segunda-feira, 27 de abril de 2020

Sobre os méritos do M4 e EF88 (e mais) | PARTE 2


Por Solomon Birch, The Cove, 13 de julho de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 27 de abril de 2020.

Artigo 2 | A História do Meio: O M4A1 e o F88SA1/2

A partir de 1990, a Colt projetou uma versão mais curta do M16, chamada M4. Em 1993, as forças armadas americanas adotaram o M4 como uma arma de defesa pessoal para pessoas como tripulantes de blindados e operadores logísticos e um fuzil modular de cano curto para as Forças Especiais (o M4A1, que veio com um kit de acessórios generoso e muito moderno com mira, silenciadores, empunhaduras e assim por diante chamado kit SOPMOD [i]). O M4 tinha 29,5-33 polegadas (75-84cm) de comprimento, um cano de 14,5 polegadas (37cm) e pesava cerca de 2,9kg. É notável por introduzir o primeiro sistema de montagem modular e universal para acessórios (incluindo miras ópticas), chamado sistema de trilhos MIL-STD 1913 “Picatinny” [ii], por ser muito leve e incluir um material ajustável que permite usuários de diferentes tamanhos modificarem seu comprimento de tração para obter empunhadura e visada ótimas com e sem armadura corporal. Antes da introdução do MIL-STD 1913, uma variedade de sistemas de montagem fora do padrão, incluindo fita adesiva, era usada para acessórios [iii]. Em 1998, 1 Sqn SASR foi exposto ao SOPMOD M4A1 no desdobramento no Kuwait. Eles nunca foram fãs do F88 devido a problemas que o fuzil inicialmente teve com controle de qualidade e operações anfíbias e agora tinham um sistema que foi (pelo menos no papel) construído para ser um fuzil modular de forças especiais [iv]. O SASR adotou o M4A1-AUS em 1999.

O kit Special Operations Peculiar Modification (SOPMOD, Modificação Peculiar às Operações Especiais) foi muito generoso, com cada operador suprido de várias miras ópticas, vários dispositivos de iluminação e uma variedade de outros acessórios caros.

Quando usado pela primeira vez em combates sérios desde 2001 na Guerra Global ao Terror (Global War on TerrorGWOT), o M4A1 (que na verdade era originalmente uma carabina de defesa pessoal criada para fins específicos; para ser carregado sempre e disparado às vezes [v]) foi empurrado além dos seus limites de projeto e teve problemas substanciais. Nos tiroteios as caixas da culatra rachavam, os canos explodiam, os ferrolhos se rompiam, os combatentes inimigos exigiam vários tiros para que fossem incapacitados, e a arma sofria de taxas de incidentes de tiro muito altas [vi]. A partir de 2002, ocorreram melhorias no projeto do M4A1 que melhoraram quase todos esses problemas. Em 2011, 63 melhorias foram feitas com um programa de melhorias que continua após essa data [vii]. Apesar da popularidade com muitos fuzileiros navais, o USMC nunca aceitaria institucionalmente o M4 como um fuzil de serviço, adotando-o oficialmente brevemente a partir de 2015 [xii], antes de substituí-lo pelo M27 em 2018 [xiii].

De cima para baixo, M16A1, M16A2, M4, M16A4. Não mostrado, o M16A3 que é externamente idêntico ao M16A4, mas com um grupo de controle de fogo interno diferente que permite fogo totalmente automático ao invés do fogo em rajada. A maioria dos trilhos de montagem possui coberturas de trilho.

Os problemas de letalidade eram mais difíceis de resolver. A munição mais pesada perfurante M855 [xiv] que os EUA adotaram com o M16A2 pode exibir características de ferimentos ruins a distâncias razoavelmente próximas quando disparadas do cano curto de um M4. Esses problemas também foram enfrentados pelas Forças Especiais Australianas, por exemplo, um major do SASR comentou em um relatório de pós-operação de 2009 que "eu não deveria ter que acertar um cara cinco vezes antes que ele pare" [xv]. As Forças Especiais dos EUA começaram a usar munições de ponta aberta muito mais pesadas, originalmente destinadas a atiradores designados (o MK262), que coincidentemente possuem balística terminal desejável [xvi]. No entanto, essa munição não tem capacidade de penetrar em armaduras corporais e, portanto, é inadequada para uso em guerras convencionais contra combatentes inimigos que quase certamente usarão coletes e capacetes [xvii].

O Exército dos EUA finalmente adotou uma munição perfurante com velocidade muito alta, mesmo a partir de canos curtos (o M855A1) [xviii], mas a pressão muito alta da câmara necessária para obter a velocidade do cano necessária tende a destruir os fuzis dos quais é disparado [xix]. Havia especulações substanciais neste período de que os EUA teriam que adotar uma munição maior para resolver o problema (o 6,8x43mm SPC foi amplamente divulgado na Internet como provável sucessor), mas isso ainda não ocorreu e não está claro se jamais ocorrerá (embora o projeto de Armas do Grupo de Combate de Próxima Geração do Exército dos EUA [US Army Next Generation Squad Weapons] continue operando com o objetivo de fornecer armas individuais em 6,8mm em 2021 [xx]).

A munição 5,56mm é amplamente considerada como oferecendo apenas letalidade marginalmente aceitável em muitas condições. Muitos cartuchos semelhantes, porém maiores e mais pesados, foram considerados para corrigir esse problema, substituindo [o cartucho atual].

O sistema de trilho no M4 era um conceito líder mundial, tornando-se rapidamente o padrão do setor, e a Força de Defesa Australiana atualizou o F88 para incluir esses trilhos com o F88SA1 em 1999 [xxi]. Infelizmente, a maneira como isso foi alcançado aumentou muito o peso do fuzil, para 4,3kg descarregado sem outras alterações substanciais no projeto geral da arma. Quando o fuzil foi atualizado para o F88SA2 em 2009, o peso aumentou novamente para 4,4kg descarregado e além das opções de montagem ligeiramente aprimoradas (um trilho superior estendido para melhorar a visada usando os ACOGs Trijicon e melhores opções para a montagem de dispositivos de iluminação), havia apenas pequenas alterações no projeto. O autor não conseguiu encontrar evidências de que esses ganhos de peso foram considerados um problema pelo gerente de capacidade (Exército) e são entendidos como sendo compensações aceitáveis pelas melhores opções de montagem dos dois fuzis [xxii]. Este é o período em que muitos soldados australianos começaram a reclamar do F88 e argumentar que ele deveria ser substituído por um fuzil baseado no M4.

A adoção de trilhos padronizados permitiu o uso de miras ópticas diferentes daquelas para as quais o fuzil foi originalmente projetado. Mostrado aqui um Guarda de Defesa de Aeródromo da RAAF (Royal Australian Air Force, Real Força Aérea Australiana) com um F88SA1C encurtado e uma mira telescópica comercial de alta potência.

Notas finais:

[i] NSWC Crane, “SOPMOD Program Overview”, datado de 15 de maio de 2003 (NÃO-CLASSIFICADO). Visão Geral do Programa SOPMOD.

[ii] Ibid.

[iii] Ibid.

[iv] Soldier Systems – An Industry Daily, “SASR WO Criticizes the AUSTEYR F88” datado em 22 de julho de 2011.

[v] Chris R Bartocci, “The Black Rifle II: The M16 into the 21st Century” Collector Grade Publications 2004.

[vi] Ibid.

[vii] US Army, “Project Manager Soldier Weapons Briefing, M4 Carbine Improvements” datado em maio de 2011 (NÃO-CLASSIFICADO).

[viii] NSWC Crane, “SOPMOD Program Overview” datado em 15 de maio de 2003 (NÃO-CLASSIFICADO).

[ix] Nota: De acordo com o The Black Rifle II e outras fontes contemporâneas, grande parte do motivo pelo qual o programa SCAR foi tão agressivamente perseguido no período foi a desconexão entre o emprego do Exército dos EUA (arma de defesa pessoal) e o das Forças Especiais dos EUA (fuzil de combate primário) do M4 combinado com a propriedade do Pacote de Dados Técnicos (Technical Data Package) pelo Exército dos EUA. O Exército dos EUA não sofreu as mesmas falhas catastróficas do M4 que as Forças Especiais dos EUA devido ao seu emprego diferente e não autorizou melhorias de produto no TDP que resolveriam os problemas. Segundo informações, o programa SCAR foi enfraquecido depois de selecionar o FN SCAR porque, em 2006, o Exército dos EUA criou um TDP do M4 "Variante Forças Especiais" que dava ao USSOCOM um pouco mais de controle sobre o TDP do que antes e porque um grande número de melhorias de confiabilidade e durabilidade haviam sido realizadas. É difícil verificar esses relatórios independentemente, mas parece plausível.

[x] Observe na referência XIV que o tempo médio entre falhas para o M4 havia sido substancialmente melhorado em 2006, desde sua linha de base de 1993, para 6076, de 3800, mas ainda era muito aquém da MRBF (Mean Rounds [Fired] Before Failure, Média de Tiros Disparados Antes da Falha) do Steyr em 1985 na referência IV de 10234.

[xi]CNA, “Soldier Perspectives on Small Arms in Combat” datado em dezembro de 2006 (NÃO-CLASSIFICADO). Relatório de Saída de Armas Portáteis da CNA (Iraque).

[xii] Military Times, “Commandant approved M4 as standard weapon for Marine infantry” datado em 26 de outubro de 2015.

[xiii] Military.com, “M27s and “Head-to-Toe” Gear Overhaul on the Way for Marine Grunts” datada em 05 de janeiro de 2018 recuperado em 06 de maio de 2019.

[xiv] Todas as referências ao M855 e M855A1 como "perfurante" são feitas com a intenção de usar linguagem simples e acessível sobre os protestos do Diretor do ATO do Exército. Minhas desculpas a ele. Apresentação do Gerente de Produto do M855A1.

[xv] Army Observation OBS000010084 datada em 13 de agosto de 2009 desclassificada em 09 de maio de 2019 por SO1 Lessons, Army Knowledge Group (RESTRITO).

[xvi] J Guthrie, “Reviewing Black Hills’ MK262 Mod 1 Ammo” Shooting Times datada em 21 de março de 2012.

[xvii] Guns of the Special Forces 2001 – 2015, pp 94 – 95 – L Neville, Pen and Sword Military 2015.

[xviii] US Army Product Manager for Manoeuvre Ammunition Systems “M855A1 Enhanced Performance Round (EPR) Presentation” sem data (NÃO-CLASSIFICADO).

[xix] Chris Bartocci, “The M855A1 A Great Round “If” We Had a Rifle Designed to Shoot It!” Small Arms Solutions, datada em 11 de dezembro de 2017.

[xx] Todd South, [US] Army Times “Army wants its Next Generation rifle ASAP, but it still has to buy a bunch of M4s to keep soldiers shooting” datada em 11 de março de 2019.

[xxi] Nota: Eu intencionalmente excluo o F88S, cujo projeto foi especificado em 1991 após o desenvolvimento desde 1988, porque a inclusão do mesmo complica enormemente a explicação do MIL-STD 1913 e gera "e ses" sem resposta. O F88S estava à frente de seu tempo e, de certa forma, seus trilhos AIMS poderiam ter sido uma melhor implementação do conceito de padronização Weaver do que o MIL-STD 1913, o M4 ou o F88SA1. Sua influência no padrão posterior de 1913, se existiu, não é registrada pela história. Melhorias no Projeto Thales F88SA2.

[xxii] Entrevista com o Engenheiro-Chefe de Armas Portáteis (Chief Engineer Small Arms, CASG) e Capitão Birch em 06 de março de 2019.

Solomon Birch é um oficial do RACT (Royal Australian Corps of Transport, Real Corpo de Transporte Australiano) atualmente postado na Ala de Transporte Rodoviário da Escola de Transporte do Exército (Road Transport Wing, Army School of Transport). As postagens anteriores incluem o 1 Sig Regt, 1 CSSB e 1 CER.

Leitura recomendada:





Sobre os méritos do M4 e EF88 (e mais) | PARTE 1


Por Solomon Birch, The Cove, 13 de julho de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 27 de abril de 2020.

Esses artigos começaram originalmente como um trabalho acadêmico destinado ao Australian Army Journal que documentava, com alguns detalhes, o desenvolvimento dos fuzis F88, M4 e aqueles parecidos com o M4 a partir de 1988 em diante. Seu objetivo era comparar os fuzis e a história detalhada, mas, apesar de interessante se você é do tipo de pessoa que gosta de assistir Ian McCollum do Forgottenweapons.com, ele foi realmente lançado para o público errado.

Ian "Gun Jesus" McCollum é um ícone do mundo das armas na internet.

O objetivo desta série de cinco artigos é fornecer um recurso sucinto e acessível aos membros do Exército Australiano que se envolvem em conversas sobre os méritos relativos do EF88 e M4, a fim de melhorar a qualidade da discussão sobre armas portáteis. O método deste artigo é descrever o contexto do desenvolvimento do projeto de ambos os fuzis, dissipar os equívocos comuns na área e tentar entender o fenômeno social da preferência de algum soldado pelo M4 FOW ao invés do F88 FOW. Ao fazer isso, vários documentos foram desclassificados ou agrupados e disponibilizados ao público para ajudar a melhorar a base factual da discussão sobre o tópico. Em resumo, todas as armas em discussão são muito boas e têm uma variedade de pontos fortes e fracos sutis que tendem a ser exagerados na discussão geral.


Ao pesquisar e escrever esses artigos, o autor chegou à conclusão de que o EF88 é um fuzil substancialmente melhor que o M4A1 na maioria dos casos de uso comum para um fuzil de serviço, porque geralmente é mais preciso, mais confiável, mais letal e mais fácil de manter, mas que o M4A1 é melhor em alguns casos de uso de nicho, porque é mais leve, mais ergonômico, lida melhor na maioria das vezes e é mais comumente usado em todo o mundo, resultando em um melhor mercado de reposição de peças para ele.

Solomon Birch é um oficial de logística que atualmente está destacado no CIOG e está em processo de transferência para as reservas. O autor gostaria de agradecer a Chris Masters, Darren Christopher, Mark Richards, Ten-Cel. Mathew Brookes, Ten-Cel. Cameron Fraser e Major Yong Yi, bem como ao grande número de indivíduos anônimos por sua assistência na coleta de informações para esses artigos. Finalmente, se alguém souber a localização de um F88-S sobrevivente, ele poderia por favor chamar a atenção da Unidade de História do Exército Australiano, pois atualmente não há exemplares.

Esta série de artigos está sendo publicada em cinco partes:

Hoje: Artigo 1 | Contexto e História Antiga - O M16 e o Steyr AUG.

Ter, 16 de julho: Artigo 2 | A História do Meio - O M4A1 e o F88SA1/2.

Qua, 17 de julho: Artigo 3 | A História Tardia: Os subprodutos do EF88 e M4.

Qui, 18 de julho: Artigo 4 | O Fator Humano Parte 1: A razão pela qual esses artigos existem: Por que há um grupo de soldados regulares que gostam do M4 e odeiam o F88.

Sexta-feira, 19 de julho: Artigo 5 | O Fator Humano Parte 2: As Forças Especiais lançam uma longa sombra.

Artigo 1 - Contexto e história antiga

M16 experimental no Vietnã.

O M16 e o Steyr AUG

O M16 foi baseado no Armalite Rifle Model 15 (Fuzil Armalite Modelo 15, AR15). O AR15 foi baseado no AR10, projetado de 1953 a 1955. O AR15 foi projetado de 1957 a 1959 e foi adotado pela primeira vez no serviço militar americano em 1963. Tinha 39,5 polegadas (1m) de comprimento, um cano de 20 polegadas (50,8cm) e pesava 3,1kg descarregado. Destacou-se pelo uso de materiais da “era espacial” (principalmente alumínio, mas um pouco de plástico) e pela introdução de um cartucho de calibre intermediário, o M193 de 5,56x45mm, que alcançou letalidade aceitável devido à sua velocidade muito alta [i]. Ele cicla seu ferrolho enviando gás transportado do cano através de um tubo até o conjunto do ferrolho o qual o gás empurra diretamente (às vezes isso é chamado de "sistema de impingimento direto"). Houve sérios problemas com sua confiabilidade no início de sua vida útil no Vietnã, principalmente porque o tipo de propelente usado para a munição diferia daquele para o qual o fuzil foi projetado. No entanto, os problemas de confiabilidade foram amplamente resolvidos com alterações no projeto e peças aprimoradas [ii].

Comparação dos mecanismos.

O M16 e o M16A1 foram introduzidos pela primeira vez nas forças armadas americanas em 1963. Em 1983, o M16A2 foi introduzido com um novo cano que permitia o uso de munições mais pesadas e perfurantes e, finalmente, em 1996, foram introduzidos o M16A3 e o M16A4 com trilhos MIL-STD 1913 “Picatinny”, para que a óptica padronizada possa ser montada no sistema. Cada iteração também teve várias outras alterações menos pronunciadas que não são mencionadas. Cada versão subsequente pesava mais do que seus antecessores, mas todos mantinham o cano de 20 polegadas (50,8cm) e tinham o mesmo comprimento total.

O Steyr AUG começou a ser projetado por volta de 1973 e foi adotado pelas forças armadas austríacas em 1977. Tinha 31,1 polegadas (79cm) de comprimento, um cano de 20 polegadas (50,8cm) e pesava 3,6 kg descarregado. Ele possuía vários recursos dignos de nota, mas é conhecido principalmente por colocar as partes operacionais da arma atrás do gatilho (tornando-a um “bullpup”), incluindo muito plástico no projeto e uma mira óptica integral, quase todos inéditos para um fuzil de serviço na época. Ele alterna sua ação enviando gás transportado do cano para um pistão que percorre uma curta distância e atinge uma haste que se projeta do conjunto do ferrolho, pressionando-o para ciclar a ação (chamado de “sistema de pistão a gás de curso curto”). Foi submetido a várias pequenas modificações quando outras forças armadas o adotaram, por exemplo, a inclusão do bloqueio de tiro único para as aquisição do Exército Irlandês.

A partir de 1982, o Exército Australiano quis substituir seus Fuzis Auto-Carregáveis L1A1 (Self-Loading Rifle, SLR, o FAL imperial) por algo mais novo e calibrados em 5.56x45mm [iii]. Ele conduziu um Programa de Substituição de Armas Portáteis (Small Arms Replacement ProgramSARP), onde os testes finais em 1985 foram entre o Steyr AUG e o M16A2. O Steyr AUG venceu conclusivamente o M16A2 em quase todas as áreas [iv]. O M16 sofreu mais incidentes de tiro, suas peças quebraram com mais frequência, seus canos não atendiam às expectativas de vida útil do cano, eram muito menos precisos, muito mais difíceis de manter e foram reprovados na maioria dos testes de condições adversas. O Relatório de Avaliação da SARP (Volume Um) (Volume Dois) (Volume Três) contém o seguinte Comentário Geral da Equipe de Julgamento: “Sem exceção, incluindo os soldados atiradores, todos preferiram o Steyr em termos de tiro, desempenho, limpeza, manutenção e manuseio”, e a seguinte conclusão “A partir dos resultados da Avaliação de Engenharia, a EDE não hesita em afirmar que o Steyr é a arma significativamente melhor dentre os competidores [de armas individuais], em termos de satisfação dos aspectos de engenharia [dos requisitos do Exército], e é considerado adequado para introdução em serviço sem modificações." Ainda existem rumores de que o AUG foi selecionado porque a Colt não licenciaria a produção do M16A2 na Austrália - se isso for verdade [v], não parece ser a principal razão pela qual o AUG foi selecionado e a Colt licenciou a fabricação em outros países no período (por exemplo, Diemaco Canadá). Em 1988, a Força de Defesa Australiana adotou o Steyr AUG como o F88.

O F88 e as armas que ele substituiu.

Assim como o M16 no início do serviço americano, o F88 encontrou alguns problemas iniciais que foram corrigidos por melhorias nos métodos de controle de qualidade e produção em Lithgow. Quando o projeto foi introduzido, certos elementos do projeto foram alterados, por exemplo, uma alteração nos materiais e no desenho da mola de operação principal e, enquanto as alterações individuais pareciam estar dentro da tolerância, ocorreram alguns empilhamentos da tolerância que reduziram a confiabilidade do projeto da arma para níveis abaixo daqueles vistos nos testes [vi]. Em todos os casos, os problemas foram resolvidos com modificações nas peças e melhor controle de qualidade. No entanto, danos iniciais à reputação já haviam sido infligidos à arma em algumas partes do Exército (particularmente nas forças especiais, que haviam recebido alguns dos primeiros lotes do F88). Esse dano à reputação foi exacerbado pelo uso da arma em situações que estavam fora dos requisitos do usuário estipulados pelo Exército e para os quais a arma nunca foi projetada e nunca testada, por exemplo, para inserção por submarino e nas operações de desembarque em praias nas quais a arma de fogo sofreria travamento hidrostática (uma limitação comum a quase todas as armas de fogo automáticas, até certo ponto, quando disparadas com água nas peças móveis, e notadamente o porquê da arma preferida por muitos operadores especiais para esses casos é um revólver de ação dupla) [vii][viii]. Falando com os primeiros usuários do F88 no Exército, parece que ele foi substancialmente preferido em relação ao L1A1 SLR e M16 que ele substituiu devido ao seu peso leve, comprimento curto, melhor confiabilidade e características de manuseio mais fáceis, mas houve algumas dúvidas iniciais devido ao desenho e materiais não convencionais combinados com os problemas iniciais de controle de qualidade.

Notas finais:

[i] United States Continental Army Command, “Study of the Military Characteristics for a Rifle of High Velocity and Small Caliber [sic]” ATDEV-3 474/6, datado em 21 de março de 1957 (NÃO-CLASSIFICADO).

[ii] Weapon Systems Analysis Directorate, Office of the Chief of Staff [US] Army, “Report of the M16 Rifle Review Panel” datado em 1º de Junho de 1968, desclassificado em 09 de abril de 1984 (NÃO-CLASSIFICADO), D25-D30.

[iii] Australian Army Engineering Development Establishment, “The Engineering Evaluation on the Individual Weapons for the Small Arms Replacement Project” datado em agosto de 1985, desclassificado em 25 de junho de 2019 por SO1 Lethality Soldier Combat Systems Program, Army Headquarters (NÃO-CLASSIFICADO), Vol 1, p17.

[iv] Australian Army Engineering Development Establishment, “The Engineering Evaluation on the Individual Weapons for the Small Arms Replacement Project” datado em agosto de 1985 desclassificado em 25 de junho de 2019 SO1 Lethality Soldier Combat Systems Program, Army Headquarters (NÃO-CLASSIFICADO), Anexo A ao Vol 1.

[v] Não foi possível encontrar fontes primárias e secundárias que confirmem esse boato, no entanto, várias fontes de segunda-mão disseram que foram informadas diretamente por personalidades relacionadas ao projeto de que este era o caso.

[vi] Entrevista com o Engenheiro-Chefe de Armas Portáteis (Chief Engineer Small Arms, CASG) e Capitão Birch, 06 de março de 2019.

[vii] Entrevista com o Engenheiro-Chefe de Armas Portáteis (Chief Engineer Small Arms, CASG) e Capitão Birch, 27 de fevereiro de 2019.

[viii] Entrevista com Solomon Birch e Chris Masters datada em 13 de fevereiro de 2019.

Solomon Birch é um oficial do RACT (Royal Australian Corps of Transport, Real Corpo de Transporte Australiano) atualmente postado na Ala de Transporte Rodoviário da Escola de Transporte do Exército (Road Transport Wing, Army School of Transport). As postagens anteriores incluem o 1 Sig Regt, 1 CSSB e 1 CER.

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VÍDEO: O documentário "Planeta dos Humanos" faz com que o esquerdista Michael Moore caia em desgraça no tribunal ecológico


Por muitos anos um favorito da esquerda internacional, o ativista de populismo esquerdista Michael Moore recentemente caiu em desgraça por desviar da narrativa da militância ecológica: o seu novo documentário "Planet of the Humans" (Planeta dos Humanos), mirando questionar a má liderança na "luta contra a mudança climática" (não era aquecimento global?) mas que acaba refutando a narrativa ecologista mostrando que, longe de um futuro distópico de poluição, o capitalismo está na verdade limpando cada vez mais o meio ambiente. 

Uma coisa que realmente incomoda o "movimento" ambientalista é o fato que Terra ficou mais verde nos últimos anos. O ex-ecologista Wesley J. Smith escreveu no livro The War on Humans (A Guerra contra os Humanos, 2014), o ambientalismo tornou-se cada vez mais anti-humano, tanto em suas políticas propostas - como as que reduziriam a vitalidade econômica e impediriam a prosperidade humana - quanto em seu objetivo de reduzir a população humana.

Em mais um exemplo do agravamento extremista dos militantes ecológicos, Moore foi imediatamente repudiado e forçado a se pronunciar - "sempre fui um ecologista a minha vida toda". Não contentes, os militantes agora exigem que o documentário, publicado abertamente no Youtube, seja retirado, em mais nova afronta à liberdade de expressão e demonstração de afetação ditatorial do movimento ambientalista; cada dia mais extremista e anti-humano.

O documentário pode ser visto na sua integralidade abaixo:


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VÍDEO - FUZIL SIG MCX VIRTUS


FOTO: Dragão moderno

Dragão paraquedista do 13e RDP (13ème Régiment de Dragons Parachutistes), unidade de forças especiais de reconhecimento em profundidade do Exército Francês.

O operador, um Maréchal des logis (sargento de cavalaria, OR-5) do regimento dos "Dragões da Imperatriz", está equipado com o recém-adquirido HK416, que foi dotado de miras telescópica EOTech 3x Magnifier e holográfica Su-231/PEQ (553 HWS). O operador pode dobrar a mira telescópica para o lado durante um engajamento mais próximo ou levantá-la para aumentar o alcance da visão holográfica. Na massa massa de mira ele colocou um sistema designador laser Steiner DBAL, que lhe permite ver onde estiver mirando com o óculos de visão noturna, um OB70 Lucie. Seu camuflado é o antigo padrão francês Camouflage Centrale Europe.

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FOTO: Patrulha noturna no Timor Leste1º de março de 2020.

domingo, 26 de abril de 2020

GALERIA: A 4ª Divisão Blindada "Cavaleiros do Egito"


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 26 de abril de 2020.

A 4ª Divisão Blindada "Cavaleiros do Egito" foi a primeira divisão de tanques do Exército Egípcio, criada em 1956 por Nasser, e equipada com os blindados T-34/85 e SU-100 soviéticos fornecidos através da "Conexão Tcheca". A 4ª era considerada a melhor unidade do exército egípcio, e o seu deslocamento do Delta do Nilo para o Sinai, cruzando o Canal de Suez, alertou Israel sobre a intenção do Egito de entrar em guerra e assim Tel Aviv iniciou o ataque preventivo de 1967.

O histórico de batalha dos "Cavaleiros do Egito" é típica dos árabes no século XX: destruída durante as retiradas do Sinai em 1956 e em 1967, cercada e derrotada pelos israelenses no Egito africano, à oeste do Canal de Suez, na Guerra do Yom Kippur em 1973.


Nasser afirmou que o Egito perdeu 80% do seu material militar terrestre na Guerra dos Seis Dias (1967) e equipou suas unidades blindadas com os mais modernos T-55 e T-62, que viram serviço no Yom Kippur. Em 1987 a 4ª Divisão Blindada recebeu os primeiros M60A3 americanos, que viram serviço limitado na Guerra do Golfo como parte do avanço da Coalizão em direção ao Kuwait, em 1991.

Atualmente, os "Cavaleiros do Egito" são equipados com carros de combate M1A1 Abrams, obuses auto-propulsados M109A5, lançadores múltiplos de foguetes Sakr-45 e blindados de transporte M113; equipando duas brigadas blindadas, uma mecanizada, e vários batalhões de apoio de comunicações, engenharia, reconhecimento e demais funções de apoio - somando mais de 12.500 homens. Seu lema é "Fé, Força, Vitória".


Das 4 divisões blindadas egípcias atuais, 3 usam o M1A1 Abrams e a outra usa o M-60A3. Os velhos blindados soviéticos T-55 e T-62 são usados no apoio às formações de infantaria. Recentemente o Egito recebeu blindados T-90 russos, fazendo assim com que o Egito, assim como o Iraque, opere os Abrams americanos e os T-90 russos ao mesmo tempo.


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Mausers FN e a luta por Israel23 de abril de 2020.

GALERIA: Mini-Canhão de Assalto Improvisado

Tankette Renault UE carregando um canhão anti-carro PaK 36 de 37mm.
(Colorização RC Universe)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 26 de abril de 2020.

Com a queda da França, em junho de 1940, a Alemanha nazista capturou 3.000 tankettes Renault UE e UE2, que foram usados em várias funções de apoio na função de rebocador de canhões anti-carro (chamado "Infanterie UE-Schlepper 630(f)" no serviço alemão) e na sua função original de transportador de munição (chamado "Munitionsschlepper Renault UE(f)" no serviço alemão). 


Durante a guerra o Renault UE foi usado em outras funções tanto pelos Aliados quanto pelo Eixo, seja como rebocador de combustível em unidades blindadas, auto-metralhadora (Gepanzerte-MG-Träger Renault UE(f)), transporte de tropas (Mannschaftstransportwagen Renault UE(f)), limpador de neve (Schneeschleuder auf Renault UE(f) e Schneefräser auf Renault UE(f)), reconhecimento, e comunicação (Fernmeldekabel-Kraftwagen Renault UE(f) e Kleiner Funk- und Beobachtungspanzer auf Infanterie-Schlepper UE(f)e, como pode ser visto nestas imagens, como um canhão de assalto improvisado: o Selbstfahrlafette für 3.7 cm Pak36 auf Renault UE(f), dos quais 700 foram montados em 1941.

Esses caça-tanques improvisados serviram primordialmente na Operação Barbarossa, a invasão da URSS em 1941. Alguns sobreviveram até 1944.



O EF88 versus o M4/AR-15: uma perspectiva de um operador especial

EF88 Austeyr, a versão australiana do Steyr AUG.

Por WO1 W*, Australian Strategic Policy Institute, 25 de setembro de 2015.

Tradução Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 26 de abril de 2020.

*Pseudônimo, WO1 é a abreviatura da graduação Warrant Officer 1, sem equivalente no Brasil.

Sou um Warrant Officer superior que teve a sorte de servir em uma unidade das Forças Especiais australianas por mais de 25 anos, incluindo mais de 13 anos em funções de combate e, mais recentemente, como chefe do programa de treinamento de combate e armas de fogo da minha unidade. Estou escrevendo isso porque discordo respeitosamente da recente avaliação de John Coyne de que o EF88 (a designação do fuzil no serviço do Exército Australiano, não "F90" que se refere à versão de exportação da Thales) "parece fazer todo o sentido", quando comparado com o M4/AR-15.

Tive a oportunidade de disparar o EF88 e, embora seja uma melhoria sobre o atual Steyr, definitivamente não é uma boa arma de combate. O Steyr tem muitos aspectos que são menos do que desejáveis - alguns discutirei abaixo -, mas reconheço que, para a maioria da Força de Defesa Australiana, é adequado para defesa pessoal. No entanto, para nossos soldados de combate (não apenas Forças Especiais), poderíamos fazer muito, muito melhor.

EF88/F90 da Thales com o cano de 40cm.

Como John, também não estou defendendo nenhum sistema de armas em particular, mas dizer que a plataforma AR está chegando ao fim do serviço é impreciso. O setor em torno da plataforma baseada no AR é um gigante de vários bilhões de dólares e o nível de inovação e refinamento que continua a entrar nessa plataforma é sem precedentes. Apenas um exemplo será suficiente: A Sig Sauer lançou recentemente seu fuzil MCX, uma arma excepcional que está na vanguarda do desenho dos fuzis de combate, mas ainda é baseado no projeto AR-15 original de Eugene Stoner.

Por outro lado, além dos nossos próprios esforços com o EF88, não há investimento significativo no desenvolvimento da plataforma Steyr, e a lista de países que estão abandonando esta arma e escolhendo armas baseadas no AR cresce mais a cada dia, Nova Zelândia e Malásia para nomear dois. Acredito que, onde pudermos, devemos produzir ou fabricar itens militares na Austrália - mas não à custa da capacidade do soldado. Se dermos o passo positivo da diversificação, tenho certeza de que a Austrália poderá produzir mais de um fuzil de assalto e possivelmente criar mais empregos. Dessa forma, poderíamos fornecer aos nossos soldados de combate - Infantaria e Forças Especiais - um melhor sistema de armas de combate.


O que antes se pensava ser a melhor maneira de fazer negócios - idéias refletidas na artigo do John - não está, em muitos aspectos, em consonância com o treinamento atual em tiro de combate. Nosso treinamento atual, baseado nas lições das operações de combate recentes, expõe uma série de deficiências significativas no projeto do Steyr. Mencionarei apenas três: coronha/soleira de comprimento fixo, o desenho bullpup e pouca capacidade de disparar instintivamente de forma eficaz. (Não tenho espaço para cobrir a alavanca de manejo, gatilho, altura da visada, falta de um carregador de soltura rápida e a trava de segurança.)

Minha função atual me permite realizar treinamento com soldados de todo o exército e um grande problema é a soleira de comprimento fixo, que afeta soldados menores ou mais altos que a altura média. É difícil para eles obter um alívio ocular correto (mesmo com o novo trilho Picatinny estendido usado no EF88), o posicionamento correto da arma no ombro também é difícil e a posição da empunhadura frontal é abaixo do ideal, o que leva à aplicação ineficaz do fogo.

EF88/F90 da Thales com o cano de 50cm e um lança-granadas Madritsch Weapon Technology ML40AUS 40x46.

Outro problema com o Steyr é que ele é um sistema bullpup. Embora isso resulte em um menor comprimento total da arma, essa vantagem cria uma série de problemas. Por um lado, a colocação do carregador na traseira do Steyr significa que, ao contrário do M4 que empregamos nas forças especiais, os soldados devem olhar para baixo ao realizar exercícios de incidente de tiro. Isso é problemático, pois envolve uma perda de consciência situacional do espaço de batalha - uma preocupação muito mais significativa do que a preocupação de John sobre a necessidade de apertar dispositivo de assistência de avanço (forward assist device, FAD) no M4/AR-15 ao abordar um incidente de tiro.

Finalmente, para o soldado de combate moderno de hoje, é fundamental ter a capacidade de se esconder o máximo possível, enquanto ainda é capaz de ripostar um tiro eficaz ao inimigo. É realmente muito simples treinar tiros instintivos se a arma é capaz de fazer isso com eficiência - o que o Steyr, incluindo o novo EF88, não é. Após menos de um dia de treinamento com o M4, nossos soldados disparam o LF6 (sistema australiano de treinamento de tiro) tanto de forma mirada quanto em tiro instintivo e todos os soldados podem conseguir isso em duas ou três tentativas.

Em resumo, existem sistemas de armas de combate mais adequados do que o Steyr disponível para nossos soldados de combate, armas que proporcionarão maior letalidade e capacidade de sobrevivência. Onde vidas estão em risco, a Defesa deve manter a integridade e o foco na aptidão acima de tudo.

O WO1 W serve com as Forças Especiais do Exército Australiano. O autor forneceu seus detalhes à equipe editorial do The Strategist. A equipe reteve seu nome de acordo com a política das Forças Especiais. Imagem cortesia do Departamento de Defesa.

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Helicóptero Gazelle de mercenários sul-africanos foi abatido em Moçambique

Helicóptero Gazelle como aquele usado pelos mercenários sul-africanos.

Por Patrick Kenyette, Military Africa, 10 de abril de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 26 de abril de 2020.

Vários relatórios de Moçambique indicam que um dos helicópteros Gazelle dos contratados militares sul-africanos, desdobrados contra jihadistas no norte de Moçambique, foi abatido nesta manhã [10 de abril].

O helicóptero Gazelle foi atacado com tiros de armas portáteis, que aparentemente danificaram a caixa de engrenagens do helicóptero, forçando-o a pousar. A tripulação foi extraída com segurança, no entanto, ainda não há informações sobre o status do helicóptero.

Um artilheiro de porta com um canhão de 20mm.
(Joseph Hanlon)

O helicóptero Gazelle, pertencente aos contratados militares privados sul-africanos, e as aeronaves da Força Aérea de Moçambique, realizaram vários ataques aéreos importantes contra extremistas islâmicos há muito tempo.

Por exemplo, no início deste mês, Joseph Hanlon publicou uma fotografia mostrando um dos helicópteros Gazelle supostamente usados em um ataque. A fotografia mostra um artilheiro de porta operando um canhão de 20mm montado na porta da aeronave.

Mercenários em Moçambique

Como Moçambique está envolvido em uma emergente guerra contra-terrorista, as forças de segurança estatais - as Forças de Defesa e Segurança (FDS) - se mostraram incapazes de lidar com os levemente armados terroristas no norte.

O presidente de Moçambique, Maputo, iniciou uma busca por alternativas militares. Inicialmente, a empresa de segurança privada Lancaster Six Group (L6G) de Erik Prince, sediada em Dubai, estava em concorrência com a companhia militar privada (private military company, PMC) Wagner da Rússia e com a sul-africana de Eeben Barlow, Specialized Tasks, Training, Equipment and Protection International (STTEP), por contratos de segurança em Cabo Delgado, com Prince prometendo eliminar os terroristas em três meses em troca de uma parcela das receitas de petróleo e gás natural.

Embora, de acordo com o Daily Maverick, Wagner havia saído de Moçambique em março após fracassar em sua missão e tenha sido substituído pela companhia de segurança privada da África do Sul Dyck Advisory Group (DAG), com sede na África do Sul e de propriedade do ex-coronel das forças armadas zimbabuanas, Lionel Dyck, que acredita-se estar perto do presidente zimbabuano Emmerson Mnangagwa.

O Dyck Advisory Group (DAG) opera três helicópteros na costa norte de Cabo Delgado - um helicóptero de ataque Gazelle, um Bell UH I "Huey" e um Bell 406 Long Ranger - e um Diamond DA42 de asa fixa. Eles somaram outro Gazelle e a um transportador de pessoal de asa fixa Cessna Caravan, o qual havia chegado a Pemba.

Patrick Kenyette é jornalista e fotógrafo freelancer e colaborador regular do blog African Military.

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