Mostrando postagens com marcador Caribe. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Caribe. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 8 de junho de 2021

FOTO: Batedores cubanos em Angola

Militares cubanos de uma unidade de reconhecimento perto de Menongue, no sul de Angola, em dezembro de 1987.
O fuzil do homem-ponto tem um silenciador.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 8 de junho de 2021.

As Forças Armadas Revolucionárias cubanas (Fuerzas Armadas Revolucionarias, FAR) foram moldadas seguindo o sistema soviético, com a criação de formações em estilo soviético. Estes batedores cubanos são moldados no razvedka soviético, dado o foco russo soviético na informação, dissimulação e paranóia, e com o objetivo de manter seus adversários em situação de desequilíbrio.

Os cubanos revolucionários tornaram-se um dos mais prolíficos "exportadores da revolução" na Guerra Fria, com desdobramentos da América do Sul ao Vietnã. Esta função expedicionária era chamada de "internacionalização", ou seja, a internacionalização da revolução socialista global. Nos anos 1980, o desdobramento cubano em Angola atingiu um pico de 50 mil militares e 8 mil civis auxiliando o governo comunista angolano do MPLA (ao lado dos conselheiros soviéticos); intervenção chamada Operação Carlota.

Na década de 80, os cubanos mantiveram missões militares na Argélia, Gana, Guiné-Bissau (ex-Guiné Portuguesa), Somália, Líbia, Tanzânia, Zâmbia, Síria e Afeganistão; além de contingentes militares consideráveis em Angola, conforme já citado, Congo (500 soldados), Etiópia (4 mil soldados, 1978-1984), Moçambique (600 soldados), Iêmen do Sul (500 soldados) e Nicarágua (500 soldados e 3 mil funcionários civis). Os cubanos também enviaram militares para a Síria em 1973, durante a Guerra do Yom Kippur, e uma equipe de 30 oficiais e engenheiros, munidos de 10 escavadeiras para fortificar a linha Ho Chi Minh no Vietnã e Camboja nos anos 1970. Conselheiros cubanos também ordenaram a tomada de Kolwezi pelos guerrilheiros Tigres em 1978.

Carlos Eugênio da Paz "Clemente" mencionando
a oferta do General Ochoa


Segundo o líder guerrilheiro brasileiro da ALN, Carlos Eugênio da Paz (codinome Clemente), o próprio General Arnaldo Ochoa, futuro comandante do "Exército Ocidental" em Havana, ofereceu em 1973 o contingente de 100 soldados cubanos que entrariam no país pela Amazônia e criariam um foco inicial de guerrilha na selva, internacionalizando o conflito que na época já existia sendo feito por brasileiros - a Guerrilha do Araguaia - mas nesse momento já em fase de aniquilamento. Essa oferta foi rejeitada por serem hispânicos e não brasileiros, o que colocaria em dúvida a real liderança da campanha.

O General Ochoa

O General Arnaldo Ochoa (centro) em Angola.

O General Ochoa foi um veterano da guerrilha Movimento 26 de Julho e da Batalha da Baía dos Porcos em 1961. Em 1965, Ochoa entrou no Partido Comunista Cubano, depois estudou na escola militar de Matanzas, em Cuba, e em seguida na Academia Militar de Frunze, na União Soviética. Em 1966, Ochoa desembarcou em Falcón, na Venezuela, com 15 guerrilheiros cubanos apoiando comunistas venezuelanos; a campanha sendo esmagada de forma sangrenta pelo governo de Caracas. Em 1967-68, Ochoa treinou rebeldes congoleses.

Em 1975, Ochoa foi enviado para Angola para lutar contra o FNLA em Luanda, onde recebeu o reconhecimento dos comandantes soviéticos e cubanos. Em 1977 foi nomeado comandante das Forças Expedicionárias Cubanas na Etiópia no Ogaden, sob o general soviético Vasiliy Ivanovich Petrov. Seus sucessos durante a Guerra do Ogaden impressionaram os comandantes soviéticos em campanha.

Em 1980, Ochoa era amplamente considerado um grande internacionalista e recebeu o título de Herói da República de Cuba de Fidel Castro em 1984.

Operación Carlota: Pasajes de una epopeya.

Sendo o comandante das forças cubanas em Angola, e depois da Batalha de Cuito Cuanavale, Ochoa foi acusado de corrupção e traição junto de outros oficiais. As acusações, condenações e sentenças de morte foram extremamente desagradáveis para grande parte da população cubana, especialmente no caso de Arnaldo Ochoa, que era considerado pela maioria da população como um dos mais respeitados generais das forças armadas cubanas. Na madrugada de 13 de julho de 1989, Ochoa foi executado por um pelotão de fuzilamento na base militar "Tropas Especiales" em Baracoa, no oeste de Havana. Ele foi enterrado em uma sepultura sem marcação no Cemitério de Havana.

Uma das razões da execução foi a popularidade de Ochoa, que era o mais alto general cubano logo abaixo de Raúl Castro, então ministro da Defesa, e do próprio Fidel Castro.

Organização das FAR

As FAR também eram consideráveis, sendo a maior força latino-americana depois do Brasil. Isso se deveu à doutrina soviética de forças militares em massa divididas em funções de defesa, expedicionária e de controle interno; essa militarização maciça era alienígena à cultura cubana pré-revolução, e específica do novo sistema. Em 1990, o Exército cubano era assim composto:
  • 3 divisões blindadas,
  • 3 divisões mecanizadas,
  • 13 divisões de infantaria.
Exército Ocidental formava um corpo nas províncias de Pinar del Rio e Havana, o Exército Central formava um outro corpo em Matanzas e Las Villas e o Exército Oriental formava dois corpos em Camagüey e Oriente; a Isla de la Juventud (ex-Isla de Pinos) contava com uma divisão de infantaria.

Cada corpo continha 3 divisões, cada uma com três regimentos (2x batalhões), regimento de artilharia, batalhão de reconhecimento e unidades de serviço. Cada quartel-general do exército possuía uma divisão blindada e uma divisão mecanizada.

Divisão Blindada
  • 3 regimentos de tanques,
  • 1 regimento mecanizado,
  • 1 regimento de artilharia.
Divisão Mecanizada
  • 3 regimentos mecanizados (2x batalhões),
  • 1 regimento de tanques (3x batalhões),
  • 1 regimento de artilharia,
  • 1 regimento de reconhecimento mecanizado.
O exército ainda possuía robusta defesa anti-aérea com 26 regimentos AAe e brigadas de mísseis terra-ar, 8 regimentos de infantaria independentes, uma Brigada de Forças Especiais (2x batalhões) e uma Brigada Paraquedista. A Marinha tinha 12 mil homens, com um batalhão de fuzileiros navais com uniformes pretos copiados dos soviéticos; uma Força Aérea de 18.500 homens; tropas de segurança interna (estilo KGB) com 17 mil homens; 3.500 guardas de fronteira; e, em reserva, 1.200.000 homens e mulheres na Milícia Revolucionária, 100 mil na Juventude Trabalhista e 50 mil na Defesa Civil.

"O longo período de serviço militar (3 anos); forças armadas bem treinadas e eficientes; extensa experiência de combate na África e na Ásia; e uma força de reserva vigorosa, fazem de Cuba a maior potência militar do Caribe depois dos Estados Unidos."
- Caballero Jurado & Nigel Thomas, Central American Wars 1959-89, 1990, pg. 7.

Bibliografia recomendada:

Bush Wars: Africa 1960-2010.

Batalha Histórica de Quifangondo.

Leitura recomendada:





domingo, 14 de fevereiro de 2021

FOTO: Paraquedistas venezuelanos marchando com a sub Hotchkiss

Paraquedistas venezuelanos marchando no desfile do Dia da Independência em Caracas, capital da Venezuela, em 5 de julho de 1955. (FAV-Club)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 14 de fevereiro de 2021.

Os soldados do destacamento escola dos paraquedistas da Força Aérea Venezuelana marcham em ceelbração ao Dia da Independência, em 5 de julho de 1955. A data celebra quando a Junta de Caracas estabeleceu um congresso de províncias, e este Congresso declarou a independência da Venezuela em 5 de julho de 1811, estabelecendo a República da Venezuela.

O paraquedista da centro-direita claramente porta uma raríssima submetralhadora dobrável Hotchkiss Tipo Universal, de fabricação francesa pela Societé des Armes à Feu Portatives Hotchkiss et CieA dobragem dessa arma não era meramente da coronha, mas de todo o armamento como um cubo, inclusive com a retração do cano. A Venezuela foi um dos raros países a comprar a Hotchkiss Universal. Imagens do golpe militar de 1958 mostram a Hotchkiss Universal em ação.

Especificações técnicas

  • País de origem: França.
  • Operação: ação de recuo dos gases.
  • Princípio: ferrolho aberto.
  • Munição: 9x19mm Luger/Parabellum.
  • Peso descarregada: 3,43kg (7,56lbs)
  • Comprimento com a coronha aberta: 776mm.
  • Comprimento com a coronha dobrada: 540mm.
  • Comprimento com a coronha totalmente dobrada: 440mm.
  • Comprimento do cano: 273mm (10,74in).
  • Capacidade do carregador: 32 tiros.
  • Alimentação: carregador metálico tipo cofre.
  • Cadência de tiro: 650rpm.
  • Alcance efetivo: 150-200m.
  • Alça de mira: dobrável de 50 e 150 metros.
  • Massa de mira: coberta.
  • Variantes: semi-automática e automática.

Desdobrada e dobrada.

Vídeo recomendado:


Bibliografia recomendada:

Chassepot to FAMAS:
French Military Rifles 1866-2016.
Ian McCollum.

Leitura recomendada:

GALERIA: Armas do golpe militar na Venezuela em 195811 de fevereiro de 2021.

GALERIA: Ativação do Comando de Operações Especiais venezuelano30 de agosto de 2020.

Selva de Aço: A História do AK-103 Venezuelano13 de fevereiro de 2021.

Armas vietnamitas para a Argélia14 de dezembro de 2020.

FOTO: O jovem cadete Hugo Chavez27 de março de 2020.

FOTO: Sniper com baioneta calada9 de dezembro de 2020.

FOTO: Fuzis SKS capturados1º de janeiro de 2021.

sábado, 2 de janeiro de 2021

FOTO: O fuzil sniper PSL na Nicarágua

Sniper nicaraguense de operações especiais da polícia armado com o PSL (Puşcă Semiautomată cu Lunetă) em patrulha em Monimbo, bairro da cidade de Masaya, durante manifestações anti-Ortega em 18 de julho de 2018.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 2 de janeiro de 2021.

O fuzil de precisão Puşcă Semiautomată cu Lunetă (P.SA.L./PSL, literalmente "fuzil semi-automático com luneta") é uma arma romena inspirada no SVD Dragunov russo, mas com o mecanismo do fuzil-metralhador RPK (PM md. 1964, versão romena idêntica). Esse fuzil foi visto na Nicarágua durante os protestos contra o ditador-presidente José Daniel Ortega Saavedra. 

Daniel Ortega governa o país direta ou indiretamente por 42 anos, desde a vitória sandinista sobre Somoza em julho de 1979, e as manifestações populares de 2018 foram reprimidas com violência. Em maio de 2018, as estimativas do número de mortos chegavam a 63, muitos deles estudantes manifestantes, e os feridos totalizavam mais de 400. Após uma visita de trabalho de 17 a 21 de maio, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos adotou medidas cautelares destinadas a proteger os integrantes do movimento estudantil e suas famílias, após testemunhos indicarem que a maioria deles havia sofrido atos de violência e ameaças de morte por sua participação. Em 18 de julho de 2018 iniciaram-se manifestações em massa em mais de 2 mil cidades nicaraguenses, sendo reprimidas violentamente. Em 2019, os mortos já se elevavam a 325, a maioria por armas de fogo das forças policiais, mais de 1.400 feridos e mais de 690 detidos.

Ortega expulsou do país o escritório do alto comissário de direitos humanos das Nações Unidas (United Nations High Commissioner for Human Rights, OHCHR) e a comissão interamericana de direitos humanos (Inter-American Commission on Human Rights, IACHR) por denunciarem a mão pesada do governo sandinista.

Operadores especiais da polícia nicaraguense durante as manifestações de 18 de julho de 2018. O operador à esquerda tem um PSL.

Desde a madrugada de 25 de fevereiro de 2020, a Polícia da Nicarágua manteve todas as entradas de Manágua tomadas no mesmo dia em que a oposição ao regime de Daniel Ortega pretendia se manifestar para exigir a libertação de presos políticos. Nos postos de controle, os policiais requisitam veículos particulares, ônibus e detinham pessoas para questioná-las sobre os motivos de sua visita à capital. Em vários lugares, a polícia agrediu cidadãos que protestavam e manifestavam seu desacordo com o governo autoritário de Ortega e nessas ações policiais e grupos civis ou paramilitares vinculados ao sandinismo agrediram e ameaçaram jornalistas. A violência contra jornalistas e membros eclesiásticos continuou em julho de 2020.

O impasse dos protestos ainda continua em 2021.

Bibliografia recomendada:

Out of Nowhere:
A history of the Military Sniper,
Martin Pegler.

Leitura recomendada:

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

FOTO: Sniper com baioneta calada

Fuzileiro naval venezuelano usando um traje ghillie e carregando um fuzil sniper Dragunov com baioneta calada, 2016.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 9 de dezembro de 2020.

O fuzil Dragunov do naval venezuelano tem uma baioneta porque os russos sempre tiveram uma atração pelo uso da baioneta e sempre enfatizaram o seu emprego em combate. O grande general russo Alexander Vasilyevich Suvorov disse "A bala é uma loucura; só a baioneta sabe o que está fazendo" e "Ataque com o aço frio! Avance com força com a baioneta!". Essa mentalidade permaneceu por muito tempo, e mesmo os fuzis de atiradores de elite mantiveram os reténs das baionetas até o século XXI.

Um dos estudos mais detalhados sobre o estilo de guerra russo foi publicado como "Baionetas antes de balas: O Exército Imperial russo, 1861-1914" (Bayonets Before Bullets: The Imperial Russian Army, 1861-1914, de Bruce W. Menning).

Cabe lembrar que o SVD (Snayperskaya Vintovka Dragunova, literalmente Fuzil Sniper Dragunov) foi o primeiro fuzil projetado para essa função ao invés de ser adaptado para ela. A Venezuela comprou um lote de mil fuzis Dragunov em 2007.

Nos anos 1920 e 30, a União Soviética iniciou um massivo rearmamento e os snipers foram um ponto focal dessa evolução. O exército, chamado na época "Exército Vermelho dos Operários e Camponeses" (Raboche-Krest'yanskaya Krasnaya Armiya, RKKA), era deixado à míngua e subfinanciado em favor das forças de segurança internas, como o NKVD (e o OGPU, que foi passado para o NKVD em 1934), que investiu pesadamente em equipamentos e treinamento para atiradores de elite nesse período, com lunetas baseadas nos modelos Zeiss. À partir de 1926 os soviéticos produziram lunetas baseadas nos modelos Zeiss-Jena e Emil Busch. À partir de 1932 os soviéticos produziram a luneta PE, uma versão melhorada do modelo Busch, e com as experiências da Guerra Civil Espanhola foi criado o modelo PEM, a melhor luneta dos snipers soviéticos. De 1932 a 1938, cerca de 54 mil lunetas foram produzidas e entregues ao exército e NKVD, e o culto ao sniper - snayperskaya - foi amplamente promovido nas forças soviéticas; todos mantendo uma baioneta.

Bibliografia recomendada:

Bayonets before bullets:
The Imperial Russian Army, 1861-1914.
Bruce W. Menning.

Out of Nowhere:
A History of the Military Sniper.
Martin Pegler.

Leitura recomendada:

GALERIA: Snipers no Forças Comando na República Dominicana, 3 de novembro de 2020.

GALERIA: Competição Jäger Shot 2020 na Alemanha, 2 de dezembro de 2020.

FOTO: Sniper separatista na Ucrânia16 de maio de 2020.

FOTO: Sniper vietnamita durante a Operação Mouette15 de outubro de 2020.

FOTO: Posto sniper na Chechênia15 de outubro de 2020.

FOTO: Tocando a baioneta28 de fevereiro de 2020.

PINTURA: Ataque à baioneta, 1915, 23 de fevereiro de 2020.

domingo, 8 de novembro de 2020

A Venezuela está comprando petróleo iraniano com aviões cheios de ouro


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 8 de novembro de 2020.

O Irã recebeu ouro da Venezuela pelas cargas de combustível que Teerã enviou ao país latino-americano, disse um comandante do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) no fim de semana, conforme noticiado pelo Middle East Monitor em setembro.

Cinco meses depois que as autoridades iranianas negaram o recebimento do pagamento pelo combustível enviado para a Venezuela, o mais alto assessor do líder supremo Ali Khamenei confirmou, em 27 de setembro, que o Irã recebeu ouro pelos carregamentos. Em 30 de abril desse ano, o representante especial dos EUA para a Venezuela, Elliott Abrams afirmou que “Os aviões que estão vindo do Irã e trazendo coisas para a indústria do petróleo estão voltando com os pagamentos por essas coisas: ouro”.

Notícias da época do relatório de Abrams afirmavam que havia uma ponte aérea entre o Irã e a Venezuela já em abril, quando as linhas aéreas iranianas Mahan realizaram vários vôos. A Mahan Air está sob sanções dos Estados Unidos por transportar armas e ser usada pela Guarda Revolucionária em suas operações no exterior. O Ministério das Relações Exteriores do Irã e outras autoridades rejeitaram os comentários de Abrams na época, dizendo que o objetivo de tais acusações era "exercer mais pressão" sobre o Irã.

Sem dinheiro e desesperado por ajuda para sustentar sua indústria de petróleo, a Venezuela está saqueando seus cofres de ouro e entregando toneladas de barras para seu exótico aliado, o Irã. De acordo com o Major General Yahya Safavi do IRGC, o Irã transportou o ouro da Venezuela para Teerã por meio de aviões a fim de "prevenir qualquer acidente durante o trânsito".

O Irã tem uma relação estreita com o governo venezuelano anti-EUA desde os dias do presidente Hugo Chávez, em meados dos anos 2000.

General Yahya Rahim-Safavi, IRGC.

Aviões no lugar de navios

Depois que o Irã entregou condensado à Venezuela por meio de um navio-tanque com bandeira do Irã, o mesmo navio-tanque carregou petróleo bruto venezuelano em um terminal no país latino-americano, informou a Bloomberg em setembro de 2020, citando um relatório de embarque. Irã e Venezuela também trocaram recentemente petróleo bruto, desafiando as sanções dos EUA.

Além de ajudar com os serviços de petróleo, o Irã declarou estar pronto para ajudar a Venezuela a lidar com sua severa escassez de gasolina e no início deste ano conseguiu enviar cargas de combustível para o país latino-americano, que detém as maiores reservas de petróleo do mundo.

A Guarda Costeira dos Estados Unidos interceptou e apreendeu quatro desses carregamentos de gasolina com destino à Venezuela em agosto. Isso forçou a mudança do modal de transporte marítimo para o aéreo. A transportadora Mahan Air, com sede em Teerã, já vôou com mais de meia dúzia de jatos para o país sul-americano apenas na última semana de abril.

A maioria entregou aditivos para gasolina, peças e técnicos para ajudar a consertar uma refinaria importante ao longo da costa noroeste da Venezuela. Enquanto isso, Mahan enviou outros aviões para o aeroporto internacional fora de Caracas, onde são carregados com as barras de ouro para serem levados de volta a Teerã, disseram fontes internas que pediram anonimato porque não estão autorizadas a falar publicamente sobre as transações.

Com grande parte do pessoal do banco central isolado em casa, o transporte das barras de ouro em carros blindados para serem levados ao aeroporto foi discreto e conduzido por funcionários e oficiais de segurança fortemente armados à partir dos cofres localizados no centro de Caracas.

Só na última semana de abril a Venezuela carregou 9 toneladas de ouro, no valor de cerca de US$ 500 milhões, em aviões para o Irã, em troca da ajuda iraniana para consertar refinarias em ruínas na Venezuela, disseram fontes internas à Bloomberg.

Com o colapso dos preços do petróleo, o ouro em Caracas é agora uma fonte ainda mais importante de riqueza para a Venezuela, que caiu na pobreza extrema sob o governo socialista de Maduro. Embora o país tenha cerca de 70 toneladas de ouro em seus cofres, vendê-lo está cada vez mais difícil, conforme noticiou o Bloomberg em sua seção de economia.

Depois de uma breve - e rara trégua - a moeda da Venezuela está mais uma vez em queda livre e a inflação recomeçou a subir, com a taxa anual subindo para cerca de 3.500%. Uma quarentena estrita para combater a pandemia do coronavírus está começando a apresentar rachaduras e o risco de maior agitação social está crescendo enquanto a Venezuela tenta freneticamente garantir comida e combustível.

Uma aliança, no mínimo, exótica

Comandos venezuelanos ativação do Comando Geral de Operações Especiais "General em Chefe Félix Antonio Velásquez" como parte da Operación Soberanía Bolivariana 2017; uma operação de defesa contra "a agressão imperialista" dos Estados Unidos.

As duas nações - ambas párias nos círculos internacionais - estão trabalhando juntas ainda mais enquanto tentam resistir às duras sanções dos EUA e ao colapso do preço do petróleo causado pelo coronavírus, sua principal fonte de receita. Para o Irã, os acordos fornecem uma nova fonte de receita. Para a Venezuela, eles garantem que seu fornecimento de gasolina não acabe totalmente.

Quando o antecessor de Maduro, o falecido Hugo Chávez, estava no poder, ele e o então líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad fecharam acordos em uma variedade de projetos de energia, agrícolas e financeiros. Eles até abriram uma fábrica conjunta de montagem de automóveis a oeste de Caracas. O Irã também está ajudando a Venezuela na prevenção de ataques cibernéticos, disse o oficial militar iraniano. Irã e Venezuela, ambos sob sanções dos Estados Unidos que visam cortar suas exportações de petróleo, aumentaram a cooperação nos últimos anos.

O conselheiro de Khamenei também disse: “Hoje os venezuelanos são comunistas, mas se mantiveram firmes contra os americanos, então vamos ajudá-los”. Rahim-Safavi também revelou que Teerã está ajudando Caracas com softwares, “estabelecendo forças de mobilização popular” e “prevenindo ataques cibernéticos”. Ele acrescentou que “qualquer país muçulmano ou não-muçulmano que precisar de ajuda [contra os americanos], nós ajudaremos, mas eles terão que pagar por isso”.

Spetsnaz russo em um prédio público sírio.
Atrás dele os retratos do atual ditador Bashar al-Assad e seu pai, Hafez al-Assad.

Continuando seus comentários, o general do IRGC disse: “Recebemos dólares em dinheiro por cada assistência que prestamos ao Iraque. Com a Síria temos um acordo e recebemos certas coisas. Claro, os russos se beneficiam mais com a Síria do que nós.”

O Irã luta na Síria quase desde o início da guerra civil do país em 2011. Teerã mobilizou dezenas de milhares de forças de fachada que equipa, alimenta e paga. Algumas estimativas dizem que mais de US$ 15 bilhões foram gastos para apoiar o homem forte sírio Bashar al-Assad.

Vídeo recomendado:

Jack Ryan Is Lying About Venezuela
Jack Ryan está mentindo sobre a Venezuela


Bibliografia recomendada:

A Obsessão Antiamericana:
Causas e Inconseqüências.
Jean-François Revel,
da Academia Francesa.

Leitura recomendada:

O desafio estratégico do Irã e da Venezuela com as sanções13 de setembro de 2020.

A influência iraniana na América Latina15 de setembro de 2020.

O papel da América Latina em armar o Irã16 de setembro de 2020.

Poderia haver uma reinicialização da Guerra Fria na América Latina?4 de janeiro de 2020.

GALERIA: Ativação do Comando de Operações Especiais venezuelano30 de agosto de 2020.

Um olhar mais profundo sobre a interferência militar dos EUA na Venezuela, 4 de abril de 2020.

FOTO: O jovem cadete Hugo Chavez27 de março de 2020.

domingo, 30 de agosto de 2020

GALERIA: Ativação do Comando de Operações Especiais venezuelano

 

Comandos da 99ª Brigada de Operações Especiais do Exército da Venezuela.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 30 de agosto de 2020.

No dia 17 de agosto de 2017, o "General en Jefe" (G/J) Vladimir Padrino López ativou o Comando Geral de Operações Especiais "General em Chefe Félix Antonio Velásquez" como parte da Operación Soberanía Bolivariana 2017; uma operação de defesa contra "a agressão imperialista" dos Estados Unidos. A unidade militar está localizada no setor La Placera de Maracay, em Aragua.

O G/J Padrino López avisou que “desde o império falam de um Estado falido; primeiro falavam de democracia, já mostraram esse conceito, que faz parte de toda a cadeia de ações que vem se armando com a edição do decreto de 2015, onde declararam o país como uma ameaça incomum para os Estados Unidos”.

O General Padrino López também possui os pomposos títulos de Vice-Presidente Setorial de Soberania Política, Segurança e Paz, e de Ministro do Poder Popular para a Defesa (ministro da defesa).

Durante sua intervenção, o General Padrino López afirmou que “a Venezuela é um assunto de interesse nacional. Recusamo-nos terminantemente a entregar o país a qualquer império". Ele também explicou que a formação de forças de ação especial, tropas de ação rápida e forças especiais é um dos conceitos mais revolucionários no campo da defesa venezuelana.

O general-ministro ainda assegurou que a Revolução Bolivariana é formada pelo povo venezuelano e que “sem vocês não somos nada, daí a importância da união cívico-militar para a defesa de nossa Pátria”.

Comando de Operaciones Especiales "General en Jefe Félix Antonio Velásquez" está incorporado ao Comando Estratégico Operacional da Fuerza Armada Nacional Bolivariana (FANB), sob o comando do Almirante-em-Chefe Remigio Ceballos Ichaso, dos fuzileiros navais.

Boinas pretas com o distintivo das forças especiais do exército.

O Comando leva o nome do Major-General Félix Antonio Velásquez, que foi um comandante da Milícia Nacional Bolivariana durante o governo do ditador Hugo Chavez; sendo também comandante da Casa Militar, em 2003, e do Comando da Guarda de Honra Presidencial. Ele foi assassinado em 2016 e promovido postumamente a General-em-Chefe.

Durante a cerimônia foi também ativada a 99ª Brigada de Fuerzas Especiales, que agrupa os batalhões desta especialidade do componente terrestre da FANBO seu primeiro comandante foi o General-de-Brigada Pablo José Bravo Parra. A brigada está sob o controle direto do Exército, mas é operacionalmente desdobrada com as Divisões do Exército.

A bandeira do novo Comando sendo entregue ao GB Pablo Parra (esquerda) por um fuzileiro naval.

Ordem de batalha da 99ª Brigada:

  • QG da Brigada
  • 107º Batalhão de Operações Especiais "General en Jefe Jose Gregorio Monagas";
  • 509º Batalhão de Operações Especiais (Selva) "Colonel Domingo Montes";
  • 993º Batalhão de Operações Especiais;
  • Companhia de Comando e Serviço.

Boinas vermelhas-bordô da Guarda Nacional Bolivariana (GNB).

Bibliografia recomendada:

World Special Forces Insignia.
Gordon L. Rottman.

Leitura recomendada:

Poderia haver uma reinicialização da Guerra Fria na América Latina?, 4 de janeiro de 2020.

Um olhar mais profundo sobre a interferência militar dos EUA na Venezuela, 4 de abril de 2020.

Quando a China se instala na América Latina, 30 de agosto de 2020.

Os Mercenários e o Ditador: Ex-Boinas Verdes americanos são condenados por golpe fracassado quixotesco na Venezuela, 9 de agosto de 2020.

GALERIA: Graduação no ANASOC, 13 de abril de 2020.

GALERIA: Comandos Anfíbios Argentinos com o FAMAS17 de julho de 2020.

Quando a China se instala na América Latina

Por Nashidil RouiaïDario Ingiusto, Areion24, 15 de janeiro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 30 de agosto de 2020.

A China tornou-se em poucos anos um importante parceiro econômico e financeiro dos países da América Latina e do Caribe. Vários estados da região adotaram, portanto, o principal programa da República Popular no comércio e infraestrutura mundial, a “Nova Rota da Seda”.

Há muito tempo considerada o quintal dos Estados Unidos, a América Latina e o Caribe gradualmente se voltaram para a China. No espaço de uma década, a China se tornou seu segundo maior parceiro comercial, com o volume de comércio de mercadorias aumentando de US$ 12 bilhões para US$ 307,4 bilhões entre 2000 e 2018.

Cartografia de Dario Ingiusto.

A República Popular também é o principal credor dos países latino-americanos. O valor de seus empréstimos superou o do financiamento do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Entre 2008 e 2018, mais de US$ 153 bilhões foram emprestados por Pequim, grande parte para o Brasil e a Venezuela. A China deseja garantir os recursos estratégicos úteis para as suas necessidades internas, em primeiro lugar hidrocarbonetos, recursos minerais e produção de alimentos. Assim, 88% dos empréstimos referem-se a projetos de energia e infraestrutura.

Essa estratégia permite que as empresas chinesas entrem em novos mercados. Várias barragens e usinas hidrelétricas foram construídas por empresas chinesas na floresta amazônica e na Patagônia. E enquanto milhares de quilômetros de ferrovias estão em construção no Brasil, Peru e Venezuela, chineses e argentinos negociaram em março de 2019 a construção de uma instalação nuclear de 8 bilhões de dólares em Atucha, na província de Buenos Áreas. Espera-se que esses grandes projetos continuem: quinze países da região foram integrados à iniciativa da “Nova Rota da Seda”, e a Jamaica e o Peru ratificaram protocolos de intenção em abril de 2019. Embora eles sejam bem recebidos por atores econômicos regionais, esses projetos são alvo de críticas de populações locais e associações ambientalistas.

A presença chinesa também envolve tecnologia. Desde 2017, a Bolívia lançou um sistema de resposta a desastres naturais desenvolvido por uma empresa chinesa e financiado por um empréstimo de Pequim. Enquanto o Equador adotou a vigilância de espaços públicos desenvolvida pela China, a Venezuela usa tecnologia chinesa por meio de um documento de identidade emitido em janeiro de 2017. Esse “caderno da pátria” tornou-se necessário para se beneficiar da ajuda social concedida pelas autoridades, mas ativistas de direitos humanos denunciam seu uso para fins de vigilância ou para invadir a vida privada. Do ponto de vista cultural, a República Popular está suprindo sua falta de influência com o estabelecimento de Institutos Confúcio, inclusive em parceria com universidades locais. Em agosto de 2019, eram 43, incluindo 10 no Brasil. Além de aumentar seu poder sobre uma região onde os Estados Unidos têm uma influência histórica, Pequim também está assumindo uma liderança decisiva sobre Taiwan, já que os últimos aliados globais de Taipei estão principalmente na América Latina.

Bibliografia recomendada:

China versus Ocidente:
O deslocamento do poder global no século XXI.

Leitura recomendada:


O coronavírus pode ser o fim da China como centro global de fabricação, 10 de março de 2020.

A China está cada vez mais preocupada com "humilhação" à medida que o Japão financia o êxodo de empresas19 de agosto de 2020.

França interrompe ratificação de tratado de extradição com Hong Kong após lei de segurança5 de agosto de 2020.

China lança lições de patriotismo para jovens rebeldes de Hong Kong21 de julho de 2020.

A China está preenchendo a lacuna do tamanho da África na estratégia dos EUA14 de março de 2020.

Viva Laos Vegas - O Sudeste Asiático está germinando enclaves chineses13 de maio de 2020.

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

FOTO: Kaibiles na inauguração da Escuela de Comandos

Kaibiles durante a abertura da Escuela de Comandos (Escola de Comandos), em 5 de dezembro de 1974. À esquerda da insígnia Kaibil, o futuro General Pablo Nuila Hub. 

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 17 de agosto de 2020.

A Escola de Comandos, em Melchor de Mencos, na Guatemala, foi renomeada três meses depois como Centro de Adiestramiento y Operaciones Especiales Kaibil (Centro de Adestramento e Operações Especiais Kaibil). Em 12 de janeiro de 1989, a escola foi transferida para Poptún, ainda no departamento de Petén.

Os Kaibiles atualmente estão inseridos na Brigada de Operaciones Especiales "General de Brigada Pablo Nuila Hub":
  • Batallón de Fuerzas Especiales “Kaibiles”;
  • Brigada de Paracaidistas "General Felipe Cruz";
  • I Batallón de Paracaidistas;
  • II Batallón de Paracaidistas;
  • Escuela Militar de Paracaidismo.
Bibliografia recomendada:

Los Kaibiles.
General Jorge Antonio Ortega Gaytán.

Leitura recomendada: