sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

FOTO: Soldados americanos e afegãos observam uma explosão

Soldados americanos e afegãos observando uma explosão em posições talibãs no Afeganistão, em 2013.

Bibliografia recomendada:

FOTO: Helicóptero Kamov na Síria

Kamov Ka-52 Alligator ("Hokum-B") na Síria, 2019.
(Foto Lost Armour.Info)

O Kamov está em operação na Síria desde abril de 2016. Em particular, de acordo com os resultados da campanha na Síria, os fabricantes foram instruídos a aumentar a gama de sistemas de mira óptica e armas de aviação para helicópteros Ka-52 Alligator. Até o momento, os Alligators estão em serviço na versão de helicópteros de apoio de tropa. Sob o contrato assinado em 2011 pela holding Helicopters of Russia e Oboronprom, até 2020 140 dessas máquinas serão entregues.

Bibliografia recomendada:

Mil Mi-24 Hind Gunship,
Alexander Mladenov.

Leitura recomendada:

FOTO: Hinds afegãos26 de abril de 2020.

FOTO: Soldado israelense com fuzil-metralhador em 1948

Soldado do 7º Pelotão, 10ª Companhia da Juventude Operária, 3º Batalhão Hachsharot, Brigada Yiftach, em um posto de vigia no Kibbutz Misgav Am na fronteira com o Líbano, em 1948.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 17 de janeiro de 2020.

Ele está armado com o FM (Fuzil-Metralhador) MAC 24/29 (MAC é o acrônimo para Manufacture d'Armes de Châtellerault). Pelo menos 200 FMs MAC 24/29 estavam em serviço com as Forças de Defesa de Israel, e possivelmente mais do que isso antes da formação das FDI/IDF. Um manual de campanha escrito ou traduzido datado de 1942 pelo Haganah ("Força de Defesa") refere-se ao MAC 24/29 como "מקלע צרפתי שטו", ou seja, "Metralhadora francesa château", uma tradução errada de "Châtellerault".

Vídeo recomendado:


Leitura recomendada:

VÍDEO: Comparação entre o HK G3 e o FN FAL


Comparação entre os grandes "fuzis de batalha" em 7,62x51mm.

FOTO: Um T-62 russo observa o horizonte na Chechênia

Grozny em janeiro de 2000.
(Foto da página Владимир Веленгурин)

Bibliografia recomendada:

TANKS:
100 Years of Evolution.
Richard Ogorkiewicz.

Morte do Almirante Pierre Lacoste, ex-chefe da DGSE


Por Laurent Lagneau, Zone Militaire Opex360, 16 de janeiro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 17 de janeiro de 2020.

Nota do Tradutor: Lacoste é chamado de "Patron", o termo respeitoso francês para o chefe de unidades, e que significa "Patrono" e é a origem do culto aos patronos no Brasil, por influência da Missão Militar Francesa.

Chefe da Direção Geral de Segurança Externa [Direction Générale de la Sécurité Extérieure, DGSE] na época do chamado caso "Rainbow Warrior", o Almirante Pierre Lacoste morreu em 13 de janeiro, quando estava prestes a comemorar seu 96º aniversário. Seu funeral será realizado em 20 de janeiro de 2020 na Catedral de Saint Louis des Invalides, em Paris, de acordo com a área de tradições da Escola Naval.

Nascido em 23 de janeiro de 1924 em Paris, Pierre Lacoste tinha apenas 19 anos quando decidiu se juntar às forças francesas no norte da África, com a intenção de se alistar na Marinha. Depois de passar pela Espanha, ele finalmente chegou ao Marrocos antes de ingressar no curso para oficiais da reserva e na Escola Naval [classe 1944], o que deu origem a algumas complicações administrativas...

De qualquer forma, o jovem era aspirante de marinha em 1946, antes de ser promovido ao posto de guarda-marinha de primeira classe [tenente] dois anos depois. Ele então participou de operações navais na Indochina. Depois de alternar posições em terra e no mar e se especializar em comunicações, ele assumiu o comando de três navios de superfície, incluindo a escolta rápida "Le Provençal" e a escolta de esquadra Maillé-Brézé.

Depois de lecionar na Escola de Guerra (École de Guerre) e de ter passado pelo gabinete do Ministro da Defesa [Yvon Bourges na época], foi promovido a Contra-Almirante e nomeado comandante da Escola Superior de Guerra Naval (École Supérieure de Guerra Navale) em 1976. Dois anos depois, ele se tornou chefe do gabinete militar do primeiro-ministro Raymond Barre. Cargo que ocupou até 1980, quando recebeu o comando da Esquadra do Mediterrâneo.

Após a eleição do presidente François Mitterrand [maio de 1981], a inteligência exterior francesa foi profundamente revisada sob a liderança de Pierre Marion, o Serviço Externo de Documentação e Contra-Espionagem [Service de documentation extérieure et de contre-espionnage, SDECE] antes da Direção Geral de Segurança Externa.

Em 1982, Pierre Marion decidiu deixar o cargo devido a divergências com os políticos da época. Para substituí-lo, o ministro da Defesa Charles Hernu sonda  Almirante Pierre Lacoste, que esperava ser nomeado inspetor geral da Marinha. Em uma entrevista ao Presidente Mitterrand, o oficial expressou seu "espanto", devido à "sua inocência" e "ignorância" sobre a comunidade de inteligência. "Não se preocupe, eu conheço você, está tudo bem..." respondeu o chefe de estado.



Depois veio o caso do Rainbow Warrior. Em 1984, a organização ambiental Greenpeace lançou uma campanha contra os testes nucleares franceses realizados em Mururoa. A operação "Satanique" (Satânica) devia combatê-la. Mas se transformou em um escândalo com a sabotagem do navio Rainbow Warrior, então ancorado em Auckland [Nova Zelândia]. Um fotógrafo perdeu a vida lá [Fernando Pereira] e dois oficiais da DGSE foram presos [os cônjuges falsos de Turenge, a saber, a Capitã Dominique Prieur e o Major Alain Mafart, nota].

Entre as rivalidades entre certos membros do governo, os vazamentos organizados para a imprensa e outros barbouzeries [barbacarias, operações disfarçadas], os fusíveis foram queimados. O ministro Hernu renunciou e o Almirante Lacoste foi substituído pelo General René Imbot.

Em seu relatório dos fatos, o Almirante Lacoste escreverá: "Foi em 19 de março de 1985 que o Sr. Patrick Careil, diretor do gabinete do Sr. Charles Hernu, pediu explicitamente que ele usasse os meios do DGSE para interditar ao movimento Greenpeace de realizar seus projetos de intervenção contra a campanha francesa de testes nucleares em Mururoa, no verão de 1985. [...] Recebido em audiência pelo Presidente da República, em 15 de maio às 18h, eu havia marcado esta questão no primeiro item da ordem do dia […]. Perguntei ao presidente se ele me permitiria executar o projeto de neutralização que eu havia estudado a pedido de Charles Hernu. Ele concordou com isso e expressou a importância que atribuía aos testes nucleares. Não entrei em mais detalhes do projeto, a autorização era suficientemente explícita."

"Esta operação era muito complicada, arriscada e acima de tudo completamente condenável em seu próprio princípio", escreveu ele em 1997, em seu livro "Um almirante em segredo".



Posteriormente, o Almirante Lacoste tornou-se presidente da Fundação de Estudos da Defesa Nacional [Fondation des études de la défense nationale, FEDN], depois do Centro de Estudos Científicos de Defesa [Centre d’études scientifiques de défense, CESD], no qual criou um seminário de pesquisa multidisciplinar sobre "A Cultura Francesa de Inteligência".

O que o levou a se interessar pelo conceito das implicações da inteligência no mundo dos negócios, desenvolvendo na França, com Alain Juillet, o conceito de inteligência econômica, e criando um DESS Information & Security (DESS Informação & Segurança) [intitulado atualmente Master 2 "Intelligence stratégique, Analyse des risques, Territoires", Inteligência estratégica, Análise de risco, Territórios.]

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Snipers chineses agora estão equipados com drones para melhor atingirem seus alvos


Por Laurent Lagneau, Zone Militaire Opex360, 12 de janeiro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 16 de janeiro de 2020.

Geralmente, um sniper opera em pares, ou seja, é associado a um "spotter" [observador] cuja missão é ajudá-lo a localizar alvos e fornecer informações úteis para garantir a precisão de seus tiros. Para isso, este último é equipado com ópticos, um telêmetro a laser, uma calculadora balística e um anemômetro*.

*NT: Aparelho para medir a velocidade do vento.

Na China, a panóplia dos snipers de reconhecimento e de forças especiais do Exército Popular de Libertação (PLA) foram recentemente enriquecidos por um mini-drone quadricóptero.

Esses dispositivos devem ajudá-los a localizar e neutralizar seus alvos com maior precisão, especialmente em áreas urbanas. E isso, escreve o jornal diário Global Times, que depende do Partido Comunista Chinês (PCC), oferece aos atiradores uma "vantagem tática importante, em particular ao lhes permitir atirar nos inimigos escondidos atrás das paredes" com um fuzil anti-material, como o AMR-2, calibre 12,7x108mm.

O mini-drone, facilmente transportável, é operado pelo observador do binômio. Dependendo das imagens recebidas, ele poderá indicar ao atirador a localização precisa de uma parede na qual ele terá que atirar para eliminar um inimigo... desde que o dispositivo não seja detectado por este último. Para isso, observa o Global Times, o drone "não deve voar muito perto" de possíveis alvos.

"Essa tática é muito vantajosa no campo de batalha, especialmente nas operações de guerra urbana e contraterrorismo", disse um especialista militar nas colunas do diário chinês, enfatizando que o uso de drones levou à "assimetria da informação".

Este método operacional foi testado a priori durante o recente exercício "Semana dos Demônios", organizado no final de dezembro para o benefício das forças especiais do PLA. Em uma fotografia publicada pelo site China Military Online, podemos ver o que é suposto ser um sniper e seu observador usando um mini-drone.

Mas, de acordo com a emissora pública chinesa [CCTV], dispositivos semelhantes foram entregues aos batedores do 80° grupo de exército.

Na Rússia, fala-se em equipar unidades de infantaria [no nível do pelotão] com mini-drones do tipo quadricóptero... capazes de transportar explosivos. Esses dispositivos serão usados principalmente para reconhecimento de curto alcance em áreas urbanas, graças à sua capacidade de pairar, entrar nas instalações e manobrar em ruas estreitas.

O Exército dos EUA está trabalhando em um projeto bastante semelhante, chamado "Sistema Letal de Mísseis Aéreos em Miniatura" [Lethal Miniature Aerial Missile SystemLMAMS]. Isso é para fornecer aos soldados de infantaria uma munição "espreitando" para destruir alvos que não estão à vista, como... os snipers.

Bibliografia recomendada:

Out of Nowhere: A History of the Military Sniper.
Martin Pegler.

Leitura recomendada:

Instrutores de tiro de combate do Exército Francês treinam com o AK-47 Kalachnikov


Por Laurent Lagneau, Zone Militaire Opex360, 13 de janeiro de 2020.

Tradução Filipe A. Monteiro, 16 de janeiro de 2020.

No momento em que o famoso FAMAS está saindo de cena em favor do novo fuzil de assalto HK-416F no seio dos regimentos do Exército, dez instrutores de tiro de combate [instructeurs de tir de combat, ISTC] foram convidados participar de um treinamento um tanto peculiar no CENTIAL-51e RI de Mourmelon, em dezembro.

De fato, esses instrutores, que em breve estarão em missões de curto ou longo prazo, foram treinados para lidar com o fuzil de assalto AK-47 Kalashnikov, que é a arma mais difundida [e mais copiada] do mundo.

Segundo o Sirpa Terre, que comunicou sobre o assunto em 7 de janeiro, esse treinamento "completo e oficial" foi uma "primeira vez", mesmo que os soldados franceses conheçam bem o AK-47, pois é uma arma de dotação em numerosos exércitos "parceiros" na África. Confiável, robusto e fácil de manter, este fuzil de calibre 7,62×39mm também tem a vantagem de ser pouco oneroso. Os modelos utilizados pelos estagiários do 51º RI provavelmente foram adquiridos na Polônia, da empresa WBP Rogow, que comercializa o WBP FOX-AK47 ao preço unitário de cerca de 900 euros.

Esse treinamento sem precedentes ocorreu em duas fases: manuseio do fuzil [montagem, desmontagem, características etc.] e tiro em diferentes ambientes e circunstâncias.

"Esses novos estágios oficiais fazem parte dos novos programas de treinamento desejados pelas Escolas de Comando e Treinamento de Combate Inter-Armas [Commandement de l'Entraînement et des Ecoles du Combat Interarmes, COME2CIA] e pelo Centro de Parceria Militar Operacional [Centre de Partenariat Militaire Opérationnel, CPMO], a fim de continuar desenvolvendo o endurecimento e a polivalência de nossos soldados”, explica o Exército Francês.

Totalmente operacional desde 2019 e apoiado pela Escola Militar de Especialização do Ultramar, o objetivo principal da CPMO é preparar soldados franceses para trabalhar com exércitos parceiros - como aqueles equipados com AK-47 - para melhor apoiá-los e treiná-los em campanha com seu próprio equipamento. Esta organização conta com dois Centros de Preparação para o Engajamento Operacional [Centres de Préparation à l’Engagement OpérationnelCEPEO]: o 51º RI de Mourmelon e o 17º Grupo de Artilharia de Biscarosse.

O AK47: uma arma a dominar

Do site do Exército Francês.
Atualizado: 07/01/2020.

De 3 a 5 de dezembro de 2019, dez Instrutores de Tiro de Combate (ISTC) foram treinados com uma arma extraordinária, ainda uma das mais amplamente usadas no mundo: o AK47. Eles se conheceram no 51º regimento de infantaria (Centro de Preparação para o Engajamento Operacional) em Mourmelon.


No início de dezembro, o 51º RI organizou um curso especial para familiarizar os instrutores em missões de curto ou longo prazo (MLD - MCD) no exterior com o fuzil AK47. Seu custo muito baixo, sua robustez (raramente quebra e resiste a todos os tipos de ambientes), sua confiabilidade e sua grande facilidade de manutenção, o tornam extremamente popular, principalmente em países com poucos recursos financeiros.

Se o uso desta arma e a instrução que a acompanha não são novidade para nossos soldados (em particular para aqueles que trabalham em benefício das instruções dos exércitos parceiros), esse treinamento completo e oficial foi uma primeira vez e foi articulado em torno de duas fases de aprendizagem:

- o manuseio deste fuzil emblemático (características, montagem/desmontagem…)
- o tiro (em diferentes circunstâncias e ambientes).

O 51º RI tem como objetivo garantir a aptidão das forças francesas e seu conhecimento para serem os mais eficazes em missão. Treinar nossos soldados com armas modernas é essencial, treiná-los com armas antigas, mas ainda presentes em campanha, é igualmente importante. Assim, o regimento planeja multiplicar esses tipos de cursos e alterá-los. Treinamentos sobre o uso de outras armas usadas cotidianamente em campanha (M16...), mas também sobre veículos não pertencentes ao Exército, será agendado para 2020.

Essas novas aprendizagens oficiais fazem parte dos novos programas de treinamento desejados pelo Comando de Treinamento e Escolas de Combate Inter-Armas (COME2CIA) e pelo Centro de Parceria Militar Operacional (CPMO), a fim de desenvolver ainda mais o endurecimento e a polivalência de nossos soldados.

Foco no Centro de Parceria Militar Operacional (CPMO)

Referente ao Exército para as parcerias militares operacionais, o CPMO trabalha com a política do PMO e estabelece os objetivos de preparação (em conexão com o comando das forças terrestres) para destacamentos que partem em missão. Plenamente operacional desde o verão de 2019, ele monitora ações e feedback para beneficiar as unidades na fase de preparação operacional. Apoiado pela Escola Militar de Especialização do Ultramar, o centro se beneficia do vínculo orgânico com as unidades estrangeiras, os principais contribuintes para as ações de cooperação.

O principal objetivo do CPMO é permitir que soldados engajados em campanha possam trabalhar imediatamente com exércitos estrangeiros dispondo de armamentos como o Kalashnikov. Assim, permite o apoio direto e o treinamento de forças em campanha com seu próprio material. Dois CPEOs apóiam o CPMO: o 51º regimento de infantaria (aqui trabalhando neste treinamento com o AK47) em Mourmelon e o 17º grupo de artilharia em Biscarrosse.

Bibliografia recomendada:

The AK-47: Kalashnikov-series assault rifles.
Gordon L. Rottman.

Rajadas da História: O fuzil AK-47 da Rússia de Stálin até hoje.
Mikhail Kalachnikov e Elena Joly.

Leitura recomendada:






GALERIA: Os fuzis AK-74M da Síria, 29 de agosto de 2020.


A China tem um novo tanque: eis o que sabemos sobre o Tipo 15

Tipo 15.

Por Mark Episkopos, The National Interest, 14 de janeiro de 2020.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 16 de janeiro de 2020.

A China tem muitos tanques antigos para substituir.

Pontos-Chave: Podemos esperar ver o Tipo 15 em teatros marítimos.

A coleção de mais de 7.000 tanques na China, embora numericamente impressionante, é inflada por iterações cada vez mais desatualizadas dos tanques da série T soviéticos da década de 1950, como o T-54. O Exército de Libertação Popular (PLA) adotou medidas ativas nas últimas décadas para renovar sua linha em processo de envelhecimento, culminando com o Tipo 99, que pode dar aos tanques principais dos EUA e da Rússia uma corrida pelo seu dinheiro.

Mas, à medida que o Type 99 evoluiu na direção de maior poder de fogo e ampliou o conjunto de armamentos com o recente Tipo 99A, tornou-se aparente a necessidade de um tanque moderno mais leve e móvel que possa operar efetivamente nos planaltos, florestas e regiões com muita água da China.

Entra o Tipo 15. Avistamentos esporádicos do tanque leve foram relatados anteriormente por cidadãos chineses, mas sua existência agora é formalmente confirmada pelo Ministério da Defesa chinês.

"Estamos seguindo o plano geral e focando equipamentos-chave - realizamos grandes conquistas em nosso acúmulo de equipamentos. Quanto ao tanque leve Tipo 15, de acordo com minhas informações, ele foi entregue às nossas tropas”, afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa Wu Qian ao jornal The South China Morning Post (SCMP).

O Tipo 15 possui um motor de 1.000 cavalos de potência, aproximadamente o dobro do tanque do Tipo 62 que ele está substituindo. Possui um canhão de 105mm capaz de disparar projéteis perfurantes e mísseis guiados, em oposição ao canhão de 85mm de seu predecessor Tipo 62. O especialista militar Song Zhongping expressou a diferença sem rodeios no SCMP: "O tanque Tipo 62 está ficando para trás. O tanque Tipo 15 tem capacidades de proteção e de manobra muito melhores".

O Tipo 15 é menos potente, mas também significativamente mais leve que o Tipo 99, com 35 toneladas contra as 58 toneladas do seu primo maior. Sua estrutura mais leve é acompanhada por um sistema de suspensão hidropneumática. Também encontrado no tanque Tipo 10 do Japão, ela ajusta dinamicamente a distância ao solo para maximizar a manobrabilidade e a eficácia de combate em terrenos irregulares.

Tendo estabelecido o objetivo do projeto e o catálogo de melhorias do Tipo 15, a questão premente se torna onde e quando o PLA planeja desdobrá-lo. O Tipo 15 já estava em manchetes em 2017, durante o impasse entre a China e a Índia na região do Tibete. Um grande impulso político para o Tipo 15 foi a necessidade de um tanque que possa operar nas colinas tibetanas de alta altitude, em preparação para uma retomada futura das hostilidades sino-indianas.

Sendo o Tipo 15 adaptado especificamente para navegar em obstáculos marítimos, também podemos esperar vê-lo nos teatros marítimos. De fato, a China tem reforçado ativamente sua presença militar nas zonas disputadas da costa sul. O Tipo 15 é um dos principais candidatos para modernizar e consolidar a divisão blindada da Marinha do PLA, substituindo os tanques envelhecidos Tipo 59 e Tipo 63 ainda em serviço.


MBT Tipo 10 japonês.

Uma iteração quase idêntica do Tipo 15, o VT-5, chegará aos mercados de exportação. A empresa enfrentará forte concorrência do mencionado Tipo 10 do Japão, especialmente após o levantamento da proibição auto-imposta à exportação de armas de Tóquio. O Tipo 10 pesa um pouco mais com 40 toneladas, mas possui uma potência um pouco maior de 1.200 cavalos de força. O Tipo 10 também oferece um canhão produzido localmente, compatível tanto com munição padrão da OTAN de 120mm, bem como munições flecha (armour-piercing fin-stabilized discarding sabot, APFSDS).

Ainda assim, os dois têm desempenho próximo o suficiente para que seu apelo seja fortemente moldado por preços e forças diplomáticas externas. Embora a China tenha um histórico de alavancar suas notáveis economias de escala para afastar seus concorrentes, resta saber se as exportações do Tipo 15 cairão nessa tendência.

Mark Episkopos é colaborador frequente do The National Interest e atua como assistente de pesquisa no Center for the National Interest. Mark também é aluno de doutorado em História na American University. Este artigo apareceu pela primeira vez no ano passado.

Original: https://nationalinterest.org/blog/buzz/china-has-new-tank-heres-what-we-know-about-type-15-113906?fbclid=IwAR11pyXpyuzbE6EajePDClbUzPxaPi0iAJ9IDrjxXzUv6DeQl4FWZCNoipc

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

FOTO: Equipe de míssil anti-aéreo Mistral durante o lançamento do foguete Ariane 5

Legionários da 2ª companhia do 3e REI (3º Regimento Estrangeiro de Infantaria) com o míssil AAe Mistral durante o lançamento do foguete Ariane 5 em Kourou, na Guiana Francesa, em 17 de novembro de 2016.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

FN FAL: “O Braço Direito do Mundo Livre”


Por Chris Eger, Guns.com, 3 de março de 2014.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 29 de agosto de 2019.

[O blog já tratou sobre o FAL aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.]

Durante a Guerra Fria, o mundo foi dividido em OTAN, Pacto de Varsóvia e alguns neutros. Enquanto os EUA escolheram foi de M14/M16 e os soviéticos escolheram o humilde AK, o resto do mundo foi por outro caminho - o FN FAL.

O FN FAL armou a maior parte do mundo ocidental e seus aliados durante a era da Guerra Fria.

Por quê

No final da década de 1940, os países aliados ocidentais no pacto militar da OTAN estavam indo às compras atrás de um novo e moderno fuzil de batalha. Com os soviéticos e seus companheiros do bloco oriental armados com o SKS e o AK-47 com seletores de tiro, fuzis de ferrolho Enfields, Mausers e MAS da OTAN foram totalmente ultrapassados.

Fuzil MAS-36 sendo disparado por um soldado alemão no final da Segunda Guerra Mundial.

Os americanos e britânicos estavam testando rapidamente novos rifles na época, mas a gigante belga de armas FN - mal se recuperando da guerra e da ocupação nazista de suas próprias fábricas - procurou seu laborioso mestre de armas, Dieudonné Saive, para ver o que ele poderia sugerir.

Projeto

Dieudonné Joseph Saive era o Chef de Service da FN (chefe de projeto de armas) por quase duas décadas. Quando o gênio das armas de fogo John Moses Browning morreu, deixando sua pistola de 9mm bifilar incompleta, Saive a terminou, criando a famosa Browning Hi-Power. Além dessa conquista, ele tinha uma parte na pistola Baby Browning e no fuzil FN-49. Foi essa última arma, um fuzil semi-automático operado a gás, que Saive usou como base para o novo fuzil de combate com seletor de tiro da FN.

O inventor do fuzil FAL, Dieudonné Saive.

Tomando a operação a gás básica, com o bloco da culatra basculante, do seu FN-49, ele o modificou para se tornar capaz de disparar seletivamente até 700 tiros por minuto. Ao contrário dos velhos fuzis de ação de ferrolho das Guerras Mundiais que carregavam no máximo de 5 a 10 disparos, a nova arma da FN seria alimentada por carregadores tipo cofre destacáveis que podiam conter 20 cartuchos de maneira confiável. Um cano de 21 polegadas (533mm) dava à arma um comprimento total de 43 polegadas (109mm).

Protótipo do FAL no calibre .280/30, apresentado em 1947.

Embora isso possa parecer longo em comparação com os fuzis de hoje, deve-se lembrar que o típico fuzil Mauser, que a nova arma estaria substituindo, também tinha 43 polegadas. O peso chegou a 9,48 libras (4,3kg), descarregado, em grande parte devido à armação de madeira da arma e à caixa da culatra fresada (em vez da caixa da culatra estampada encontrada no AK47).

Fuzil FAL, visão explodida do desenho.

Pronto para produção em 1953, a FN chamou seu novo fuzil de Fusil Automatique Léger (francês para "Fuzil Automático Leve"). Obviamente, isso foi simplificado como FAL.

Fuzil FAL comum.

Fuzil Para-FAL. Notar a coronha esquelética rebatível.

Sistema de mira de um fuzil FN FAL.

Uso

A FN encontrou o tipo de sucesso com o FAL com a qual empresas de armas apenas sonham. Entre 1953-1988, eles fabricaram mais de 2 milhões dessas armas para clientes em todo o mundo. Isso incluiu remessas para a Alemanha, Colômbia, Chile, Irlanda, a Holanda e outros. Ao todo, seria usado por forças armadas ou forças policiais em algo como 90 países. Isso incluía não apenas o modelo padrão FAL 50.0, mas também a arma automática do grupo de combate de 13 libras (6kg) FALO* (com um cano pesado e um carregador de 30 tiros), o FAL 50.61 de coronha dobrável, e o modelo “Paraquedista” 50.62/63 com coronha dobrável e cano de 17 polegadas (436mm). Originalmente construído em torno do Kurz intermediário de 7,92×33mm, o fuzil de grande calibre era predominantemente calibrado no 7,62×51mm OTAN.

*Nota do Tradutor: Fusil Automatique Lourd (FALO), conhecido no Brasil como FAP (Fuzil Automático Pesado).

Soldados do 7º Regimento Real Australiano marcham através de Sydney com FALs, 1968.

Gurcas britânicos armados de Kukris e fuzis FAL L1A1.

Além das armas fabricadas pela FN, vários países fizeram suas próprias sob licença. Um grande mercado para armas feitas sob licença desse projeto belga foi o Brasil (Imbel) e a Argentina (FM), que fabricaram centenas de milhares dessas armas. Israel foi outro dos primeiros fabricantes do FAL, usando-o para finalmente substituir os fuzis Mauser e Enfield da época da Segunda Guerra Mundial e aumentar a produção da submetralhadora UZI fabricada localmente. O problema era que o FAL estava propenso a travamentos nas condições do deserto, o que falhou em impressionar os israelenses.

Exército britânico na Irlanda do Norte com FALs L1A1.

FAL L1A1 em Belfast, 1981.

O FALO de 13 libras é uma versão de arma de apoio do grupo de combate do FN-FAL.

Esse fato era mais conhecido pelos britânicos, que desde o início criaram seus próprios FALs semi-automáticos licenciados (fabricados pela Enfield e apelidados de L1A1) com recortes de areia no conjunto do ferrolho, pois eles eram conhecidos por estarem envolvidos em climas desérticos de tempos em tempos. Isso provou ser útil para as operadores britânicas do SAS em Omã, Áden e outros lugares em que nunca estiveram oficialmente nas décadas de 1960 e 70. Seguindo a liderança da Grã-Bretanha, a Austrália, o Canadá*, a África do Sul e a Índia fizeram a licença do FAL em suas próprias versões semi-automáticas. Essas armas viram combate nas Falklands (onde soldados britânicos armados com FALs lutaram contra soldados argentinos - armados com FALs).

*Nota do Tradutor: O Canadá adotou o FAL antes da Grã-Bretanha, em 1954, o primeiro país do mundo a adotá-lo; antes mesmo da própria Bélgica.

Fuzis L1A1 vistos aqui nas Falklands com tropas britânicas.

Fuzis FN FAL FMP com tropas do exército argentino nas Falklands, 1982.

Treinamento de infantaria do Exército da Rodésia com seus FN FALs.
Observe a empunhadura para a frente.

A Rodésia usou o FAL em sua versão semi-automática britânica/sul-africana*, pintada distintamente na chamada tinta de cocô de bebê. Hoje, essa série de manchas verdes e amarelas é muito popular entre os colecionadores, que geralmente a recriam em versões de construção doméstica. Essas armas foram a arma icônica dos 15 anos da Guerra de Mato (Bush War) naquele país.

*Nota do Tradutor: A Rodésia utilizou FALs métricos da Alemanha Ocidental e o R1 sul-africano.

Mesmo pequenos países então chamados neutros, sem cortejar inimigos, adotaram o FAL, pois certamente parecia uma boa idéia na época. Isso incluía a pequena Áustria (que o produziu localmente pela Steyr como StG58*), Costa Rica, República Dominicana e Nepal. Isso deixou o mundo não-comunista do Himalaia aos Alpes e aos Andes, todos guardados pelo fuzil de batalha da FN.

*Nota do Tradutor: O StG58 austríaco é considerado a melhor versão do FAL. Uma curiosidade é a ausência de baioneta, apenas com o uso do bocal de granada.

FAL na Rodésia.
Reencenador finlandês com a camuflagem “cocô de bebê”.

O FAL ainda aparece frequentemente em "pontos quentes" militares, como visto por este exemplo enferrujado recentemente fotografado na Libéria.

O capitão do exército dos EUA, William Summer, interroga um cavalo de aparência suspeita no Iraque com um FAL em pronto emprego, 2007.

Soldados nepaleses usando fuzis FN FAL e smartphones em 2010.

FAL na Serra Leoa, 2011.

Colecionabilidade

O FG42 comparado ao G3, à esquerda, e ao FN FAL, à direita.

O chocalho da morte do FAL foi soado pela adoção pela OTAN da munição de 5,56mm como padrão depois de 1964. Primeiro, os EUA, depois a França e a Alemanha começaram a selecionar armas mais leves e controláveis, como o M16, FAMAS e HK33, todos em 5,56 para substituir os fuzis de batalha de 7,62mm dos anos 50 e 60.*

*Nota do Tradutor: A OTAN só adotou realmente o 5,56mm como padrão nos anos 1980. O primeiro país a adotar o 5,56mm como padrão foi a França em 1978 com o FAMAS.

Um por um, o Mundo Livre mudou para armas de menor calibre. Por volta de 1989, até a FN entrou na dança e projetou o FNC de 5,56mm para substituir o FAL em sua linha de montagem.

O ator Dennis Hopper era um ávido proprietário do FAL como visto aqui com seu FAL G em Taos, Novo México, 1970.

Hoje, o FAL ainda está em serviço muito difundido em todo o mundo, mas isso ocorre com forças armadas menores, como o Camboja, Togo e Suriname*. Até membros da OTAN como a Turquia e a Grécia, há muito conhecidos por manter equipamento militar por gerações, mudaram para o 5,56.

*Nota do Tradutor: O Brasil e a Argentina ainda mantêm o FAL, sendo que a Argentina o atualizou e não manifesta o desejo de substituí-lo.

No entanto, 60 anos de serviço ao redor do mundo e uma silhueta inconfundível deram ao FAL um legado duradouro. Com a possível exceção do fuzil M14/M1A, o FAL é talvez o fuzil de batalha em 7,62x51mm mais desejado nos EUA hoje. Isso faz com que os colecionadores se apressem atrás tanto dos kits de peças e como das próprias versões originais de fábrica da arma.

Kits de peças

Kit de peças do FAL. Os armeiros de casa devem estar cientes de que as peças vêm em variedades de milímetros e polegadas.

A melhor aposta para muitos possíveis viciados no FAL é montar uma arma a partir de um kit de peças. Nesse caso, você simplesmente pega uma nova caixa da culatra semi-automática e monta legalmente sua própria arma em torno dela, no estilo Frankenstein, usando peças separadas vendidas por distribuidores.

Ao comprar os diferentes kits de peças, escolha padrões métricos ou em polegadas e atenha-se a eles ao adquirir peças. Se a última frase o deixa intrigado, lembre-se de que o FN FAL e seus variantes foram feitas tanto pelos países que usaram milímetros e centímetros (Bélgica, Brasil, Áustria) quanto pelos países que usaram polegadas (Grã-Bretanha, Austrália, Canadá etc.), então esteja ciente , você pode encontrar peças de ambos, mas elas não são necessariamente intercambiáveis.

Kit da arma DSA SA58.

É claro que, como a maioria dos variantes do FAL era métrico e muitos modelos de "polegada", como as armas australianas, foram destruídos em vez de vendidos como excedentes, as versões métricas continuarão sendo mais comuns no mercado de excedentes. Além disso, como a Imbel ainda está fabricando e exportando caixas da culatra métricos do FAL, isso pareceria o caminho lógico para os armeiros iniciantes.

FAL de propriedade civil.

Mas não importa o que você monte, consulte as seções de referência do fórum da web FAL Files antes de começar a fazer compras. Ao fazê-lo, você encontrará kits atualmente variando de US$ 400 a US$ 700. Isso, quando você adiciona o preço de uma caixa da culatra a ele, pode ou não valer a pena para você.

Armas prontas


FALs!

Se você não quer brincar de montar o seu próprio fuzil, ainda existem muitas opções para os interessados. A Century fez o que chamou de fuzil R1A1 a partir de caixas de kits de peças que muitas vezes deixavam peças em polegadas e métricas na mesma arma. Estes, como você pode imaginar, são o degrau mais baixo da cadeia alimentar semi-automática legal do FAL nos Estados Unidos e geralmente podem ser comprados por US$ 800. Outras armas fabricadas com novas caixas da culatra, mas utilizando uma mistura de peças antigas (geralmente métricas) incluem o DSA StG58 e o FN Paraquedista da Imbel/Enterprise. Qualquer um desses começa em US$ 1000 e sobe rapidamente a partir daí.

Marca do R1A1 da Century Arms.
Os FALs com marcação da FN em qualquer versão são o item mais quente.

No início dos anos 60, foram importados para os EUA cerca de 1.800 fuzis semi-automáticos FAL da série FN G da Bélgica. Essas armas são extremamente caras, geralmente mais de US$ 5.000, mas são o mais perto possível da coisa real sem um carimbo de imposto. Isso ocorre porque essas armas foram construídas com caixas da culatra de FALs com seletores de tiro regulares, apenas sem a alavanca de manejo verdadeira para acionar a arma na terceira posição.*

*Nota do Tradutor: Nos eventos internacionais, o tiro de fuzil é feito em três posições: Deitado, de Pé e Ajoelhado, sempre nessa ordem. Portanto, primeira posição, segunda posição e terceira posição.

Então, é claro, existem FALs verdadeiros registrados na NFA de Classe III que são capazes de disparar legalmente em fogo totalmente automático. Como acontece com qualquer metralhadora transferível, eles valem amplamente qualquer valor que alguém queira pagar por eles. No entanto, esteja preparado para um ponto de partida nesses itens em torno de US$ 10.000.

De qualquer maneira, o velho Dieudonné fez um bom trabalho para a FN.

Bônus:

O tradutor (centro) com um FAP no Capão do Leão/RS em janeiro de 2008.

Bibliografia recomendada:

The FN FAL Battle Rifle,
Bob Cashner.

Leitura recomendada: