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sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

FOTO: Fuzis SKS capturados

Foyer (cantina) da 1ª companhia do 2e RPC na Argélia, adornado com dois fuzis SKS capturados dos egípcios na crise de Suez de 1956.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 1º de janeiro de 2020.

Os fuzis SKS egípcios capturados na operação de 1956 (Operação Mousquetaire) foram os primeiros exemplares do SKS capturados por forças ocidentais, e fotos mostram os paraquedistas franceses usando esses SKS com as baionetas caladas para controlar prisioneiros egípcios.

A placa tem os dizeres "Souviens toi.." (lembrem-se) com os nomes dos mortos da companhia na Guerra da Argélia. O Sargento Victor Bellon está marcado como morto no Porto Said, no Egito. O Sgt. Bellon saltou na Normandia em 1944 como parte do SAS francês.

Sargento Victor Bellon, morto ao chegar ao solo no salto de 5 de novembro de 1956.
Ele usa as asas francesas livres da época do exílio.

Paras franceses do 2e RPC (Régiment de Parachutistes Coloniaux), que saltaram no Porto Fouad, na região do Porto Said, inspecionam um fuzil SKS capturado dos egípcios, 1956.

Prisioneiros egípcios capturados pelo 2e RPC no Porto Fouad, novembro de 1956.

Noticiário inglês sobre a invasão do Porto Said em 1956


Bibliografia recomendada:

Histoire des Parachutistes Français:
La guerre para de 1939 à 1979.
Henri Le Mire.

Leitura recomendada:


FOTO: IS-3 no Egito de Nasser8 de novembro de 2020.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

FOTO: Comando francês com uma MG34 capturada

Tenente Senée da Tropa nº 6 (Francesa) posando com uma MG34 capturada na cabeça-de-ponte no rio Orne, Normandia, em junho de 1944.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 22 de dezembro de 2020.

Tenente Senée da Tropa nº 6 (Francesa) posando com uma MG34 capturada na cabeça-de-ponte no rio Orne, Normandia, em junho de 1944. O Tenente Senée se distinguiria no comando da Seção nº 1 da Tropa nº 6 durante combates de rua em Flushing, em 1º de novembro de 1944; ele seria morto em combate anos depois na Indochina.

Durante a Operação Overlord, as Tropas nº 1 e 8 francesas foram incorporadas ao Comando nº 4 (No. 4 Commando, Ten-Cel Dawson) como Tropas nº 5 e 6 respectivamente, sob a 1ª Brigada de Serviço Especial (1st Special Service Brigade, Lord Lovat).

No Dia D, a 1ª Brigada de Serviço Especial do Lord Lovat esteve sob o comando da 6ª Divisão Aerotransportada britânica. O objetivo do Comando nº 4 (No.4 Cdo) era atacar uma bateria de costa com 6 canhões em Ouistreham na margem leste do rio Orne e do Canal de Caen,  na extrema esquerda da Praia Sword (Sword Beach); os 177 franceses foram encarregados do ataque ao ponto forte do Cassino Bella Riva no sul da bateria.

Desembarcando às 7:32h do dia 6 de junho de 1944 na praia Queen Red em La Breche, as tropas francesas realizaram o assalto que foi retratado no filme "O Mais Longo dos Dias" (The Longest Day, 1962).

O aguardado contra-ataque alemão se materializou pesadamente no dia 8, com artilharia, snipers e unidades de reconhecimento. Os comandos franceses sofreram pesadamente de fogo de snipers e morteiros; os comandos ouviram a aproximação de dois panzers e o Major Kieffer moveu todos os seus PIAT para engajar a ameaça. Duas companhias alemãs do Infanterie-Regiment 857 da 346. Infanterie-Division lançaram um ataque contra as posições francesas com o objetivo de romperem a linha e atingirem o Orne, com a cabeça-de-ponte sendo colocada sob pressão crescente. O combate atingiu a distância do corpo-a-corpo, o Cabo Laot lutou com três alemães e matou dois antes de ser baionetado. Patrulhas alemãs continuaram sondando agressivamente as posições francesas durante o dia 9 de junho. O Major Kieffer foi evacuado depois que seus ferimentos tornaram-se sépticos e o Tenente Lofi assumiu o comando.

No dia 10, os alemães lançaram o primeiro de vários ataques pesados contra a 1ª Brigada de Serviço Especial, atingido o No. 6 Cdo próximo a Bréville e então o No. 4 Cdo em Hauger. O próximo caiu sobre o No. 3 Cdo, seguido por um ataque contra os franceses no centro. A luta intensa atingiu novamente o combate aproximado, com tanques Panzer IV da 21. Panzer-Division infiltrando o perímetro. O combate continuou intensamente por todo o dia, mas a cabeça-de-ponte foi mantida. Até então, os comandos franceses haviam perdido 7 mortos e 22 feridos, com 70 homens ainda de pé. Durante a noite uma patrulha francesa ocupou a encruzilhada de Écarde para impedir incursões do Infanterie-Regiment 744 vindo do oeste.

Bibliografia recomendada:

No. 10 Inter-Allied Commando 1942-45:
Britain's Secret Commando,
Nick van der Bijl BEM e Rob Chapman.

Leitura recomendada:

FOTO: O mais novo voluntário da Legião Francesa de Voluntários contra o Bolchevismo, 18 de dezembro de 2020.

PINTURA: Assalto anfíbio soviético nas Ilhas Curilas24 de novembro de 2020.

FOTO: Soldado russo da Wehrmacht31 de outubro de 2020.

FOTO: Soldados Soviéticos nas ruínas do Reichstag2 de dezembro de 2020.

GALERIA: Manobra dos comandos navais no Tonquim9 de outubro de 2020.

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

FOTO: Macacos de Lotar em arranha-céu

Operadores da unidade contraterrorista Lotar, os "macacos" de Lotar, rapelando de um dos edifícios mais altos de Tel Aviv, com vista para toda a cidade, novembro de 2020.

Dois operadores Lotar, mestres de rapel (apelidos de "macacos") rapelando um dos arranha-céus Azrieli em Tel Aviv durante um exercício. Os macacos passam por 14 meses de treinamento no qual se especializam em diferentes habilidades, como arrombamento, rapel, snipers e guerra subterrânea. Os operadores Lotar, compondo um núcleo de excelência, repassam as demais unidades de elite das Forças de Defesa de Israel em sua área de expertise.

Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:

Unidade multidimensional "Ghost" das IDF completa o primeiro exercício19 de agosto de 2020.

Comandos da Força Aérea Israelense ganham o primeiro comandante druso, 19 de setembro de 2020.

GALERIA: Snipers no Forças Comando na República Dominicana3 de novembro de 2020.

FOTO: Caçadores de artilharia no Ártico, 13 de novembro de 2020.

FOTO: Invasão argentina das Ilhas Falklands16 de novembro de 2020.

FOTO: Assalto aeromóvel a um trem15 de dezembro de 2020.

GALERIA: Forças Especiais Sauditas no Iêmen15 de novembro de 2020.

GALERIA: Caçada ao Estado Islâmico no Iraque, 19 de novembro de 2020.

FOTO: Assalto aeromóvel a um trem

Imagem rara mostrando operadores do JW GROM e SAS durante um assalto helitransportado em um trem, durante um exercício de treinamento conjunto, início da década de 1990.

Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:

domingo, 6 de dezembro de 2020

O 2º Esquadrão do SAS australiano foi dissolvido devido a problemas de disciplina


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 6 de dezembro de 2020.

O comandante do exército australiano dissolveu o 2º Esquadrão do Regimento SAS devido a problemas de disciplina.

O Chefe do Exército (Chief of Army), Tenente-General Rick Burr, removeu o 2º Esquadrão do Regimento do Serviço Aéreo Especial da Ordem de Batalha do Exército após a divulgação do inquérito do IGADF (Inspector-General of the Australian Defence Force) sobre crimes de guerra cometidos no Afeganistão.

Em um comunicado, o General Burr disse que crimes foram cometidos "em todo o Regimento", mas que havia um "nexo de atividades" no 2 Esquadrão. Ele também disse que a lacuna no sistema de numeração do esquadrão "lembrará as gerações futuras deste momento". “Como Chefe do Exército, esta não é uma decisão que tomei levianamente”, disse o Gal. Burr. "Os problemas no relatório de inquérito são tão chocantes que uma mensagem clara é necessária."

2º Esquadrão, SASR (Special Air Service Regiment), ao lado de combatentes afegãos.

Australian Defence Magazine publicou a declaração do General Burr, feita no dia 20 de novembro de 2020, na íntegra:

"Hoje estive em Perth, Austrália Ocidental, no Regimento de Serviço Aéreo Especial do Exército Australiano.

O Chefe da Força de Defesa, General Angus Campbell, AO, DSC, dirigiu ações específicas em resposta ao Inquérito. Alguns deles se aplicam a honras e prêmios individuais e coletivos.

Como Chefe do Exército, também dirigi a remoção do título: 2 Squadron, Special Air Service Regiment, da Ordem de Batalha do Exército Australiano.

Embora os incidentes delineados no Inquérito tenham ocorrido em todo o Regimento, o relatório deixou claro que havia um nexo de supostas atividades criminosas graves no 2º Esquadrão, Regimento do Serviço Aéreo Especial em um determinado momento. Esta alegada má conduta grave prejudicou seriamente nossa posição profissional.

Esta ação não reflete nenhum julgamento sobre os atuais membros do 2º Esquadrão, Regimento do Serviço Aéreo Especial, mas todos nós devemos aceitar os erros do passado.

Os atuais membros do esquadrão serão transferidos para outras subunidades do Regimento. Um plano de implementação deliberado será desenvolvido para apoiar isso.

Como Chefe do Exército, esta não é uma decisão que tomei levianamente.

Os problemas no relatório de inquérito são tão chocantes que é necessária uma mensagem clara.

É importante aprendermos com essa experiência e começar o processo de cura para que possamos nos concentrar no futuro. Isso nunca deve acontecer novamente, em qualquer lugar de nosso exército. Nossa profissão exige que sempre operemos de forma legal, ética e responsável. Mesmo nos ambientes mais complexos e desafiadores.

As gerações futuras serão lembradas deste momento em nossa história militar pela lacuna em nosso sistema de numeração de esquadrões.

À medida que continuo a analisar as extensas descobertas, tenha certeza de que, onde houver evidência de má conduta, as pessoas serão responsabilizadas. Isso pode ser por meio de ação disciplinar ou administrativa.

Uma reforma significativa está em andamento no Comando de Operações Especiais e de forma mais ampla em nosso Exército nos últimos cinco anos. Um progresso importante foi feito e este trabalho continua.

Essas reformas receberão um foco, ênfase e urgência aumentados com base nas conclusões e recomendações do relatório do Inquérito.

Vou acelerar os planos existentes de mobilidade da força de trabalho para o pessoal do Comando de Operações Especiais. Espera-se que indivíduos dentro do Comando de Operações Especiais recebam postagens fora do Comando. Isso permitirá descanso, regeneração, ampliação de perspectivas e compartilhamento de conhecimentos e habilidades em todo o Exército. Isso traz benefícios individuais e coletivos para toda a Força de Defesa Australiana. A supervisão de postagem independente para o Comando garantirá que a força de trabalho e a estratégia estejam alinhadas.

Continuaremos a fortalecer os fundamentos de governança, garantia e responsabilidade. Isso inclui reforçar a importância da cultura, liderança, responsabilidade, ética e nossos valores por meio da iniciativa do Bom Soldado do Exército (Army’s Good Soldiering initiative).

O Centro de Liderança do Exército Australiano será o centro de nosso treinamento e de como nos conduzimos como líderes éticos, capazes e eficazes em todos os níveis do nosso Exército.

Hoje começamos um novo capítulo e nos comprometemos a restaurar a confiança da nação que juramos defender. Um símbolo desta renovação contínua é o desfile de boinas de amanhã para novos membros do Regimento do Serviço Aéreo Especial e o desfile de boinas recente para o 2º Regimento Comando.

Estou confiante de que, como resultado dessa experiência, emergiremos um Exército mais forte, capaz e eficaz.

Gostaria de agradecer às famílias, entes queridos e aqueles que apoiaram nosso Exército durante este momento desafiador. Eu encorajo fortemente qualquer pessoa que necessite de auxílio de bem-estar social a acessar os serviços disponíveis.

Elogio aqueles que tiveram a coragem de fornecer informações ao Inquérito.

Nosso povo, do passado e do presente, fez contribuições extraordinárias para a defesa da Austrália. Continuo inspirado pela esmagadora maioria de homens e mulheres profissionais que servem em nosso Exército. Nosso pessoal deve continuar a se orgulhar de seus serviços e saber que seu compromisso é valorizado.

Este é um momento desafiador para todos nós. Nosso Exército deve aprender, melhorar, apoiar uns aos outros e juntos vamos superar isso.

Continuamos, um Exército da nação, um Exército da comunidade, somos o Exército da Austrália."

Essa decisão vem na rabeira de vários problemas com unidades de operações especiais da OTAN, incluindo o KSK alemão, a Força de Serviços Especiais canadense e os SEALs americanos, além de um grupo de ex-boinas verdes americanos que foram capturados numa aventura quixotesca na Venezuela.

Bibliografia recomendada:



Leitura recomendada:

COMENTÁRIO: As Forças Especiais ainda são especiais?6 de setembro de 2020.



terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Por que eu prefiro ser baleado por um AK-47 do que um M4


Por Dan Pronk, SOFREP Magazine, 19 de dezembro de 2015.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 1º de dezembro de 2020.

Admito, eu prefiro não levar nenhum tiro, mas se eu tivesse que escolher, eu tomaria um tiro de AK-47 (7,62x39mm) ao invés do M4 (5,56x45mm) em qualquer dia da semana. Para adicionar uma advertência a essa afirmação, estou falando de um alcance relativamente próximo aqui - digamos até 150-200 metros.

7,62x39mm versus 5,56x45mm.

Para entender o porquê, é importante primeiro dar uma olhada muito básica na física por trás da balística terminal. Neste caso, considere a ciência do que acontece quando um míssil penetrante entra em um corpo humano. O primeiro lugar para começar é a seguinte equação de energia cinética:

KE = ½ M (V1-V2)²

Quebrando essa equação em seus componentes, temos a energia cinética (KE) influenciada pela massa (M) do míssil penetrante, bem como pela velocidade (V) do míssil. Isso faz sentido; é lógico que um míssil mais pesado e rápido causará mais danos do que um míssil mais leve e lento. O que é importante entender é a influência relativa que a massa e a velocidade têm sobre a energia cinética, pois esta é a chave para entender por que preferiria levar um tiro AK do que um de M4. Você notará que o componente de massa da equação KE é reduzido à metade, enquanto o componente de velocidade é elevado ao quadrado. Por esse motivo, é a velocidade do projétil que tem muito mais influência sobre a energia que ele entrega ao alvo do que a massa.


O componente V1-V2 da equação leva em consideração que o projétil pode realmente passar direto pelo alvo, ao invés de parar no alvo. Neste caso, a mudança na velocidade do projétil à medida que ele passa pelo alvo (V1 sendo sua velocidade quando entra, e V2 sendo a velocidade na saída) é o fator que é considerado ao calcular quanta energia o míssil entregou no alvo. Naturalmente, se o projétil parar no alvo (ou seja: sem ferimento de saída), então V2 é igual a zero e a velocidade do projétil quando ele entrou (V1) é usada para calcular a KE.

Isso é física suficiente por agora, mas você entendeu que o projétil ideal para atirar em alguém é aquele que tem uma massa decente; é muito, muito rápido; e tem a garantia de parar em seu alvo de modo a dissipar o máximo de energia possível nele e, portanto, causar o máximo de dano.

O próximo conceito a entender é o de cavitação permanente versus cavitação temporária. Cavitação permanente é o buraco deixado em um alvo por um projétil que o perfura. Você pode pensar nisso simplesmente como um bastão afiado sendo empurrado através de um alvo e deixando um buraco do diâmetro do bastão. A cavidade permanente deixada por uma bala é proporcional à área da superfície da bala conforme ela passa pelo tecido. Por exemplo, se um projétil AK-47 de 7,62mm de diâmetro em seu ponto mais largo passar sem problemas por um alvo, ele deixará um projétil redondo de 7,62mm de cavidade permanente.

Se esse buraco passar por uma estrutura vital do corpo, o ferimento pode ser fatal. No entanto, se a bala passar apenas pelos tecidos moles, a cavidade permanente pode ser relativamente benigna. Esta é uma simplificação exagerada do conceito, já que as balas raramente permanecerão inertes ao passarem por corpos humanos; elas têm uma tendência a desestabilizar e para a parte traseira da bala, mais pesada, querer ultrapassar a frente. Este conceito, conhecido como guinada, aumenta a área da superfície frontal da bala conforme ela passa pelo tecido e, portanto, cria uma cavidade permanente maior.


Muito mais prejudicial do que a cavidade permanente deixada por um projétil é a cavidade temporária que ele cria. Qualquer pessoa que tenha assistido ao programa de TV MythBusters terá alguma familiaridade com este conceito, e ele é melhor demonstrado usando imagens de vídeo em câmera lenta de balas sendo disparadas em uma gelatina especial conhecida como gelatina balística, a qual é calibrada para ter a mesma densidade que os tecidos moles humanos. O que pode ser visto nessas imagens de vídeo é a dissipação pulsante de energia que emana de uma bala ao passar pela gelatina. Esta é uma ilustração visual do conceito de cavitação temporária e permite ao observador começar a apreciar o efeito devastador que um míssil de alta velocidade pode ter ao entrar em um corpo humano.

A cavitação temporária é a transferência de energia cinética do projétil para os tecidos do alvo e, como aprendemos acima, é relativa à massa e, mais importante, à velocidade do projétil. Conforme a energia do projétil é dissipada nos tecidos do alvo, a cavitação temporária pulveriza estruturas adjacentes ao caminho da bala, incluindo vasos sanguíneos, nervos, músculos e quaisquer órgãos sólidos que possam estar nas proximidades. Por esse motivo, o projétil de alta velocidade não precisa passar diretamente por uma estrutura do corpo para destruí-lo. Quanto mais alta a energia cinética do projétil, mais longe da cavidade permanente se estende a cavidade temporária.

Abaixo está um vídeo em câmera lenta de Brass Fetcher de um projétil de 5,56x45mm (o mesmo que o M4 dispara) atingindo gelatina balística em câmera lenta. Depois de observar, o médico pode começar a avaliar o dano causado aos tecidos pela onda de pressão da cavitação temporária.


Tendo tido a chance de tratar dezenas de ferimentos de mísseis de alta velocidade ao longo dos meus anos nas forças armadas, eu vi em primeira mão o efeito que vários calibres de fuzil podem ter a várias distâncias, atingindo várias partes do corpo. Naturalmente, há uma infinidade de variáveis que entram em jogo quando alguém leva um tiro, e dois ferimentos por arma de fogo nunca serão iguais. O objetivo deste artigo não é tirar quaisquer conclusões acadêmicas sobre a balística do AK-47 versus o M4, ou discutir os méritos de uma munição sobre a outra, é introduzir os conceitos dos diferentes perfis de ferimento de cavidades permanentes e temporárias usando alguns estudos de caso.

Abaixo estão dois exemplos com os quais estive envolvido que ilustram um pouco de um estudo comparativo de um projétil de AK-47 e outro de M4 atingindo aproximadamente a mesma localização anatômica e aproximadamente do mesmo alcance (nesses casos, 150-200 metros).





Nesta série de fotos você pode ver um ferimento de arma de fogo por M4 particularmente desagradável, com um pequeno ferimento de entrada na nádega direita e um ferimento de saída maciço na parte lateral da coxa direita. A radiografia da última imagem mostra que o projétil atingiu a parte superior do fêmur e demoliu o osso, enviando fragmentos ósseos secundários pelos tecidos e respondendo pela maior parte do ferimento de saída. O dano causado pela onda de pressão da cavidade temporária pode ser apreciado na primeira imagem, com hematomas profundos se estendendo até a nádega e na parte inferior das costas da vítima. Esse hematoma resultou da energia dissipada pelos tecidos pulverizando pequenos vasos sanguíneos em seu caminho (pense no vídeo da gelatina balística para imaginar o que se passou nos tecidos).

O material granular no meio da ferida da coxa visto na radiografia é uma esponja de coagulação avançada (advanced clotting sponge, ACS) QuikClot de geração mais antiga, que foi inserida no ponto da lesão para controle da hemorragia com excelente efeito. Os fragmentos brancos brilhantes no raio-X são pequenos pedaços da bala, que se desintegrou com o impacto no tecido e no osso. Esta é outra característica da munição do M4 que o torna ainda mais desagradável quando se é atingido - a tendência da bala se desintegrar se atingir o tecido a uma velocidade decente.

Apesar de ser uma munição encamisada, por ser menor, mais leve e mais rápida do que um projétil de AK-47, o 5,56 mm tende a guinar mais rápido ao atingir o tecido. As forças de cisalhamento na bala, uma vez que está viajando a 90º através do tecido, muitas vezes dilacera a bala em pedaços, criando vários projéteis menores e aumentando as chances de todas as partes da bala permanecerem no alvo e, portanto, dissipando mais energia. A munição do AK-47, sendo ligeiramente mais pesado e lento do que a munição do M4, tende a permanecer intacta quando atinge o tecido e, embora vá penetrar mais profundamente, tende a permanecer intacta e não guinar até que tenha penetrado muito mais profundamente do aquela do M4.

Aqui está um vídeo do canal The Ammo Channel do projétil de 7,62x39mm do AK-47 sendo disparado em gelatina balística para comparação com o vídeo acima da munição de 5,56x45mm (M4) Embora o vídeo mostre uma munição de ponta macia sendo usada, que teoricamente deveria ser mais destrutiva do que sua contraparte totalmente de metal, o vídeo ainda ilustra muito bem a penetração significativa da munição do AK-47 sem que ele se desvie significativamente ou se desintegre.


Certa vez, vi um bom estudo de caso ilustrando este ponto, em que uma vítima havia sofrido um ferimento de bala de AK-47 na coxa lateral direita e recuperamos a bala intacta de dentro de sua parede abdominal superior esquerda. Ele havia passado por aproximadamente um metro de seus tecidos e rasgado seu intestino delgado, mas o projétil não se fragmentou e a cavitação temporária não causou danos suficientes para ser letal. A vítima exigiu uma laparotomia para remover várias seções do intestino delgado, mas ele teve uma boa recuperação. Essa é uma história para outro dia.

A próxima foto é de um grande amigo meu que foi baleado por um AK-47 de aproximadamente 200 metros enquanto estava bem ao meu lado! Felizmente a bala passou sem problemas e, após uma limpeza cirúrgica da lesão à tarde, ele apareceu pronto para o trabalho no dia seguinte. Eles os criam durões de onde ele vem!



Esta imagem foi tirada alguns dias após o ferimento e o hematoma da cavidade temporária do projétil pode ser visto ao longo do caminho da bala. A ferida de entrada é na parte superior da nádega esquerda, com a saída sendo para baixo na parte superior da coxa esquerda. Apesar de ser uma lesão desagradável, o fato do tiro de AK-47 estava viajando mais devagar do que o de um M4 no mesmo alcance, juntamente com o fato de que o projétil permaneceu intacto e não guinou significativamente ao passar por ele , significava que o ferimento não era nem de longe tão devastador quanto o ferimento de M4 mencionado acima na mesma área. Deve-se notar, entretanto, que a comparação está longe de ser perfeita, visto que a lesão de M4 envolveu o osso, com a imediatamente acima passando apenas pelos tecidos moles.

Então é isso. Todas as coisas sendo iguais, quando tudo estiver dito e feito, eu prefiro levar um tiro de AK-47 do que um de M4 em qualquer dia da semana. Naturalmente, como profissionais de saúde, é sempre importante tratar o ferimento e não o fuzil que o infligiu, e certamente vi alguns ferimentos horrendos de AK-47 ao longo dos anos e alguns relativamente pequenos de M4. Tudo depende. Os principais pontos a levar para casa para socorristas e médicos são: Esteja ciente da magnitude dos danos que podem ser causados pela cavitação temporária resultante de ferimentos de mísseis de alta velocidade, e se você encontrar um ferimento de entrada, não há como dizer onde no corpo o projétil pode ter parado!

Sobre o autor:

Dr. Dan Pronk.

O Dr. Dan Pronk concluiu seus estudos de medicina com uma bolsa de estudos do Exército australiano e serviu a maior parte de sua carreira militar em Unidades de Operações Especiais, incluindo quatro turnês no Afeganistão e mais de 100 missões de combate. O Dr. Pronk recebeu a Comenda por Serviços Distintos (Commendation for Distinguished Service) por sua conduta em ação em sua segunda turnê no Afeganistão.

Durante o seu serviço militar, o Dr. Pronk serviu como ligação médica australiana para o Comité de Assistência a Baixas Táticas em Combate (Committee on Tactical Combat Casualty Care), bem como como representante das Operações Especiais Australianas no Painel de Peritos Médicos das Forças de Operações Especiais da OTAN. O Dr. Pronk tem uma bolsa de estudos com o Royal Australian College of General Practitioners e é instrutor do Royal Australian College of Surgeon's Early Management of Severe Trauma Course. O Dr. Pronk atualmente trabalha como Oficial Médico Sênior no Departamento de Emergência de um hospital regional e atua como Diretor Médico da TacMed Austrália, fornecendo aconselhamento médico tático e treinamento para vários grupos táticos de polícia e outras agências governamentais.

Bibliografia recomendada:

The AK-47:
Kalashnikov-series assault rifles.
Gordon L. Rottman.

The M16.
Gordon L. Rottman.

Leitura recomendada:

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

FOTO: Salto livre da Companhia Esclarecedora 17 do Exército Suíço


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 20 de novembro de 2020.

Instrutores da Fernspähkompanie 17 (Companhia de Esclarecedores Remotos 17) do Exército Suíço preparando-se para um salto em Locarno, 1996. A Fernspähkompanie 17 é uma unidade seleta de reconhecimento especial do Exército Suíço, que mantém um esqueleto de unidade, com 5 instrutores profissionais, e trabalha em conjunto com clubes civis de paraquedismo da Confederação Suíça. Os operadores são conscritos e reservistas. O nome atual da unidade é Fallschirmaufklärer Kompanie 17 (Companhia de Esclarecedores Paraquedistas 17).

O avião usado no salto é um Pilatus da Esquadrilha de Transporte Aéreo 7, enquanto os paraquedistas estão equipados com o capacete de salto Guénau e o pára-quedas MT1-XX, padrão para a unidade na época para os saltos livres, com o pára-quedas T-10 utilizado nos saltos automáticos.

As fotos foram tiradas pelo falecido Yves Debay; famoso militar, mercenário, escritor e correspondente-de-guerra morto na Síria em 2013.


Bibliografia recomendada:

World Special Forces Insignia.
Gordon L. Rottman.

A ilustração B5 representa um paraquedista da Fernspähkompanie 17 com o capacete Guénau.

Leitura recomendada:

FOTO: Salto noturno na chuva, 26 de setembro de 2020.

FOTO: General paraquedista, 2 de outubro de 2020.


O primeiro salto da América do Sul13 de janeiro de 2020.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

GALERIA: Caçada ao Estado Islâmico no Iraque


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 19 de novembro de 2020.

Forças especiais iraquianas posando com um dos quatro combatentes do Estado Islâmico, capturados hoje, 19 de novembro de 2002. De acordo com um declaração oficial, a caçada apenas começou e operações subseqüentes serão conduzidas em Mosul, Diyala, Kirkuk e Anbar. A declaração terminou com os dizeres "Patriotismo são ações, não palavras, e é a fonte do sacrifício".

As Forças de Operações Especiais Iraquianas (em árabe: قوات العمليات الخاصة العراقية) são unidades das forças especiais iraquianas criadas pelas forças da coalizão após a invasão de 2003. As forças, dirigidas pelo Serviço de Contra-Terrorismo do Iraque, são constituídas pelo Comando de Contra-Terrorismo do Iraque, que tem três brigadas a ele subordinadas. O Serviço de Combate ao Terrorismo (Jihaz Mukafahat al-Irhab, originalmente traduzido como Agência de Combate ao Terrorismo) é financiado pelo Ministério da Defesa do Iraque, e responde diretamente ao primeiro-ministro iraquiano.

A Divisão de Operações Especiais Iraquiana é conhecida como "Divisão Dourada". Seu atual comandante é o General Abdul-Wahab al-Saadi, e seu lema é:

"Que você durma pacificamente em sua cama esta noite, pois uma poderosa espada está pronta para lançar o medo nos corações daqueles que nos aterrorizam! Vamos trazer você para a lei, ou trazer a lei para você."







Bibliografia recomendada:



Leitura recomendada: