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quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

FOTO: Vespa cubana

Integrante das Vespas Negras participa de ensaio para o desfile comemorativo dos 50 anos da vitória de Cuba na Invasão da Baía dos Porcos, Havana, 2011.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 13 de janeiro de 2022.

A militar das Vespas Negras (Avispas Negras), unidade de forças especiais do exército cubano, durante o ensaio para o desfile comemorativo dos 50 anos da vitória de Cuba na Invasão da Baía dos Porcos, Havana, 2011. Ela está armada com o fuzil AKMSB 7,62x39mm dotado de uma mira de ponto vermelho VILMA (Visor Lumínico para Matar Agresores) e um silenciador.

A mira VILMA é de origem cubana e também está em uso na Venezuela, fornecida aos fuzileiros navais da FANB.

A boina vermelha tem a insígnia das Vespas Negras. Essa força especial das Forças Armadas Revolucionárias Cubanas (FAR) foi criada oficialmente no final da década de 1980. As Vespas Negras trabalham em subgrupos constituídos por 5 membros, que podem ser homens ou mulheres.

A vestimenta oficial consistia em um macacão camuflado, com boina vermelha, o qual a partir de 2011 passou a ser a boina verde, ficando a boina vermelha apenas para as Tropas de Prevenção (Polícia Militar) e o escudo de vespa preta com ferrão pronto para atacar, em uma pulseira. No caso de membros profissionais, um indicativo de "Profissional" é adicionado à pulseira.


Suas bases principais estão no antigo presídio militar "El Pitirre", localizado no Km 8 da Rodovia Nacional, e na unidade "Praia de Baracoa", próximo à área do porto de El Mariel, atual província de Havana, e com unidades menores em "El Bosque de la Habana", fica o Departamento de Tropas Especiais do MINFAR e o "Clube El Reloj", este último próximo ao aeroporto Rancho Boyeros. Seu principal campo de treinamento se chama "El Cacho", na província de Pinar del Río, também chamada de "Academia Baraguá".

Seu treinamento é altamente rigoroso. Após a formatura, soldados e oficiais profissionais desta força realizam exercícios na Ciénaga de Zapata, ao sul da província de Matanzas, próximo à Baía dos Porcos, ou nos pântanos ao sul da Ilha de Pines, imensos pântanos localizados tanto a oeste de Cuba, sob estritas condições de sobrevivência. Ser aprovado nesses exercícios significa graduar-se.

As "Vespas Negras" receberam treinamento de vietnamitas, norte-coreanos, chineses, bem como VDV e Spetsnaz russos. Eles aprenderam a se comunicar e se mover silenciosamente por túneis estreitos. Essas tropas também são especialistas em técnicas de mascaramento, uso de ambientes de selva para montar armadilhas e várias artes marciais.

Existiam unidades de missões especiais anteriores que atuavam como parte do Ministério das Forças Armadas Revolucionárias (MINFAR), denominadas "Tigres" e "Leões" em Angola em 1977, quando o MINFAR decidiu ter forças especiais próprias. Antes disso contando com as tropas especiais do Ministério do Interior (MININT) na Batalha de Quifangondo, no norte de Angola, no final de 1975.

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quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

ENTREVISTA: O Tenente-Coronel Robert K. Brown da Soldier of Fortune

O Ten-Cel Robert K. Brown.
(Foto de Ben Philippi)


Por John Crump, Ammoland, 24 de abril de 2018.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 12 de janeiro de 2022.

EUA – Em 1975, a revista Soldier of Fortune (Soldado da Fortuna) chegou às prateleiras de revistarias em todos os lugares. Era descaradamente pró-armas e pró-militar numa época onde isso não era moda. O envolvimento direto das forças armadas americanas na Guerra do Vietnã terminou dois anos antes, e Saigon cairia em abril deste ano. Em casa, o grupo terrorista estudantil radical, “The Weather Underground”, ainda estava bombardeando prédios do governo dos EUA.

Ninguém pensou que esse tipo de revista faria sucesso na década de 1970, exceto o fundador da revista, o Tenente-Coronel Robert K. Brown.

O Tenente-Coronel Robert K. Brown com a boina verde das Forças Especiais no Vietnã acompanhado de um amigo, por volta de 1969.

O Tenente-Coronel Brown foi um Boina Verde do Exército, um veterano do Vietnã e um ganhador da Estrela de Bronze. Ele entendia de guerra e sabia publicar, o que lhe dava um conjunto de habilidades único que o serviria bem. Ele combinou esses talentos para criar uma das revistas mais famosas e às vezes infames da história das publicações.

As referências da cultura pop à Soldier of Fortune estão espalhadas por filmes, TV, livros e até vídeo games. Muitas vezes eu me perguntava o que os fundadores da Soldier of Fortune pensavam sobre o impacto duradouro da revista na sociedade. Quando a Ammoland me ofereceu a oportunidade de entrevistar o Tenente-Coronel Brown, eu sabia que tinha que fazer isso.

John: Em primeiro lugar, deixe-me agradecer por seu serviço ao nosso país. Como marido de alguém que serviu nas Forças Armadas, todos que serviram significam muito para mim.

Tenente-Coronel Brown: Mucho obrigado!

John: Você serviu nas Forças Especiais durante o Vietnã. O que fez você querer se juntar aos Boinas Verdes?

Ten-Cel Brown: Eu estava envolvido no apoio a Castro na época e, posteriormente, ajudei os cubanos anti-Castro na tentativa de derrubá-lo. Consequentemente, desenvolvi um interesse e uma apreciação pela guerra não-convencional.

I Am Soldier of Fortune:
Dancing with Devils.
Robert K. Brown e Vann Spencer.

John: Em seu livro, I Am Soldier of Fortune: Dancing with Devils, você falou sobre ser expulso dos Boinas Verdes duas vezes. O que fez você ser expulso e como você voltou para os Boinas Verdes?

Ten-Cel Brown: A primeira vez foi porque o Exército falhou em atualizar minha autorização de segurança... Top Secret... antes de me designar para as Forças Especiais quando me ofereci para ir ao Nam. Quando o Exército descobriu que eu havia retornado às Forças Especiais no Nam devido ao meu puxão de cordas, eles me expulsaram pela segunda vez.

John: Você se tornou um editor em 1970 ao fundar a Paladin Press e então em 1975 você fundou a revista Soldier of Fortune. Como você passou de Boina Verde para editor?

Ten-Cel Brown: Fundei a Panther Publications em 1963 durante a auto-publicação de “150 Questions for a Guerrilla” (“150 Perguntas para um Guerrilheiro”), de autoria do “General” Alberto Bayo, que treinou Castro e seu grupo inicial de revolucionários que então invadiram Cuba em 6 de dezembro 1956. Tornei-me brevetado nas Forças Especiais em 1966 após concluir o Curso de Oficiais das Forças Especiais em Ft. Bragg. Depois de voltar do Nam, juntei-me ao veterano do Vietnam Peder Lund para formar a Paladin Press em 1970. Em 1974, vendi minha participação na Paladin para Lund... e fui para a guerra de mato na Rodésia.

John: Soldier of Fortune teve um enorme impacto na cultura popular. Inúmeros livros, filmes e programas de TV fazem referência a essa revista. Surpreende-o o quão conhecido se tornou?

Ten-Cel Brown: A SoF foi tema de vídeo games dos mais vendidos da Activision, teve uma série de TV que durou 40 episódios, teve uma edição russa por alguns anos, além de publicar 20 romances de aventura com o logotipo da SoF. Quando comecei a SoF, as pessoas da indústria editorial diziam que eu era louco! Se alguém viesse a mim com um projeto semelhante sabendo tão pouco quanto eu sobre publicação, eu diria a mesma coisa.

O Tenente-Coronel Robert K. Brown no Afeganistão, por volta de 1989.

John: Você mora em Boulder, no Colorado. A Câmara Municipal de Boulder acaba de aprovar uma proibição de “armas de assalto”. Tem que passar mais duas vezes antes de se tornar uma ordenança. Você planeja desistir de suas armas semiautomáticas se isso se tornar uma ordenança?

Ten-Cel Brown: Certamente você está brincando!

John: Como você planeja resistir ao empurrão para pegar as armas?

Ten-Cel Brown: Nunca dê ao inimigo uma visão de seus planos.

John: Você mora em Boulder há muito tempo. Como isso mudou desde que você se mudou para lá?

Ten-Cel Brown: Para pior. Muita gente... com uma mentalidade anti-armas “progressista”. Juro que a Câmara Municipal, está no bolso dos promotores à medida que vai construindo, construindo, construindo.


John: A vereadora Jill Adler Grano afirma que a Segunda Emenda não protege fuzis como o AR15. O que você diria a ela se ela fizesse esse comentário para você?

Ten-Cel Brown: A arrogância de JA Grano só é superada por sua ignorância. Ela e o resto da Câmara Municipal, bem como o procurador da cidade, que parece uma doninha corrupta, não conseguiram demonstrar como a proibição de fuzis esportivos modernos e carregadores estendidas impedirá que atiradores ativos ataquem nossas escolas. Tudo o que esses trolls repugnantes e miseráveis estão fazendo é tornar criminosos os cidadãos honestos... acariciando seus egos atrofiados e imaturos tentando enganar o público que eles estão "...fazendo alguma coisa".

John: Você acha que a multidão anti-armas está explorando as tragédias como o tiroteio em Parkland para empurrar o controle de armas, ou você acha que eles se importam com as crianças?

Ten-Cel Brown: Se eles levassem a sério a proteção das crianças, eles colocariam segurança armada nas escolas.

John: Você acha que essas proibições de armas eventualmente vão para todo o país?

Ten-Cel Brown: Não.

John: O que podemos fazer para lutar contra a invasão sobre nossos direitos da Segunda Emenda?

Ten-Cel Brown: Envolva-se no processo político... vote... leve sua família e amigos às seções eleitorais. Junte-se ao NRA!

O Ten-Cel Robert K. Brown em uma recente e bem-sucedida caçada ao ursos.

John: Onde as pessoas podem comprar seu livro?

Ten-Cel Brown: SOFMAG.COM

John: Alguma outra coisa que você gostaria que os leitores da Ammoland soubessem?

Ten-Cel Brown: “Aqueles que transformam suas armas em arados irão arar para aqueles que não o fizerem.” Thomas Jefferson. E, desde que você possa puxar um gatilho, você é relevante.

Embora a Soldier of Fortune tenha encerrado sua edição impressa em 2016, ela ainda pode ser encontrada online no site sofmag.com.

Sobre John Crump

John é instrutor da Associação Nacional de Fuzis (National Rifle Association, NRA) e ativista constitucional. Ele é o ex-CEO da Veritas Firearms, LLC e é o co-apresentador do The Patriot News Podcast, que pode ser encontrado em www.blogtalkradio.com/patriotnews. John escreveu extensivamente sobre o movimento patriota, incluindo 3%’ers, Oath Keepers e Militias. Além do movimento Patriot, John escreveu sobre armas de fogo, entrevistou pessoas de todas as esferas da vida e sobre a Constituição. John mora no norte da Virgínia com sua esposa e filhos e atualmente está trabalhando em um livro sobre a história do movimento patriota e pode ser seguido no Twitter em @crumpyss ou  no site www.crumpy.com.

Entrevista de Robert K. Brown com John Caldara


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terça-feira, 11 de janeiro de 2022

FOTO: Caveira no Iraque

Operador do CTS iraquiano na fronteira do Iraque com a Síria, 2017.

Comando do Serviço de Contra-Terrorismo do Iraque (Counter-Terrorism Service, CTS) com uma pintura de caveira como máscara em cima de um Humvee blindado, com a cúpula improvisada e usando duas metralhadoras, e pintado de preto que é a cor das forças especiais iraquianas.

Além da caveira, o operador também usa o famoso shemag e o uniforme preto. O distintivo do CTS é claramente visível no seu braço.

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FOTO: Caveira emergindo da fumaça, 8 de janeiro de 2022.

sábado, 8 de janeiro de 2022

FOTO: Caveira emergindo da fumaça

Um caveira do BOPE engolfado em fumígena laranja, 2019.
(Guto Ambar)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 8 de janeiro de 2022.

Foto de um Caveira, um operador do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), durante um exercício. A foto, tirada por Guto Ambar, foi parte de uma coleção para um livro fotográfico sobre o famoso batalho especial carioca em comemoração aos seus 42 anos. O livro foi lançado em janeiro de 2020.

 O livro foi apresentado no Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro. O livro tem a capa preta com o símbolo do BOPE - a famosa CAVEIRA - e a capa dura tem as letras e logotipo em alto relevo, ambos em boa qualidade.



Parabéns ao BOPE por seus 42 anos de serviço.

Si vis pacem, para bellum!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

MODELISMO: SAS australiano no Vietnã

SAS australiano no Vietnã, 1970.
(Tony Dawe)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 5 de janeiro de 2022.

Busto de um soldado australiano do Special Air Service Regiment (SASR), o SAS australiano, pintado pelo modelista Tony Dawe. O trooper - designação dos operadores do SAS - está usando a configuração típica das tropas no Vietnã, com uma faixa na cabeça, camuflagem facial, mosquiteiro como echarpe e o confiável fuzil FAL (chamado SLR L1A1), neste caso usando o carregador de 30 tiros.

O mosquiteiro e a bandana servem para absorver o constante suor produzido no ambiente tropical da selva. O FAL tem armação de madeira e uma banda na coronha com kit de primeiros socorros. O carregador mais longo permite o "despejo" de alto volume de fogo para suprimir o adversário e forçá-lo a abaixar a cabeça e ficar na defensiva. Dessa forma, o SAS poderia manobrar e destruir o inimigo, ou simplesmente romper contato e ir embora conforme a necessidade.

Durante seu tempo no Vietnã, o SAS australiano e neo-zelandês (NZ SAS) realizou diversas modificações no fuzil FAL, usualmente apelidando-o de "The Bitch" ("A Megera") ou "The Beast" ("A Besta"). O blog tratou desse assunto aqui.

Comando SASR com um FAL encurtado conhecido como "The Bitch".
(Kevin Lyles/ Vietnam ANZACs Elite 103 da Osprey Publishing).

SASR com fuzis FAL modificados.
(Vietnam ANZACs)

Durante o período de pouco mais de cinco anos, cerca de 580 soldados do SAS serviram no Vietnã. Eles conduziram 1175 patrulhas (não incluindo 130 do NZ SAS), a maioria sendo patrulhas de reconhecimento, emboscada de reconhecimento e emboscada. Seu serviço no Vietnã reforçou sua reputação como uma unidade de elite do Exército australiano.

O SAS australiano infligiu pesadas baixas ao vietcongue, incluindo 492 mortos, 106 possivelmente mortos, 47 feridos, 10 possivelmente feridos e 11 prisioneiros capturados. Suas próprias perdas totalizaram um morto em combate, um morreu de ferimentos, três mortos acidentalmente, um desaparecido e uma morte por doença. Vinte e oito homens ficaram feridos. Os restos mortais do último soldado australiano que desapareceu em combate em 1969, após cair na selva durante uma extração de corda suspensa, foram encontrados em agosto de 2008.

Trooper do 1º Squadrão (1SAS) com um SLR L1A1 e o carregador de 30 tiros em Bien Hoa, fevereiro de 1968.

Com base em Nui Dat, que ficou conhecida como "SAS Hill" ("Colina SAS"), o SASR foi responsável por fornecer inteligência para a 1ª Força Tarefa Australiana (1 ATF) e as forças americanas, operando em toda a província de Phuoc Tuy, bem como nas províncias de Bien Hoa, Long Khanh e Binh Tuy. A partir de 1966, os esquadrões SASR rotacionaram pelo Vietnã em desdobramentos de um ano, com cada um dos três esquadrões Sabre completando duas turnês antes que o último esquadrão fosse retirado em 1971. As missões incluíram patrulhas de reconhecimento de médio alcance, observação de movimentos de tropas inimigas e operações ofensivas de longo alcance e emboscada em território dominado pelo inimigo.

Operando em pequenos grupos de quatro a seis homens, eles se moviam mais lentamente do que a infantaria convencional pela selva ou mato e estavam fortemente armados, empregando uma alta taxa de fogo para simular uma força maior em contato e para apoiar sua retirada. O principal método de inserção foi por helicóptero, com o SASR trabalhando em estreita colaboração com o Esquadrão No. 9 RAAF, que regularmente fornecia inserção e extração rápidas e precisas de patrulhas em zonas de pouso na selva na altura do topo das árvores. Ocasionalmente, patrulhas SASR também foram inseridas por transportes blindados M-113 com um método desenvolvido para enganar os vietcongues quanto à sua inserção e localização de seu ponto de desembarque, apesar do barulho que os veículos faziam ao se moverem pela selva. Um salto operacional de paraquedas também foi realizado: O 3º Esquadrão (3 Squadron) realizou um salto operacional de paraquedas 5 quilômetros a noroeste de Xuyen Moc na noite de 15 para 16 de dezembro de 1969, com o codinome Operação Stirling.

Troopers do SASR no Vietnã.

Um quarto esquadrão foi criado em meados de 1966, mas foi posteriormente dissolvido em abril de 1967. Concluindo sua turnê final em outubro de 1971, o 2º Esquadrão foi dissolvido no retorno à Austrália, com o Esquadrão de Treinamento criado em seu lugar. O SASR operou em estreita colaboração com o SAS da Nova Zelândia, com um pelotão (troop) sendo anexado a cada esquadrão australiano a partir do final de 1968. Quando em modo tático, os dois SAS eram idênticos, com a única diferença visível sendo a boina vermelha bordô usada pelos neo-zelandeses em uniforme de passeio, seguindo o padrão da Segunda Guerra Mundial, em oposição à boina cor de areia dos australianos.

Durante seu tempo no Vietnã, o SASR provou ser muito bem-sucedido, com os militares do regimento sendo conhecidos pelos vietcongues como Ma Rung ou "fantasmas da selva" devido à sua discrição e furtividade.

Bibliografia recomendada:

On Patrol with the SAS: Sleeping with your ears open,
Gary McKay.

The FN FAL Battle Rifle.
Bob Cashner.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

O FAL DMR neo-zelandês

SAS neo-zelandês com o FAL DMR no Afeganistão, 2002.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 28 de dezembro de 2021.

Ao serem desdobrados no Afeganistão em 2001, os neo-zelandeses do Special Air Service (SAS) rapidamente notaram a inadequação do calibre 5,56mm no ambiente de grandes distâncias em terreno de montanha no Afeganistão. Estes fuzis FAL do padrão imperial L1A1 foram retirados de estoques da marinha da Nova Zelândia e adaptados para a função de Fuzil de Atirador Designado (Designated Marksman Rifle, DMR); que é o sniper incorporado em um pelotão ou grupo de combate.

Os fuzis foram modificados com guarda-mão e tampa da culatra da DSA Arms, além de silenciador personalizado, alavanca de manejo modificada, bipé e lunetas ACOG. O fuzil adaptado foi usado na missão tradicional de sniper de seção engajando alvos além do alcance do fuzil de serviço padrão, no caso calibrado em 5,56mm (geralmente modelos do sistema AR-15/M16), em distâncias até 800 metros.




Vídeo recomendado:


Bibliografia recomendada:

The FN FAL Battle Rifle.
Bob Cashner.

Leitura recomendada:


domingo, 26 de dezembro de 2021

Morreu Richard Marcinko, o primeiro oficial comandante da SEAL Team Six


Por Jessica Edwards e Howard Altman, Navy Times, 26 de dezembro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 26 de dezembro de 2021.

SEAL da Marinha reformado, e o primeiro comandante da SEAL Team Six, Richard “Dick” Marcinko, morreu, de acordo com um post na página do Facebook do Navy Seal Museum (Museu dos SEALs da Marinha).

Ele tinha 81 anos.


Marcinko liderou a equipe SEAL no que se tornou conhecida como a operação SEAL de maior sucesso da Marinha durante a Guerra do Vietnã: o ataque de maio de 1967 a Ilo Ilo Han. Marcinko e seus homens mataram muitos vietcongues e destruíram seis de suas sampanas, de acordo com o Navy SEAL Museum. Marcinko serviu uma segunda vez com a Equipe SEAL Dois durante a Guerra do Vietnã. Seu pelotão auxiliou as Forças Especiais do Exército durante a Ofensiva do Tet.

Ele foi um dos dois representantes da Marinha em uma força-tarefa para ajudar a libertar reféns americanos durante a crise de reféns no Irã em 1979. Após a tragédia, a Marinha incumbiu Marcinko de projetar e desenvolver uma equipe contraterrorista dedicada.


O Chefe de Operações Navais, Almirante Thomas B. Hayward, selecionou Marcinko como o primeiro oficial comandante da unidade. Na época, a Marinha contava com duas equipes SEAL. De acordo com o Navy SEAL Museum, Marcinko chamou a unidade de “SEAL Team Six” (Equipe SEAL Seis) para fazer outras nações acreditarem que havia equipes SEAL adicionais. Ele também escolheu membros das equipes SEAL existentes e das equipes de demolição subaquática. Marcinko liderou o SEAL Team Six por três anos.

Depois de se aposentar da Marinha, Marcinko se tornou CEO da SOS Temps Inc., sua empresa de segurança privada, de acordo com seu perfil de autor na Amazon.

Marcinko foi o autor de The Real Team; The Rogue Warrior’s Strategy for Success: A Commando’s Principles of Winning; e o best-seller de quatro meses do New York Times, Leadership Secrets of the Rogue Warrior: A Commando’s Guide to Success, de acordo com a Amazon.

Ele também criou a Richard Marcinko Inc., uma empresa de treinamento motivacional e construção de equipes; e a Red Cell International, Inc., que realiza avaliações de vulnerabilidade de propriedades de alto valor e alvos de alto risco, de acordo com a Amazon.

“Rogue Warrior, sua autobiografia mais vendida do New York Times, preparou o terreno para seus romances best-sellers Rogue Warrior, oito dos quais foram coautorias com John Weisman,” de acordo com a Amazon.

Richard Marcinko, à esquerda, com Roman Mashovets, um ex-membro das Forças Especiais da Marinha da Ucrânia e atual vice-chefe do Gabinete do Presidente para Segurança Nacional e Defesa, em 23 de novembro de 2019.
(Roman Mashovets)

Entrevista com Dick Marcinko para o SOFREP (9 partes)


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sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

APS: O Fuzil de Assalto Especial Subaquático soviético

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 24 de dezembro de 2021.

O APS (Avtomat Podvodny Spetsialnyy, Fuzil de Assalto Especial Subaquático) é uma arma subaquática projetada pela União Soviética no início dos anos 1970 e adotada em 1975; produzido pela fábrica de Tula.

Embaixo d'água, balas comuns são imprecisas e têm um alcance muito curto. O APS dispara um dardo de aço calibre 5,66mm de 120mm de comprimento, especialmente projetado para esta arma. Seu carregador comporta 26 tiros. O cano do APS não é estriado; o projétil disparado é mantido em linha por efeitos hidrodinâmicos. Por conta disso, o APS é um tanto impreciso quando disparado fora d'água. No entanto, em seu habitat sob as ondas, o APS pode disparar impressionantes 500 tiros por minuto.

Fora da água, o APS pode atirar, mas seu alcance efetivo não ultrapassa 50 metros, e a vida útil do fuzil cai para 180 tiros no ar em oposição aos 2.000 tiros debaixo d'água. Portanto, as Spetsnaz navais carregavam principalmente uma pistola SPP-1 (de quatro canos) para autodefesa debaixo d'água e um AK-74 para lutar em terra.

Mergulhador de combate disparando o fuzil APS em um campo de tiro de tiro subaquático.

Demonstração em Kaliningrado


Fuzil APS e dardo de 5,56mm.

O APS tem um alcance maior e mais poder de penetração do que arpões. Isso é útil em situações como atirar em um mergulhador adversário através de uma roupa seca reforçada, um capacete de proteção (com proteção de ar ou não), partes grossas e resistentes de conjuntos de respiração e seus arneses, e os invólucros de plástico e coberturas transparentes de alguns pequenos veículos subaquáticos.

O APS é mais poderoso do que uma pistola, mas é mais volumoso e leva mais tempo para mirar, principalmente manejando seu cano longo e carregador plano e volumoso lateralmente na água. O fuzil logo se tornou a principal arma dos homens-rãs soviéticos e dos homens-rãs da flotilha sérvia. Fabricado pela Fábrica de Armas de Tula, na Rússia, o APS é exportado pela Rosoboronexport, sendo utilizado por países amigos ou ex-integrantes do Pacto de Varsóvia como a Polônia, Vietnã e Cuba.

Desenho do APS.

Visão explodida das peças.

Após a anexação da Criméia em 2014 e a subsequente guerra por procuração na região ucraniana do Donbass, as relações entre a Rússia e o Ocidente deterioraram-se. O aumento da mobilização militar da OTAN nas fronteiras da Rússia levou a uma situação tensa na região estrategicamente vital dos países Bálticos, que abraçam o Mar Báltico. A Rússia tem duas enormes bases navais no Báltico: uma no enclave isolado de Kaliningrado e outra na região de São Petesburgo (ex-Leningrado). Um dos efeitos colaterais foi um renovado interesse pelo fuzil APS, em preparação para a defesa de sua Frota do Báltico contra quaisquer adversários possíveis.

No final da década de 1980, os soviéticos desenvolveram o fuzil anfíbio ASM-DT Morskoi Lev ("Leão do Mar"), que pode disparar munição convencional 5,45mm e dardos; tendo um desempenho comparável ao APS debaixo d'água e à carabina AKS-74U em terra firme. Esse fuzil foi adotado no ano 2000, mas por questões orçamentários ou problemas de projeto, esse fuzil foi emitido muito raramente.





Bibliografia recomendada:

Spetsnaz:
Russia's Special Forces.
Mark Galeotti e Johnny Shumate.

Leitura recomendada:

FOTO: Mergulhadores de combate gregos18 de janeiro de 2020.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Contra-Terrorismo no Iraque: Capturando um Terrorista de destaque


Do site Unipath, 3 de setembro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 22 de dezembro de 2021.

O Serviço de Contra-Terrorismo do Iraque passou anos rastreando pacientemente um dos líderes do Daesh.

A eficácia da guerra contra grupos terroristas depende fortemente de um trabalho cuidadoso de inteligência e do rastreamento da liderança de alto nível de uma organização. Esse trabalho inerentemente complexo requer horas exaustivas e longas para identificar líderes de alto nível, determinar seu paradeiro e a natureza de suas operações e aprender como eles se comunicam com seus subordinados para conduzir as operações. No nível mais básico, os oficiais de inteligência precisam conquistar os corações das pessoas porque são eles que possuem informações importantes que levam aos esconderijos terroristas.

Diante disso, informações fornecidas por cidadãos comuns aos homens do 1º Batalhão de Reconhecimento do Serviço de Contra-Terrorismo do Iraque (Counter-Terrorism Service, CTS) ajudaram a rastrear e deter o terrorista Ahmed Mohsen Najm Hussein Al-Kartani, também conhecido como Abu Naba. Ele foi capturado em outubro de 2020 enquanto tentava reacender uma campanha de terror do Estado Islâmico (Daesh) em Bagdá.

Abu Naba serviu como coordenador administrativo do “Wilayat Iraque” para o Daesh. De acordo com relatórios de inteligência, ele se juntou às facções "jihadistas" em 2003, jurando lealdade à rede al-Qaeda de Abu Musab al-Zarqawi em 2006 após a formação do chamado Estado Islâmico do Iraque (ISI). Abu Naba se tornou um líder do ISI em Bagdá em seu papel de “líder da sharia do distrito de Karkh no sul de Bagdá” antes de assumir um cargo administrativo no mesmo distrito. Ele tinha um relacionamento próximo com Manaf al-Rawi, autoproclamado “wali de Bagdá”, preso em 2010.

Abu Naba nasceu em Bagdá em 1970 em uma família numerosa. Ele se formou na Faculdade de Administração e Economia da Universidade de Bagdá. Ele se tornou um leitor ávido de textos religiosos na década de 1990, quando o antigo regime no Iraque adotou o que é conhecido como Campanha da Fé para neutralizar a indignação pública causada pela deterioração das condições de vida após a primeira Guerra do Golfo.

Uma unidade tática CTS conduz uma missão na cidade velha de Mosul em 2020.

Como resultado, ele aprendeu muito sobre a jurisprudência da sharia, tendo sido um leitor voraz que devorou todos os livros extremistas seculares e islâmicos que conseguiu encontrar. Ele não apenas possuía um profundo conhecimento da jurisprudência islâmica, mas também estudou todos os tipos de teologia. Antes de ingressar em organizações extremistas, ele jogou futebol e era bem conhecido nos clubes, jogando pelo Al-Talaba e Al-Quwa Al-Jawiya.

Durante a violência sectária em Bagdá em 2007, ele foi detido pelas forças da coalizão e encarcerado no centro de internação Camp Bucca, ao sul de Basra, administrado pelas forças da coalizão. Ele permaneceu na prisão por dois anos e foi libertado em 2009 junto com os demais detidos, em um momento em que a situação de segurança no Iraque era estável e o governo iraquiano lançou um programa de reconciliação nacional. De acordo com o programa, os detidos se comprometeram por escrito a se reintegrarem à sociedade e a não retornarem às atividades terroristas. No entanto, Abu Naba não cumpriu sua promessa e, em vez disso, voltou ao terrorismo poucas semanas após sua libertação, desta vez ocupando uma posição importante na fabricação e desenvolvimento de armas e explosivos em “Wilayat Bagdá”. Ele trabalhou como assistente principal do agora morto Mutez Numan Abd Nayef al-Jabouri, também conhecido como Haji Tayseer, emir de desenvolvimento e preparação para o ISI. Abu Naba foi encarregado de recrutar engenheiros e técnicos, oferecendo incentivos materiais e morais e usando ameaças e intimidação caso eles recusassem sua oferta.

O plano de Haji Tayseer e Abu Naba se concentrava na tentativa de construir dispositivos explosivos improvisados em grande escala, cuja capacidade destrutiva excederia os ataques de mísseis para multiplicar as perdas humanas e materiais e minar a segurança e estabilidade relativas em Bagdá. Caminhões pesados carregados com mais de uma tonelada de explosivos foram detonados em áreas sensíveis da capital. O primeiro foi o ataque da “Quarta-feira Sangrenta” que teve como alvo o Ministério das Relações Exteriores no bairro de Al-Salehiya, em Bagdá, em 2010. Isso foi seguido por explosões semanais semelhantes contra edifícios do governo provincial de Bagdá, o Ministério da Justiça e o Ministério das Finanças. As explosões mataram pessoas inocentes que eram patrocinadores e funcionários do ministério.

Depois de um golpe devastador para o ISI em 2010, quando Manaf al-Rawi foi preso e tanto Abu Omar al-Baghdadi, o chamado emir do grupo terrorista, quanto Abu Ayyub al-Masri, seu comandante militar, foram mortos em uma operação de segurança na região de Tharthar da província de Anbar, o grupo foi desmantelado e a maioria de seus líderes presos. Outros, incluindo Abu Naba, fugiram do Iraque ou se esconderam nos desertos. Depois disso, o Iraque experimentou uma estabilidade notável entre 2011 e 2012.

Mas, tão rapidamente quanto desapareceu a organização terrorista, ela reapareceu no final de 2012 com o lançamento de um ataque terrorista no distrito de Haditha. O ataque não teve impacto, mas serviu como ferramenta de recrutamento e propaganda para tranquilizar os membros de que a organização ainda estava ativa em campanha.

Em 2013, no auge da violência na Síria, com um influxo de doações financeiras e mobilização de elementos suspeitos e clérigos extremistas, a arena síria tornou-se um refúgio para organizações extremistas e fugitivos do deserto chegaram a áreas controladas por grupos extremistas. O terrorista Ibrahim Awad, mais conhecido como o emir do Estado Islâmico do Iraque, Abu Bakr al-Baghdadi, anunciou a anexação da Síria ao seu chamado Estado. Seu novo nome se tornou Estado Islâmico do Iraque e Al-Sham (Daesh). Derramamento de sangue na forma de decapitações, bombardeios e assassinatos com pistolas equipadas com silenciador tornou-se familiar em várias cidades, e fugitivos procurados como Abu Naba tornaram-se líderes do Daesh.

Após uma reunião de líderes do Daesh em Fallujah em 2013 para finalizar suas operações de ocupação e moldar a futura política do Daesh, Abu Naba foi nomeado qadi, ou juiz, do "Wilayat Bagdá" e tornou-se um confidente de Abu Jaafar, o "wali de Bagdá”.

Após a ocupação de algumas províncias pelo Daesh, ele foi nomeado para gerenciar os assuntos administrativos do Daesh, escondendo-se na governadoria de Erbil, que não estava ocupada. Durante sua estada em Erbil, ele recebeu cartas editadas do "wali do Iraque" Haji Tayseer contendo perguntas, pedidos de veredictos da sharia e questões consultivas sobre a política da organização.

Abu Naba foi responsável pela transferência de famílias de líderes terroristas da Síria e da Turquia para a governadoria de Nínive durante a ocupação do Daesh. Estes incluíam a família do Dr. Ismail al-Ithawi (Abu Zeid al-Iraqi), um membro do comitê delegado da organização.

Soldados CTS conduzem treinamento especial no Rio Tigre.

Em 2016, Abu Naba foi convocado pelo comitê delegado, especificamente por Abu Zeid al-Iraqi (mais tarde capturado pelo Serviço Nacional de Inteligência) e com a tarefa de estabelecer oportunidades de investimento em áreas sob o controle da organização para autofinanciar o Daesh. Abu Naba foi de Erbil para a Turquia, onde foi recebido por Taleb Al-Zub'i, que fazia parte de uma rede de contrabandistas que transportava pessoas e correspondência para o Daesh. Da Turquia, Abu Naba foi levado para a governadoria síria de Raqqa, onde estabeleceu frentes comerciais, como investimentos imobiliários, empresas corporativas e outros negócios administrados por habitantes locais para disfarçar o envolvimento da organização, mas cujas receitas foram canalizadas para o Daesh.

No início de 2020, Abu Naba foi convocado de Raqqa para a Turquia por Abu Bakr e Abu Muhammed, que estavam ligados ao comitê delegado e diretamente ligados ao chamado califa. Ele foi nomeado para administrar e coordenar os negócios do "Wilayat Iraque" e recebeu ordens de retornar a Bagdá, onde estabeleceria destacamentos de segurança, militares e de mídia em uma tentativa de revigorar o Daesh na capital depois que as forças de segurança iraquianas o reprimiram. Nunca ocorreu a Abu Naba que a inteligência do CTS estava monitorando seus movimentos e que ele seria pego na rede da justiça.

Depois que Abu Naba entrou no Iraque, a Diretoria de Inteligência do Serviço de Combate ao Terrorismo formou uma equipe de seleção de alvos para monitorar seus movimentos e contatos dentro do Iraque e obter mandados de prisão para ele.

Após meses de monitoramento e vigilância pela divisão de inteligência da unidade de reconhecimento, a operação policial para derrubar a célula terrorista administrada por Abu Naba foi lançada em outubro de 2020. Abu Naba deveria estar em Bagdá para se encontrar com o wali e o comandante-em-chefe do chamado Wilayat Bagdá. A unidade CTS havia se infiltrado e rastreado com sucesso este grupo terrorista desde o momento em que realizou reuniões na Turquia até a chegada de Abu Naba ao Iraque na governadoria de Erbil.

As equipes de monitoramento e vigilância da Primeira Unidade de Reconhecimento foram alertadas e por dois dias as equipes acompanharam Abu Naba, desde sua saída da governadoria de Erbil até sua entrada em Bagdá. Durante esse tempo, Abu Naba mudou-se entre vários bairros de Bagdá. No terceiro dia, Abu Naba completou sua missão e planejou voltar para Erbil. Membros da equipe de reconhecimento, um deles se passando por um motorista de táxi, atraiu Abu Naba enquanto ele se dirigia para a estrada do aeroporto de Bagdá. Os militares de inteligência do CTS acionaram sua armadilha.

E assim, depois de muitos anos de perseguição, um dos terroristas mais perigosos do Iraque foi levado à justiça por seus crimes contra inocentes.