sexta-feira, 10 de abril de 2020

O caminho da Taurus para um fuzil 5,56x45mm


Por Ronaldo Olive, The Firearms Blog, 14 de fevereiro de 2017.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 10 de abril de 2020.

Como você pode (ou não) ter visto entre as inúmeras plataformas de AR em diferentes calibres, lutando pela atenção dos participantes durante o SHOT Show deste ano, a Forjas Taurus do Brasil é outro participante nesse segmento de mercado aparentemente lotado com seu T4 (ou FAT 556, em algumas fichas técnicas anteriores), um clone do M4 totalmente fabricado nas instalações da empresa agora concentradas na cidade de São Leopoldo, a apenas 33km das instalações tradicionais em Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul. Você pode achar interessante aprender como tudo aconteceu.

A Taurus é uma fabricante de longa data de revólveres (desde os anos 50) e pistolas semi-automáticas (anos 80), tendo também se aventurado no campo de submetralhadoras (variantes Beretta M12 e joint ventures* com a FAMAE do Chile) e carabinas em calibre de pistola (também em colaboração com a empresa chilena). Foi apenas uma questão de tempo até que ela voltou os olhos para o mercado de fuzis militares/LE. Em abril de 2009, o estande da Taurus na exposição LAAD Defense & Security no Rio de Janeiro estava cheio de pôsteres, literatura e, é claro, armas de exibição anunciando a intenção da empresa de iniciar um programa cooperativo com as IWI de Israel para fabricar o fuzil bullpup** Tavor 5,56x45mm no Brasil. O frisson que gerou no mercado, no entanto, desapareceu gradualmente e parecia que os fuzis não estavam mais nos planos da empresa.

“Shalom, Brasil!”: Um dos muitos fuzis IWI Tavor exibidos no estande da Taurus durante a LAAD 2009 Exhibition no Rio de Janeiro.

*Nota do Tradutor: Uma joint venture é uma entidade comercial criada por duas ou mais partes, geralmente caracterizada por propriedade compartilhada, retornos e riscos compartilhados, e governança compartilhada.
**NT: Bullpup, de inglês intraduzível significa “tudo à retaguarda” por associação, com as peças móveis atrás do gatilho.

Outro tremor, no entanto, foi sentido exatamente dois anos depois na feira LAAD de 2011, quando a Taurus apresentou seu próprio fuzil ART 556 e carabina CT 556 ambos em 5,56x45mm. As armas deveriam estar disponíveis com canos de passos de 1:7 polegadas em 254, 368, 419 e 508mm e com opções de tiro semiautomáticas e seletivo. Seguindo as tendências óbvias do mercado, foram encontrados componentes de polímero em todos os lugares das armas, bem como nos trilhos Picatinny, o uso dos carregadores STANAG, et al. A operação foi uma ação bastante convencional de gás com pistão e um ferrolho rotativo com seis reténs de trancamento. O receptor inferior e a coronha dobrável/ajustável foram os mesmos usados na submetralhadora MT40 G2C da empresa (cano de 200mm) e na carabina semi-automática CT40 G2 (cano de 412mm) anunciada na mesma ocasião.

Esse fuzil ART 556, de cano longo com luneta, ocupava uma posição de destaque no estande da Taurus na exposição LAAD de 2011.

Fotografado nas instalações da Taurus Porto Alegre em novembro de 2011, um protótipo ART 556 exibe semelhanças de projeto com a carabina CT40G2 .40 S&W e a submetralhadora MT40G2 da empresa. O sufixo “G2” era uma medida provisória para distinguir as armas das armas anteriores Taurus/Famae CT40 e MT40.

Os testes iniciais com protótipos feitos na fábrica de Porto Alegre prosseguiram regularmente por cerca de um ano, com o autor tendo a chance de testar brevemente um exemplar inicial em novembro de 2011, com uma avaliação prática um pouco mais completa em setembro de 2012.

Este ART 556 é visto aqui nas mãos do autor, equipado com uma unidade de lanterna frontal/ tática. Miras giratórias foram usadas no trilho superior.

Operada a gás com um sistema de trancamento por roletes e ferrolho rotativo, a carabina semi-automática CT 556 tinha um cano de 318mm em passo de 1:7 polegadas, pesava 3,4kg vazia e tinha 800mm de comprimento no geral. Dobrando a coronha de polímero para a direita, isso foi reduzido para 600mm.

As miras padrão do CT 556, semelhantes às usadas nas novas sub-armas da empresa, foram montadas nos trilhos superiores do receptor, mas as unidades dobráveis ou de ponto vermelho eram uma escolha melhor. O formato da empunhadura da extremidade frontal do alojamento do carregador tendia a atrair as mãos de apoio de muitos atiradores, mas não as do autor.

Em suma, os exemplos testados funcionavam perfeitamente o tempo todo e pareciam simplesmente capazes de lutar por sua participação no mercado militar e de LE. Mas, lembre-se, para atingir esse estágio esperado, as armas Taurus teriam que passar por um longo e caro programa de certificação de testes, configuração de ferramentas e processo de fabricação em série, o que aparentemente fez com que a empresa tivesse dúvidas sobre se tudo isso era necessário. De fato, no final de 2012, parecia que o caminho a seguir provavelmente envolveria o que muitas empresas em todo o mundo haviam feito: criar uma plataforma baseada no AR e partir! Naquela época, foram concluídos exemplos de fuzis AR-15 (cano de 16 polegadas, semi-automático) e carabinas M4 (cano de 12,5 polegadas, tiro seletivo), tendo eu também a chance de dispará-los na fábrica.

Duas plataformas AR fabricadas pela Taurus (logotipo da empresa no alojamento dos carregadores) prontas no final de 2012. A arma de cima é uma arma semi-automática de cano de 16 polegadas, enquanto a outra é uma carabina de fogo seletivo com um cano mais curto.

Ao criar suas primeiras plataformas do tipo AR em 2012, a Taurus praticamente decidiu entrar no mercado de fuzis/ carabinas de 5,56x45mm.

Em 2013, as negociações levaram a empresa Taurus Holdings, com sede na Flórida, a se associar à Diamondback Firearms LLC, de Cocoa, FL. Esperava-se que o acordo levasse à produção para a Forjas Taurus do fuzil DB15S (cano de 16 polegadas) e da carabina DB15B (cano mais curto), e isso foi novamente tornado público durante uma LAAD Exhibition, a versão de abril de 2015. Parecia que o símbolo da cabeça do touro finalmente encontrara seu lugar nas armas Taurus 5,56x45mm disponíveis no mercado. Mas esse não era o caso: discordâncias comerciais entre as duas empresas acabaram com o projeto, voltando ao modelo original “Made in Brazil”.

A carabina semi-automática DB-15B, exibida na LAAD 2015 Show. Observe o uso da empunhadura, coronha e carregador Magpul.

A carabina DB-15S fabricada pela Diamondback Firearms para a Taurus.

Marcações do receptor em uma carabina Taurus/ Diamondback DB-15... a qual jamais foi feita.

O Taurus T4 resultante, tanto nas variantes semi-automáticas quanto naquelas com seletor de tiro, finalmente fez sua (final?) cena de entrada no recente SHOT Show. Com comprimentos de cano de 368 ou 292mm e duas opções de proteção manual (alumínio ou polímero), todos os detalhes pertinentes estavam em Las Vegas. Espero que vocês os tenham visto.

Uma ilustração inicial da carabina Taurus T4 (anteriormente, FAT 556).


Conforme mostrado no recente SHOT Show, o fuzil Taurus T4A2 também exibe o novo logotipo da empresa no alojamento do carregador, empunhadura e coronha retrátil. O cano aqui é da variante de 368mm.




Ronaldo Olive como convidado dos Fuzileiros Navais.
Ronaldo Olive é um escritor brasileiro de longa data (a partir da década de 1960) sobre assuntos de aviação, militaria, LE e armas, com artigos publicados em periódicos locais e internacionais (Reino Unido, Suíça e EUA). Sua vasta experiência fez dele um palestrante e instrutor convidado frequente nas forças armadas e policiais do Brasil.

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