sírio contra as forças armadas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante na província de Homs Oriental em 13 de janeiro de 2017, com o objetivo de recapturar Palmira e seus arredores. Isso iniciou pesados combates durante uma mês e meio, com a cidade sendo libertada em 2 de março.

"Orquestra em Palmira"


As forças do Estado Islâmico haviam retomado a cidade de Palmira em uma ofensiva repentina de 8 a 11 de dezembro de 2016, depois de terem sido expulsos anteriormente pelo governo sírio e pelas forças russas em março daquele ano. Spetsnaz russos atuaram como conselheiros e guiando ataques da força aérea russa, enquanto a PMC Wagner forneceu botas no terreno junto às tropas sírias.

Após a retomada da cidade, músicos sírios tocaram no local do anfiteatro romano danificado na cidade antiga de Palmira, durante uma excursão organizada pelo exército sírio para jornalistas, em 4 de março de 2017.

Anfiteatro romano danificado em Palmira, fotografado em 3 de março de 2017.