domingo, 18 de julho de 2021

VÍDEO: O exercício Zapad 2021 e o futuro da presença da força russa na Bielo-Rússia


Em setembro, a Rússia e a Bielo-Rússia realizarão seu exercício quadrienal, "Zapad-2021", que foi projetado para demonstrar a prontidão e as capacidades do Distrito Militar Ocidental da Rússia e sua integração militar com a Bielo-Rússia. Este exercício está sendo monitorado de perto após a recente mobilização da Rússia de cerca de 100.000 soldados ao longo da fronteira com a Ucrânia e dentro da Crimeia, o que fez com que o Comando Europeu dos EUA aumentasse seu nível de alerta para uma "crise iminente em potencial". Embora tenha havido uma diminuição das tensões após o anúncio do Kremlin em 22 de abril de que retiraria em grande parte essas forças, equipamentos militares substanciais permaneceram para uso durante o Zapad. Este exercício também será importante para observar as mudanças potencialmente permanentes nos posicionamentos militares da Rússia e na postura na Bielorrússia após as eleições bielorrussas de 2020, as táticas repressivas do regime de Lukashenko e o recente roubo aéreo de uma companhia aérea civil para prender um blogueiro bielorrusso. O que podemos esperar do Zapad-2021? O que os pré-exercícios nos mostrarão? Como a recente mobilização militar da Rússia e o equipamento de pré-posição perto da fronteira com a Ucrânia afetarão o exercício e o que isso nos dirá sobre as futuras capacidades e intenções da Rússia? Finalmente, quais são as potenciais "bandeiras vermelhas" que os Estados Unidos e a OTAN deveriam estar atentos?

Leitura recomendada:






ARTE MILITAR: Helicópteros Tigre e Gazelle em ação

Tigre da ALAT cobrindo soldados franceses no Sahel malinense.
(Julien Lepelletier)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 18 de julho de 2021.

Artes militares de Julien Lepelletier, artista 2D e ilustrador freelancer da Drydock Dreams Games (@Drydock Dreams Games) com sede em Marselha, França.

O primeiro desenho mostra o helicóptero Tigre disparando o seu canhão frontal em apoio à infantaria francesa - seus soldados armados com o FAMAS F1 - no terreno montanhoso de "superfície lunar" do Mali. O segundo desenho mostra um Gazelle disparando um míssil em operações noturnas, esverdeado por visores noturnos. Ambos os helicópteros são de uso padrão da Aviação Leve do Exército (Aviation légère de l'armée de Terre, ALAT).

Gazelle disparando um míssil em combate noturno.
(Julien Lepelletier)

Bibliografia recomendada:

Flying Tiger:
International Relations Theory and the Politics of Advanced Weapons.
Ulrich Krotz.

Leitura recomendada:


GALERIA: Tigres na Côte d'Azur, 19 de novembro de 2020.


sábado, 17 de julho de 2021

FOTO: Mulheres soldados no East African Armed Forces Rifle Championship

Soldados quenianas e a fotógrafa Leah Cobble do USMC em Nairóbi, 19 de setembro de 2005.
(Foto oficial do DoD da SSgt. Stacy L. Pearsall / USAF)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 17 de julho de 2021.

A Sargento do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA (USMC) Leah Cobble, Relações Públicas, mostra uma imagem em sua câmera digital para mulheres soldados do Exército do Quênia na cordilheira Stony-Athi em Nairóbi, no Quênia, durante o exercício East African Armed Forces Rifle Championship (Campeonato de Tiro de Fuzil das Forças Armadas da África Oriental)

Militares holandeses, franceses e americanos da Força-Tarefa Conjunta - Chifre da África (Joint Task Force - Horn of AfricaJTF-HOA) participaram do campeonato em Nairóbi.

Bibliografia recomendada:

A Mulher Militar:
Das origens aos nossos dias.
Raymond Caire.

Leitura recomendada:

Forças Especiais: Inovação de suboficial do 13e RDP melhora a segurança dos saltadores operacionais

Por Laurent Lagneau, Zone Militaire OPEX 360, 17 de julho de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 17 de julho de 2021.

Durante a sua última viagem a Biscarrosse, no centro de “Teste de Mísseis” da Direção-Geral dos Armamentos (Direction générale de l’armementDGA), a Ministra das Forças Armadas, Florence Parly, citou a palavra “inovação” 19 vezes… e em particular para insistir na “inovação participativa”, ou seja, sobre a capacidade dos militares de imaginar soluções para os problemas operacionais com os quais são regularmente confrontados.


Assim, e no sentido de fomentar ainda mais esta inovação participativa, que já é tema do "prix de l’Audace" ("Prêmio da Audácia”), atribuído a cada dois anos pela Fundação Maréchal Leclerc de Hauteclocque, a Sra. Parly anunciou a criação, no próximo mês de Novembro, do “Troféu dos Inovadores da Defesa”, sob a égide da Agência da Inovação da Defesa (Agence de l’innovation de défenseAID). Este troféu "terá como objetivo premiar inovadores de todos os estatutos, civis ou militares, pertencentes ao ministério" e a sua primeira edição "terá como tema" operações em campos intangíveis", seja ciber, inteligência, luta por influência, ou capacidades cognitivas e psicológicas”, disse a Ministro.

De qualquer forma, 2020 terá sido um ano "dinâmico" para a inovação participativa. Excluindo aqueles relacionados com a Covid-19, a AID investigou 75 projetos, 32 dos quais foram financiados. E o DAPCO, para "Dispositivo de auxílio à aterragem para saltadores operacionais", foi distinguido na última edição do DROID (Document de référence de l’orientation de l’innovation de DéfenseDocumento de referência para a orientação da inovação em defesa).

Saltadores operacionais do 13e RDP.
Saltadores livres qualificados em saltos HALO e HAHO.

Concretamente, o DAPCO visa melhorar a segurança dos saltadores operacionais. Portanto, trata-se principalmente das forças especiais. Assim, em uma zona desértica e em condições de visibilidade zero, um paraquedista não percebe o solo quando está no final de suas linhas. Daí a ideia de avisá-lo que está prestes a pousar por meio de um sinal sonoro, para evitar o risco de perder velocidade ou chegar numa velocidade muito alta.

Este é, portanto, o princípio do DAPCO, desenvolvido por um chefe de gabinete do 13º Regimento de Dragões Paraquedistas (13e Régiment de Dragons Parachutiste, 13e RDP), com a ajuda da empresa de Bordéus BE Électronique. Em detalhes, este dispositivo tem a forma de uma "caixa que emite ondas de rádio na direção do solo e um receptor conectado à caixa V60 INVISIO, que emite sons no fone de ouvido PELTOR [anti-ruído]" do operador.

INVISIO V60.

Este projeto inovador recebeu um financiamento de 45.000 euros no âmbito da inovação participativa do Ministério das Forças Armadas.

Salto livre/operacional das forças especiais francesas


Bibliografia recomendada:

Commandos Parachutistes:
Au coeur de l'action.
Louis-Frédéric Dunal.

French Airborne Troops Wings and Insignia:
From the origins to the present day.
Jacques Baltzer e Éric Michéletti.

Leitura recomendada:



O primeiro salto da América do Sul, 13 de janeiro de 2020.



GALERIA: Reencenação do salto no Passo de Mitla, 31 de março de 2020.

sexta-feira, 16 de julho de 2021

GALERIA: Capacetes azuis chineses no Sudão do Sul


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 16 de julho de 2021.

Seção de fotos publicadas pelo jornal estatal People's Daily Online (Diário do Povo Online) em 7 de outubro de 2015. Nessa época, a equipe de patrulha armada de longa distância de um batalhão de infantaria das forças de manutenção da paz chinesas no Sudão do Sul encontrou recentemente vários conflitos armados intensos em torno de sua base operacional temporária, localizada nas profundezas das florestas do estado Equatorial Ocidental.

No início do quarto dia estacionado na base operacional temporária, tiros foram ouvidos a sudeste da base, com tiros traçantes voando sobre as copas das árvores. De acordo com os soldados nos postos avançados, dezenas de militantes locais armados lançaram um ataque feroz contra as tropas do governo do Sudão do Sul estacionadas nas proximidades. O acampamento das tropas do governo ficava a apenas 500 metros das forças de manutenção da paz chinesas. Diante dessa situação inesperada, os soldados pacificadores chineses correram para seus postos de batalha nas instalações de defesa e veículos blindados existentes.




Após cerca de 3 horas de combate intenso entre os militantes e as tropas do governo, os militantes não-identificados se deslocaram para a apenas 10 metros da base dos soldados pacificadores. Para evitar o envolvimento em combates diretos, os capacetes azuis alertaram os militantes por meio de alto-falantes, dizendo para cessarem o fogo. Chocados com a intervenção das forças de paz, a batalha gradualmente parou. No entanto, tiros esporádicos e helicópteros de ataque pairando no alto lembraram aos mantenedores da paz que a luta ainda não havia acabado.

"Esta foi a segunda vez que encontramos tais conflitos e não recebemos nenhuma notificação sobre a situação. Continuaremos enfrentando graves ameaças à segurança nos próximos dias", disse então Liu Yong, o vice-comandante do batalhão.






Os soldados são armados com equipamento padrão chinês, como o fuzil bullpup QBZ-95, e coberturas azuis da ONU nos capacetes.

A China tem constantemente se envolvido na África, participando cada vez mais em missões de paz para apoiar a constante "invasão" chinesa do continente, já avaliada como neo-colonialismo por parte de Pequim. A China vem fazendo empréstimos e investimentos generosos no continente africano, colocando governos locais na posição de vassalos chineses e expandindo ainda mais a Iniciativa do Cinturão e Rota. A China também contribuiu unidades policiais à MINUSTAH no Haiti.

Iniciativa do Cinturão e Rota.

Treinamento de fogo real dos pacificadores chineses no Mali


O cinema chinês já inclui o ambiente africano em seus filmes de ação, como Peacekeeping Force (Força Pacificadora, 2018). O filme chinês de maior bilheteria até hoje, Wolf Warrior II (Lobo Guerreiro 2, 2017), é a estória de um herói chinês na África enfrentando guerrilheiros africanos e mercenários europeus, com a mensagem de que o governo chinês protegerá seus cidadãos onde quer que seja; essa afirmação aparece escrita sobre um passaporte chinês no final do filme, antes dos créditos.

O herói Leng Feng (Jing Wu) agitando a bandeira chinesa na cena final do filme.
Jing Wu, o lobo guerreiro, e a co-estrela Celina Jade durante uma das muitas conferências de promoção do filme com um passaporte chinês decorativo.

Trailer de Wolf Warrior II


Bibliografia recomendada:

Psychology of the Peacekeeper:
Lessons from the field.

Leitura recomendada:







GALERIA: Pacificadores suecos no Congo, 28 de fevereiro de 2021.

Jogos de guerra e vitória no Pacífico


Por Michel Goya, La Voie de l'Épée, 13 de julho de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 16 de julho de 2021.

Estamos em janeiro de 1908, um artigo na revista McClure's Magazine assinado por vários oficiais da Marinha dos EUA critica fortemente o design do encouraçado da classe dreadnought Delaware, o segundo dos quais, o North Dakota, está em construção. Esse projeto, eles criticam, foi concebido pelos técnicos do Gabinete do Departamento da Marinha sem nunca ter levado em consideração as opiniões dos operacionais e contém muitos erros de projeto. A polêmica chega ao presidente Theodore Roosevelt, fascinado por essas questões, que, a conselho do Almirante Williams Sims, então se dirige ao Naval War College (NWC) em Newport.  O NWC, a escola superior de guerra da Marinha dos Estados Unidos, regularmente praticava jogos de guerra, ou wargames, para treinar seus oficiais. Roosevelt então pede para testar o engajamento de combate do North Dakota. O resultado do jogo é definitivo e confirma o julgamento muito negativo da equipe operacional. A classe Delaware vai parar por aí, mas constata-se teriam pelo menos economizado uma quantidade colossal de dinheiro se tivessem pelo menos testado os conceitos antes de produzi-los.

Devido à desconfiança do Congresso, as forças armadas dos Estados Unidos não tinham nem um grande estado-maior combinado, nem mesmo um estado-maior de guerra e marinha. O Secretário de Estado da Marinha é auxiliado pelo comandante das divisões, incluindo operações e material, e por um gabinete geral de ex-almirantes para assessorá-lo. Compreende-se que o departamento é rapidamente abalado entre as rivalidades dessas três organizações, tudo em uma atmosfera do Entre-Guerras de redução de gastos e fortes restrições impostas pelos tratados navais. Nessas condições, não é fácil mudar uma organização que sabemos, no entanto, que provavelmente terá de travar batalhas gigantescas nos próximos anos. No entanto, a Marinha dos Estados Unidos conseguirá isso de maneira notável e o jogo de guerra terá muito a ver com isso. O NCW é então anexado à divisão de operações, futuro Escritório do Chefe de Operações Navais (Office of the Chief Naval OperationsOPNAV), onde é usado pela primeira vez como um corpo de reflexão e experimentação.

É uma revolução organizacional, na medida em que, como na medicina quase ao mesmo tempo, complementa-se o único julgamento pessoal dos chefes com os testes mais racionais possíveis. A partir de agora todos os planos concebidos pelo OPNAV, então de fato todos os problemas da Marinha dos Estados Unidos, como por exemplo os efeitos dos tratados navais, são filtrados a partir da experimentação ao mesmo tempo por exercícios de "tamanho real" no mar, insubstituíveis, porém raros, caros e sujeitos a fortes restrições de segurança e jogos no chão do War College em Newport com navios em miniatura e dados. Os americanos não são os únicos a praticar os grandes exercícios no mar ou no solo, os marinheiros japoneses em particular jogam muito, mas são os únicos a fazê-lo de forma sistemática e principalmente a jogar campanhas completas. De 1919 a 1941, foram 136 jogos simulando campanhas completas, quase todas no Pacífico contra o Japão, incluindo um mês inteiro para cada promoção do NWC. Existem também 182 jogos simulando apenas batalhas. Cada jogo decorre de acordo com um ciclo imutável: redação pelos alunos de uma ordem de operação a partir de uma ordem recebida, análise e crítica das ordens concebidas pelos alunos, escolha de uma ordem de operação que é jogada em dupla ação, e finalmente, uma análise aprofundada dos combates então transmitidas ao diretor.

Os benefícios são enormes em termos de treinamento. Os oficiais que saem do NCW têm um perfeito comando do uso das forças, principalmente as novas. O Almirante Raymond Spruance, por exemplo, fará um uso perfeito dos porta-aviões no Pacífico, sem nunca ter passado pela aviação naval ou ter comandado um porta-aviões. Eles conhecem bem o inimigo, cujos navios são representados com a maior precisão, mas também toda a geografia das áreas em que irão operar. Muitas vezes é esquecido no que diz respeito à qualidade das operações navais americanas na Guerra do Pacífico, apesar do ataque a Pearl Harbor ou dos reveses da campanha das Ilhas Salomão, mas a Marinha dos Estados Unidos não lutara na superfície desde 1898. O corpo de oficiais americano é o menos experiente de qualquer força naval da época. O Almirante Nimitz, comandante da Marinha no Pacífico durante a guerra, explicará que isso foi compensado pela simulação e que no final tudo o que aconteceu já havia sido jogado em Newport, exceto os kamikazes. Na verdade, ele estava se esquecendo da campanha submarina americana contra a marinha mercante japonesa que nunca havia sido jogada, pelo menos nessa escala.

É também por meio do jogo que o plano de campanha contra o Japão, o plano Orange (Laranja), foi continuamente refinado. A própria ideia mahaniana era então unir forças nas águas das Filipinas, então administradas pelos americanos, para destruir a frota de linha japonesa na região e então sufocar o Japão com um bloqueio das ilhas próximas. Foi neste contexto que se testou a utilização de porta-aviões, embora a frota ainda fosse muito pequena. Os jogos mostraram que os porta-aviões foram capazes de atacar relativamente em terra e destruir tudo no mar, exceto os encouraçados. Os americanos concluíram que há necessidade de uma marinha equilibrada combinando encouraçados e porta-aviões para o combate em alto mar, onde os japoneses, divididos, usarão de fato duas forças separadas, primeiro porta-aviões e depois encouraçados a partir de 1944, e os britânicos subordinam seus pequenos porta-aviões ao serviço dos navios de linha.

Mas uma frota americana equilibrada, onde os japoneses investem pesadamente em porta-aviões, pressupõe aceitar uma inferioridade numérica nessa área e de fato os americanos vão começar a guerra com 7 navios desse tipo contra 10 japoneses. Portanto, o retorno da experiência dos primeiros combates no chão conclui buscar soluções paliativas, como a construção de destróieres antiaéreos, a rápida conversão de navios mercantes em pequenos porta-aviões (estes serão porta-aviões de escolta da Batalha do Atlântico) e aproveitar ao máximo o espaço dos futuros porta-aviões para que transportem mais aeronaves do que os japoneses. Os jogos de campanha também são determinados para garantir que os porta-aviões americanos possam ser consertados e engajados novamente no combate mais rápido do que aqueles do adversário. Durante a Batalha do Mar de Coral em maio de 1942, os porta-aviões japoneses Shokaku e Zuikaku e o americano Yorktown foram danificados. Um mês depois, em Midway, os dois primeiros ainda estão em reparos, enquanto o terceiro é empregado. As consequências táticas e estratégicas são enormes. Os jogos de campanha também assustam os americanos pelo índice de perdas dos pilotos, por isso a Navy olha muito cedo para a questão do resgate no mar, mas também da capacidade de treinar maciçamente os pilotos, onde os japoneses que apenas simulam batalhas não fazem nada. Os jogos também destacam a importância crítica de detectar primeiro as forças inimigas e defendem o investimento em uma capacidade de reconhecimento de longo alcance baseada em aeronaves de patrulha marítima e submarinos de alcance.


Um jogo particularmente importante foi o do verão de 1933. Ele leva em consideração a fortificação japonesa das ilhas alemãs no Pacífico central e a provável tomada da ilha americana de Guam. O jogo é um desastre. A frota americana, conforme previsto pelo plano japonês, se vê assediada por submarinos e aviões de bases insulares japonesas. Desgastada e sem poder ser efetivamente apoiada por bases muito distantes, a frota americana não conseguiu derrotar a frota japonesa no mar das Filipinas. Conclui-se que devem primeiro tomar essas ilhas e depois usá-las como bases avançadas. Tudo isso também se reflete na estratégia de recursos. Para superar o que ainda não é chamado de negação de acesso, o Corpo de Fuzileiros Navais e a Marinha estão desenvolvendo uma frota específica de navios ou veículos anfíbios e considerando seu uso. Eles são os únicos no mundo naquela época e se pensarmos apenas nas ilhas do Pacífico, este grande desenvolvimento também permitirá que a Muralha do Atlântico seja tomada de assalto.

Nem tudo é perfeito neste processo de evolução lúdica. Na década de 1930, as regras do jogo eram tão sofisticadas que representavam 150 páginas, o que excluía qualquer apropriação pelos alunos e exigia a criação de um gabinete específico inteiramente dedicado ao jogo de guerra. Embora baseadas nos dados mais precisos possíveis, as regras são necessariamente aproximadas sobre novos fenômenos como o uso da aviação naval em combate, ainda que se perceba que elas constituíram, no entanto, as melhores expectativas na matéria. Na verdade, são principalmente os eventos geopolíticos que colocam as simulações em falta. Não simularam a guerra submarina irrestrita principalmente por medo de ofender o Reino Unido, cujos navios mercantes seriam, sem dúvida, as primeiras vítimas no Pacífico. Não imaginaram por um único segundo a rápida queda da França em 1940, que forçará uma parte imprevista do esforço naval americano a se transferir no Atlântico.

A questão é que os pequenos barcos de madeira ou metal de Newport, as mesas de tiro e os dados foram a força motriz por trás da transformação mais bem-sucedida das marinhas da era moderna. Testar ideias e coisas, isto é, como na ciência para ver se elas resistem à refutação, é mais eficaz do que o julgamento do dedo molhado das autoridades ou a tendência de simplesmente fazer a mesma coisa novamente, porém mais caro.

Vídeos recomendados:



Bibliografia recomendada:

A Guerra Aeronaval no Pacífico 1941-1945.
Contra-Almirante R. de Belot.

Leitura recomendada:


LIVRO: O Japão Rearmado, 6 de outubro de 2020.


Projetos militares da UE enfrentam atrasos, mostra documento que vazou

Durante décadas, a UE foi extremamente cautelosa em passar para o domínio militar.
(Alexander Koerner / Getty Images)

Por Jacopo BarigazziPOLITICO, 12 de julho de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 15 de julho de 2021.

Mais de três anos após o lançamento do novo pacto, a maioria dos programas ainda não deu frutos.

O pacto de cooperação militar da Europa foi denominado “Bela Adormecida” - e um relatório de progresso obtido pelo POLITICO mostra que a tão alardeada iniciativa está lutando para despertar. O programa, conhecido como Cooperação Estruturada Permanente (Permanent Structured CooperationPESCO), reúne 25 países membros da UE, trabalhando em grupos menores em um total de 46 projetos conjuntos. Os projetos abrangem terra, mar, ar, espaço e ciberespaço e variam de defesa contra drones, vigilância marítima e treinamento de inteligência.

Mas três anos e meio depois que a PESCO foi lançada com grande alarde pelos líderes da UE, muitos dos projetos ainda estão em sua infância e um número significativo está atrasado, de acordo com o relatório anual. O documento, que reúne relatórios de progresso sobre todos os 46 projetos da PESCO, é um lembrete de que, apesar da conversa de alguns líderes e oficiais da UE sobre alcançar "autonomia estratégica", os esforços do bloco no domínio militar ainda têm muitos obstáculos a superar.

O documento de 115 páginas, preparado pelo secretariado da PESCO e enviado aos países membros no mês passado, afirma que atrasos foram relatados para 15 projetos, em comparação com seus cronogramas originais. Em seis casos, a pandemia de coronavírus é citada como motivo do atraso. Em outros casos, nenhum motivo específico é mencionado. O relatório também observa que em 14 casos, o ano em que a “entrega” de um projeto deveria começar “foi transferido para anos posteriores” e em seis casos o ano de “entrega final” também foi adiado. Ao mesmo tempo, “para 8 projetos o início da entrega…. foi puxado para a frente”, afirma o relatório. Mas “nenhum projeto foi relatado como tendo uma entrega final antecipada”.

Diplomatas da UE reconhecem que a PESCO enfrenta problemas. Mas alguns acham que está em seus estágios iniciais e argumentam que a direção da viagem é mais importante do que a velocidade. “O que conta é que o trem saiu da estação”, disse um diplomata sênior. Outro diplomata disse que "alguns dos projetos eram simplesmente imaturos" e acrescentou: "Ainda estamos em uma curva de aprendizado".

Tigres francês e alemão durante exercícios na base militar de Le Luc.

Durante décadas, a UE foi extremamente cautelosa em passar para o domínio militar. Alguns países membros argumentaram que a defesa cabia aos governos nacionais. Alguns observaram que a UE era um projeto de paz e não deveria se envolver na esfera militar. Alguns argumentaram que as questões militares e de defesa deveriam ser reservadas à OTAN. Mas os defensores de uma maior cooperação militar da UE argumentaram que a Europa nem sempre poderia contar com os EUA ou a OTAN e que os países membros poderiam alcançar muito mais juntos do que trabalhando em projetos de forma independente. E a saída do Reino Unido da UE removeu um dos maiores céticos de uma maior cooperação militar dentro do bloco.

A PESCO é a tentativa da UE de aumentar suas capacidades militares sem obrigar todos os membros da UE a participar e evitando a duplicação com a OTAN - uma grande preocupação especialmente para os países do Leste Europeu que vêem a aliança do Atlântico como crucial para rechaçar a agressão russa. A administração Biden parece satisfeita com este modelo limitado, em uma mudança marcante com relação à era Trump. No início deste ano, os EUA até se juntaram a um dos projetos da PESCO, um programa de mobilidade militar liderado pelos holandeses que visa facilitar o transporte de tropas e equipamentos rapidamente pela Europa.

A Bela de Juncker

Guarda-de-honra da Brigada Franco-Alemã.

O ex-presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, foi um grande campeão da PESCO durante seu mandato. Em um discurso em junho de 2017, ele disse que era hora de a UE começar a usar uma cláusula do Tratado de Lisboa que "torna possível a um grupo de Estados-Membros com ideias semelhantes levar a defesa europeia para o próximo nível".

“É hora de acordar a Bela Adormecida”, declarou ele.

Mas o relatório de progresso mostra que, em muitos casos, a bela adormecida mal começou a se mexer. No total, 21 projetos ainda estão em fase de “ideação” - ou seja, a ideia ainda está em desenvolvimento. Outras 17 estão em fase de “incubação”, onde é definido o escopo do projeto. Apenas oito estão na penúltima fase, a execução. Nenhum está na fase final de “fechamento”. No ano anterior, oito projetos passaram da primeira para a segunda fase e quatro da segunda para a terceira fase.

O relatório observou que “nenhum recurso financeiro nacional foi alocado até agora” para 20 projetos. No entanto, nem todos os projetos exigem que os governos abram suas carteiras. E algumas, como a maioria das iniciativas de treinamento, planejam contar também com o financiamento da UE e o envolvimento da indústria, de acordo com o relatório.

O relatório também mostra que os funcionários da UE às vezes têm dificuldade em obter uma visão geral adequada de um projeto. Um projeto liderado pela Alemanha, o Crisis Response Operation Core (Núcleo de Operação de Resposta a Crises) do EUFOR, visa fornecer à UE informações oportunas e confiáveis sobre as forças que podem ser mobilizadas para responder a uma emergência. Mas, ironicamente para um projeto que visa dar aos planejadores melhor visibilidade, o relatório observa que o ano de conclusão do projeto "não foi identificado". E um projeto liderado pela França chamado “co-basing”, que visa ajudar os membros da UE a fazerem uso comum das bases militares nacionais, parece estar em sérios problemas. O relatório diz que o projeto “precisa de atenção especial ou escrutínio particular”, nenhum recurso foi alocado até agora e não tem datas-alvo para execução ou conclusão.

Boina e distintivo do Eurocorps.

O relatório diz que há “baixo interesse” dos membros da PESCO no projeto, pois eles já estão engajados no trabalho de co-base. Diz que os coordenadores estão pensando em “fechar o projeto” ou usar o trabalho feito até agora para outro projeto na mesma área. Existem, no entanto, alguns pontos positivos para os oficiais de defesa da UE - por exemplo, no domínio virtual, onde o relatório observa que um projeto liderado pela Lituânia para criar um "kit de ferramentas cibernéticas comum" foi colocado em movimento em 2020. O relatório diz que uma indústria um consórcio para apoiar o projeto está sendo estabelecido e deve ser totalmente implementado no próximo ano. Outro projeto que deve dar frutos em breve é um comando médico europeu liderado pela Alemanha, colocado em ação em 2019 e com entrega total prevista no próximo ano.

Um documento separado sobre a situação da PESCO, um relatório de 39 páginas do chefe de política externa da UE, Josep Borrell, apresenta uma visão otimista. “Em relação aos projetos, a tendência geral é positiva. A maioria dos projetos da PESCO continua a se desenvolver de acordo com seus roteiros”, diz o relatório, apresentado nos últimos dias e visto pelo POLITICO. No entanto, continua a ser importante “que os Estados-Membros participantes envidem esforços para obter resultados tangíveis conforme planeado”, afirma o relatório.

Questionado sobre os relatórios, Peter Stano, porta-voz da política externa da UE, respondeu: “Como os documentos a que você se refere são documentos internos confidenciais e até classificados, não é possível comentá-los em público”.

Leitura recomendada:




A estratégia da Polônia, 5 de junho de 2021.


quinta-feira, 15 de julho de 2021

VÍDEO: Desfile do Dia da Bastilha


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 15 de julho de 2021.

O Dia da Bastilha, conhecido oficialmente na França como fête nationale française e também como 14 juillet, é o feriado nacional da República Francesa. Foi instituído pela lei Raspail de 6 de julho de 1880, para comemorar a tomada da Bastilha em 14 de julho de 1789, símbolo do fim da monarquia absoluta, bem como a Fête de la Fédération de 1790, símbolo da união da nação. A lei não menciona qual evento é comemorado: “A República adota o dia 14 de julho como feriado nacional anual” (artigo único).

Este ano contando com 5.000 participantes, incluindo 4.300 soldados a pé, 73 aviões, 24 helicópteros, 221 veículos e 200 cavalos da Guarda Republicana. A edição de 2021 do desfile foi produzida visando a idéia de um retorno à normalidade, após uma edição reduzida de 2020, devido à crise sanitária. O desfile viu os veículos blindados Griffon pela primeira vez, antes do seu desdobramento no Sahel. Os espectadores também puderam ver outro gigante das areias: o novo caminhão-pipa Carapace, já desdobrado no Sahel.

Força-tarefa multinacional européia Takuba.

Os operadores marcham com os rostos cobertos e os fuzis HK 416.

De especial destaque foi a homenagem à força-tarefa Takuba: este grupo de forças especiais européias que lutam contra grupos terroristas no Sahel. Os operadores desfilaram com os seus próprios uniformes, porém armados com os novos fuzis HK 416 recém-adquiridos pelo Exército Francês; os operadores também cobriram os rostos durante a parada (45 minutos do vídeo). O destacamento foi liderado por um oficial do 1er RIPMa SAS.

Outros destaques foram a tripulação do submarino Emeraude, que retornou de uma missão de 8 meses no Indo-Pacífico e o Comando Espacial, que está comemorando seus dois anos de existência.

Desfile completo


Bibliografia recomendada:

A História Secreta das Forças Especiais.
Éric Denécé.

Leitura recomendada: