segunda-feira, 13 de setembro de 2021

EXCLUSIVO: Acordo que permite mercenários russos no Mali foi fechado

Malinenses seguram uma fotografia com uma imagem do Coronel Assimi Goita, líder da junta militar do Mali, e a bandeira da Rússia durante uma manifestação pró-Forças Armadas Malinenses (FAMA) em Bamako, no Mali, 28 de maio de 2021.
(REUTERS / Amadou Keita / Arquivo de foto )

Por John Irish e David Lewis, Reuters, 13 de setembro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 13 de setembro de 2021.

Sumário
  • Acordo permitindo mercenários russos no Mali - fontes próximas
  • Paris quer evitar que o acordo seja assinado, dizem fontes
  • Pelo menos 1.000 mercenários podem estar envolvidos - duas fontes

PARIS, 13 de setembro (Reuters) - Está fechado um acordo que permitirá que mercenários russos entrem no Mali, estendendo a influência russa sobre os assuntos de segurança na África Ocidental e provocando a oposição da França, ex-potência colonial, disseram sete fontes diplomáticas e de segurança.

Paris deu início a uma campanha diplomática para impedir que a junta militar do Mali promulgasse o acordo, que permitiria que contratados militares privados russos, o Grupo Wagner, operassem na ex-colônia francesa, disseram as fontes.

Uma fonte europeia que rastreia a África Ocidental e uma fonte de segurança na região disse que pelo menos 1.000 mercenários podem estar envolvidos. Duas outras fontes acreditam que o número é menor, mas não forneceram números.

Quatro fontes disseram que o Grupo Wagner receberá cerca de 6 bilhões de francos CFA (US$ 10,8 milhões; US$ 1 = 0,8455 euros) por mês por seus serviços. Uma fonte de segurança que trabalha na região disse que os mercenários treinariam militares malinenses e forneceriam proteção para altos oficiais.

Insígnia não-oficial de caveira do Grupo Wagner.

A Reuters não pôde confirmar independentemente quantos mercenários poderiam estar envolvidos, quanto seriam compensados ou estabelecer o objetivo exato de qualquer acordo envolvendo mercenários russos para a junta militar do Mali.

A Reuters não conseguiu entrar em contato com o Grupo Wagner para comentar. O empresário russo Yevgeny Prigozhin, cujos meios de comunicação, incluindo a Reuters, estão ligados ao Grupo Wagner, nega qualquer conexão com a empresa. Seu serviço de imprensa também diz em seu site de rede social Vkontakte que Prigozhin não tem nada a ver com nenhuma companhia militar privada, não tem interesses comerciais na África e não está envolvido em nenhuma atividade lá.

Seu serviço de imprensa não respondeu imediatamente a um pedido da Reuters para comentar esta história.

Ameaça potencial ao esforço de contra-terrorismo

Mercenários Wagner na Síria.
Notar a insígnia de caveira no braço do homem de pé.

A ofensiva diplomática da França, disseram as fontes diplomáticas, inclui a ajuda de parceiros, incluindo os Estados Unidos, para persuadir a junta do Mali a não levar adiante o acordo, e o envio de diplomatas de alto escalão a Moscou e Mali para conversações.

A França teme que a chegada de mercenários russos prejudique sua operação contra-terrorista de uma década contra a al-Qaeda e os insurgentes ligados ao Estado Islâmico na região do Sahel, na África Ocidental, em um momento em que busca diminuir sua missão Barkhane de 5.000 homens para reformulá-la com mais parceiros europeus, disseram as fontes diplomáticas.

O Ministério das Relações Exteriores da França também não respondeu, mas uma fonte diplomática francesa criticou as intervenções do Grupo Wagner em outros países.

"Uma intervenção deste ator seria, portanto, incompatível com os esforços realizados pelos parceiros sahelianos e internacionais do Mali envolvidos na Coalizão pelo Sahel para a segurança e o desenvolvimento da região", disse a fonte.

Um porta-voz do líder da junta do Mali, que assumiu o poder por meio de um golpe militar em agosto de 2020, disse não ter informações sobre o acordo. "São rumores. As autoridades não comentam rumores", disse o porta-voz, Baba Cisse, que não quis comentar mais.

Um retrato do mercenário russo Maxim Kolganov, morto em combate na Síria, é retratado em um túmulo em sua cidade natal de Togliatti, Rússia, 29 de setembro de 2016.
(REUTERS / Maria Tsvetkova)

O porta-voz do ministério da defesa do Mali disse: "A opinião pública no Mali é a favor de mais cooperação com a Rússia, dada a situação de segurança em curso. Mas nenhuma decisão (sobre a natureza dessa cooperação) foi tomada."

Os ministérios da defesa e do exterior da Rússia não responderam aos pedidos de comentários, nem o Kremlin ou a presidência francesa.

A presença dos mercenários colocaria em risco o financiamento do Mali pelos parceiros internacionais e missões de treinamento aliadas que ajudaram a reconstruir o exército do Mali, disseram quatro fontes diplomáticas e de segurança.

Rivalidade na África

Mercenários Wagner na República Centro-Africana, janeiro de 2021.

Ter mercenários russos no Mali fortaleceria a pressão da Rússia por prestígio e influência globais e seria parte de uma campanha mais ampla para sacudir a dinâmica de poder de longa data na África, disseram as fontes diplomáticas.

Mais de uma dúzia de pessoas com laços com o Grupo Wagner disseram anteriormente à Reuters que o grupo realizou missões de combate clandestinas em nome do Kremlin na Ucrânia, Líbia e Síria. As autoridades russas negam que os contratados da Wagner cumpram suas ordens.

A junta militar do Mali disse que supervisionará uma transição para a democracia que levará às eleições em fevereiro de 2022.

Como as relações com a França pioraram, a junta militar do Mali aumentou os contatos com a Rússia, incluindo o ministro da Defesa, Sadio Camara, visitando Moscou e supervisionando os exercícios com tanques em 4 de setembro.

Uma fonte importante do Ministério da Defesa do Mali disse que a visita foi no "quadro de cooperação e assistência militar" e não deu mais detalhes. O Ministério da Defesa da Rússia disse que o vice-ministro da Defesa, Alexander Fomin, se encontrou com Camara durante um fórum militar internacional e "discutiu projetos de cooperação de defesa em detalhes, bem como questões de segurança regional relacionadas à África Ocidental". Nenhum detalhe adicional foi divulgado.

O principal diplomata africano do Ministério das Relações Exteriores da França, Christophe Bigot, foi enviado a Moscou para conversações em 8 de setembro com Mikhail Bogdanov, representante de Putin no Oriente Médio e na África. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia confirmou a visita.

Bibliografia recomendada:

Bush Wars:
Africa 1960-2010.

Leitura recomendada:











Coréia do Sul lança sistema de artilharia avançado para o Exército Britânico


Por Dylan Malyasov, The Defence Blog, 11 de setembro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 13 de setembro de 2021.

A Hanwha Defense, uma das maiores empresas de defesa da Coréia do Sul, está lançando seu pacote de obuseiro autopropulsado de 155mm para o Exército Britânico.

Na sexta-feira, o comunicado de imprensa da empresa disse que a Hanwha Defense está pronta para exibir sua artilharia avançada e sistemas terrestres não-tripulados, incluindo o moderno obuseiro autopropulsado K9 Thunder, na exposição Defense and Security Equipment International (DSEI) a ser realizada na ExCel London, em Londres, de 14 a 17 de setembro.

Conforme observado pela empresa, o K9 Thunder 155mm/calibre 52 é o obuseiro AP mais vendido do mundo, já que cerca de 1.700 variantes do K9 estão em serviço em sete países, incluindo Coréia do Sul, Turquia, Polônia, Finlândia, Noruega, Índia e Estônia. A Austrália seria o oitavo cliente da solução K9 com negociações em andamento.

A Hanwha Defense planeja oferecer a última variante do K9, batizada de K9A2, para o programa Plataforma de Fogos Móveis (Mobile Fires Platform, MFP) do Exército Britânico.

A versão do K9 no Reino Unido deve apresentar letalidade, proteção e mobilidade aprimoradas. Equipado com um sistema de carregamento de munição totalmente automatizado, o K9A2 deve ter uma cadência de tiro aumentada para nove tiros por minuto. A nova variante K9 também será equipada com kits de proteção contra minas e lagartas de borracha compostas.

“O Reino Unido é o primeiro mercado internacional para o qual a mais nova variante do K9 SPH está sendo oferecida e esperamos que a indústria de defesa do Reino Unido sirva como base da cadeia de suprimentos para a família global de veículos K9”, disse Sun Wi, Diretor do Programa MFP, Hanwha Defense.

Dylan Malyasov é um jornalista e comentarista de defesa dos Estados Unidos. Fotógrafo de aviação, Dylan lidera a cobertura do Defence Blog de notícias militares globais, com foco em engenharia e tecnologia em toda a indústria de defesa dos EUA.

domingo, 12 de setembro de 2021

FOTO: O Comando Lassere na Indochina

Demonstração do Comando Lasserre em Ha Dong, em Hanói, fevereiro de 1954.
Em primeiro plano, o Adjudant Laserre, o comandante da unidade.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 12 de setembro de 2021.

O Comando Lasserre, com cerca de uma centena de homens, era especialista na procura de informação (a qual explorava diretamente), na detecção e procura de caches e túneis. Recrutados entre os soldados ou apoiadores do Viet-Minh capturados, os membros do comando eram agrupados em células especializadas de 4 ou 5 homens: choque, sapador-desminador, propagandista, equipe canina etc.

A demonstração ocorreu no distrito de Ha Dong, na capital Hanói, em fevereiro de 1954. A reportagem foi fotografada por Camus Daniel, com o exercício de demonstração ocorrendo na presença de autoridades civis e militares - o Presidente Pleven, Monsieur de Chevigne, General Cogny e Coronel de Clerk - durante uma viagem de inspeção.

Como parte da demonstração, um membro da unidade desce para inspecionar um cache (esconderijos de armamento e víveres) que acaba de ser detectado. Soldados Viet-Minh (comandos atuando como FINGIM) são extraídos do subsolo e se rendem. A reportagem termina com um retrato do Adjudant Lasserre, o comandante do comando que leva seu nome.

O soldado de costas na primeira foto está armado com uma submetralhadora MAT 49, e muniu-se do cinto com uma baioneta Karabiner 98K alemã (Kurtz), granadas ofensivas OF 37 e granadas defensivas DF 37 (presas em porta-granadas de couro, de fabricação local) e dois porta-carregadores britânicas.

Armas do cache "Viet-Minh" (um morteiro japonês e um fuzil-metralhador 24/29) que um soldado desce até o fundo para inspecionar. Armado com uma submetralhadora M3 "Grease Gun" (de uso raro na Indochina), um comando tomou posição para cobrir seus companheiros.

Modo de Operação:

Quando o comando obtém inteligência sobre uma aldeia, explora-a em uma operação, entrando no assentamento seguindo as unidades do setor que a apreenderam. Metodicamente, a aldeia é revistada por equipes de cães e o solo cuidadosamente sondado com agulhas de aço. Uma vez localizados, os esconderijos são cuidadosamente inspecionados e esvaziados de armas, munições, drogas ou material de propaganda que contêm. Da mesma forma, os túneis são explorados e toda a resistência inimiga neutralizada pelo uso de fumaça, gás lacrimogêneo ou cargas explosivas.

Os comandos vasculham cuidadosamente o terreno e então, tendo detectado a entrada camuflada de um cache, um dispositivo é montado: uma equipe se posiciona em cobertura, outra inspeciona cuidadosamente a abertura que leva ao cache para detectar toda peça de armadilha, depois um comando entra furtivamente e entrega aos seus camaradas na superfície as armas apreendidas no subsolo.

Ajudante Lasserre, comandante do comando que leva seu nome, durante demonstração realizada por sua unidade. Ele usa o boné específico para seu comando e usa no cinto uma adaga britânica "Fairbairn Sykes", colocada em uma bainha americana M8 (originalmente destinada para a adaga M3), bem como uma pistola alemã Luger P08 (Pistole 08) calibre 9mm, no quadril esquerdo.

Bibliografia recomendada:

Street Without Joy:
The French Debacle in Indochina.
Bernard B. Fall.

Leitura recomendada:

COMENTÁRIO: O Exército de Madeira Compensada

Por Elliot Ackerman, The Atlantic, 17 de agosto de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 12 de setembro de 2021.

Uma década depois que as forças americanas chegaram ao Afeganistão, o quartel-general da Força-Tarefa de Operações Especiais Combinadas ainda era feito de madeira compensada, assim como a maioria dos outros edifícios que abrigavam as tropas americanas. Os recursos existiam para construir de concreto, mas por que faríamos isso? Em qualquer ponto da nossa odisséia de 20 anos no Afeganistão, estávamos sempre - em nossas mentes, pelo menos - apenas um ou dois anos fora de uma diminuição de tropas seguida por uma eventual retirada total. Claro, os afegãos perceberam isso. Em um posto avançado remoto perto da fronteira iraniana onde servi, o contratado afegão que trabalhava ao lado da minha equipe de operações especiais sempre zombava toda vez que uma aeronave trazia paletes de madeira compensada para nossos projetos de construção. “Guerras”, dizia ele, “não se ganham com madeira compensada”.

Muitos alegaram que a desintegração das forças de segurança afegãs prova que eram um exército de papel. Isso não é muito preciso. Eles provaram ser um exército de madeira compensada. A diferença entre os dois explica como um exército que antes era capaz de lutar contra o Talibã se dissolveu em questão de dias.

Em 8 de julho, em uma coletiva de imprensa na Casa Branca, quando Joe Biden foi questionado se uma tomada pelo Talibã no Afeganistão era inevitável, ele respondeu: “Não, não é. Porque as tropas afegãs têm 300.000 soldados bem equipados - tão bem equipados quanto qualquer exército do mundo - e uma força aérea contra algo em torno de 75.000 talibãs. Não é inevitável.” Durante anos, as forças de segurança afegãs travaram sua própria guerra civil contra o Talibã, sofrendo baixas e mantendo-se firme. Um exército de papel, que possui pouca ou nenhuma capacidade de luta, nunca poderia ter feito tanto. Seu desempenho permitiu que o número de tropas americanas e internacionais diminuísse de quase 150.000 há uma década para 2.500 este ano, sem a implosão total do país.

E ainda assim as forças foram e sempre foram um exército de madeira compensada, com a capacidade de cumprir a missão, mas com problemas fundamentais de recrutamento, administração e liderança. Os militares afegãos eram, por definição, uma força recrutada nacionalmente, o que significa que, normalmente, os soldados afegãos não lutavam em suas províncias nativas. Por causa da história de senhoria da guerra do Afeganistão, a decisão de criar um exército recrutado nacionalmente (em oposição a um recrutado regionalmente) foi tomada no início, com a ideia de que um exército afegão com fortes afiliações regionais e tribais ameaçaria sua própria existência.

Essa decisão também teve suas desvantagens. As estruturas tribais e familiares que formam a espinha dorsal da responsabilidade na sociedade afegã não foram transferidas para os militares. Isso criou desafios disciplinares consistentes dentro das fileiras. Também provou ser um problema ao travar uma contra-insurgência. Um soldado afegão etnicamente tadjique de Mazar-i-Sharif com a missão de lutar na província fortemente pashtun de Helmand se veria ali tão estrangeiro quanto qualquer americano. Nunca conseguimos integrar lealdades tribais e regionais em um exército nacional. Se tivéssemos feito isso, as forças de segurança afegãs teriam sido construídas sobre uma base muito mais sólida.

As duas outras áreas onde as forças de segurança afegãs se mostraram endemicamente fracas - administração e liderança - estão intimamente ligadas. Servi como conselheiro de várias unidades afegãs e vi como a negligência em sua administração - listas de tropas imprecisas e estoques de equipamentos incompletos, por exemplo - alimentou a corrupção endêmica. Com muita frequência, como americanos, comparamos a corrupção no Afeganistão com o fracasso moral da parte dos afegãos, embora raramente questionemos nossa própria cumplicidade na criação de condições que fomentassem a corrupção. Mais tragicamente, nossa mensagem consistente de que estávamos saindo do Afeganistão encorajou os afegãos em posições de poder a abraçarem a corrupção - especificamente, o desvio de recursos para ganho pessoal - como o único meio claro e seguro de sobrevivência. A corrupção tornou-se um plano de contingência financeira, a escolha que qualquer afegão razoável faria para garantir um futuro seguro para seus filhos. Quando, a cada ano, os americanos prometiam que o ano seguinte traria uma retirada americana e eventual abandono ao Talibã, que escolha você faria?

A deterioração das forças de segurança afegãs não ocorreu no campo de batalha tanto quanto ocorreu nas salas de negociação, nas quais os principais líderes tribais - como Ismail Khan em Herat - ou se renderam sem lutar ou fizeram acordos com o Talibã enquanto eles avançavam antes que qualquer batalha substancial por essas cidades pudesse ocorrer. O exército afegão estava lá - bem treinado, bem equipado - mas sem liderança política, pelo menos não mais.

No Afeganistão, existe um ditado: “Os americanos têm os relógios, mas o Talibã tem o tempo”. Desde a decisão do presidente George W. Bush de desviar as tropas do Afeganistão para o Iraque como parte da invasão de 2003, os Estados Unidos sempre tiveram um pé fora da porta. Nunca convencemos nossos aliados - ou adversários - de que possuíamos os relógios e o tempo. Ironicamente, isso nos levou a passar mais tempo no Afeganistão do que passaríamos se tivéssemos uma postura diferente. Se não tivéssemos insistido em construir em madeira compensada.

O anúncio do presidente Biden de uma retirada americana completa do Afeganistão no início deste ano desencadeou uma crise de moral entre os afegãos que resultou em suas forças de segurança desistirem sem lutar. Eles podem ter possuído superioridade numérica e material, mas sua crença em si mesmos desapareceu quando partimos.

O que estamos vendo agora no Afeganistão é o acúmulo de centenas de decisões erradas ao longo de duas décadas. No entanto, o que não consigo tirar da minha cabeça hoje é que escolhemos madeira compensada.

Bibliografia recomendada:

Guerra Irregular:
Terrorismo, guerrilha e movimentos de resistência ao longo da história.
Alessandro Visacro.

Leitura recomendada:




As submetralhadoras Hotchkiss

Soldado vietnamita com uma submetralhadora Hotchkiss Universal (Modelo 010) na Indochina.

Por Jean HuonSmall Arms Review, junho de 2009.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 10 de setembro de 2021.

Após a Segunda Guerra Mundial, o Exército Francês queria adotar uma nova submetralhadora para substituir as várias armas britânicas, alemãs e americanas com as quais suas tropas estavam equipadas. O pedido tinha uma sensação de emergência, pois uma nova guerra estava se formando na Indochina. Tanto as fábricas estatais em Châtellerault, Saint-Étienne, Tulle e o fabricante de armas privado Hotchkiss começaram a trabalhar neste projeto.

A Companhia Hotchkiss, fundada por Benjamin B. Hotchkiss em 1867, foi inicialmente dedicada à produção de munições de invólucro sólido durante a guerra de 1870-71. Mais tarde, ele desenvolveu o Canhão Rotativo Hotchkiss que foi usado por muitos países no final do século XIX. A arma de maior sucesso que a empresa já produziu foi a metralhadora Hotchkiss desenvolvida por Laurence Benét e Henri Mercié na virada do século XX e usada com grande efeito durante a Primeira Guerra Mundial.

Durante a década de 1920-30, a Hotchkiss desenvolveu metralhadoras leves, metralhadoras de infantaria, metralhadoras para aeronaves, armas de grande calibre e armas anti-carro para exércitos em todo o mundo. Depois de 1945, a empresa Hotchkiss produziu submetralhadoras para o Exército Francês e outros.

Informações gerais sobre as submetralhadoras Hotchkiss

A aparência geral e a operação das submetralhadoras Hotchkiss são as mesmas para todos os seus modelos. Elas têm uma estrutura cilíndrica com a alavanca de manejo e a janela de ejeção ambas localizadas no lado direito. Dependendo do modelo, podem ter coronha fixa ou dobrável, em madeira ou metal. Alguns modelos possuem um cano curto telescópico que pode ser empurrado para trás dentro da armação, enquanto outros possuem um cano fixo com uma camisa de resfriamento cilíndrica. O carregador é derivado daquele da MP 40 e está localizado em um porta-carregador dobrável. As armas funcionam com um ferrolho de recuo por gases com um percussor retardado. As armas são relativamente complicadas, por serem feitas com muitas peças. Os dispositivos de disparo são complicados e são feitos de muitas peças, com várias peças sendo feitas de chapa de metal estampada.

Modelo 011

Submetralhadora Hotchkiss Modelo 011.

O Modelo 011 tem uma coronha de madeira rígida, é muito simples na sua fabricação e é tão rudimentar quanto a submetralhadora Sten. A coronha triangular tem uma barra vertical no lado esquerdo para prender uma bandoleira. A coronha é montada com uma tampa que fecha a armação na parte traseira. O mecanismo de trancamento está localizado em uma caixa de formato triangular sob a estrutura do receptor. O compartimento do carregador também é um punho frontal que pode ser dobrado, permitindo que a arma seja carregada com um carregador carregado sob o cano. A janela de ejeção tem uma tampa que pode travar o ferrolho na posição aberta ou fechada e é usada como uma segurança secundária. O cano está localizado em um soquete que pode se mover para trás para o transporte, reduzindo assim o comprimento da arma. A alça de mira está localizada no topo da tampa da coronha e a massa de mira pode ser dobrada.

Este modelo foi desenvolvido em 1948 e foi usado por unidades locais na Indochina, como a Guarda de Supletivos do Bispo Phat-Diem.

Modelo 010 ou “Tipo Universal”

Submetralhadora Hotchkiss Modelo 010.

O Modelo 010 é provavelmente uma das submetralhadoras mais curiosas já feitas. A maioria dos componentes pode ser movida para reduzir o volume da arma para transportar:
  • A coronha tubular metálica pode ser dobrada sob a estrutura,
  • O punho da pistola pode ser dobrado para a frente, envolvendo o guarda-mato,
  • O compartimento do carregador pode ser dobrado para a frente sob o cano,
  • O cano também pode ser movido para trás.
A estrutura do receptor é tubular com uma aba para cobrir a janela de ejeção que está localizada no lado direito. A alavanca de manejo é esférica e também está localizada no lado direito. Ele segura uma tira de chapa para cobrir a ranhura sobre a qual se move. O ferrolho tem um percussor separado e a mola de recuo é helicoidal. A ignição da espoleta é retardada até o momento imediato após o ferrolho ser fechado e é acionada por uma alavanca. O alojamento do gatilho é uma caixa triangular localizada sob o receptor e contém um seletor de botão de pressão. O carregador está localizado em um alojamento dobrável para a frente. A coronha é feita de um conjunto de tubos com descanso de ombro em madeira. O punho da pistola é equipado com cabos de plástico marrom. A alça de mira dobrável tem duas aberturas e a massa de mira é protegida por um toldo.

A submetralhadora Hotchkiss Modelo 010 dobrada (acima) e desmontada.

A desmontagem da Hotchkiss Modelo 010 é simples:
  • Remova o carregador e limpe a arma,
  • dobre a coronha,
  • remova o plugue traseiro,
  • extraia a mola de recuo e o ferrolho.
  • Remonte na ordem inversa.
O Modelo 010 é uma arma muito complicada e não é fácil de usar; particularmente durante o manuseio, pois é fácil para os dedos ficarem presos e / ou prensados em qualquer uma das muitas partes dobráveis.

A arma foi fabricada entre 1949 e 1952. Foi testada pelo Exército Francês na Indochina por paraquedistas e pela Legião Estrangeira. Alguns países compraram algumas dessas armas, como Venezuela e Marrocos. O último Hotchkiss Modelo 010 em guerra foi encontrado no Afeganistão na década de 1980.

Paraquedistas venezuelanos marchando no desfile do Dia da Independência em Caracas, capital da Venezuela, em 5 de julho de 1955. (FAV-Club)

Modelo 017

Submetralhadora Modelo 017, provavelmente feita para a polícia.
Abaixo, com o carregador dobrado e com o número de série 401.

O Modelo 017 foi projetado como o Modelo 010, exceto por ter uma coronha fixa de madeira, um cano mais longo, uma camisa de resfriamento perfurada e o cabo da pistola não pode ser dobrado. Um dispositivo de segurança adicional é instalado próximo ao gatilho e quando ele está no lugar, o uso do gatilho não é possível. O Modelo 017 foi projetado para uso policial e foi testado pela polícia francesa; mas o MAT 49-54 foi escolhido em seu lugar. O modelo Hotchkiss 017 também foi testado pelo Marrocos.

Modelo 304

Submetralhadora Modelo 304 cano curto
Abaixo, cano curto e baioneta.

O Modelo 304 é uma evolução dos modelos anteriores. Possui coronha fixa de madeira e existem diversas variações:
  • Armação tubular do receptor, cano curto que pode ser retraído na armação e um mecanismo de caixa de gatilho retangular;
  • armação tubular do receptor, cano longo com uma camisa de resfriamento perfurada, mecanismo de gatilho de caixa retangular e uma baioneta pontiaguda reversível como no fuzil MAS 36;
  • armação em chapa de metal com tampa protetora contra poeira na janela de ejeção, cano longo com camisa de resfriamento perfurada, mecanismo de caixa de gatilho triangular e baioneta pontiaguda reversível como no fuzil MAS 36.

Submetralhadora Modelo 304 cano longo e baioneta.
Abaixo, com a baioneta e o carregador dobrados.

Características

Modelo 011
Munição: 9mm Luger
Comprimento total: 76cm
Comprimento do cano: 21cm
Comprimento: 67cm com o cano retraído
Peso: 3,3kg
Capacidade do carregador: 32 tiros

Modelo 010
Munição: 9mm Luger
Comprimento total: 780mm
Comprimento total: 53,8cm com a coronha dobrada
Comprimento do cano: 27cm
Comprimento: 67cm com o cano retraído
Peso: 3,43kg
Capacidade do carregador: 32 tiros

Modelo 017
Munição: 9mm Luger
Comprimento total: 94,5cm
Comprimento do cano: 40,5cm
Peso: 3,8kg
Capacidade do carregador: 32 tiros

Modelo 304 cano curto
Munição: 9mm Luger
Comprimento total: 86cm
Comprimento do cano: 27cm
Comprimento: 67cm com o cano retraído
Peso: 3,2kg
Capacidade do carregador: 32 tiros

Modelo 304 cano longo
Munição: 9mm Luger
Comprimento total: 92cm
Comprimento do cano: 30cm
Peso: 3,7kg
Capacidade do carregador: 32 tiros

Small Arms Review V12N9,
de junho de 2009.

Bibliografia recomendada:

Les Pistolets-mitrailleurs français.
Jean Huon.

Leitura recomendada:

Armas vietnamitas para a Argélia14 de dezembro de 2020.

Resultados dos testes do MAS 62, 1º de fevereiro de 2021.

A submetralhadora MAS-38, 5 de julho de 2020.


A Artilharia da FEB na rendição da 148ª Divisão de Infantaria alemã

Soldado Francisco de Paula carregando um obus 105mm com os dizeres
"A cobra está fumando...".
(Colorização de Marina Amaral)

Valmiki Erichsen

Capitão de Artilharia

Ex-comandante da 2ª Bateria do 3º Grupo

Estamos quase no fim da Campanha da Primavera. Os alemães, descontrolados e atacados por todos os lados, procuram fugir para o norte. A Infantaria Brasileira, sem dar tréguas, persegue o inimigo na sua carreira desenfreada.

O III Grupo de Artilharia, com suas três Baterias de Tiro acantonadas em um prédio escolar, acha-se em Bibbiano à espera das suas viaturas que foram requisitadas para o transporte dos nossos infantes. É nessa situação que no dia 27 de abril de 1945, à 1h, o Comandante da 2ª Bateria (Capitão Valmiki) foi acordado pelo Capitão Piza (ST), que fazia-se acompanhar do Major Molina da AD/I, para receber a seguinte ordem: "De ordem do Senhor General Comandante da AD [Artilharia Divisionária], o Comandante do Grupo designou a 2ª Bateria para se deslocar imediatamente a fim de apoiar um ataque que iria ser feito em Fornovo di Taro, por um Batalhão do 6º RI; os canhões seriam tracionados pelos tratores do IV Grupo, que para isso seriam requisitados, enquanto a Bateria se preparava para partir."

Às 3h, tudo pronto, partimos tendo o jipe do Major Molina como guia. Este deslocamento foi feito com muita cautela, tendo o guia que bater muitas vezes nas casas para saber o caminho, até chegarmos à estrada principal. Nesta, mesmo no escuro, era fácil a caminhada porque estava toda balizada. Ao chegarmos à Cidade de Parma, encontramos algumas ambulâncias que vinham conduzindo cadáveres alemães. Desta cidade em diante a marcha foi mais vagarosa porque era necessário tomar mais precauções, pois nada se sabia da situação. Às 5h chegamos às proximidades de Collecchio e paramos, pois o inimigo havia se retirado desta localidade há 18 horas. Imediatamente depois de tomar todas as providências de segurança, segui com o Major Molina e o Capitão Piza para receber as ordens do Coronel Nelson de Mello, Comandante do Destacamento, que era o Comandante do Batalhão que ia efetuar o ataque. Como a chegada do Batalhão estava prevista só para às 9h e vendo que não havia perigo iminente, fui buscar a Bateria para dentro da cidade, onde, aproveitando a oportunidade, servi a primeira refeição aos pracinhas.

Às 9h chegou o Major Gross a quem me apresentei como Oficial de Ligação e Comandante da Bateria que veio apoiar o ataque. Quero aqui salientar que foi um prazer apoiar pela primeira nesta guerra o Batalhão do meu antigo companheiro de trabalho na EEFE [Escola de Educação Física do Exército]. Ficou então assentado que o ataque só seria desencadeado depois das 12h e que eu tomaria posição antes do início do movimento para estar em condições de atirar a qualquer momento e, mais ainda, que a Companhia de Obuses do 6º RI, comandada pelo Capitão Ventura, iria à retaguarda e só entraria em posição quando fosse necessário. Desta forma procurei logo, na redondeza, um bom lugar para ocupar posição e verifiquei pela carta que podia, se necessário fosse, bater sem mudar de posição até o objetivo final que era Fornovo.

Como toda a cidade estava situada em uma região plana, escolhi uma posição ao lado da estrada por ser de fácil acesso e por ficar abrigada pelas árvores. Abrindo um parêntesis, direi que, ao percorrer esta localidade para a escolha de posição, entrei no castelo que ali existe e fui encontrar, deitado numa cama de campanha, junto à lareira, o cadáver de um tedesco [alemão] com a cabeça enrolada em gaze e com a fisionomia perfeita, parecendo ter falecido àquela madrugada, evidenciando-se que os tedescos, na sua fuga precipitada, não tiveram nem tempo de levar todos os feridos. Ocupada a posição, como não tínhamos dados topográficos, foi a Bateria apontada pela Bússola, ficando os Tenentes Observadores Avançados encarregados de regular o tiro assim que estivessem em condições. A Bateria não havia trazido muitos tiros porque os tratores não comportavam mais do que 35 granadas.

Antes de começar o desenvolvimento do Batalhão, reuni os dois Observadores Avançados, Tenente Sá Earp, que atuaria com a 2ª Cia, e o Tenente Valença, com a 3ª Cia. Estudamos a carta, que aliás quase nada nos indicava pois era na escala de 1/100.000, e tiramos os alcances para os pontos mais fáceis de serem identificados. Tivemos que assim proceder porque era a única carta que tínhamos, tendo portanto os Observadores que seguirem para suas missões verdadeiramente no escuro. A única coisa que fiz foi dar a seguinte ordem: "Agarrem um italiano da região para identificar os pontos." Cada Observador levava a sua equipe e só nos entendíamos pelo rádio.

Às 13h começou a se movimentar pela estrada o Batalhão. Tive a impressão de estar em uma boa poltrona de um dos nossos cinemas, pois foi uma avançada cinematográfica ao encontro do inimigo. Os nossos pracinhas, alegres e cantarolando, apinharam-se em cima dos tanques americanos [M4 Shermans do 760º Batalhão de Tanques] que estavam à disposição do Batalhão. Talvez nenhum dos nossos pracinhas estivessem pensando que a morte poderia surpreendê-los a 2km à frente. Logo atrás vinham os jipes dos Comandantes Avançados. Dos lados das estradas desenvolvia-se a outra Companhia em coluna por um e a Companhia de Obuses ia após os jipes. Assim, ao lado do Comandante do Batalhão, assisti ao desenvolvimento de todos os elementos do Batalhão.

Segui em seguida com o Major Gross para o seu Posto de Comando (PC) Recuado, situado a 1km à frente do ponto de partida, onde almoçamos rapidamente e seguimos logo após para o PC Avançado, a mais 1km. Este PC que era uma casa e serviu também como meu Observatório, pois dali vi o desenrolar dos acontecimentos. Quando os tanques chegaram um pouco além do PC Avançado, começaram a receber tiros dos tedescos, tendo que desbordar para a margem esquerda da estrada. Os Infantes da 2ª Cia começaram a dar combate e progredir em direção a Talignano. A 3ª Cia se deslocou mais para a esquerda, a fim de procurar envolver o inimigo. A Artilharia continuava silenciosa, pois ainda não havia para os Observadores campo de observação. A chuva que desabou repentinamente muito atrapalhou a progressão dos Observadores, porque, com o terreno escorregadio, o transporte do rádio é bastante difícil. Desta forma, só os tanques e a Companhia dos Morteiros auxiliavam os Infantes. Foram os mesmos progredindo até que se apossaram de Talignano e desta forma, pôde o Tenente Sá Earp pedir os primeiros tiros para regular a Bateria.

Eram já 5h e a chuva tinha passado. Ocupada esta localidade, o Tenente seguiu para Gayano juntamente com o Pelotão que para lá se dirigia, não sendo possível chegar tal a intensidade do fogo inimigo. O Tenente Sá Earp presenciou uma triste ocorrência quando o Tenente Monteiro, Comandante do Pelotão de Minas do 6º RI, que ia a seu lado, foi atingido por diversos estilhaços de uma granada que arrebentou em cima deles. Gravemente ferido, foi o Tenente Monteiro logo transportado para a retaguarda. Mais tarde, vim a saber que, ao voltar a si, mandou este recado para sua progenitora: "Diga à mamãe que nunca tive medo." Hoje, o Tenente Monteiro já é Capitão e acha-se completamente restabelecido.

Do meu Observatório, que era o forro da casa, apreciei os tedescos retirando-se de Segalara. Eles corriam para fora da casa, deitavam-se, e logo depois, levantando-se, atiravam com as bazucas [Panzerschreck] contra os nossos pracinhas. Os Generais Cordeiro e Zenóbio, que estiveram lá toda a tarde, observaram também estas cenas.

Certa ocasião, quando os dois Generais acima citados com mais alguns Oficiais se dirigiam para uma casa mais avançada, os tedescos deram uma rajada de metralhadora na direção do PC, que por pouco não os atingia. Em frente ao PC, atrás de uma casa, os nossos morteiros não paravam um instante de atirar.

O Tenente Valença, que estava com a 3ª Cia, continuava desbordando pela esquerda, até que conseguiu, cerca das 20h, chegar a Segalara. Já estava escurecendo e o Tenente Valença pediu tiro fumígeno a fim de poder chegar a Gayano, que era o local de onde partiam os tiros dos tedescos. O Tenente Valença, por ser achar debaixo do fogo inimigo, custou um pouco a regular e, como a insistência dos pedidos para que a Artilharia atirasse era tão contínua, eu, ao lado do Major Gross, sem nada estar vendo, comandei uma rajada para a linha de fogo a fim de mostrar aos tedescos que possuíamos artilharia e acalmar um pouco os nossos. Mais tarde vim a saber que estes tiros foram bastante eficientes, pois o número de soldados inimigos era tão grande que em qualquer lugar que os mesmos caíssem eram sempre eficazes.

Suportaram os nossos Infantes dois contra-ataques dos tedescos e o Tenente Valença, com sua calma peculiar, satisfez todos os pedidos de tiros solicitados. Assim, ajudamos muito a Infantaria a não recuar um palmo sequer.

Cessada um pouco a violência do combate, apareceram na estrada três Oficiais alemães que vinham em nome do General Picô [Otto Fretter-Pico] propor a rendição da já célebre 148ª.

Estava eu no PC Recuado depois de ter ido à Bateria para me alimentar quando estes Oficiais lá chegaram. Daí foram levados ao Coronel Nelson de Mello em Collecchio e começaram então os entendimentos para a rendição. A Bateria atirou até às 5h da manhã do dia 28, hora em que o Comandante do III Grupo deu ordem ao Tenente Rapozo, Comandante da Linha de Fogo, para suspender os tiros.

Tenente-General Otto Fretter-Pico (à esquerda, com binóculos) rendendo-se formalmente ao General Olímpio Falconière da Cunha em nome da divisão expedicionária, 29 de abril de 1945.

Colunas de prisioneiros alemães da 148ª e da 90ª.

Soldado brasileiro, com a cobra fumando no braço, balizando prisioneiros alemães.

Esta noite dormi no PC Avançado juntamente com o Comandante do Batalhão e, à meio-noite, quando conversávamos com o Tenente Americano, que comandava o Pelotão de Tanques, o Major comunicou que talvez não tivéssemos mais que lutar, ocasião em que o Tenente Americano exclamou: "Fine".

Para os artilheiros foi um prazer saber que um dos primeiros pedidos dos Oficiais tedescos era para que os tiros de artilharia cessassem. Na manhã do dia 28 chegaram ao local do PC Avançado o Comandante da Força Expedicionária Brasileira e o Generais Zenóbio Falconière, que vieram receber a rendição.

Às 17h começou o espetáculo que nunca sairá da memória dos que tiveram a felicidade de apreciá-lo:

ERA A RENDIÇÃO DA 148ª

O Coronel Otto von Kleiber em conversações com o Major Altair Franco Ferreira para a rendição da 148ª Divisão de Infantaria, 29 de abril de 1945.
(Colorizada)

- Capitão Valmiki ErichsenA Artilharia na Rendição da 148ª Divisão de Infantaria Alemã, Revista do Exército Brasileiro, Rio de Janeiro, 122 (3): pg. 56-59, julho-setembro de 1985.

A rendição de Fornovo

(Sala de Guerra)

Bibliografia recomendada:

FEB pelo seu Comandante.
Marechal J.B. Mascarenhas.

A FEB por um soldado.
Joaquim Xavier da Silveira.

Leitura recomendada:



A FEB e os jipes12 de março de 2020.



FOTO: Alemães capturados pela 10ª Divisão de Montanha13 de agosto de 2021.