quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

As Forças de Defesa de Israel fazem uma abordagem ampla ao lidar com a ameaça iraniana

Por Yaakov Lappin, Israel Hayom, 13 de novembro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 16 de dezembro de 2020.

A recém-formada Diretoria de Estratégia e Terceiro Círculo (Strategy and Third Circle Directorate) tem uma visão holística da ameaça iraniana, que se estende de seu território até as fronteiras de Israel, e descreve como a nova abordagem otimiza a prontidão de Israel para perigos futuros.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) recentemente formadas pela Diretoria de Estratégia e Terceiro Círculo (uma referência aos países da periferia do terceiro círculo de Israel com o Irã sendo o ponto focal) representa uma nova abordagem para avaliar e preparar as ameaças emergentes de segurança mais significativas de Israel.

Em declarações ao JNS [Jewish News Syndicate], uma fonte militar israelense esclareceu as razões que levaram à fundação da nova diretoria. O principal raciocínio, disse ele, foi a necessidade de criar uma visão abrangente e holística dos desafios em desenvolvimento para Israel e de ver as ameaças que começam em solo iraniano e alcançam as fronteiras de Israel por meio de lentes unificadas, em vez de ver os desenvolvimentos de forma restrita um do outro.

"Contra isso, temos que desenvolver uma gama de capacidades - para estarmos prontos a qualquer minuto para qualquer desenvolvimento e também para o outro lado ser suficientemente dissuadido - e saber que Israel tem a capacidade de responder inequivocamente a qualquer ação ou desejo pelo inimigo", disse a fonte.

Em vez de identificar incidentes ou desafios em um único setor, a nova diretoria analisa ameaças (e oportunidades) de maneira ampla e fornece recomendações rápidas sobre as etapas operacionais.

A formação da diretoria é baseada na nova estratégia das FDI formulada pelo Chefe do Estado-Maior Geral, Tenente-General Aviv Kochavi. A estratégia prevê melhorias para a Diretoria de Operações das FDI (responsável por planejar o uso da força militar), a Diretoria de Inteligência e a Diretoria de Planejamento (responsável por construir as forças das FDI).

"Uma visão holística do mapa geoestratégico"

Fundada na década de 1970, a Diretoria de Planejamento tradicionalmente lidava com o aumento da força, mas também com estratégia e cooperação com militares estrangeiros. Sob o novo programa Momentum das FDI, o Estado-Maior das FDI decidiu dividir a Diretoria de Planejamento em duas organizações: uma que se concentraria no aumento da força de maneira dedicada e uma diretoria separada que se concentraria nos desafios estratégicos cada vez mais complexos que se desenvolvem em o Oriente Médio.

O resultado foi a criação da Diretoria de Estratégia e Terceiro Círculo, que “tem uma visão holística dos principais desenvolvimentos da região e do mapa geoestratégico”, afirmou a fonte.

“Em relação ao Irã, lidamos com a ameaça que começa no próprio país - seu programa nuclear, seus mísseis superfície-superfície. A ameaça regional iraniana e o desejo do Irã de aprofundar sua influência no Oriente Médio”, afirmou.

Além disso, disse ele, "o mundo das ameaças estratégicas não se trata apenas de lidar com bombas. Existem forças estratégicas brandas em ação também, e as agências de segurança têm que lidar com isso".

"Compreendemos que tínhamos que fortalecer nosso tratamento da ameaça iraniana, bem como fortalecer o processo de formação de força das FDI. Começamos a conduzir o trabalho da sede no Estado-Maior. Acreditamos que essa foi a decisão certa a ser tomada", acrescentou a fonte militar.

O pessoal da nova diretoria "acorda todas as manhãs para se concentrar em duas coisas principais: estabelecer uma estratégia abrangente para as FDI e ser um órgão que pode olhar para o Irã de forma ampla, em vez de lidar com o Irã de maneira compartimentada", disse ele.

A nova diretoria foi criada em junho. Inclui uma Sede do Irã, uma Divisão de Estratégia e a Divisão de Cooperação Internacional.

A diretoria está sob o comando do Major General Tal Kelman, o ex-Chefe do Estado-Maior da Força Aérea de Israel.

Dentro da Diretoria de Estratégia e Terceiro Círculo, a Sede do Irã agora forma uma única agência centralizada que integra todas as atividades relacionadas ao Irã - uma grande mudança em relação ao passado, quando vários órgãos das FDI faziam isso.

“O principal papel do 'oleoduto unificado' [a sede do Irã] é como lidar com a ameaça iraniana. Chamamos isso de 'fase de projeto'”, explicou a fonte.

Em operação desde junho, a Sede do Irã está em contato próximo com a Divisão de Estratégia, que naturalmente também está profundamente preocupada com o Irã.

"Juntos, eles lidam com a modelagem da ativação da força e do aumento da força", disse a fonte. "O quartel-general vê o quadro completo... isso nutre os planos de aumento de força. Isso influencia o que as FDI decidem fazer [em termos de desenvolvimento de força]."

O pessoal na sede do Irã inclui oficiais da força aérea, inteligência e estrategistas, a fim de criar um quadro o mais amplo possível. A sede do Irã deve ter uma boa conexão com outras partes das FDI e ser capaz de falar uma língua comum, enfatizou a fonte.

A Divisão de Estratégia, por sua vez, analisa a política, traça diretrizes e define as realizações desejadas das FDI. Também ajuda a definir a inteligência necessária para ativar a força militar e molda o processo de formação de força das FDI. O resultado final, disse a fonte, é uma entidade que fornece respostas não apenas às ameaças que se desenvolvem na fronteira com a Síria ou em Gaza, mas que pode conectar os pontos e colocar os desenvolvimentos no contexto do conceito estratégico e ideologia do Irã.

A fonte descreveu o objetivo abrangente do Irã como a criação de "um crescente profundo que cria uma ameaça ao Estado de Israel". Ao lidar com uma ameaça tão grande quanto o Irã, ele disse, "nunca vá até a fruta. Vá até o tronco da árvore". A fonte reconheceu que isso representa uma grande mudança conceitual nas FDI.

"Você pode apagar um incêndio aqui e outro ali, mas quando uma organização trabalhando contra você tem um conceito profundo, você não pode fazer uma abordagem pontual. Por isso, montamos a sede para evitar apenas olhar para o Band-Aid e para ver o todo", disse ele.

A nova diretoria também inclui a Divisão de Cooperação Internacional, que é responsável pela comunicação, coordenação e cooperação com outras forças armadas.

“A Divisão de Cooperação Internacional não lida com mísseis e bombas, mas sim como se conectar com outras forças armadas para promover nossas conquistas à luz da estratégia e implementação das FDI”, disse a fonte.

Ele depende de adidos de defesa para transmitir mensagens, explicando as decisões estratégicas israelenses. "Os Estados precisam saber por que fazemos o que fazemos. Também trabalhamos com os adidos para melhorar nossa formação de força e cooperação", disse ele.

A diretoria também desempenha um papel em quaisquer negociações políticas que tenham ramificações de defesa, como as negociações de Israel com o Líbano sobre as fronteiras marítimas no Mar Mediterrâneo. Um representante da Divisão Estratégica acompanha essas conversas.

“A Divisão de Cooperação Internacional tem uma conexão muito clara com a estratégia”, disse a fonte. Em última análise, disse ele, "temos que construir uma força que forneça respostas a um amplo espectro de possibilidades."

Bibliografia recomendada:

Introdução à Estratégia.
André Beaufre.

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Israel provavelmente enfrentará guerra em 2020, alerta think tank1º de março de 2020.

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Por que a Rússia realmente interrompeu seu fornecimento de S-400 para a China

Primeiro-ministro Narendra Modi, presidente da China Xi Jinping, presidente russo Vladimir Putin na Cúpula do G20, 2016.

Por Probal Dasgupta, The Print, 12 de novembro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 15 de dezembro de 2020.

A Rússia quer ter um papel maior no sul da Ásia agora. Mesmo que atrapalhe o relacionamento com a China.

Enquanto a disputa Índia-China grassava no Himalaia ao longo deste ano, ambos os lados correram para estocar sistemas de mísseis e aeronaves. Mas, embora a Rússia tenha confirmado que estava a caminho de entregar cinco esquadrões de sistemas de defesa aérea S-400 Triumpf à Índia, não fez a mesma promessa à China. Moscou decidiu suspender o fornecimento dos S-400 para a China.

O S-400 é um moderno sistema de defesa antimísseis superfície-ar capaz de interceptar e destruir mísseis e aeronaves inimigas com um alcance de até 400km.

Em 2018, apesar da ameaça de sanções dos EUA, a Índia escolheu corretamente o S-400 da Rússia em vez dos mísseis americanos Patriot Advanced Capability (PAC-3) e THAAD (Terminal High Altitude Area Defense). Seguiu-se uma explosão previsivelmente ultrajante do presidente Donald Trump contra a decisão da Índia. Este ano, porém, sob uma série de negócios de armas, foi enterrada uma notícia que levantou algumas sobrancelhas. Os S-400 prometidos pela Rússia à China não chegaram. Correram boatos de que a Covid-19 pode ter sido o motivo do atraso. Mas parece que Moscou tomou uma posição deliberada.

Em fevereiro de 2020, Valery Mitko, um dos principais cientistas árticos da Rússia, foi preso sob a acusação de, alegadamente, passar segredos sobre tecnologia de detecção de submarinos para a China. Mais tarde, em junho, após investigações, um tribunal da Rússia estendeu sua prisão domiciliar. Cientistas russos têm estado sob uma nuvem por causa de ligações com a China nos últimos dois anos e o incidente de Mitko agravou uma crescente suspeita que paira sobre uma colaboração de conveniência entre a China e a Rússia. Um mês após a decisão do tribunal sobre Mitko, a Rússia optou por suspender o fornecimento de mísseis à China.

Manifestação anti-chinesa na Índia.

Rivalidade China-Rússia

Na Ásia, a China se encontra em uma vizinhança hostil de estados litorâneos no Mar da China Meridional, piorada com a entrada dos Estados Unidos no Indo-Pacífico com seus aliados. A conversa sobre o renascimento do Quad envolvendo os EUA, Japão, Índia e Austrália é um exemplo. Dado seu status de isolado, um relacionamento estável com a Rússia assumiu uma importância crítica para a China. Uma China desconfiada, entretanto, sente que sua dependência da tecnologia de armas russa a torna vulnerável. O que pode ter levado à espionagem na Rússia e provavelmente no caso Mitko. Moscou, por outro lado, precisa de investimentos chineses para desenvolver portos e infraestrutura na região ártica, mas teme que Pequim possa reduzir sua influência na indústria de defesa e na Ásia Central.

No início da década de 1990, o colapso da União Soviética coincidiu com a ascensão da China. À medida que os EUA consolidavam seu status de única superpotência, Pequim e Moscou se uniram para desafiar a hegemonia americana. Os interesses russos, porém, estavam restritos à Ásia Central e ao Oriente Médio - visto que a natureza da postura militar na região se adequava ao manual russo tipicamente intrusivo. Seus interesses no Leste Asiático, dominado pela China, permaneceram principalmente marginais. No entanto, a deterioração das relações na vizinhança em torno do Mar da China Meridional e do Sul da Ásia pode fazer com que uma indústria de armamentos russa interessada entre na ponta dos pés. Enquanto uma rivalidade oculta limita sua colaboração com a China, a Rússia discretamente aumenta suas apostas de negociação no Leste Asiático.

Oficiais chineses e indianos na fronteira.

Em vez de seu alcance político-militar arquetípico que poderia perturbar a China, a Rússia usou uma rota de comércio de poder suave para fortalecer seu relacionamento com o Japão e a Coréia do Sul. Em 2017, o Japão e a Coréia do Sul representaram 7 por cento das exportações russas (contra 11 por cento para a China).

De acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Stockholm International Peace Research InstituteSIPRI), a Rússia aumentou substancialmente seu fornecimento de armas para o Sudeste Asiático nesta década. O ex-PM Dmitry Medvedev usou plataformas multilaterais como a ASEAN para se reunir com líderes do Laos, Tailândia e Camboja no ano passado. O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, chamou Vladimir Putin de “meu herói favorito”. E para regimes autoritários como o Camboja, a Rússia é uma presença menos exigente do que o Ocidente.

O único intermediário agora

Uma China ambiciosa, sob o comando de Xi Jinping, afirmou-se em regiões fora da Ásia Oriental. Qualquer impulso para a Ásia Central e Oriente Médio preocupa a Rússia, que gostaria de manter um cartão do Leste Asiático mais forte. Isso explica as relações da Rússia com países do Leste Asiático, onde a China tem novos inimigos. Isso também explica por que a Rússia provavelmente manterá a Índia do seu lado. Na frente dos EUA, o novo governo de Joe Biden poderia reabrir divergências anteriores com a Rússia, incluindo na Ucrânia e Bielo-Rússia. O silêncio de Moscou sobre a vitória de Biden nas eleições é um indicador, assim como o silêncio de Pequim indica a expectativa de uma linha americana firme e obstinada.

Tropas russas durante os exercícios militares Vostok-2018 (Leste-2018) no campo de treinamento de Tsugol, não muito longe das fronteiras com a China e a Mongólia na Sibéria, em 13 de setembro de 2018.

A Rússia e a China evoluíram muito em sua relação histórica e, hoje, compartilham o que Parag Khanna chama de “um eixo de conveniência ao invés de uma aliança real”. Cinquenta anos atrás, patrulhas chinesas engajaram um posto avançado soviético em uma ilha ao largo do rio Ussuri. Os soviéticos retaliaram, obliterando uma brigada militar chinesa inteira. Os beneficiários, então, foram os americanos, que acreditavam que o inimigo de um inimigo era seu amigo, e ficaram do lado dos chineses. Meio século depois, enquanto os russos suspeitam que uma China agora poderosa possa enganá-los novamente, estes precisam deles contra a América e seus aliados. Vasily Kashin, do Instituto de Estudos do Extremo Oriente da Academia Russa de Ciências, afirma: "A China não pode se dar ao luxo de alienar um vizinho que é um importante poder militar e de recursos por si só".

Anunciar-se como um mediador ativo entre a Índia e a China não é exatamente o estilo da Rússia, mas ela nunca se esquivou de hospedar cúpulas de paz (Tashkent em 1965 foi um exemplo). Em setembro deste ano, os chanceleres da Índia e da China se reuniram em Moscou e concordaram que os comandantes militares dos dois países precisavam dar continuidade ao diálogo. A Rússia sabe que pode reivindicar maior relevância na região por ser a intermediária, já que é a única potência aceitável para os dois vizinhos em guerra. Em uma região fragmentada e turbulenta da Ásia, uma mão sagaz russa deve desempenhar um papel fundamental.

Probal Dasgupta é um ex-oficial do Exército e autor do livro Watershed 1967: India’s Forgotten Victory over China (Divisor de Águas 1967: a vitória esquecida da Índia sobre a China).

Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:

A Índia pode vencer a China em uma guerra de fronteira?, 21 de junho de 2020.

Chefe do estado-maior indiano não descarta "conflito maior" com a China sobre Ladakh7 de novembro de 2020.

Tanques, navios e fuzis de assalto: a Índia ainda compra a maior parte de suas armas da Rússia25 de fevereiro de 2020.

Os condutores da estratégia russa, 16 de julho de 2020.

Game Changer: A Rússia pode ter o sistema de defesa aérea S-400 na Líbia19 de setembro de 2020.

VÍDEO - Tanque Merkava IV destruindo um veiculo utilitário

O MBT Merkava IV das forças de defesa de Israel está entre os mais capazes tanques do mundo. Você já se pegou pensando sobre como seria se um canhão de 120 mm de um tanque disparasse contra um carro civil? Esse vídeo vai sanar essa duvida! 
para conhecer mais detalhes do Merkava IV, visite a matéria clicando aqui!

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Irã envia a maior frota de petroleiros de todos os tempos para a Venezuela

Fortune, navio-tanque de bandeira iraniana, depois de atracar na refinaria El Palito em Puerto Cabello, estado de Carabobo, Venezuela, em 26 de maio de 2020. (Folheto via Anadolu/ Getty Images)

Por Fabiola Zerpa, Ben Bartenstein e Peter Millard, Al-Jazeera, 6 de dezembro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 15 de dezembro de 2020.

Desafiando as sanções dos EUA, o Irã envia uma flotilha de cerca de 10 navios para ajudar a nação latino-americana a lutar contra a escassez de combustível.

O Irã está enviando sua maior frota de petroleiros para a Venezuela, desafiando as sanções dos EUA para ajudar a nação isolada a enfrentar uma terrível escassez de combustível, de acordo com informações internas. Algumas das flotilhas de cerca de 10 navios iranianos também ajudarão a exportar petróleo venezuelano depois de descarregar o combustível, disseram as fontes, pedindo para não serem identificadas porque a transação não é pública.

O regime de Nicolas Maduro está ampliando sua dependência do Irã como um aliado de último recurso depois que até mesmo a Rússia e a China evitaram desafiar a proibição dos EUA ao comércio com a Venezuela. A crise de combustível do país segue-se a décadas de má gestão, corrupção e sub-investimento na estatal Petroleos de Venezuela, desde a época do falecido mentor e antecessor de Maduro, Hugo Chávez. O país que já foi um grande fornecedor de petróleo para os EUA e ostentava um dos menores preços domésticos da gasolina no mundo, agora mal consegue produzir qualquer combustível.

Os últimos carregamentos de combustível iraniano enviados no início de outubro em três navios estão se esgotando, ameaçando uma escassez mais acentuada em todo o país com filas de horas nos postos de gasolina. A atual frota à caminho tem quase o dobro do tamanho daquela que surpreendeu os observadores internacionais pela primeira vez em maio [de 2020], cruzando um Mar do Caribe patrulhado pela Marinha dos Estados Unidos, para ser saudada pelo próprio Maduro na chegada.

“Estamos observando o que o Irã está fazendo e garantindo que outros carregadores, seguradoras, armadores e capitães de navios percebam que devem ficar longe desse comércio”, disse Elliott Abrams, representante especial dos EUA para o Irã e a Venezuela, em setembro.

Vários navios que transportaram combustível para a Venezuela no início deste ano, incluindo Fortune e Horse, desligaram seu sinal de satélite pelo menos dez dias atrás, de acordo com dados de rastreamento de petroleiros da Bloomberg. Desligar transponders é um método comumente usado por navios na esperança de evitar a detecção. Em outros casos de ajuda iraniana à Venezuela, os nomes dos navios foram ocultados e alterados para ocultar o registro do navio. O ministério do petróleo em Teerã não quis comentar o assunto. As mensagens enviadas a vários funcionários da PDVSA, como é conhecida a estatal de petróleo da Venezuela, não foram respondidas imediatamente.

Uma fila de carros espera para reabastecer em frente a um posto de gasolina da PDVSA em Caracas. (Bloomberg)

Ficando sem dinheiro

Além de importar combustível, a Venezuela também precisa exportar petróleo bruto suficiente para liberar espaço de armazenamento e evitar paradas de campo, uma tarefa dificultada pelas sanções contra o regime de Maduro.

A produção da rede de seis refinarias da Venezuela entrou em declínio constante, com derramamentos e acidentes se tornando rotina. O governo de Maduro aumentou a pressão sobre a infraestrutura mal mantida para garantir a produção para o consumo local. As sanções dificultaram a importação de peças ou a contratação de empreiteiros, e o regime de Maduro está ficando sem dinheiro.

Consequentemente, os dois países também estão discutindo maneiras do Irã ajudar a Venezuela a reformar sua refinaria Cardon, a última usina de combustível lá ainda operando mais ou menos regularmente, disseram fontes internas. Em 2018, as empresas petrolíferas chinesas também procuraram ajudar a Venezuela a consertar suas refinarias, mas perderam o interesse após uma revisão das instalações, disseram fontes a par dos planos.

Não está claro se os iranianos seriam capazes de alcançar o que os chineses não conseguiram. As refinarias da Venezuela foram construídas e operadas por décadas pelas grandes petrolíferas dos EUA e da Europa até a nacionalização na década de 1970. Mesmo assim, a PDVSA contava com tecnologia e peças americanas para manutenção e ampliações. Isso significa que os iranianos precisarão fazer certas peças do zero para realizar os principais reparos. Algumas reparações feitas em junho e julho ainda não foram bem-sucedidas e quatro empreiteiros locais ainda estão realizando os reparos, disse uma das fontes internas.

Maduro está sob renovada pressão internacional depois que a oposição decidiu boicotar as eleições de 6 de dezembro para a Assembléia Nacional, que são amplamente consideradas como supervisionadas por partidários de Maduro. Maduro espera um grande comparecimento para alegar que tem apoio público.

Vídeo recomendado:


Jack Ryan Is Lying About Venezuela
Jack Ryan está mentindo sobre a Venezuela

Bibliografia recomendada:

A Obsessão Antiamericana:
Causas e Inconseqüências.
Jean-François Revel,
da Academia Francesa.

Leitura recomendada:

A Venezuela está comprando petróleo iraniano com aviões cheios de ouro, 8 de novembro de 2020.

Poderia haver uma reinicialização da Guerra Fria na América Latina?4 de janeiro de 2020.

Um olhar mais profundo sobre a interferência militar dos EUA na Venezuela4 de abril de 2020.

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Os Mercenários e o Ditador: Ex-Boinas Verdes americanos são condenados por golpe fracassado quixotesco na Venezuela9 de agosto de 2020.

O desafio estratégico do Irã e da Venezuela com as sanções13 de setembro de 2020.

FOTO: Sniper com baioneta calada, 9 de dezembro de 2020.

O papel da América Latina em armar o Irã16 de setembro de 2020.

FOTO: Sargento da Marinha Vietnamita processando doações

Sargento Phan Thi Bich Duyen da marinha sul-vietnamita processando doações para os desabrigados.

O texto diz:

"2º Sargento da Marinha Vietnamita Phan Thi Bich Duyen ajuda a processar suprimentos de comida, sabão, roupas e pasta de dente doados por americanos para distribuição aos vietnamitas desabrigados pela guerra".

Bibliografia recomendada:

Rolling Thunder in a Gentle Land:
The Vietnam War Revisited,
Andrew Wiest.

Leitura recomendada:

FOTO: Primeira mulher piloto dos Fuzileiros Navais Sul-Coreanos, 1º de novembro de 2020.

FOTO: J.E. O'Toole, Serviço Feminino Rodesiano1º de março de 2020.

PERFIL: Veterana da USAF estampa a capa da Playboy em três países28 de setembro de 2020.

FOTO: Sherman japonês, 6 de outubro de 2020.

Forças aéreas asiáticas recrutam mulheres pilotos de caça19 de fevereiro de 2020.

FOTO: Cavalaria Aérea na Coréia16 de maio de 2020.

FOTO: A astronauta Anna Fisher24 de fevereiro de 2020.

GALERIA: Competição de fuzileiros navais estrangeiros na Rússia

Fuzileiros navais venezuelanos saltando obstáculos.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 15 de dezembro de 2020.

É um longo caminho do Caribe, do Mar da China Meridional e do Golfo, mas ainda assim Venezuela, China e Irã desembarcaram fuzileiros navais na costa do Báltico em agosto de 2019 para uma rodada de jogos de guerra hospedados pela Rússia, que fomentou laços de defesa com os três países.

Eles exibiram sua competência na areia e na água de um campo de testes no enclave de Kaliningrado. Fotos de Vitaly Nevar para a Reuters.

Fuzileiro naval venezuelano negociando a pista de Khmelevka.

O corpo de fuzileiros navais venezuelano tem cerca de 5 mil fuzileiros.

Fuzileiros venezuelanos formando uma escada humana em um poste.

Fuzileiros navais chineses correndo na praia com uma baixa simulada.

As "baixas" são entregues a uma unidade médica russa.

Naval chinês rastejando por debaixo de arame farpado.

O corpo de fuzileiros navais chinês conta com cerca de 20 mil fuzileiros, mas é previsto que se expanda consideravelmente.

Fuzileiros navais iranianos ultrapassando um paredão.

O corpo de fuzileiros navais iraniano conta cerca de 2.600 fuzileiros.

Navais iranianos saltando um obstáculo com arame farpado.

Bibliografia recomendada:

World Special Forces Insignia.
Gordon L. Rottman.

Leitura recomendada:

PINTURA: Assalto anfíbio soviético nas Ilhas Curilas24 de novembro de 2020.

Equipe nº 1 vietnamita no segundo lugar do Grupo 2 no Biatlo de Tanques na Rússia28 de novembro de 2020.

GALERIA: Manobra dos Fuzileiros Navais russos em Kaliningrado, 11 de novembro de 2020.

GALERIA: Exercício conjunto de fuzileiros navais russos e sírios em Tartus18 de fevereiro de 2020.

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GALERIA: Comandos Anfíbios Argentinos com o FAMAS17 de julho de 2020.

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GALERIA: A Guarda Presidencial Emirática no MCAGCC5 de julho de 2020.

GALERIA: Guerra na Selva em Okinawa31 de outubro de 2020.

FOTO: Fuzileiro naval com lança-chamas28 de setembro de 2020.

FOTO: Macacos de Lotar em arranha-céu

Operadores da unidade contraterrorista Lotar, os "macacos" de Lotar, rapelando de um dos edifícios mais altos de Tel Aviv, com vista para toda a cidade, novembro de 2020.

Dois operadores Lotar, mestres de rapel (apelidos de "macacos") rapelando um dos arranha-céus Azrieli em Tel Aviv durante um exercício. Os macacos passam por 14 meses de treinamento no qual se especializam em diferentes habilidades, como arrombamento, rapel, snipers e guerra subterrânea. Os operadores Lotar, compondo um núcleo de excelência, repassam as demais unidades de elite das Forças de Defesa de Israel em sua área de expertise.

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FOTO: Caçadores de artilharia no Ártico, 13 de novembro de 2020.

FOTO: Invasão argentina das Ilhas Falklands16 de novembro de 2020.

FOTO: Assalto aeromóvel a um trem15 de dezembro de 2020.

GALERIA: Forças Especiais Sauditas no Iêmen15 de novembro de 2020.

GALERIA: Caçada ao Estado Islâmico no Iraque, 19 de novembro de 2020.

O Exército Francês tem uma "Red Team" para se preparar para a Guerra do Futuro


Por Pascal Samama, BFM Business, 14 de dezembro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 15 dezembro de 2020.

O Exército Francês está montando uma Red Team (equipe vermelha), esta equipe de 10 autores de ficção científica se baseia em dados reais para imaginar os conflitos de amanhã.

Freqüentemente, as notícias vão além da ficção, especialmente em questões de conflitos. Para se preparar para tudo, mesmo o inimaginável, os soldados franceses agora convocam a Red Team Défense (link), um grupo de comando especial criado por iniciativa do Ministério das Forças Armadas.


Esses especialistas não são guerreiros que forjaram sua experiência no terreno ou no mundo cibernético. São dez especialistas em ficção científica* (autores, roteiristas, cartunistas e designers) selecionados entre centenas para imaginar como seriam os conflitos entre 2030 e 2060.

*Jeanne Bregeon, François Schuiten, Hermès, Laurent Genefort, Romain Lucazeau, Capitaine Numericus, Virginie Tournay, DOA, Xavier Dorison et Xavier Mauméjean.

“A Red Team é o símbolo da abertura do Ministério das Forças Armadas em termos de inovação. Ela está virando a mesa. Aceitar uma mudança de perspectiva e ver suas convicções derrubadas”, declarou Florence Parly, Ministra das Forças Armadas, durante a apresentação de seu primeiro trabalho revelado durante o Fórum de Inovação em Defesa Digital.

Criada por iniciativa do Ministério das Forças Armadas, a Red Team trabalha sob a égide da Agência da Inovação de Defesa (Agence de l’innovation de défense, AID) em cooperação com o Estado-Maior das Forças Armadas (État-major des armées, EMA), da Direção-Geral de Armamento (Direction générale de l’armement, DGA) e a Direção-Geral de Relações Internacionais e Estratégia (Direction générale des relations internationales et de la stratégieDGRIS).

A população mundial em 2050 de acordo com a Red Team. (© Red Team)

Mudanças climáticas e migrações

Esta equipe declina suas propostas em quatro temporadas compostas por diferentes cenários baseados em dados demográficos, climáticos, científicos e militares. Os dois primeiros (Les nouveaux pirates et Barbaresque 3.0/ Os novos pirates e Barbária 3.0) recentemente revelados exploram as consequências demográficas, econômicas e geoestratégicas causadas pelas mudanças climáticas na forma de histórias em quadrinhos.

Considera-se que a população mundial está dividida entre os que têm um pé na terra e os apátridas obrigados a viverem em cidades flutuantes que, para sobreviver, atacam bases terrestres, em particular Kourou. Como lidar com esse conflito assimétrico?

Pirataria costeira globalizada em 2050, vista pela Red Team Défense. (© Red Team)

O segundo cenário explora as consequências da ascensão do Mediterrâneo. Ao redesenhar os contornos, provoca a migração de dezenas de milhões de seres humanos e a modificação de questões geoestratégicas. Os conflitos marítimos estão aumentando e visando embarcações comerciais autônomas. A situação é tal que as Nações Unidas autorizam esses barcos a terem armas pilotadas por uma inteligência artificial.

Dados de "segredo de defesa"


“Somos prisioneiros do nosso quotidiano. Para romper o muro da imaginação, temos de apelar às pessoas que pensam fora da caixa: os autores de ficção científica são um deles”, indica Emmanuel Chiva, diretor da AID.

A imaginação vai longe demais? Nem tanto. A Red Team permanece no controle desses cenários, mas confia nas informações fornecidas por especialistas científicos e militares.

“Construir um mundo na encruzilhada do imaginário e do verossímil, onde as preocupações geopolíticas, demográficas, tecnológicas e ambientais se encontram, é essencial para roteirizar formas inesperadas de conflito”, estima Virginie Tournay, autora e membro da Red Team Défense.

Tudo pode ser considerado por esses autores de ficção científica? Sim, mas nem tudo será revelado. Parte do trabalho é classificado como “segredo de defesa” para não divulgar dados sensíveis e dar ideias a inimigos e também a concorrentes.

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FOTO: Assalto aeromóvel a um trem

Imagem rara mostrando operadores do JW GROM e SAS durante um assalto helitransportado em um trem, durante um exercício de treinamento conjunto, início da década de 1990.

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Defesa cibernética: o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas francesas é esperado em Rennes


Por Pascal Simon, Ouest-France, 15 de dezembro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 15 de dezembro de 2020.

O general-de-exército François Lecointre, Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (chef d’état-major des arméesCEMA), é esperado quinta-feira, 17 de dezembro de 2020, no prédio Comandante Roger-Baudouin, no distrito de Stéphant, em Saint-Jacques-de-la-Lande, próximo de Rennes.

Durante uma cerimônia militar, ele entregará sua bandeira ao Grupamento de Defesa Cibernética das Forças Armadas (Groupement de la cyberdéfense des arméesGCA) e concederá condecorações a vários combatentes cibernéticos.

O General François Lecointre, Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, regressa a Rennes na quinta-feira, 17 de dezembro de 2020 (Arquivos Ouest-França)

Criado em 1º de setembro de 2020, o GCA é o suporte para o surgimento do Comando de Defesa Cibernética (Commandement de la cyberdéfenseCOMCYBER). É o local de desenvolvimento e descompartimentalização de competências em defesa cibernética e reúne três centros técnicos: o Centro de Análise de Guerra Defensiva de Computadores (Centre d’analyse de lutte informatique défensiveCALID); o centro de auditoria de segurança de sistemas de informação (Centre d’audits de la sécurité des systèmes d’informationCASSI); as reservas de defesa cibernética e o centro de prontidão operacional (Centre des réserves et de la préparation opérationnelle de cyberdéfenseCRPOC).

A visita do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas surge no final da 5ª edição da European Cyber ​​Week, organizada este ano totalmente online. A bacia do Rennes é hoje considerada um território na vanguarda do desenvolvimento do ecossistema nacional em termos de cibersegurança e ciberdefesa, com mais de 3.400 empregos diretos.

O Ministro das Forças Armadas veio em 3 de outubro de 2019 para inaugurar o novo prédio do comando de defesa cibernética (COMCYBER), perto de Rennes.

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